16 de outubro de 2010

Bibi cruza com fôlego sons de Brasil e Argentina

Resenha de Show
Título: De Pixinguinha a Noel, Passando por Gardel
Artista: Bibi Ferreira (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 15 de outubro de 2010
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz até sábado, 16 de outubro de 2010

Quarenta três anos após ter comandado uma festa que oficializou a abertura do Canecão, em junho de 1967, Bibi Ferreira fecha as portas da mais importante casa de shows do Brasil neste sábado, 16 de outubro de 2010, com a apresentação do show De Pixinguinha a Noel, Passando por Gardel, que estreou na Argentina e transitou esta semana por São Paulo antes de chegar ao palco carioca que foi símbolo de status na era de ouro da MPB surgida nos festivais da década de 60. Aos 88 anos, Bibi cruza com fôlego sons do Brasil e da Argentina em mix que alcança seu ápice no excelente número final, Ponteio (tema de Edu Lobo e Capinam), apresentado com a adesão da magnífica orquestra argentina El Arranque, que entra em cena na parte final dedicada aos tangos e milongas. É quando o show vira concerto, como disse apropriadamente Bibi em cena. É quando, fazendo aflorar sua forte veia dramática, a intérprete apresenta temas como Por una Cabeza (Carlos Gardel e Alfredo le Pera, 1935) e Esta Noche me Emborracho (Enrique Santos Discépolo, 1928), tangos do repertório de Carlos Gardel (1890 - 1935), o célebre cantor argentino alocado no título do show. Mesmo que a voz já não ostente o vigor de tempos idos, Bibi passa com brilho não somente por Pixinguinha (1897 - 1973) - através de um registro de início recitado de Carinhoso - e Noel Rosa (1910 - 1937), cantado em medley que costura Último Desejo, Não Tem Tradução, O X do Problema e Conversa de Botequim. A rigor, o show-concerto - no qual Bibi é acompanhada por grupo irretocável de maestros e músicos - monta painel (incompleto) da longa trajetória musical da intérprete em roteiro que agrega números da peça Gota d'Água (Basta um Dia e a música-título, cantadas com dose rala de dramaticidade), do musical Piaf - A Vida de uma Estrela da Canção (La Vie en Rose, A Quoi a Ça Sert L’Amour - em desenvolto dueto bilíngue com seu empresário Nilson Raman - e Non, Je ne Regrette Rien) e do show Bibi Vive Amália, estreado em 2001 em tributo à cantora portuguesa Amália Rodrigues (1920 - 1999). Aliás, a guitarra portuguesa de Victor Lopez - músico convidado do bloco lusitano - evoca a sonoridade e a atmosfera do fado para que Bibi cante, com perfeito sotaque português, Nem às Paredes Confesso, Lisboa Antiga e Ai, Mouraria. Antes, a intérprete aglutina em um expressivo pot-pourri sucessos de Sylvia Telles (Foi a Noite), Dolores Duran (Por Causa de Você e Solidão), Maysa (Ouça e Demais, este com andamento progressivamente acelerado) e Francisco Alves (Boa Noite, Amor). Somente uma artista já acima do bem e do mal, como Bibi, pode encaixar a letra da Canção do Exílio (Gonçalves Dias) na melodia do Samba de uma Nota Só (Tom Jobim e Newton Mendonça) sem afundar no terreno do exotismo. Bibi pode isso e tudo mais. Mesmo não estando numa de suas melhores formas (uma distensão na perna atrapalhava sua locomoção e lhe causava dores, como ela contou em cena ao público), Bibi Ferreira é show!

Tiger Suit, de Tunstall, não tem efeito colateral

Resenha de CD
Título: Tiger Suit
Artista: KT Tunstall
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * *

Esqueça os sons acústicos que davam o tom bluesy e folk da música de KT Tunstall em seu primeiro bom álbum,  Eye to Telescope (2004). E também o ecletismo que marcou Drastic Fantastic (2007), disco em que Tunstall posava de roqueira na capa. Em seu terceiro álbum, Tiger Suit, a cantora e compositora escocesa investe pesado nos efeitos eletrônicos, flertando com a dance music pop em temas como Push That Knot Away e Glamour Puss. Tiger Suit exibe um som batizado de nature techno pela própria Tunstall. Rótulos à parte, o fato é que a adesão ao dance pop ainda não provocou sérios efeitos colaterais no som da artista. Faixa por ora ainda não escolhida como single, Uummannaq Song é uma delícia pop que ganha fácil as paradas. Já Lost, mesmo encoberta por beats eletrônicos, não consegue esconder por completo a alma folk da música de Tunstall. Por sua vez, Difficulty - outro destaque da safra de onze inéditas - mostra que, se usados na medida, efeitos eletrônicos podem contribuir para a construção de bom arranjo sem desfigurar a pegada pop da música. No todo, mesmo flertando com o banal, Tiger Suit não produz danos à imagem de Tunstall.

D2 se converte ao samba para celebrar Bezerra

Resenha de CD
Título: Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva
Artista: Marcelo D2
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * 1/2

Bezerra da Silva (1927 – 2005) se tornou evangélico no fim da vida sem que a conversão alterasse a sua imagem de “malandro” e “cantor de bandido”. “Na verdade, eu sou um cronista / Que transmite o dia a dia do meu povo sofredor”, alertou em Partideiro sem Nó na Garganta (Adelzonilton, Nilo Dias e Franco Teixeira, 1992), um dos 14 sambas incluídos na seleção final do CD Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva, recém-lançado pela EMI Music. O rapper se converte em sambista e cantor ao abordar com reverência repertório que guarda afinidades temáticas com o cancioneiro do Planet Hemp – a ponto de os versos de A Semente (Roxinho, Tião Miranda, Felipão e Walmir da Purificação, 1987) se ajustarem com naturalidade ao canto de D2, assumido usuário de maconha. Mais do que pela temática, o sexto álbum solo do rapper soa inusitado na discografia do artista por reproduzir a sonoridade tradicional do samba de morro. Mérito do produtor Leandro Sapucahy - com quem D2 dialoga nos versos de A Necessidade (José Garcia e Jorge Garcia, 1977), com direito a improvisos autorreferentes na letra – e do pianista Jota Moraes, recrutado para fazer os arranjos de todas as faixas. Até um trio feminino de vocalistas (Carla Pietro, Keilla Santos e Neth Bonfim) foi arregimentado para evocar o coro do conjunto As Gatas, presença recorrente em discos de samba dos anos 70 e 80. Entre sambas que fazem valiosas crônicas sociais sob a ótica do povo marginalizado - caso de Meu Bom Juiz (Beto sem Braço e Serginho Meriti, 1986) - e outros que recorrem a humor mais popularesco, como Minha Sogra Parece Sapatão (Roxinho, Tião Miranda e 1000tinho, 1983), D2 se revela hábil cantor de partido alto. E, de quebra, ainda lembra que o irreverente Na Aba (Trambique, Paulinho Correa e Ney Silva, 1982) –  samba associado a Martinho da Vila por conta da bem-sucedida gravação de 1984 – foi, a rigor, lançado por Bezerra dois anos antes. Três anos depois de fazer sucesso com Pega Eu (Criolo Doido, 1979), quando o partideiro pernambucano – radicado no Rio de Janeiro (RJ) desde os anos 50 - ainda dava seus primeiros passos na carreira fonográfica e gravava pela pequena CID. Com capa que parodia a imagem antológica do álbum Eu Não Sou Santo (1992), com o detalhe de que o rapper-sambista é crucificado com microfones no lugar de armas, o CD Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva é tributo tão reverente quanto linear à obra de um sambista indigesto por dar voz – como os rappers, aliás – a uma parcela da sociedade que as elites preferem ignorar ou, então, manter calada. Viva Bezerra!!

Veia pop de Luis Miguel aflora em 'Luis Miguel'

Lançado no mercado fonográfico brasileiro neste mês de outubro de 2010 pela gravadora Warner Music, o novo álbum do cantor e compositor mexicano Luis Miguel envolve numa ambiência pop o sentimentalismo habitual das canções românticas latinas.  Luis Miguel, o CD, foi produzido pelo próprio artista, um dos cinco autores de Labios de Miel, já um hit no mercado latino-americano. O repertório destaca três músicas da lavra já consagrada de Armando Manzanero (No Existen Limites, Lo que Queda de mi e De Quién Es Usted), ainda uma das referências máximas do bolero.

15 de outubro de 2010

'Collapse Into Now' é o título do disco do R.E.M.

Collapse Into Now é o título do 15º álbum de estúdio do R.E.M. - de acordo com notícia postada pelo grupo em seu site oficial nesta sexta-feira, 15 de outubro de 2010. O sucessor do roqueiro Accelerate (2008) foi gravado e mixado entre Alemanha e Estados Unidos com produção de Jacknife Lee. O lançamento de Collapse Into Now acontecerá no primeiro semestre de 2011. 

'Caixa Preta' revela dois CDs inéditos de Itamar

Lançada neste mês de outubro de 2010 pelo selo Sesc, a Caixa Preta - box que embala 12 álbuns de Itamar Assumpção (1949 - 2003) - apresenta dois discos inéditos do artista. Preto Brás II - Maldito Virgula e Preto Brás III - Devia Ser Proibido apresentam 30 músicas novas do compositor. Idealizada pelo próprio Itamar, a Caixa Preta foi concluída por Anelis e Serena Assumpção, filhas do artista. Coube ao produtor Beto Villares finalizar o Preto Brás II a partir de gravações iniciais deixadas por Itamar em cassetes, arquivo MP3 e fitas de estúdio. Villares convidou Elza Soares, Arnaldo Antunes, B Negão, Céu e Thalma de Freitas para cantar músicas que ainda precisavam de vocais. Já o Preto Brás III foi concluído por Paulo Le Petit, que convocou nomes como Ney Matogrosso, Zélia Duncan, Arrigo Barnabé e Naná Vasconcellos para participar do disco. Ambos fecham a trilogia iniciada em 1998 com a edição de Preto Brás - Por que Eu Não Pensei Nisso Antes?. Eis os 12 álbuns da Caixa Preta:
1. Beleléu Leléu Eu (1980)
2. Às Próprias Custas S.A. (1982)
3. Sampa Midnight (1983)
4. Intercontinental – Quem diria? Era Só o que Faltava (1988)
5. Bicho de Sete Cabeças Vol I (1993)
6. Bicho de Sete Cabeças Vol II (1993)
7. Bicho de Sete Cabeças Vol III (1993)
8. Ataulfo Alves por Itamar Assumpção - Pra Sempre Agora (1996)
9. Pretobrás – Por que que Eu Não Pensei Nisso Antes? 1998
10. Naná Vasconcelos e  Itamar Assumpção - Isso Vai Dar Repercussão (2004)
11. Pretobrás II – Maldito Vírgula (2010)
12. Pretobrás III – Devia Ser Proibido (2010)

'Best of' de Wisin & Yandel é editado no Brasil

Dupla porto-riquenha de reggaeton, muito popular no mercado latino de música hispânica, tem a compilação The Best of Wisin & Yandel editada no Brasil via Universal Music. A edição é dupla, incluindo DVD com vídeos de sete das 12 músicas selecionadas para o CD. Na coletânea, Wisin (Juan Luis Morera Luna) & Yandel (Llandel Veguilla Malavé) se juntam a nomes como Akon (em Ella me Llama), Nelly Furtado (em Sexy Movimiento) e 50 Cent (em Mujeres in the Club). A música com 50 Cent está no CD e no DVD.

'Vambora' junta Nahsser a Careqa e a Krieger

Com melodia de Glaucia Nahsser e Tiago Vianna, letrada por Chico César, Vambora é a música que dá título ao quarto álbum da cantora e compositora mineira (que inseriu um h no sobrenome Nasser). Sucessor de Gláucia Nasser (2003), Bem Demais (2006) e A Vida num Segundo (2008), Vambora foi gravado sob a direção de André Abujamra. O repertório inclui parcerias de Nahsser e Vianna com nomes como  Carlos Careqa (Quebradeira e O Começo do Infinito), Chico Amaral (Olhar de Prata - Líbano), Edu Krieger (Malandra), Alexandre Lemos (Daqui pra Frente) e Carlos Rennó (Canto, Logo Existo). Além das inéditas, o repertório é completado por regravações de Pensando em Você (de Moska) e Mais Uma Vez (de Renato Russo e Flávio Venturini).

14 de outubro de 2010

Álbuns de estúdio da Legião são encaixotados

Os oito álbuns de estúdio da Legião Urbana - Legião Urbana (1985), Dois (1986), Que País É Este? 1978 - 1987 (1987), As Quatro Estações (1989), V (1991), O Descobrimento do Brasil (1993), A Tempestade (1996) e Uma Outra Estação (1997) - foram novamente encaixotados pela EMI Music. A caixa Legião Urbana chega às lojas neste mês de outubro de 2010, quinze anos após o lançamento da caixa Por Enquanto 1984 / 1995. Simultaneamente, os oito álbuns estão ganhando  reedições no formato de vinil, sendo que os dois últimos são inéditos em LP.

O blues e o rock absolvem Clapton em 'Clapton'

Resenha de CD
Título: Clapton
Artista: Eric Clapton
Gravadora: Reprise
Records / Warner Music
Cotação: * * * 1/2

Em seu 19º álbum de estúdio, Clapton, o primeiro solo em cinco anos, Eric Clapton não inventa modo. O guitarrista continua apegado ao blues - no caso, um blues polido como se pode perceber em faixas como Rocking Chair e River Runs Deep - sem esquecer o rock (Run Back to your Side, um dos temas inéditos que se irmana com clássicos como Autumn Leaves) e o jazz estilo dixieland (When Somebody Thinks You're Wonderful, faixa que agrega Wynton Marsalis ao trompete e Allen Toussaint ao piano). A produção do álbum - capitaneada pelo próprio Eric Clapton em parceria com seu fiel escudeiro, o também guitarrista Doyle Bramhall II - é luxuosa, contando com os vocais de J.J.Cale em três faixas (Everything Will Be All Right, a já citada River Runs DeepThat's no Away to Get Along) e a participação de Sheryl Crow em Diamonds Made from Rain. Aos 65 anos, o artista já parece deitado em berço esplêndido, mas, diante da perspectiva da morte, ele já reflete sobre a finitude em temas de Clapton. Uma das faixas, a propósito, se chama Judgement Day. E o fato é que, a julgar por seus últimos álbuns, Eric Clapton certamente seria absolvido se hoje fosse o dia do juízo final. O blues o absolve.

Rancore entra na Deck e grava terceiro álbum

Com contrato recém-assinado com a gravadora Deck, o quinteto paulista Rancore grava seu terceiro álbum no estúdio Tambor, no Rio de Janeiro (RJ), com produção de Rafael Ramos (de braços cruzados na foto). Já testadas pelo grupo em shows, músicas como Ritual e Jeito Livre têm presença garantida no disco, cujo lançamento está programado para o primeiro semestre de 2011. O Rancore criou um blog para que seu público possa acompanhar todo o processo de gravação do álbum - ainda sem título definido.

Milton revive tema lançado por Bosco em 2000

Natural de Ponte Nova (MG), município da Zona da Mata mineira, João Bosco marca presença como compositor no disco em que Milton Nascimento faz conexões com músicos e cantores de Três Pontas (MG), a interiorana cidade das Geraes onde viveu sua infância e juventude. Parceria de João com seu filho Francisco Bosco, lançada pelo autor no CD Na Esquina (2000), Flor de Ingazeira é uma das músicas regravadas por Milton Nascimento no álbum ...E a Gente Sonhando, nas lojas ainda neste mês de outubro de 2010, com distribuição da gravadora EMI. Eis as 16 músicas (e respectivos autores) do CD ... E a Gente Sonhando:
1. E A Gente Sonhando - Milton Nascimento
2. Flor de Ingazeira - Joao Bosco e Francisco Bosco
3. O Ateneu - Milton Nascimento e Fernando Brant
4. Do Samba, do Jazz - Ismael Tiso e Milor Rabelo
5. Estrela, Estrela - Vitor Ramil
6. Raras Maneiras - Tunai e Marcio Borges
7. O Sol - Antonio Júlio Nastácia
8. Espelho de Nós - Milton Nascimento e Fernando Brant
9. Me Faz Bem - Milton Nascimento e Fernando Brant
10. Resposta ao Tempo - Cristóvao Bastos e Aldir Blanc
11. Amor do Céu, Amor do Mar - Flávio Henrique e Milton Nascimento
12. Gota de Primavera - Pedrinho do Cavaco e Milton Nascimento
13. Adivinha o quê? - Lulu Santos
14. Sorriso - Milton Nascimento
15. Olhos do Mundo - Marco Elízeo e Heitor Branquinho
16. Eu, Pescador - Clayton Prosperi e Haroldo Jr.

13 de outubro de 2010

Boy planeja reviver Culture Club e edita 'single'

Boy George arquiteta a volta do grupo que o projetou em 1982, o Culture Club, para 2012 - ano em que a banda vai festejar 30 anos. Porém, enquanto não concretiza o revival do grupo, o artista lança single com a música inédita Pentoville Blues, cujo título alude à prisão onde George esteve confinado até há pouco na Inglaterra, por porte de drogas e escândalos sexuais. No embalo, um segundo single - com a música Somebody to Love me - já está em pauta, com produção de Mark Ronson, piloto do álbum que consagrou Amy Winehouse. Por ora, um álbum de inéditas de Boy, Ordinary Alien, está sendo lançado no Brasil pelo selo Lab 344.

Curta inédito no novo box de clipes de Michael

A gravadora Sony Music vai pôr no mercado, a partir de 22 de novembro de 2010, um box que rebobina, em três DVDs, os 42 clipes gravados por Michael Jackson (1958 - 2009) na fase adulta de sua carreira solo. Os 42 vídeos foram  restaurados e remasterizados. O box Michael Jackson's Vision apresenta o até então inédito curta baseado na música One More Chance, filmado pelo artista em 2003, mas nunca lançado. Outro destaque da farta seleção é a versão integral do clipe de Black or White, dirigido por John Landis e editado na época do lançamento para diminuir o teor de violência das imagens. Dez dos 42 clipes nunca tinham sido lançados em DVD. São os casos dos vídeos de She's out of my Life, Ghosts e Cry, entre outros. Eis, na ordem, os clipes:
DVD 1
1. Don't Stop 'Til You Get Enough 4:12:00
Diretor: Nick Saxton
2. Rock With You 3:22:00
Diretor: Bruce Gowers
3. She's Out of My Life 3:35:00
Diretor: Bruce Gowers
4. Billie Jean 4:54:00
Diretor: Steve Barron
5. Beat It 4:57:00
Diretor: Bob Giraldi
6. Thriller 13:42:00
Diretor: John Landis
7. Bad 18:05:00
Diretor: Martin Scorsese
8. The Way You Make Me Feel 9:24:00
Diretor: Joe Pytka
9. Man In the Mirror 5:03:00
Diretor: Don Wilson
10. Dirty Diana 5:05:00
Diretor: Joe Pytka
11. Smooth Criminal 9:27:00
Diretor: Colin Chilvers
12. Another Part of Me 4:45:00
Diretor: Patrick T. Kelly
13. Speed Demon 10:08:00
Diretor: Will Vinton
14. Come Together 5:40:00
Diretor: Jerry Kramer & Colin Chilvers
15. Leave Me Alone 4:36:00
Diretor: Jim Blashfield and Paul Diener
16. Liberian Girl 5:34:00
Diretor: Jim Yukich

DVD 2
1. Black or White 11:01:00
Diretor: John Landis
2. Remember the Time 9:16:00
Diretor: John Singleton
3. In the Closet 6:05:00
Diretor: Herb Ritts
4. Jam 7:59:00
Diretor: David Nelson
5. Heal the World 7:32:00
Diretor: Joe Pytka
6. Give in to me 5:29:00
Diretor: Andy Morahan
7. Who Is It 6:34:00
Diretor: David Fincher
8. Will You Be There 5:55:00
Diretor: Vincent Paterson
9. Gone Too Soon 3:38:00
Diretor: Bill DiCicco
10. Scream 4:47:00
Diretor: Mark Romanek
11. Childhood 4:29:00
Diretor: Nicholas Brandt
12. You Are Not Alone 5:34:00
Diretor: Wayne Isham
13. Earth Song 6:44:00
Diretor: Nicholas Brandt
14. They Don't Care about us 7:08:00
Diretor: Spike Lee
15. Stranger In Moskow 5:33:00
Diretor: Nicholas Brandt
16. Blood on the Dancefloor 5:27:00
Diretor: Michael Jackson & Vincent Patterson
17. Ghosts 3:58:00
Diretor: Stan Winston
18. You Rock my World 13:30:00
Diretor: Paul Hunter
19. Cry 4:57:00
Diretor: Nick Brandt

DVD 3
1. Blame It on the Boogie - The Jacksons 3:32:00
2. Enjoy Yourself - The Jacksons 3:31:00
3. Can You Feel It - The Jacksons 9:37:00
4. Say Say Say - Paul McCartney & Michael Jackson 4:57:00
Diretor: Bob Giraldi
5. They Don't Care about us - Prison version 4:52:00
Diretor: Spike Lee
6. Why? - 3T com Michael Jackson 4:33:00
7. One More Chance 4:03:00

Tributo à lírica de Nilo ganha edição nacional

Lançado pela Prefeitura de Fortaleza (CE) no Carnaval de 2010, com circulação restrita ao Ceará, o CD Quando Fevereiro Chegar - Uma Lírica de Fausto Nilo ganha distribuição nacional pela gravadora Biscoito Fino até o fim deste mês de outubro de 2010. Trata-se de tributo a Nilo - compositor, poeta e cearense, nascido em Quixeramobim. Robertinho de Recife produziu 12 gravações inéditas de conhecidas músicas letradas por Nilo. O time de intérpretes convidados inclui nomes como Caetano Veloso (Coisa Acesa, parceria de Nilo e Moraes Moreira que deu título ao álbum lançado por Moraes em 1982), Elza Soares (Santa Fé, tema da trilha sonora da novela Roque Santeiro, exibida em 1985 pela TV Globo), Fernanda Takai (O Elefante, parceria lúdica de Nilo com Robertinho de Recife), Ivan Lins (Pão e Poesia - o samba lançado por Simone em 1981), Zeca Baleiro (Eu Também Quero Beijar, sucesso de Pepeu Gomes em 1981), Jorge Vercillo (Zanzibar, parceria de Nilo e Armandinho, propagada pelo grupo A Cor do Som em 1980), Carlinhos Brown (Chão da Praça, clássico atemporal da fase pré-industrializada do Carnaval da Bahia, lançado por Moraes Moreira em 1978), Zé Ramalho (Periga Ser, galope popularizado na voz de Amelinha em 1982) e Fagner (Chorando e Cantando, parceria de Nilo com Geraldo Azevedo de cuja letra foi extraído o verso que batiza o disco). Principais parceiros de Nilo, Moraes Moreira e Geraldo Azevedo marcam presença no tributo. Moraes faz rolar novamente Pedras que Cantam, parceria de Nilo e Dominguinhos, lançada por Fagner em 1991. Já Geraldo abre o tributo com seu registro de Vida Boa, parceria com Armandinho, gravada em 1983 pelo Trio Elétrico Dodô & Osmar. Quando Fevereiro Chegar encerra com o poeta celebrado, intérprete de Bloco do Prazer, o frevo lançado por Moraes em 1979, gravado em 1981 por Nara Leão (1942-1989) e popularizado por Gal Costa em 1982. É um justo tributo!!!!

Bebeto procura se apresentar às novas gerações

Após quinze anos sem gravar repertório inédito, Bebeto - o rei dos bailes da periferia do Rio de Janeiro na segunda metade dos anos 70 com seu diluído samba-rock - tenta se apresentar às novas gerações com o CD Prazer, Eu Sou Bebeto, trabalho de inéditas produzido por Clemente Magalhães e lançado pela EMI Music neste mês de outubro de 2010. Ao longo de 15 faixas, a maioria de lavra autoral, Bebeto se conecta a músicos como Davi Moraes (em três faixas) e a parceiros antigos (Rubens, co-autor de Herdeiros da Raça e de Eterno Poeta) e novos (Mombaça, com quem assina Com Sotaque do meu Samba e Buraco Quente). Eis as 15 músicas e respectivos autores do CD Prazer, Eu Sou Bebeto:
1. Charme - Thiago Correa e Allan Dias Castro
2. De Bem com a Vida - Vadinho e Bebeto
3. Cara Casado - Thiago Correa  e Allan Dias Castro
4. Herdeiros Da Raça - Bebeto e Rubens
5. Tudo Bem (Big Ben) - Thiago Correa e Allan Dias Castro
6. Bagunçando na Área - Bebeto, Flávio Lima e Mitta
7. Valorizando a Vida - Bebeto, Flávio Lima  e Mitta
8. Linda - Vadinho e Bebeto
9. Me Leva que Eu Vou - Bebeto, Flávio Lima e Mitta
10. Temporada de Caju - Bebeto e Maria de Fatima
11. Água, Água - Bebeto e Teodoro
12. Buraco Quente - Bebeto e Mombaça
13. Com Sotaque do meu Samba - Mombaça e Bebeto
14. Eterno Poeta - Bebeto, Rubens e Dadá
15. Amor Infinito - Bebeto, Flávio Lima e Jefinho Rod

12 de outubro de 2010

Segundo show de Partimpim é editado em DVD

Garantia de diversão inteligente para crianças e adultos, o DVD Dois É Show, de Partimpim, traz o registro ao vivo do lúdico segundo espetáculo criado pelo heterônimo infantil de Adriana Calcanhotto. Filmado em maio de 2010, no Rio de Janeiro (RJ), com direção da cineasta Susana Moraes, o DVD exibe nos extras os clipes de Gatinha Manhosa, O Trenzinho do Caipira e do Baile Partimcumdum. Clique aqui para ler a resenha do  - ótimo - show.

'Pequeno Cidadão' ganha animação em 14 clipes

Projeto infantil de Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra, Antonio Pinto e Taciana Barros, Pequeno Cidadão gerou em 2009 um elogiado CD. Um ano depois, as lojas recebem o DVD patrocinado pelo projeto Natura Musical. O DVD Pequeno Cidadão rebobina as 14 músicas do disco na forma de clipes de animação. Os criadores dos 14 vídeos recorreram a diferentes técnicas de  manipulação e edição digital de imagens para traduzir visualmente os versos de temas como Meu Anjinho, Sapo Boi, Leitinho, Larga Largatixa e O Sol e a Lua. Sylvain Barre, por exemplo, usou a técnica 3D para criar o clipe de PererêO DVD inclui making of da gravação do CD.

Warner repõe coleção 'Disquinho' em catálogo

De olho no Dia das Crianças, a Warner Music está repondo em catálogo 20 dos 89 títulos da célebre coleção Disquinho, criada pelo compositor João de Barrro, o Braguinha (1907 - 2006), ao assumir em 1943 a Direção Artística da extinta gravadora Continental. Herdeira do acervo da Continental, a Warner vem relançando de tempos em tempos a coleção de historinhas infantis musicadas por Braguinha, muitas com arranjos do maestro Radamés Gnattali (1906 - 1988). A atual fornada é composta por cinco CDs que trazem, cada um, quatro volumes da coleção. O primeiro traz O Chapeuzinho Vermelho, A Formiguinha e a Neve, As Aventuras do Saci Pererê e Ali Babá e os Quarenta Ladrões.

Xuxa 'solta os bichos' com Gadú e Victor & Leo

Xuxa apresenta neste Dia das Crianças o décimo volume de sua boa série Xuxa Só para Baixinhos - a XSPB. Segundo trabalho da apresentadora de TV na Sony Music, Baixinhos, Bichinhos e + tem os animais como mote do repertório. Xuxa solta os bichos na companhia de Maria Gadú (na regravação de O Leãozinho, antiga canção de Caetano Veloso, lançada pelo autor em 1977) e de Victor & Leo. A dupla participa d'A Canção do Elefante, faixa que tem a adesão de Matheus Chaves, o pequeno filho de Leo. Baixinhos,  Bichinhos e + está sendo editado nos formatos de DVD com 16 clipes / temas e em kit (foto acima à direita) que agrega CD e DVD.

11 de outubro de 2010

'Gal Total' encaixota a plural obra áurea de Gal

Resenha de caixa de CDs
Título: Gal Total
Artista: Gal Costa
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * 1/2

Nome de álbum revigorante lançado por Gal Costa em 1990, Plural seria um título mais adequado para a caixa que embala 14 dos 16 álbuns gravados pela cantora na extinta gravadora Philips (cujo acervo foi encampado pela Universal Music em 1999). Até porque, contrariando seu nome, a caixa Gal Total exclui os álbuns coletivos Temporada de Verão - Ao Vivo na Bahia (1974) e Os Doces Bárbaros (1976). Apesar das duas omissões, Gal Total faz, enfim, justiça à obra áurea de Gal Costa. A excelência da remasterização feita por Ricardo Carvalheira, da empresa Autorall, devolveu a vida ao som dos discos - chapado nas duas reedições anteriores da obra de Gal na Philips, produzidas em 1993 (na precária série Colecionador) e em 2000. Da mesma forma, o tratamento gráfico -  já decente nas reedições de 2000 - resultou ainda mais cuidadoso, reproduzindo no encarte toda a arte dos LPs originais e também as letras das músicas. Mérito do pesquisador musical Marcelo Fróes, produtor e idealizador dessa caixa que embala discos de uma fase divina, maravilhosa e plural da discografia da cantora. A pluralidade é atestada já no confronto do primeiro álbum de Gal - Domingo (1967), dividido com Caetano Veloso, arranjado por Dori Caymmi e moldado com devoção às lições do mestre João Gilberto - com o segundo, Gal Costa (1969)  gravado em 1968, no olho do furacão tropicalista, mas lançado somente no início do ano seguinte. Sob as bençãos da Tropicália, Gal Costa cruzou informações do iê-iê-iê da época com suas origens regionalistas (Sebastiana, sucesso de Jackson do Pandeiro, gravado em dueto com Gilberto Gil) em disco efervescente que lançou Não Identificado (Caetano Veloso) e incluiu antológicas gravações de Baby e Divino Maravilhoso.  Na sequência, ainda em 1969, a cantora mergulhou fundo na onda psicodélica da época em Gal (1969), álbum de espírito roqueiro que contou com as guitarras viajantes de Lanny Gordin, trouxe a gravação original de Meu Nome É Gal (presente de Roberto Carlos e Erasmo Carlos) e fez sucesso com País Tropical (em registro que uniu o canto juvenil de Gal às vozes de Caetano Veloso e Gilberto Gil, gravadas antes de eles serem forçados a se exilar em Londres). Diz a lenda que foi ouvindo gravações como a de Cinema Olympia que Elis Regina (1945 - 1982), então presa à MPB mais tradicional, deu a virada pop iniciada no álbum Em Pleno Verão... (1970). Sim, Gal era a tal em 1970 e - com Gil e Caetano exilados - seguiu carregando a bandeira da contracultura em Legal (1970), disco produzido por Manoel Barenbein com arranjos de base de Jards Macalé e Lanny Gordin. O repertório antenado de Legal destacou London London, dada por Caetano em Londres - numa das visitas de Gal aos amigos - e lançada antes em compacto. Embora menos psicodélico do que GalLegal manteve a cantora como a musa da contracultura. Posto sedimentado com Fa-Tal  - Gal a Todo Vapor (1971), o duplo disco ao vivo produzido por Paulo Lima sob a direção de Waly Salomão (1943 - 2003). É o disco em que Gal lança Luiz Melodia (Pérola Negra), eterniza Vapor Barato (Jards Macalé e Waly Salomão) e canta Novos Baianos (Dê um Rolê) antes da consagração do grupo com o álbum Acabou Chorare (1972). Em seguida, Índia (1973) - disco inspirado no show homônimo e gravado sob a direção musical de Gil - destacou a regravação da guarânia paraguaia (lançada no Brasil pela dupla Cascatinha e Inhana) que deu nome ao bom álbum. Reembalada em um monumental arranjo de cordas arquitetado por Rogério Duprat (1932 - 2006), Índia ficaria desde então associada também ao nome de Gal, mas o hit do disco foi Presente Cotidiano, inédita ofertada por um grato Luiz Melodia. Em Índia, o álbum, ainda se fizeram ouvir alguns ecos tropicalistas, mas o LP foi trabalho de transição que  preparou o terreno para a modernidade atemporal de Cantar (1974), disco produzido por Caetano Veloso e Perinho Albuquerque. Urdido fora da estética tropicalista, Cantar aproxima a artista de João Donato, com quem Gal gravou A Rã, Flor de Maracujá, Até Quem Sabe e a menos conhecida Chululu. Caetano contribuiu para o repertório com músicas então inéditas como Lua, Lua, Lua, Lua. Mas veio da lavra de Gil o tema, Barato Total, que daria projeção ao disco e ficaria eternamente associado ao canto de Gal. Na sequência, no embalo do estouro de sua gravação de Modinha para Gabriela, veiculada em 1975 na abertura da novela Gabriela, a cantora dedicou um disco ao repertório de Dorival Caymmi (1914 - 2008) quando o mercado ainda não estava habituado com songbooks do gênero. Gal Canta Caymmi (1976) - encaixotado em Gal Total sem a capa e encarte originais por questões jurídicas - resiste bem ao tempo por conta dos arranjos de João Donato e Perinho Albuquerque, que embalaram o cancioneiro de Caymmi com respeito à obra, mas sem excessiva devoção à sonoridade clássica da obra do mestre. Em seguida, sempre plural, Gal voltou no tempo e reavivou sua alma roqueira num show, Com a Boca no Mundo (1977), que originou o álbum Caras & Bocas, ainda hoje injustiçado. O hit imediato foi Tigresa (Caetano Veloso), mas, com o tempo, Negro Amor (versão de Caetano e Péricles Cavalcanti para um tema de Bob Dylan, It's All Over Now, Baby Blue) se tornaria cult como este disco em que Gal lançou Marina Lima (Meu Doce Amor). Na sequência, Gal abandonou a pegada roqueira e fez um disco enraizado no mainstream da MPB. Água Viva (1978) juntou pela primeira vez o canto cristalino de Gal a uma música de Chico Buarque, Folhetim,  hit radiofônico do LP em que a cantora gravou a primeira parceria de Milton Nascimento com Caetano Veloso (Paula e Bebeto) e reviveu um sucesso de Dalva de Oliveira (1917 - 1972), Olhos Verdes (Vicente Paiva). Estava preparado o terreno para a construção da fase tropical. Gal Tropical (1979), o disco, foi o registro de estúdio do show homônimo que deu a Gal o sucesso comercial que seus discos da fase tropicalista, a rigor, nunca tinham lhe dado. Balancê - marchinha de Braguinha (1907 - 2006) lançada em 1937 por Carmen Miranda (1909 - 1955) sem repercussão - foi o grande estouro de um disco que alinhava no repertório regravações de Força Estranha, Noites Cariocas, Estrada do Sol, Índia, Juventude Transviada e Meu Nome É Gal. Como o sucesso de Gal Tropical se estendeu ao longo de 1980, gravar um songbook de Ary Barroso (1903 - 1964), Aquarela do Brasil (1980), foi a saída encontrada por Gal para cumprir a obrigação contratual do disco anual e ganhar tempo para juntar o repertório de Fantasia (1981), lançado antes em show malhado pela crítica. Apesar de seguir a fórmula tropical do trabalho anterior e de já recorrer aos sons sintetizados que dariam o tom dos discos de MPB feitos nos anos 80, Fantasia continua sendo um dos melhores álbuns de Gal pela qualidade do repertório que destacou Festa do Interior (o frevo-quadrilha de Moraes Moreira e Abel Silva, hit radiofônico), Meu Bem, Meu Mal (canção de Caetano Veloso), Roda Baiana (samba de Ivan Lins e Vítor Martins, compositores até então nunca gravados por Gal), Canta Brasil (antigo samba-exaltação David Nasser e Alcyr Pires Vermelho) e O Amor (Caetano Veloso e Ney Costa Santos sob poema de Vladimir Maiakovski) - sem falar nas duas pérolas de Djavan, Açaí e Faltando um Pedaço, gravadas por Gal de forma definitiva. Mas o fato é que a receita tropical já não soou tão saborosa no posterior Minha Voz (1982), apesar do sucesso do frevo Bloco do Prazer (Moraes Moreira e Fausto Nilo) e da canção Azul (de Djavan, compositor recorrente na discografia de Gal nos anos 80). Já pausterizado, Baby Gal (1983) fechou melancolicamente a passagem de Gal pela Philips. Guiada pela luz de seu cristal e pelo conceito de seus produtores (Caetano Veloso, Waly Salomão, Gilberto Gil, Perinho Albuquerque, Roberto Menescal e Guilherme Araújo, empresário que atuou na produção dos discos da fase tropical), Gal foi divinamente plural na Philips!!

'Lazarus', de McCoy, não justifica a expectativa

Resenha de CD
Título: Lazarus
Artista: Travie McCoy
Gravadora: Atlantic
Records / Warner Music
Cotação: * * 1/2

Por conta do real sucesso de Billionaire, pegajoso hit que conjuga batidas de reggae e rap, vertido para o segundo disco solo de Claudia Leitte, a cotação do primeiro disco solo de Travie McCoy estava alta no mercado fonográfico antes mesmo do lançamento do disco. Contudo, Lazarus não justifica (toda) a expectativa em torno do debut do mentor e líder do grupo Gym Class Hero. Não há entre as outras nove faixas de Lazarus uma música tão cativante quanto Billionaire. É fato que Dr. Feel Good - faixa na qual figura Cee Lo Green - tem pegada pop. É fato também que houve alguma evolução nas letras - a julgar por versos como os da balada Critical. Ainda assim, Lazarus não decola para ver com seu mix trivial de pop, rock, rap e reggae. Mas, se a atenção é encontrar no disco apenas a trilha fugaz para baladas igualmente fugazes, o álbum até oferece munição certeira na faixa We'll Be Alright. Reza a lenda que o próprio Travie McCoy quis abortar o lançamento do disco, por considerá-lo aquém de suas próprias expectativas, tendo sido convencido do contrário por amigos. Talvez McCoy devesse ter sido mais firme na sua avaliação inicial.

Seal celebra harmonia afetiva em 'Commitment'

Resenha de CD
Título: Commitment
Artista: Seal
Gravadora: Reprise
Records / Warner Music
Cotação: * * *

Revigorado pelo sucesso do bom álbum em que abordou clássicos do soul e do r & b sob a produção luxuosa de David Foster, Soul (2008), Seal apresenta repertório inédito e autoral em 6: Commitment, sétimo disco de estúdio deste cantor nigeriano radicado na Inglaterra (o 6 do título se refere ao fato de ser o sexto CD de repertório autoral, já que o anterior Soul era focado em material alheio). David Foster foi recrutado novamente para produzir temas como a balada Silence, destaque da safra de 11 inéditas em que Seal celebra sua harmonia afetiva com sua esposa Heidi Klum, parceira também na filmagem do clipe de Secret, a bela balada escolhida para promover o trabalho. Hábil, Foster desvia 6: Commitment da trilha dance seguida por System (2007), o álbum em que Seal mirou radicalmente as pistas (sobretudo as européias), conduzido pelo produtor Stuart Price. Contudo, 6: Commitment exibe moldura descardamente pop em faixas como Weight of my Mistakes e, sobretudo, If I'm Any Closer. No todo, é um bom CD, até pela voz ainda potente do cantor, embora o melhor título da discografia irregular do artista continue sendo seu álbum de estreia, Seal (1991), o do hit Crazy.

Victor & Leo vão lançar CD produzido por Mello

Em rotação nas rádios desde 4 de outubro, Boa Sorte pra Você é a música que dá título ao álbum de estúdio que a dupla Victor & Leo vai lançar em novembro de 2010, via Sony Music. Produzido por Guto Graça Mello, o disco apresenta 11 músicas em arranjos assinados por Victor & Leo. Oito são inéditas e assinadas por Victor Chaves. Entre elas, há Rios de Amor, faixa já em evidência na trilha sonora da novela Araguaia. Completam o repertório do CD Boa Sorte pra Você duas regravações e uma faixa-bônus.

10 de outubro de 2010

Sai de cena Ratinho, compositor de 'Vai Vadiar'

Parceiro de Monarco em sambas como Vai Vadiar e Coração em Desalinho, ambos popularizados na voz de Zeca Pagodinho, Alcino Correira Ferreira (1948 -2010), o Ratinho, saiu de cena neste domingo, 10 de outubro, aos 62 anos. Ratinho foi um carioca da gema que, por acaso geográfico, nasceu em Portugal, de onde veio para o Brasil aos quatro anos. Morador de Pilares, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ), Ratinho integrou a ala de compositores da escola de samba do bairro, a Caprichosos de Pilares, tendo emplacado sambas-enredos como A Aclamação e Coroação de D. Pedro I (1973), Maria Quitéria, Heroína de uma Raça (1977) e Festa da Uva no Rio Grande do Sul (1978). Na virada dos anos 70 para os 80, Ratinho se integrou à turma do Cacique de Ramos, celeiro de grandes sambas. Lá, conheceu Zeca Pagodinho, de quem virou parceiro em A Vaca, samba gravado por Zeca no disco coletivo Raça Brasileira (RGE, 1985). Neste mesmo álbum, Jovelina Pérola Negra (1944 - 1998) gravou O Dia se Zangou (parceria de Ratinho com Mauro Diniz). Zeca e Jovelina foram os intérpretes mais fiéis da vasta obra de Ratinho, mas o compositor também foi gravado por Beth Carvalho, Fundo de Quintal e Jorge Aragão, entre outros nomes do samba. Contudo, o primeiro disco, O Rato Sai da Toca, foi lançado somente neste ano de 2010 - de maneira independente - sem grande repercussão.

Sai de cena Solomon Burke, rei do 'rock'n'soul'

O veterano cantor e compositor norte-americano Solomon Burke - o autoproclamado rei do rock and soul - saiu de cena neste domingo, 10 de outubro de 2010, aos 70 anos. O autor e intérprete do sucesso Everybody Needs Somebody to Love - música de 1964, gravada pelo grupo Rolling Stones - morreu na Holanda após passar mal em aeroporto de Amsterdam. Burke viveu seu auge nos anos 60, quando influenciou roqueiros com seu soul de forte carga emocional. Deixa como legado hits como Cry to me e 35 álbuns, sendo que o supra-sumo de sua discografia reside no acervo da Atlantic Records (vinculado à Warner Music).

'Astronauta Libertado' perfila bem o erê Tom Zé

Resenha de documentário musical
Título: Tom Zé - Astronauta Libertado
Direção e roteiro: Igor Iglesias González
Cotação: * * * 1/2

Quatro anos após o pré-lançamento de Fabricando Tom Zé, documentário de Decio Matos Jr. que começou a ser exibido em 2006 no circuito de festivais, um outro filme sobre o lendário artista tropicalista chamou a atenção na programação de 2010 do Festival do Rio. Produção espanhola finalizada em 2009, Tom Zé - Astronauta Libertado põe foco na música e na ideologia do artista a partir de uma oficina de Experimentação Musical ministrada por Zé em Astúrias, na Espanha, em 2007. Dirigido e roteirizado por Igor Iglesias González, o documentário espanhol perfila bem o artista brasileiro através de entrevistas com Tom Zé, de depoimentos (como o de Rita Lee, companheira das primeiras viagens tropicalistas) e de imagens de arquivo (como trechos das entrevistas concedidas por Zé em 1972 e 1978 aos programas MPB Especial e Música e Músicos, da TV Cultura). A rigor, Astronauta Libertado fabrica na tela a imagem que já se tem do artista que pisou no palco pela primeira vez em 1960 para defender - em programa da TV baiana intitulado Escada para o Sucesso - uma música abusadamente batizada Rampa para o Fracasso. Contudo, dá algumas pistas valiosas sobre o caráter do artista. "A única coisa pela qual ele se interessa no mundo é música e trabalho", ressalta Neusa Teixeira, mulher, empresária e cúmplice das brincadeiras dessa eterna criança que completa 74 anos amanhã, 11 de outubro de 2010, e que ainda se assusta sempre que começa a (re)ler Dom Quixote de la Mancha, o clássico livro de Miguel de Cervantes (1547 - 1616). "Ele é um erê", caracteriza a fiel Neusa Teixeira, em alusão aos espíritos infantis e brincalhões que baixam nos terreiros do Candomblé. "Tom Zé é uma criança", corrobora Rita Lee, parceira do Quixote tropicalista na moda de viola 2001, de cuja letra foi extraído o (feliz) título Astronauta Libertado. "Ele anda na beira do abismo e ainda faz piruetas, mas não cai porque ele de outro planeta...", metaforiza Rita. Entre novas e velhas imagens, o diretor perfila Tom Zé com doses regulares de informações biográficas sobre esse baiano que chegou a São Paulo em 1968 para gravar um disco e que lançou em 1976 um álbum que se tornaria clássico e fundamental na sua trajetória - até porque foi através de Estudando o Samba, o tal álbum, que David Byrne descobriu Zé e o fez ser (re)descoberto no Brasil após amargo período de ostracismo que teria feito o artista abortar a carreira e regressar para sua cidade natal, a interiorana Irará (BA), se Byrne não tivesse conseguido contatá-lo em São Paulo (SP) dias antes da partida. "Dentro da Tropicália, Tom Zé foi uma bomba de efeito retardado", entende José Miguel Wisnik. "Ele trabalha no limite do que a gente chama de imperfeição", teoriza Luiz Tatit, dando a pista para que o espectador entenda o efeito habitualmente retardado da música de Tom Zé na cena brasileira. Embora no todo interessante, Astronauta Libertado nem sempre documenta Tom Zé com o rigor esperado de um filme do gênero. Ao expor na tela as capas dos álbuns do artista, o diretor e roteirista esquece Se o Caso É Chorar (Continental, 1972). Tal omissão não chega a esmaecer Astronauta Libertado, filme preso à fórmula básica do documentário (entrevista com o artista enfocado + depoimentos de amigos, familiares e admiradores +  imagens de arquivo), mas, ainda assim, essencial para quem não viu Fabricando Tom Zé e para quem não conhece vida, obra e ideologia desse quixotesco e já setentão erê de alma tropicalista.

'Em Boa Companhia' capta a alegria de Simone

Resenha de CD / DVD
Título: Simone em Boa Companhia
Artista: Simone
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2

"Vocês não podem imaginar o prazer que  sentindo de estar aqui cantando...", disse Simone ao público de fãs que testemunhava a gravação ao vivo do show Em Boa Companhia antes de cantar Fullgás (Marina Lima e Antônio Cícero), sucesso de Marina Lima em 1984. "Aqui" era o Teatro Guararapes, em Pernambuco, onde a cantora filmou em abril deste ano de 2010 o espetáculo dirigido por José Possi Neto com base no repertório e na atmosfera de sensualidade e felicidade de Na Veia (2009), o último álbum de inéditas da artista. Ora editado nos formatos de DVD e CD duplo, o registro ao vivo de Em Boa Companhia capta boa parte da alegria desse momento feliz de Simone. Aos 60 anos, a cantora soa jovial em cena. A voz já não tem o alcance de tempos áureos, mas está perfeitamente ajustada a esse momento harmonioso - assim como o repertório, que celebra o amor, o desejo e a mulher sem os tons dramáticos de outrora. O show amplia a atmosfera feliz do CD Na Veia, incorporando músicas que Simone já não cantava há um bom tempo, caso de Tô que Tô (Kleiton & Kledir), um dos hits do clássico álbum Corpo e Alma (1982). Entre doses altas de sensualidade, aplicadas na veia de seu público fiel em números como Hóstia (Erasmo Carlos e Marcos Valle) e Deixa Eu te Amar ((Agepê, Ismael Camillo e Mauro Silva), a cantora aborda Jorge Ben Jor (Ive Brussel) sem todo o suingue exigido pelos temas do compositor, faz um belo lance ao jogar molho cubano no samba Geraldinos e Arquibaldos (Gonzaguinha),  sublinha silêncios de Certas Coisas (Lulu Santos e Nelson Motta), romantiza o samba elegante de Paulinho da Viola (Ame, parceria com Elton Medeiros) e se permite brincar com o rock Perigosa (Nelson Motta, Roberto de Carvalho e Rita Lee), embebido em inusitada atmosfera bluesy introduzida em cena pelo número anterior, Pagando pra Ver (Nonato Luís e Abel Silva). No fim, a abordagem melodiosa da carnavalesca Chuva, Suor e Cerveja (Caetano Veloso) adquire significado especial por estar sendo feita na terra do frevo. Enfim, por mais que a gravação ao vivo de Em Boa Companhia nem sempre transmita pelo DVD e pelo CD duplo toda a felicidade do show (e quem viu qualquer apresentação da turnê nacional - ora retomada - sabe que se trata de um dos melhores shows de Simone nos últimos tempos), o registro do espetáculo reitera a impressão de que Simone reencontrou seu caminho musical e, respaldada pela liberdade artística concedida pela gravadora Biscoito Fino, não deverá mais deixar a sua carreira fonográfica sair dos trilhos.