23 de fevereiro de 2010

Sutil, Drexler evoca o Brasil em 'Amar la Trama'

Resenha de CD
Título: Amar la Trama
Artista: Jorge Drexler
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * 1/2

Ouvem-se palmas ao fim de Telón, última música oficial do álbum que Jorge Drexler lança em março de 2010 pela Warner Music (após Telón, há a faixa-bônus Críticas). A rigor, Amar la Trama não é um álbum ao vivo, mas é como se fosse. Satisfeito com o resultado obtido por seu disco duplo anterior, Cara B (2008), gravado ao vivo, o cantautor uruguaio registrou este novo bom álbum em estúdio, em takes diretos, com toda a banda disposta em círculo - como mostra a foto reproduzida no CD - na presença de pequenas plateias que, não fossem pelas palmas ouvidas após Telón (as únicas do álbum), não teriam sua participação detectada pelo ouvinte. Drexler buscou espontaneidade, frescor e interação para Amar la Trama. A pulsação dos metais pontua faixas como Tres Mil Millons de Latidos e La Trama y el Desenlace. Metais que - como o artista vem revelando nas entrevistas promocionais agendadas pela Warner - têm forte influência de discos de artistas brasileiros como Marcelo Camelo, Kassin e Rodrigo Amarante. De fato, há ecos das orquestrações do álbum solo de Camelo (Sou, 2008), por exemplo, na forma como os metais estão dispostos em Aquiles, por su Talón Es Aquiles, balada de textura densa, dedicada por Drexler a Paulinho Moska. Assim como tem uma pitada de Brasil no molho da percussão de Las Transeúntes, faixa na qual José Miguel Carmona figura (na guitarra espanhola) como convidado. Destaque do repertório autoral, La Nieve en la Bola de Nieve é faixa bem mais climática, de tom quase jazzy. Amar la Trama, a propósito, é álbum de experimentações e climas variados. Se Una Canción me Trajo Hasta Aquí é pop vivaz e redondo, I Don't Worry About a Thing é cover arrojado (com longas passagens instrumentais) do tema de Mose Allison, cantor e pianista norte-americano de jazz e blues. Em qualquer clima, todavia, a interação entre a banda fica evidente - a exemplo do que pode ser percebido nas faixas Mundo Abisal e Toque de Queda (esta com adesão da atriz e cantora espanhola Leonor Watling). Por mais que Drexler já tenha apresentado safras de inéditas mais inspiradas, a pulsação que rege Amar la Trama valoriza este álbum dentro da discografia deste artista hábil nas conexões (ora bem sutis, ora mais explícitas) com o som do Brasil.

5 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Ouve-se palmas ao fim de Telón, última música oficial do álbum que Jorge Drexler lança em março de 2010 pela Warner Music (após Telón, há a faixa-bônus Críticas). A rigor, Amar la Trama não é um álbum ao vivo, mas é como se fosse. Satisfeito com o resultado obtido por seu disco duplo anterior, Cara B (2008), gravado ao vivo, o cantautor uruguaio registrou este novo bom álbum em estúdio, em takes diretos, com toda a banda disposta em círculo - como mostra a foto reproduzida no CD - na presença de pequenas plateias que, não fossem pelas palmas ouvidas após Telón (as únicas do álbum), não teriam sua participação detectada pelo ouvinte. Drexler buscou espontaneidade, frescor e interação para Amar la Trama. A pulsação dos metais pontua faixas como Tres Mil Millons de Latidos e La Trama y el Desenlace. Metais que - como o artista vem revelando nas entrevistas promocionais agendadas pela Warner - têm forte influência de discos de artistas brasileiros como Marcelo Camelo, Kassin e Rodrigo Amarante. De fato, há ecos das orquestrações do álbum solo de Camelo (Sou, 2008), por exemplo, na forma como os metais estão dispostos em Aquiles, por su Talón Es Aquiles, balada de textura densa, dedicada por Drexler a Paulinho Moska. Assim como tem uma pitada de Brasil no molho da percussão de Las Transeúntes, faixa na qual José Miguel Carmona figura (na guitarra espanhola) como convidado. Destaque do repertório autoral, La Nieve en la Bola de Nieve é faixa bem mais climática, de tom quase jazzy. Amar la Trama, a propósito, é álbum de experimentações e climas variados. Se Una Canción me Trajo Hasta Aquí é pop vivaz e redondo, I Don't Worry About a Thing é cover arrojado (com longas passagens instrumentais) do tema de Mose Allison, cantor e pianista norte-americano de jazz e blues. Em qualquer clima, todavia, a interação entre a banda fica evidente - a exemplo do que pode ser percebido nas faixas Mundo Abisal e Toque de Queda (esta com adesão da atriz e cantora espanhola Leonor Watling). Por mais que Drexler já tenha apresentado safras de inéditas mais inspiradas, a pulsação que rege Amar la Trama valoriza este álbum dentro da discografia deste artista hábil nas conexões (ora bem sutis, ora mais explícitas) com o som do Brasil.

23 de fevereiro de 2010 às 12:39  
Anonymous Bruno said...

Não seria "Ouvem-se palmas...", Mauro? Bom, novamente pentelhando, aproveito para dizer que continuo firme, acompanhando seu blog diariamente e sempre encantado com o seu bom gosto e com suas novidades!
Abraço!
Bruno

23 de fevereiro de 2010 às 15:38  
Blogger O blog said...

Espero que venha um bom disco, pois o penúltimo achei meio fraquinho. Gosto do disco Eco, um dos melhores!

26 de fevereiro de 2010 às 13:11  
Anonymous Anônimo said...

É um cd bem gostoso de ouvir, ritmo bom, melodias e letras agradáveis. Um cd fácil de digerir e que vai me embalar nos próximos dias. Mas o Drexler já conseguiu ser mto melhor com as letras de suas músicas - foi das excelentes letras que eu senti falta. "Eco" e "12..." são provas irrefutáveis da capacidade de Drexler, embora, em relação a este último, seja mais difícil à maioria dos ouvintes perceber tal preciosidade (é preciso ser atento).
De qualquer modo, é bacana ver que o cantautor procura ousar... adorei essa coisa de "estúdio-platéia", gostaria de ver mais artistas fazendo isso.

Um abraço,

ps: lindíssima a música que ele fez para o filho "Luca".

15 de março de 2010 às 12:29  
Blogger Thiago said...

Bom cara,

Acabei de escrever algo sobre esse disco no meu blog também. O som me chamou a atenção desde o início, por vibrante que é. Mas não é só isso.

Notei letras muito boas. Talvez com uma forma de composição diferente, mas com letras muito boas.

Recomendo atenção especial às letras, da mesma forma que o '12 segundos...' precisa ser ouvido com cuidado.

16 de abril de 2010 às 16:56  

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