17 de fevereiro de 2010

Sururu (re)anima o Carnaval de Haroldo Lobo

Resenha de Show
Título: Eu Quero É Rosetar - 100 Anos de Haroldo Lobo
Artista: Sururu na Roda (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Centro Cultural Carioca (RJ)
Data: 10 de fevereiro de 2010
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz no Centro Cultural Carioca até 17 de fevereiro
De volta ao cartaz no Teatro Rival - RJ em 2 e 9 de março

Quando o grupo Sururu na Roda canta o samba Pra seu Governo (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) ou a marcha Que Passo É Esse, Adolfo? (Haroldo Lobo e Roberto Roberti), lá pelo meio de seu show Eu Quero É Rosetar, o público que lota o Centro Cultural Carioca se empolga, levanta e quase transforma a plateia da casa do Rio de Janeiro (RJ) num salão de baile de Carnaval à moda antiga, de malícia quase pueril. É a força da música festiva de Haroldo Lobo (1910 - 1965), um dos maiores (e mais esquecidos) fornecedores de repertório para a folia. O vasto repertório de Lobo é o combustível que faz engrenar o show Eu Quero É Rosetar - 100 Anos de Haroldo Lobo, idealizado por Carlos Monte - pai de Marisa Monte, presença ilustre na plateia da apresentação de 10 de fevereiro de 2010 - para jogar luz sobre a obra do compositor de sambas como Tristeza (Haroldo Lobo e Niltinho Tristeza) e de marchas antológicas como Allah-Lá-Ô (Haroldo Lobo e Nássara), ainda infalíveis na animação dos bailes.

Formado por Nilze Carvalho (voz, cavaquinho e bandolim), Camila Costa (voz e violão), Fabiano Salek (voz e percussão) e Sílvio Carvalho (voz e percussão), o Sururu na Roda seduz mais quando seus integrantes unem forças e vozes. Os solos são, em geral, menos empolgantes. Contudo, em Eu Quero É Rosetar, a riqueza da vasta obra de Lobo paira acima de brilhos individuais, (re)posta na roda em arranjos cuidadosos de Marcelo Caldi (teclados e acordeom), Pedrinho da Glória (violão) e do próprio Sururu. O capricho é percebido no sotaque árabe das introduções de Odalisca (Haroldo Lobo e Geraldo Gomes) e Allah-Lá-Ô, por exemplo. Ou na citação de ária da ópera Carmem que enriquece Espanhola (Haroldo Lobo e Benedito Lacerda). Ou ainda no tom tribal do arranjo que introduz Índio Quer Apito (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira). Tudo alinhado pela alegria do Sururu na roda!!

O roteiro de 34 músicas embaralha clássicos - que todo mundo canta no Carnaval sem saber que são da lavra de Haroldo Lobo - com temas que já vem caindo injusta e progressivamente no esquecimento. Casos de Eva (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) - marchinha de refrão empolgante - e de Pescador (outra da parceria de Lobo com Milton de Oliveira). Eva e Pescador elevam o pique de animação do show. Que tem também bloco junino para lembrar que Lobo era craque também na animação de um arraial. Deste set de tom forrozeiro, os destaques são O Baile Começa às Nove (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), O Delegado Quer Prender o Antônio (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) - com solo vocal de Nilze - e O Sanfoneiro Só Tocava Isso (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), número em que a sanfona arretada de Marcelo Caldi retoma o pique quase perdido com Fale na Orelhinha de Cá (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), tema mais fraco do bloco junino. Com real interação entre seus integrantes, perceptível já em lúdicos números iniciais do show como Passarinho do Relógio (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), o Sururu dá baile ao pôr a vasta obra do centenário compositor na roda, reanimando um Carnaval que jamais pode ser esquecido nos próximos 100 anos...

1 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Quando o grupo Sururu na Roda canta o samba Pra seu Governo (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) ou a marcha Que Passo É Esse, Adolfo? (Haroldo Lobo e Roberto Roberti), lá pelo meio de seu show Eu Quero É Rosetar, o público que lota o Centro Cultural Carioca se empolga, levanta e quase transforma a plateia da casa do Rio de Janeiro (RJ) num salão de baile de Carnaval à moda antiga, de malícia quase pueril. É a força da música festiva de Haroldo Lobo (1910 - 1965), um dos maiores (e mais esquecidos) fornecedores de repertório para a folia. O vasto repertório de Lobo é o combustível que faz engrenar o show Eu Quero É Rosetar - 100 Anos de Haroldo Lobo, idealizado por Carlos Monte - pai de Marisa Monte, presença ilustre na plateia da apresentação de 10 de fevereiro de 2010 - para jogar luz sobre a obra do compositor de sambas como Tristeza (Haroldo Lobo e Niltinho Tristeza) e de marchas antológicas como Allah-Lá-Ô (Haroldo Lobo e Nássara), ainda infalíveis na animação dos bailes.

Formado por Nilze Carvalho (voz, cavaquinho e bandolim), Camila Costa (voz e violão), Fabiano Salek (voz e percussão) e Sílvio Carvalho (voz e percussão), o Sururu na Roda seduz mais quando seus integrantes unem forças e vozes. Os solos são, em geral, menos empolgantes. Contudo, em Eu Quero É Rosetar, a riqueza da vasta obra de Lobo paira acima de brilhos individuais, (re)posta na roda em arranjos cuidadosos de Marcelo Caldi (teclados e acordeom), Pedrinho da Glória (violão) e do próprio Sururu. O capricho é percebido no sotaque árabe das introduções de Odalisca (Haroldo Lobo e Geraldo Gomes) e Allah-Lá-Ô, por exemplo. Ou na citação de ária da ópera Carmem que enriquece Espanhola (Haroldo Lobo e Benedito Lacerda). Ou ainda no tom tribal do arranjo que introduz Índio Quer Apito (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira). Tudo alinhado pela alegria do Sururu na roda!!

O roteiro de 34 músicas embaralha clássicos - que todo mundo canta no Carnaval sem saber que são da lavra de Haroldo Lobo - com temas que já vem caindo injusta e progressivamente no esquecimento. Casos de Eva (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) - marchinha de refrão empolgante - e de Pescador (outra da parceria de Lobo com Milton de Oliveira). Eva e Pescador elevam o pique de animação do show. Que tem também bloco junino para lembrar que Lobo era craque também na animação de um arraial. Deste set de tom forrozeiro, os destaques são O Baile Começa às Nove (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), O Delegado Quer Prender o Antônio (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) - com solo vocal de Nilze - e O Sanfoneiro Só Tocava Isso (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), número em que a sanfona arretada de Marcelo Caldi retoma o pique perdido com Fale na Orelhinha de Cá (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), tema mais fraco do bloco junino. Com real interação entre seus integrantes, perceptível já em lúdicos números iniciais do show como Passarinho do Relógio (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), o Sururu dá baile ao pôr a vasta obra do centenário compositor na roda, reanimando um Carnaval que jamais pode ser esquecido nos próximos 100 anos...

17 de fevereiro de 2010 às 10:07  

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