19 de setembro de 2010

Baleiro se mostra intérprete hábil em 'Concerto'

Resenha de CD
Título: Concerto
Artista: Zeca Baleiro
Gravadora: Saravá Discos
Cotação: * * * *

Por compor de forma intensa, Zeca Baleiro sempre pautou sua discografia por sua obra autoral. Contudo, em shows ou em gravações avulsas, sempre ficou evidente a habilidade do artista maranhense como intérprete. Talento reiterado no CD Concerto, registro ao vivo do homônimo show, captado ao vivo em março deste ano de 2010 no Teatro Fecap, em São Paulo (SP). Trata-se de um concerto de cordas que roça o clima de um recital camerístico. Na companhia de Swami Jr. (violão de sete cordas) e de Tuco Marcondes (violão, guitarra, gaita e bandolim), Baleiro irmana repertório que vai de Cartola (Autonomia, em abordagem reverente) a Foo Fighters (Best of You, rock abordado com leveza por Baleiro), passando por Camisa de Vênus (Eu Não Matei Joana D'Arc, em versão melódica que realça o tom delirante dos versos do tema de Marcelo Nova e Gustavo Mullen), Walter Franco (uma música pouco conhecida, Respire Fundo) e por Assis Valente (Tem Francesa no Morro, com toques de afrobeat). Dentro desse repertório de tons cinzas, um dos grandes achados do repertório é Chuva, doída canção de Gilson & Joran - dupla que, nos anos 80, forneceu hits radiofônicos para cantoras populares como Adriana - que soa pungente no registro minimalista de Baleiro. A economia dos arranjos, urdidos com cordas que nunca soam excessivas, ajuda a realçar a beleza de melodias como a de Barco, morna da lavra habitualmente inspirada de Chico César. E, mesmo que o intérprete domine a cena e o disco, Baleiro salpica alguns temas autorais em Concerto, alinhando músicas recentes (A Depender de mim) e antigas (como a Canção pra Ninar um Neguin, sensível acalanto composto em 1993 em tributo a Michael Jackson, à cuja memória a faixa é dedicada nessa regravação). Após apresentar Bangalô, samba composto com Vander Lee que evoca as clássicas parcerias de João Bosco & Aldir Blanc, Baleiro ainda arremata Concerto com faixa-bônus gravada em estúdio. Inédita da lavra autoral do compositor, Mais um Dia Cinza em São Paulo está em sintonia com o clima sombrio de muitos temas abordados pelo artista em seu elegante Concerto. Zeca tem muita bala na agulha.

2 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Por compor de forma intensa, Zeca Baleiro sempre pautou sua discografia por sua obra autoral. Contudo, em shows ou em gravações avulsas, sempre ficou evidente a habilidade do artista maranhense como intérprete. Talento reiterado no CD Concerto, registro ao vivo do homônimo show, captado ao vivo em março deste ano de 2010 no Teatro Fecap, em São Paulo (SP). Trata-se de um concerto de cordas que roça o clima de um recital camerístico. Na companhia de Swami Jr. (violão de sete cordas) e de Tuco Marcondes (violão, guitarra, gaita e bandolim), Baleiro irmana repertório que vai de Cartola (Autonomia, em abordagem reverente) a Foo Fighters (Best of You, rock abordado com leveza por Baleiro), passando por Camisa de Vênus (Eu Não Matei Joana D'Arc, em versão melódica que realça o tom delirante dos versos do tema de Marcelo Nova e Gustavo Mullen), Walter Franco (uma música pouco conhecida, Respire Fundo) e por Assis Valente (Tem Francesa no Morro, com toques de afrobeat). Dentro desse repertório de tons cinzas, um dos grandes achados do repertório é Chuva, doída canção de Gilson & Joran - dupla que, nos anos 80, forneceu hits radiofônicos para cantoras populares como Adriana - que soa pungente no registro minimalista de Baleiro. A economia dos arranjos, urdidos com cordas que nunca soam excessivas, ajuda a realçar a beleza de melodias como a de Barco, morna da lavra habitualmente inspirada de Chico César. E, mesmo que o intérprete domine a cena e o disco, Baleiro salpica alguns temas autorais em Concerto, alinhando músicas recentes (A Depender de mim) e antigas (como a Canção pra Ninar um Neguin, sensível acalanto composto em 1993 em tributo a Michael Jackson, à cuja memória a faixa é dedicada nessa regravação). Após apresentar Bangalô, samba composto com Vander Lee que evoca as clássicas parcerias de João Bosco & Aldir Blanc, Baleiro ainda arremata Concerto com faixa-bônus gravada em estúdio. Inédita da lavra autoral do compositor, Mais um Dia Cinza em São Paulo está em sintonia com o clima sombrio de muitos temas abordados pelo artista em seu elegante Concerto. Zeca tem muita bala na agulha.

19 de setembro de 2010 às 12:17  
Blogger Cássia said...

Adoro o Zeca Baleiro. Assisti a esse show no Rival semana passada. Maravilhoso!

25 de setembro de 2010 às 20:32  

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