12 de julho de 2010

Moura - mestre da gafieira ao jazz - sai de cena

Um dos mais ecléticos músicos do Brasil, com habilidade para transitar com maestria da gafieira ao jazz, Paulo Moura (1932 - 2010) saiu de cena na noite desta segunda-feira, 12 de julho de 2010, vítima de câncer no sistema linfático. Aprendiz de pianista que se tornou um dos mais brilhantes (e versáteis) clarinetistas e saxofonistas do Brasil, Moura - nascido em 15 de julho de 1932 em São José do Rio Preto (SP), cidade do interior paulista - tocava samba, choro, jazz e música clássica sem purismos. Defendia as fusões rítmicas com o mesmo ardor com que soprava seu sax e sua clarineta. A estreia no mercado fonográfico - como músico contratado - aconteceu em 1951, ano em que tocou na gravação de Palhaço (Nelson Cavaquinho e Oswaldo Martins) feita por Dalva de Oliveira (1917 - 1972) nos estúdios da extinta gravadora Odeon. E Moura não parou mais de gravar, iniciando carreira solo em disco com Paulo Moura e sua Orquestra para Bailes (1957). Seu último álbum, AfroBossaNova (2009), foi dividido com o bandolinista baiano Armando Macedo. A dupla deu tom afro-jazzístico ao cancioneiro de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) - pretexto para Moura mostrar, mais uma vez, que sua música desconhecia fronteiras rítmicas. Tal liberdade estilística era fruto de sua sólida formação musical, de quem estudou teoria com maestros-mestres como Guerra-Peixe (1914 - 1993). Enfim, Paulo Moura foi um dos músicos mais completos do Brasil. Tocava na gafieira com a mesma desenvoltura com que integrava uma orquestra sinfônica. Emblemático na discografia instrumental nacional, seu álbum Confusão Urbana, Suburbana e Rural (1976) resiste ao tempo como fino exemplo do legado de um clarinetista e saxofonista que mostrou - como poucos... - que a linguagem da música é universal. Por isso, Paulo Moura é imortal!!

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Aviso aos navegantes: esse post foi efetivamente publicado às 14h06m do dia 13 de julho de 2010. Mas o publiquei com a data de ontem, 12 de julho, para que a data do post coincida com a data de morte do artista.
abs, mauroF

13 de julho de 2010 às 14:08  
Blogger Mauro Ferreira said...

Outro detalhe: como consta no site oficial do músico, Paulo Moura nasceu em 15 de julho de 1932, mas foi registrado somente em 17 de fevereiro de 1933. Tinha 77 anos, mas já faria 78 na próxima quinta-feira. Abs, MauroF

13 de julho de 2010 às 15:01  
Anonymous Anônimo said...

Paulo Moura é eterno na música brasileira, pois ao contrário da vida, suas gravações são imortais. Destaco aqui um momento sublime de sua carreira, no (excelente) álbum "Pescador de Pérolas" do Nei Matogrosso, um solo de sax na música "Da cor do pecado", onde o tb extraordinário Nei se acompanhava apenas por esse instrumento. Belíssimo.

13 de julho de 2010 às 15:47  
Anonymous Alexandre Siqueira said...

Saiu no Jornal do Céu: Paulo Moura encontra Pixinguinha e compõe um álbum de inéditas, com letras de Nöel Rosa!
Vá com Deus, Grande Mestre Paulo Moura!

14 de julho de 2010 às 03:18  

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