23 de fevereiro de 2010

Devota do samba, Luiza estreia segura em disco

Resenha de CD
Título: Devoção
Artista: Luiza Dionizio
Gravadora: CCC Discos
/ Universal Music
Cotação: * * * 1/2

"Você não pode cantar meu samba assim sem alma / Ter que ter calma pra poder compreender / ... / Que o samba não é só um momento", manda recado - através dos versos escritos por Ratinho para o samba Alma - Luiza Dionizio, cantora carioca que debuta bem em disco com Devoção. Luiza é do ramo. E é também da Vila da Penha, bairro do subúrbio carioca retratado com romantismo idealizado em Vila do meu Coração, parceria de dois compositores criados no mesmo bairro, Luiz Carlos Máximo e Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008). Do baú deste grande compositor que saiu precocemente de cena, Luiza pesca o inédito samba Braços de Lã, aquecido com a poesia positivista do autor. Cantora de voz quente, Luiza estreia com segurança no mercado fonográfico, sem recorrer ao óbvio ou ao fácil para montar o repertório do CD produzido por Paulão Sete Cordas. Repertório que adquire contornos afros em Preceito (Toninho Geraes e Roque Ferreira), em Conceição da Praia (Luiz Carlos Máximo) - que celebra as águas com a mesma devoção religiosa que banha Mar de Jangada (Evandro Lima e Toninho Nascimento) - e no ijexá Oxum Ololá, que fecha Devoção em grande estilo. De estilo mais tradicional e melodioso, o samba Tempos Depois (Wanderley Monteiro e Nelson Rufino) se impõe no repertório ao lado do supra-citado Alma (Ratinho) e de Jardim das Oliveiras (Délcio Carvalho), tributo reverente à escola de samba Império Serrano, encorpado pelas vozes da Velha Guarda da tradicional agremiação do Carnaval do Rio de Janeiro (RJ). Contudo, é preciso ressaltar o faro da intérprete para garimpar repertório. Antes Assim (samba de quadra de Wilson Moreira), Pensando Bem - parceria de Martinho da Vila e João de Aquino, gravada por Martinho no lado B de LP, Verso e Reverso (1982), ignorado pelas rádios - e Último Verso (dolente samba de Elton Medeiros e Clóviz Bezno, gravado por Elton em 1980 e pontuado pelo acordeom de Kiko Horta no registro de Luiza Dionizio) bem poderiam passar como temas inéditos, posto que desconhecidos até pelo devotos mais fervorosos do samba. Enfim, Devoção marca a estreia segura de cantora para quem o samba nunca foi mero momento ou trampolim para a mídia. Luiza veio para ficar...

8 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

"Você não pode cantar meu samba assim sem alma / Ter que ter calma pra poder compreender / ... / Que o samba não é só um momento", manda recado - através dos versos escritos por Ratinho para o samba Alma - Luiza Dionizio, cantora carioca que debuta bem em disco com Devoção. Luiza é do ramo. E é também da Vila da Penha, bairro do subúrbio carioca retratado com romantismo idealizado em Vila do meu Coração, parceria de dois compositores criados no mesmo bairro, Luiz Carlos Máximo e Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008). Do baú deste grande compositor que saiu precocemente de cena, Luiza pesca o inédito samba Braços de Lã, aquecido com a poesia positivista do autor. Cantora de voz quente, Luiza estreia com segurança no mercado fonográfico, sem recorrer ao óbvio ou ao fácil para montar o repertório do CD produzido por Paulão Sete Cordas. Repertório que adquire contornos afros em Preceito (Toninho Geraes e Roque Ferreira), em Conceição da Praia (Luiz Carlos Máximo) - que celebra as águas com a mesma devoção religiosa que banha Mar de Jangada (Evandro Lima e Toninho Nascimento) - e no ijexá Oxum Ololá, que fecha Devoção em grande estilo. De estilo mais tradicional e melodioso, o samba Tempos Depois (Wanderley Monteiro e Nelson Rufino) se impõe no repertório ao lado do supra-citado Alma (Ratinho) e de Jardim das Oliveiras (Délcio Carvalho), tributo reverente à escola de samba Império Serrano, encorpado pelas vozes da Velha Guarda da tradicional agremiação do Carnaval do Rio de Janeiro (RJ). Contudo, é preciso ressaltar o faro da intérprete para garimpar repertório. Antes Assim (samba de quadra de Wilson Moreira), Pensando Bem - parceria de Martinho da Vila e João de Aquino, gravada por Martinho no lado B de LP, Verso e Reverso (1982), ignorado pelas rádios - e Último Verso (dolente samba de Elton Medeiros e Clóviz Bezno, gravado por Elton em 1980 e pontuado pelo acordeom de Kiko Horta no registro de Luiza Dionizio) bem poderiam passar como temas inéditos, posto que desconhecidos até pelo devotos mais fervorosos do samba. Enfim, Devoção marca a estreia segura de cantora para quem o samba nunca foi mero momento ou trampolim para a mídia. Luiza veio para ficar...

23 de fevereiro de 2010 às 17:29  
Anonymous Anônimo said...

E meio de campo que já estava embolado ...

24 de fevereiro de 2010 às 00:25  
Anonymous Luís Pimenta said...

Você fez uma leitura precisa do novo trabalho de Luiza Dionizio, uma cantora - sem nenhum exagero - que o Brasil precisa conhecer. Abraços.

24 de fevereiro de 2010 às 15:19  
Blogger M.M. said...

Luíza é luxo e riqueza ! salve a Vila da penha !

24 de fevereiro de 2010 às 16:06  
Anonymous Luiz said...

Pelas palavras do Mauro já fiquei ansioso pra conhecer a nova sambista que surge. Com certeza será bem vinda.

Luiz Leite - Belém/PA

24 de fevereiro de 2010 às 20:23  
Anonymous Anônimo said...

Essa é A SAMBISTA , A VOZ a serviço do SAMBA- que segurança , que força ao cantar, que grave perfeito, que SAMBAS perfeitos,. Tô encantado com esse CD, é pra ouvir" aos pulsos". Adoro todas as novas cantoras surgidas na Lapa- Teresa Cristina, Ana Costa,Mariana Baltar , Nilze Carvalho,Camila Costa,.... mas Luiza Dionisio com certeza È A MELHOR, A NOVA VOZ DO VERDADEIRO SAMBA, SALVE!!!!!!

24 de fevereiro de 2010 às 21:52  
Anonymous Anônimo said...

Todas as cantoras citadas pelo anônimo das 21:52 são legais, mas Verônica Ferriani é especial. Que voz linda essa moça tem. Que divisão no canto. Ela ainda vai figurar como estrela no céu da Lapa e do Brasil.

24 de fevereiro de 2010 às 22:09  
Anonymous Anônimo said...

Luiza veio para ficar... fadada a cantar no Carioca da Gema,Centro Cultural Carioca e,se muito,Teatro Rival. É bom ? É mas é pouco ...

28 de fevereiro de 2010 às 03:28  

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