18 de julho de 2009

Show 'Acústico' de Paulinho continua majestoso

Resenha de Show - Segunda Visão
Título: Acústico MTV
Artista: Paulinho da Viola (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 17 de julho de 2009
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz até 19 de julho de 2009

Um ano e meio após sua estreia nacional no Canecão (RJ), em 6 de dezembro de 2007, o Acústico MTV de Paulinho da Viola está de volta à mais tradicional casa de shows do Rio de Janeiro para temporada de duas semanas que se encerra no domingo, 19 de julho de 2009. Sem as cordas da gravação editada em CD e DVD, o compositor revisa sua obra majestosa em traje de gala. Já não há as amarras típicas dos projetos fonográficos da MTV. Mais solto e mais falante do que na estreia, Paulinho se permite alterar o roteiro original com a inclusão de temas como Amor à Natureza, samba-enredo lançado em 1975, pretexto para longo discurso sobre a inspiração do belo samba, pioneiro na adesão à causa ecológica. O repertório também já abriga antigo samba-enredo da escola de samba carioca União de Jacarepaguá, que no Carnaval deste ano homenageou o compositor com o enredo A Toda Hora Rola uma História... com Samba e Chorinho de Paulinho da Viola.
A toda hora rola uma história no palco do Canecão, contada no tempo todo próprio de Paulinho. Pode ser a demora de dez anos para concretizar uma parceria com Eduardo Gudin, Ainda Mais. Ou a tática que resultou em Talismã, primeira colaboração de Paulinho com Arnaldo Antunes e com Marisa Monte. Ou ainda a popularidade de Mauro Duarte (1930 - 1989) no bairro de Botafogo. Paulinho desfia histórias como se estivesse na sala de sua casa. Com intimidade, mas com alguma cerimônia. Às vezes, é até prolixo. Contudo, quando ele canta e toca (alternando-se no violão e no cavaquinho), o tempo é preciso. Seja com a banda (que destaca a flauta de Mário Sève em números como Sinal Fechado), seja quando fica em cena sozinho com seu violão para tirar do seu baú jóias como 14 Anos, Jurar com Lágrimas (na forma breve de uma vinheta) e Coisas do Mundo, Minha Nega. Enfim, seu acústico continua majestoso em cena. E vale ressaltar que o roteiro está mais ajustado, com o irresistível Foi um Rio que Passou em Minha Vida corretamente deslocado para o bis (na estreia, o samba estava meio desperdiçado no roteiro, situado no meio das músicas inéditas). Em cena, Paulinho da Viola faz sua apoteose ao samba (e eventualmente ao choro!!) com a nobreza que lhe é característica.

Bosco merece o céu por suave disco de inéditas

Resenha de CD
Título: Não Vou pro Céu, mas Já Não Vivo no Chão
Artista: João Bosco
Gravadora: MP,B Discos / Universal Music
Cotação: * * * * 1/2

Em Perfeição, faixa que abre o primeiro álbum de inéditas de João Bosco em sete anos, já há a pista para o perfeito entendimento do disco. Produzido por Francisco Bosco e pelo guitarrista Ricardo Silveira, Não Vou pro Céu, mas Já Não Vivo no Chão está calcado no violão (o de Bosco e o de Silveira) e numa sonoridade suave que, no caso de Perfeição, evoca de cara outro João, o Gilberto. Trata-se de álbum de importância histórica na música brasileira por marcar a volta da parceria de Bosco com Aldir Blanc em quatro de suas 13 faixas. E, como atesta Navalha, samba de tonalidade cool, a dupla retorna afiada. Nos versos precisos de Navalha, Blanc relaciona as dores da paixão ao sofrimento de Cristo na cruz. Outro samba, Sonho de Caramujo, mais próximo do suingue áureo da dupla, traz o verso "Eu moro dentro da casca do meu violão", impresso no encarte por traduzir a importância que o instrumento tem neste disco primoroso. Já o samba-canção Mentiras de Verdade cita Tito Madi com a propriedade de quem bebe nas modernas fontes harmônicas da turma da bossa. Por fim, há Plural Singular, menos inspirada das quatro novas parcerias de Bosco com Blanc (o bom samba Toma Lá, Dá Cá não figura no CD).
Em que pese o peso de Blanc no disco, o atual time de parceiros de Bosco - Carlos Rennó, Francisco Bosco e Nei Lopes - mantém o mesmo alto nível poético do colega. Os versos de Desnortes, canção entoada por Bosco em falsete, atesta a maturidade de Francisco. Obra-prima, a canção cita Dorival Caymmi (1914 - 2008) - "É doce, irmão, morrer no mar" - entre cartões-postais do Rio de Janeiro. E o que dizer de Tanajura, outra obra-prima em que os versos de Francisco se ajustam com perfeição à melodia de Bosco? A faixa evoca um universo afro ao qual recorre também Jimbo no Jazz, marco inaugural da parceria de Bosco com Nei Lopes, mestre das palavras e da cultura afro-brasileira. Por sua vez, Carlos Rennó destila pura poesia nos versos de Pronto pra Próxima e Pintura. Enfim, Não Vou pro Céu, mas Já Não Vivo no Chão é álbum pautado pela sofisticação e pela economia. Até o canto de Bosco foi lapidado, sem os floreios vocais que, por vezes, embaçam o brilho de suas interpretações. Pode ter uma ou outra composição menos inspirada, como Alma Barroca (cujo título já denuncia outra fonte de inspiração do cancioneiro do artista), mas, no todo, o disco atesta em sambas como Tanto Faz a maturidade da obra do compositor. Que também brilha como intérprete na única faixa não autoral do álbum, Ingenuidade, o samba de Serafim Adriano lançado por Clementina de Jesus (1901 - 1987) e coincidentemente revivido por Caetano Veloso no seu recente CD Zii e Zie (2009) em registro que beira a perfeição atingida por Bosco na regravação deste disco que já merece o céu.

CD, DVD e remixes lembram 20 anos sem Raul

A morte de Raul Seixas (1945 - 1989) vai completar 20 anos em 21 de agosto de 2009. A efeméride está motivando várias reviradas no baú sem fundo do artista. A gravadora MZA Music vai editar o kit de CD e DVD 20 Anos sem Raul. O DVD exibe documentário de 30 minutos sobre a vida e a obra do autor de Ouro de Tolo. Já o CD vai apresentar música inédita encontrada pelo produtor Marco Mazzola. O título da música ainda não foi divulgado. Paralelamente, uma das filhas do cantor, a DJ Vivi Seixas, prepara disco com remixes de sucessos de Raul. Há também a versão em áudio do livro O Baú do Raul Revirado, editado pelo jornalista Silvio Essinger. Nessa versão, a narração é feita por Tico Santa Cruz, vocalista do grupo Detonautas. Por fim, já em avançada fase de produção, mas ainda sem previsão exata de sua estreia, há o documentário Raul Seixas - O Início, o Fim e o Meio, dirigido por Walter Carvalho e Evaldo Mocarzel. O filme está quase pronto.

Tito Madi celebra 80 anos com álbum na gaveta

Ele nasceu - a rigor - em 12 de julho de 1929, na cidade de Pirajuí, no interior de São Paulo. Mas como somente foi registrado em 18 de julho, com o nome de Chauki Maddi, Tito Madi completa 80 anos - para efeitos oficiais - neste sábado, 18 de julho de 2009. Um dos cantores preferidos de Roberto Carlos, que sempre cogitou gravar um disco com seu repertório, Tito está entre os nomes que anteciparam, a seu modo, alguma das conquistas harmônicas da Bossa Nova. Seus sambas-canções - notadamente o clássico Chove Lá Fora, gravado em 1957 - passaram longe da dramaticidade que comumente envolve o gênero. Em 1963, já na onda bossa-novista, Madi gravou o samba Balanço Zona Sul. Nem sempre reverenciado na medida de sua importância, o intérprete de Cansei de Ilusões chega aos 80 anos de olho no futuro: gravou com o pianista Gilson Peranzzetta álbum de inéditas que espera oportunidade de chegar ao mercado.

Vallen mistura Colla e Vandré no primeiro DVD

Gravado em 23 de abril de 2009, num show na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), o primeiro DVD de Ricky Vallen está sendo editado neste mês de julho pela Sony Music. Com duas faixas-bônus nos extras, Hoje no Mar (Nha Vida) e Sonda-me, Usa-me, o DVD Ricky Vallen ao Vivo exibe também entrevista e takes do ensaio do show, cuja gravação inicial - feita em 14 de março no Canecão (RJ) - teve que ser inutilizada por problemas técnicos com o telão de led usado no cenário. Com músicas de Jorge Vercillo (Avesso), Carlos Colla (Linda Demais e o sucesso populista Vidro Fumê) e Geraldo Vandré (Disparada) no roteiro salpicado com algumas inéditas, o primeiro registro ao vivo de Vallen está sendo editado no formato de CD. A capa estranhamente não estampa um close do artista no palco, como de hábito em lançamentos do gênero, mas uma foto posada, feita em estúdio por Washington Possato. Já está nas lojas.

17 de julho de 2009

Obra de Gulin para futuro CD está em progresso


Resenha de Show
Título: Musiqueria - Um Processo Aberto e Distraído
Artista: Thaís Gulin (em fotos de Mauro Ferreira)
Participação especial: Zeca Baleiro
Local: Varanda do Vivo Rio (RJ)
Data: 16 de julho de 2009
Cotação: * * 1/2
Boa cantora egressa de Curitiba (PR), já radicada no Rio de Janeiro (RJ) e revelada em fins de 2006 com a edição de seu primeiro álbum, Thaís Gulin começa a formatar o repertório e a sonoridade do segundo disco. Em progresso, a obra vai ser testada em série de shows que estreou na noite de quinta-feira, 16 de julho de 2009, em apresentação na bela (mas dispersiva) varanda da casa Vivo Rio. Na estreia do salutar projeto, intitulado Musiqueira - Um Processo Aberto e Distraído, Gulin recebeu Zeca Baleiro, com quem apresentou a inédita Quanta Espera - parceria de Gulin e Baleiro que deverá figurar no segundo trabalho da cantora - e fez entrosado dueto em Cisco, canção composta pelo maranhense com Carlos Careqa e gravada por Gulin em seu primeiro ótimo CD.
A apresentação começou mal. Nos quatro primeiros números, foi difícil identificar a cantora interessante do álbum de 2006. De cara, saltou aos ouvidos a inventividade dos arranjos, executados pela impecável banda formada por Lui Coimbra (violoncelo e violão), João Bittencourt (teclados e acordeom), Marcelo Costa (bateria e percussão) e Dunga (baixo). Contudo, a cantora em si pareceu fora do tom em Quando o Carnaval Chegar (Chico Buarque), História de Fogo (Otto e Alessandra Negrini), Garoto de Aluguel - Taxi Boy (Zé Ramalho) e, sobretudo, em Elegia (Péricles Cavalcanti e Augusto de Campos sobre poema de John Donner). Foi a partir da quinta música do roteiro, a inédita Horas Cariocas, que Gulin começou a se encontrar e, daí em diante, o show transcorreu sedutor. Calcada no violão, Horas Cariocas é música da lavra autoral da própria Gulin, que se revela uma compositora promissora. Influências de Adriana Calcanhotto e Caetano Veloso são detectáveis na música, séria candidata a figurar no repertório do segundo disco da artista. No mais, Thaís reeditou números de seu show anterior, sendo que Cama e Mesa - um dos sucessos do álbum lançado por Roberto Carlos em 1981 - já parece ser o hit de suas apresentações, graças a uma abordagem original que começa quase a capella e ganha pulsação crescente ao longo da música, repetida no bis. Outro destaque é o samba Augusta, Angélica e Consolação, de Tom Zé, de quem Gulin também entoa (com graça) a canção Defeito 10: Cedotardar. Enfim, a obra está em progresso e dá sinais de que poderá gerar bom segundo disco de Thaís Gulin.

Billie continua imortal 50 anos após sua morte

Há 50 anos, Billie Holiday (1915 - 1959) saía de cena. Cinco décadas se passaram desde sua morte, numerosas boas cantoras entraram na cena do jazz, mas nenhuma como Lady Day. A voz lânguida não primava exatamente pelo volume, mas Billie tinha uma técnica intuitiva - sua divisão era perfeita - que a fez ser reverenciada pelos maiores jazzistas. Mas a grandeza de Billie (retratada acima em caricatura de Steven Geeter) não residia exatamente nas boas divisões e no seu fraseado personalíssimo. Ela sequer fazia uso dos scats que consagraram Ella Fitzgerald (1917 - 1996), outra grande imortal dama do jazz. O que diferenciava Billie - e ainda a diferencia entre as muitas cantoras que surgiram e que hão de surgir - era a grandeza de suas interpretações. Sem nuncar forçar tom teatral, Billie conseguia pôr no seu canto toda a dor de uma vida que se mostrou difícil desde o início (já na infância, ela sofreu toda espécie de abusos, abandonos e violências até cair, adolescente, na prostituição). Sua voz parecia abrigar todas as dores do mundo. E ela expiava essas dores quando cantava. Sua discografia - iniciada em 1933 - alcançou um pico de expressividade na Decca, a gravadora que acolheu Billie entre 1944 e 1950. Mas a fase na Verve, entre 1945 e 1959, também é brilhante. Até porque a intensidade do canto de Billie foi a mesma do início ao fim, mesmo quando, na segunda metade dos anos 50, a voz já exibia precocemente os desgastes do tempo. E nenhuma palavra é suficiente para traduzir a grandeza desse canto. Melhor é ouvir Body and Soul, Lover man, Lady Sings the Blues, Strange Fruit... ou qualquer outra gravação que ateste o caráter perene da voz imortal de Billie Holiday, Lady Day.

Bethânia, Djavan e Takai nas águas de Geraldo

Geraldo Azevedo se prepara para pôr nas lojas ainda em 2009, nos formatos de CD e DVD, o projeto temático intitulado Salve São Francisco. Em fase final de produção, o DVD documenta a gravação do CD de estúdio. Geraldo registrou 14 músicas sobre o Rio São Francisco. Dez são inéditas e quatro são regravações. O disco foi feito com adesões de convidados como Alceu Valença (em Riacho do Navio), Djavan (Barcarola de São Francisco), Dominguinhos, Fernanda Takai, Ivete Sangalo, Maria Bethânia (Carrancas) e Moraes Moreira (Petrolina Juazeiro) - entre outros.

Benito lança quatro inéditas em registro ao vivo

Pagode da Cigana, Unidos de Tom Jobim, Quero Ser seu Amigo e Ficar Ficamos são as quatro músicas inéditas do DVD e CD ao vivo que Benito Di Paula vai gravar nesta sexta-feira, 17 de julho de 2009, em show na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ). Com a direção musical de Jorge Cardoso, DVD e CD vão chegar às lojas em outubro, pela EMI Music. Afastado do mercado fonográfico desde 1996, quando editou o fraco CD Baileiro, Benito vai reviver na gravação ao vivo sucessos como Mulher Brasileira, Retalhos de Cetim e Tudo Está no seu Lugar. O roteiro inclui tributo ao compositor Ataulfo Alves (1909 - 1969) - prestado na antiga Como Dizia o Mestre - e Me Dê Motivo, hit de Tim Maia (1942-1998) em 1983. O repertório é quase todo autoral.

16 de julho de 2009

Duas coletâneas festejam 50 anos dos Bee Gees

Duas coletâneas especiais vão chegar às lojas em 2 de novembro de 2009 para festejar os 50 anos do trio Bee Gees, batizado em 1959 e desfeito forçosamente em 2003 com a morte de Maurice Gibb (1949 - 2003). Mythology é um tributo quádruplo, com um disco dedicado a cada irmão Gibb (incluindo Andy, que nunca fez parte do trio). Já a compilação dupla Ultimate Bee Gees: The 50th Anniversary Collection reúne 39 fonogramas em dois CDs -subintitulados A Nigth out (com os hits dançantes) e A Night in (com as baladas) - e inclui DVD com seleção de clipes promocionais, takes de programas de TV e números de shows. 10!

Fafá grava DVD do (belo) show em revive 'Água'

Embora tenha planejado gravar em 2009 o DVD do show Tanto Mar, em que aborda o cancioneiro de Chico Buarque com base no CD homônimo editado em 2005, Fafá de Belém vai registrar primeiramente o show Água, em que canta o repertório de seu homônimo terceiro LP, lançado em 1977. A gravação vai ser feita na volta do show ao Canecão, no Rio de Janeiro (RJ), em 15 e 16 de agosto de 2009. Água nasceu de um convite feito à cantora para integrar a programação da Virada Cultural de São Paulo (SP), mas ganhou vida própria e já foi apresentado no Rio de Janeiro (RJ) no Teatro Rival. O show tem a participação de Mariana Belém.

Trio 3-63 vão do lundu ao choro com maestria

Resenha de CD
Título: Trio 3-63
Artista: Trio 3-63
Gravadora: Sambatown
Cotação: * * * *

São muitos os instrumentistas e os discos que já cruzaram as (tênues) fronteiras entre as músicas popular e erudita. O Trio 3-63 não impressiona em seu primeiro homônimo álbum apenas pela simbiose. O que salta aos ouvidos é a naturalidade com que o trio - cujo nome alude ao fato de seus três integrantes (a flautista Andrea Ernest, o percussionista Marcos Suzano e o pianista Paulo Braga) terem nascido em 1963 - harmoniza um repertório que poderia soar meramente eclético. Afinal, há no CD Trio 3-63 desde lundus de Pixinguinha (1897 - 1973) - Yaô e Benguelê - até uma peça de contornos clássicos da lavra do maestro Guerra-Peixe (1914 - 1993), A Inúbia do Caboclinho, passando por um choro de Tom Jobim (1927 - 1994), Radamés y Pelé, e por quatro composições de acento nordestino. Tudo soa integrado. São onze temas distribuídos em dez faixas. Em todos, fica evidente a rara interação dos músicos, ainda que, ao longo do disco, sobressaia a flauta vivaz de Andrea Ernest. CD para quem aprecia a música instrumental brasileira, sem notas jogadas fora...

'Cadillac' roda sem pressão por blues e racismo

Resenha de blu-ray
Título: Cadillac
Records
Direção: Darnell
Martin
Elenco: Adrien
Brody, Jeffrey
Wright, Beyoncé
Knowles, Mos Def,
Columbus Short
e outros
Edição: Sony
Pictures
Cotação: * * *

Estreado em 5 de dezembro de 2008 nos cinemas dos Estados Unidos, o filme Cadillac Records está sendo lançado no Brasil diretamente em DVD e em blu-ray paralelamente à edição de sua trilha sonora em CD pela Sony Music. Por contar a história da Chess Records, a gravadora que propagou nos anos 50 o blues eletrificado de Chicago, o filme soa interessante para todos que se interessam pela evolução da música norte-americana. Contudo, do ponto de vista estritamente cinematográfico, Cadillac Records roda sem a devida pressão. Sobretudo no início. A trama demora a engrenar. Falta pressão também ao áudio 5.1 true hd do blu-ray (a imagem está aceitável para os padrões da alta definição, sem ser especialmente perfeita e sedutora). Contudo, consumidores de discos vão logo se deixar enredar pela história da gravadora, nomeada Chess Records pelos irmãos Leonard e Phil Chess, este inexplicavelmente suprimido do roteiro. Quem aparece em cena como o criador da Chess é somente Leonard (Adrien Brody). Cadillac Records faz alusão no título ao automóvel que era símbolo de status e ascensão social na Chicago dos anos 50. Leonard Chess presenteava artistas como Muddy Watters (Jeffrey Wright) e Little Walter (Columbus Short) com cadillacs, espécie de recompensa pelas vendas alentadas de seus discos. Mas nem tudo eram flores. Drogas pesadas como a heroína já estavam em cena. E a ferida do racismo apodrecia a olho nu. Ambas ceifaram vidas e carreiras. E o filme tem o mérito de mostrar como a repressão branca atuou com firmeza para diluir o sucesso de Chuck Berry (Mos Def), cantor e músico pioneiro na transformação do blues elétrico no som que viria a ser denominado rock'n'roll. Preso no auge, o negro Chuck acabou involuntariamente cedendo espaço para que o branco Elvis Presley (1935 - 1977) dominasse a cena emergante do rock. Mas, na segunda metade do filme, quem (quase) domina a cena é a estrela Beyoncé Knowles, numa atuação digna como Etta James, a cantora de blues que se envolveu com Leonard e com a heroína. Mas já havia o rock e, por conta dele, os discos de blues foram amargando vendas descendentes, o que gerou a inevitável falência e venda da Chess Records, gravadora lendária cuja história forte e original rendeu esse filme que, embora bom, poderia ser melhor...

DVD perpetua show feito pelos Pistols em 2007

Já editado no exterior, em 2008, o primeiro DVD oficial do grupo inglês Sex Pistols está sendo lançado no Brasil pela gravadora Coqueiro Verde Records. There'll Always Be an England eterniza a série de cinco shows feitos pelos explosivos Pistols em novembro de 2007 - na Brixton Academy, em Londres - para celebrar os 30 anos de seu lendário primeiro álbum, Never Mind the Bollocks, o título seminal do punk inglês. O show foi capturado pelas lentes do diretor Julien Temple, que acompanha o grupo desde os primórdios. Além de seus 18 números musicais, a edição nacional do DVD - legendada em português - exibe o documentário The Knowledge, no qual os integrantes da banda passeiam por lugares emblemáticos de Londres, cenários da explosão mundial do punk naquele histórico 1977. Os tempos são outros, mas a chama ainda parece a mesma...

15 de julho de 2009

Whitney revela a capa do álbum 'I Look to You'

Esta é a capa de I Look to You, primeiro álbum de inéditas de Whitney Houston em sete anos. A capa foi revelada nesta quarta-feira, 15 de julho de 2009, um dia depois de a cantora ter apresentado algumas músicas do disco em um show fechado num hotel de Londres. O CD, que vai ser lançado em 1º de setembro, tem músicas como I Didn’t Know My Own Strength (um tema de Diane Warren - produzido por David Foster), Call you Tonight, Nothin' But Love, Like I Never Left (faixa na qual figura o rapper Akon), Million Dollar Bill (tema de Alicia Keys), Worth It, For the Lovers, I Look to You (a faixa-título composta por R. Kelly) e A Song for You (cover do hit do compositor Leon Russell, de 1970).

Produção de Villares valoriza a música de Céu

Resenha de CD
Título: Vagarosa
Artista: Céu
Gravadora: Six Degree
Records / Universal Music
Cotação: * * * 1/2

É na cadência bonita do samba que Céu abre seu segundo álbum, Vagarosa, através de tema-vinheta de 56 segundos, Sobre o Amor e seu Trabalho Silencioso, que funciona como cartão de visitas a indicar que ela é do Brasil e bebe nas fontes dos ritmos nacionais. Vagarosa confirma a boa impressão deixada pelo EP Cangote, editado somente nos EUA para servir de aperitivo ao álbum produzido por Beto Villares na companhia de Gustavo Lenza, Gui Amabis e da própria Céu. Com distribuição no mercado nacional agendada para fins de julho de 2009, mas já vazado na internet dias antes do lançamento norte-americano, em 7 de julho, Vagarosa representa upgrade na discografia de Céu, iniciada em 2005 com um consagrador álbum que deu projeção internacional à artista. A cantora continua ótima, a compositora continua mediana, mas o que impressiona em Vagarosa é a real sofisticação da produção de Beto Villares. Os grooves antenados embebem a brasilidade de algumas faixas em real modernidade. Basta ouvir Bubuia - tema que junta Céu com as parceiras e convidadas Anelis Assumpção e Thalma de Freitas - para entender a viagem do disco. Aliás, a releitura psicodélica de Rosa Menina Rosa - tema de Jorge Ben Jor, lançado pelo autor em seu primeiro álbum, Samba Esquema Novo, de 1963 - atesta a inteligência com que Céu aborda seu repertório. No caso, com o auxílio luxuoso de Los Sebosos Postizos, o grupo formado por integrantes da Nação Zumbi e da turma do Mangue Beat. O samba entrou em esquema realmente novo... E por falar em psicodelia, Céu flerta com o dub e com o reggae em Cangote, Comadi e Cordão da Insônia (as duas últimas músicas são parcerias da cantora com o produtor Beto Villares). Entre faixa encharcada de latinidade à moda de Manu Chao (Sonâmbulo) e um tema cantado em inglês (Papa), Céu brinca com o tempo da composição em Ponteiro, volta ao samba na companhia de Luiz Melodia (em Vira Lata) e desliza na corrente moderna de Siba em Nascente. Enfim, bom CD valorizado pela sonoridade urdida por Villares. A embalagem faz com que o conteúdo pareça mais bonito do que, em essência, ele realmente é. Contudo, Vagarosa oferece forte munição para dar continuidade ao culto - nada vagaroso! - armado em torno de Céu.

Doce, Tiê voa com delicadeza em 'Sweet Jardim'

Resenha de CD
Título: Sweet Jardim
Artista: Tiê
Gravadora: Levi's Music
Cotação: * * * 

Incensada no circuito indie paulista desde 2007, ano em que lançou um EP, Tiê chega ao primeiro álbum, Sweet Jardim, em meio a elogios apaixonados de Caetano Veloso e da crítica. Resultado: a Warner Music resolveu distribuir o CD em escala nacional. Cultos midiáticos à parte, Tiê faz um som original, bem pessoal. Assinado Eu, Dois e 5º Andar - as faixas que abrem o álbum - são folks confessionais (calcados na voz e no violão) que anunciam de cara o suave estilo minimalista da cantora. Opção entendida pelo produtor Plínio Profeta. Sweet Jardim segue a linha 'menos é mais'. Cada elemento parece estar no seu devido lugar. Seja a guitarra de Jr. Tostoi em Assinado Eu, seja o órgão pilotado por Humberto Barros em Aula de Francês (naturalmente composta na língua falada em Paris), seja o coro de amigos que dá a impressão de que Chá Verde foi captada ao vivo em algum show da cantora. É no tempo da delicadeza que Tiê voa bonito por repertório ocasionalmente entoado em inglês (Stranger But Mine) e calcado no seu piano (caso da faixa Te Valorizo). O arranjo de A Bailarina e o Astronauta, por exemplo, parece extraído de uma caixinha de música. Fechando o álbum, a faixa-título - Sweet Jardim, composta em português - ostenta violões tocados por Toquinho, em cuja banda Tiê despontou. Enfim, um bom disco que já nasce com aura cult. Entre o folk e a chanson francesa, Tiê parece ter encontrado caminho próprio para trilhar no populoso país das cantoras. Tiê tem futuro - com ou sem o aval de Caetano...

Boas novas atestam o vigor de Kleiton & Kledir

Resenha de CD e DVD
Título: Autorretrato
Artista: Kleiton & Kledir
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * *

Desativada em 1987, após cinco álbuns que traduziram a música gaúcha para o idioma pop, a dupla Kleiton & Kledir voltou à cena em meados dos anos 90. Vieram os inevitáveis CDs e DVDs com regravações de músicas próprias e alheias que, embora bons, tinham um ranço saudosista. E o fato é que somente com este vigoroso Autorretrato - o primeiro trabalho de inéditas dos irmãos Ramil desde 1986 - é que a obra do duo realmente avança, com a inspiração dos áureos tempos. "Tu me ensina a viver que eu te ensino a sonhar, cheios de esperança", se propõem Kleiton & Kledir na faixa-título, em que celebram a amizade enquanto traçam seus perfis, acentuando as diferenças de forma espirituosa.
Escorados na produção bem elegante de Paul Ralphes, que dá tom contemporâneo ao seu som sem as tais mudernidades, os gaúchos remoem a nostalgia da cidade natal em Pelotas, expõem a paixão por mulheres (Eva, com direito a uma versão feminina, Adão, cantada com o grupo Chicas no DVD homônimo que documenta a gravação do CD) e mergulham no regionalismo pop em temas como Polca Loca e A Dança do Sol e da Lua, hábeis ao evocar ritmos tradicionais do Sul sem clima folclórico. Pode acreditar: Autorretrato está à altura dos melhores álbuns da dupla. É verdade que os irmãos às vezes patinam no romantismo mais convencional em temas como Só Liguei (de bela melodia, diga-se) e, sobretudo, História de Amor. Em contrapartida, faixas como Na Correnteza do Rio, O Tempo Voa e Estrela Cadente estão impregnadas daquela boa poesia romântica típica da dupla. Até os vocais, arranjados com maestria por Kleiton, soam firmes nas 13 músicas de Autorretrato. Ouça Ao Sabor do Vento e sinta que o tempo parece não ter passado para Kleiton & Kledir. Enfim, a Maria Fumaça - atividada em 1979 - voltou para os trilhos, tchê...

Flávia ousa ao dedicar todo um CD a Domingos

Resenha de CD
Título: Todo Domingos
Artista: Flávia
Bittencourt
Gravadora: Sem
indicação
Cotação: * * * 1/2

Entre a justa reverência e as ousadias estilísticas, Flávia Bittencourt - uma boa cantora oriunda do Maranhão - presta inventivo tributo à obra de José Domingos de Morais, o Dominguinhos. O compositor e sanfoneiro, natural de Garanhuns (PE), já tem alguns clássicos dispersos na história música brasileira. Reunidos neste disco urdido de forma independente, eles evidenciam a grandeza da obra autoral do artista. Que já havia participado do primeiro álbum de Flávia, Sentido (2005), na faixa Canto de Luz. E agora avaliza Todo Domingos ao pôr sua voz e sanfona inconfundíveis em Diz Amiga, melancólica parceria com Guadalupe. E o fato é que a abordagem da cantora maranhense supera muito a feita por Elba Ramalho em 2004 em CD dividido com o próprio Dominguinhos. Flávia aplica ao cancioneiro do compositor a dose certa de ousadia sem tirá-lo do seu universo nordestino. O que se ouve são toques de criatividade que embelezam as músicas sem trair a essência delas. Toques perceptíveis nas cordas que citam o mundo musical de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) ao fim de Contrato de Separação (Dominguinhos e Anastácia). Nos metais à moda da black music e na flauta que evoca a Banda de Pífanos de Caruaru em Sete Meninas. Na batida sincopada do samba de gafieira que embala O Babulina, obscuro tributo de Dominguinhos ao suingue de Jorge Ben Jor (a música foi composta com Anastácia em 1976). Nas cordas eruditas da introdução de Tenho Sede (Dominguinhos e Anastácia). Ou mesmo na trivial levada do reggae que adorna Abri a Porta (Dominguinhos e Gilberto Gil), sucesso pop do grupo A Cor do Som. Vale repetir: Flávia Bittencourt experimenta sem trair o universo dos arrasta-pés nordestinos, reverenciados nos registros de Lamento Sertanejo e Eu Só Quero um Xodó. E, acima de gênero e arranjos, paira a beleza melódica e poética de toadas como Retrato da Vida (bissexta parceria de Dominguinhos com Djavan) e Quem me Levará Sou Eu (linda parceria com Manduka celebrizada por Fagner em 1978). Por mais que haja um ou outro tema menos inspirado como Arrebol (Dominguinhos e Anastácia), Todo Domingos se impõe como tributo digno de (toda) atenção.

Samba de Padeirinho revive na voz de Tantinho

Resenha de CD
Título: Tantinho Canta
Padeirinho da Mangueira
Artista: Tantinho
da Mangueira
Gravadora: Sem
indicação
Cotação: * * * *

Osvaldo Vitalino de Oliveira, o Padeirinho da Mangueira (1927 - 1987), foi um compositor da Estação Primeira de Mangueira que saiu de cena no ano, 1987, em que gravaria seu primeiro disco. Sua obra intuitiva foi gravada por cantores como Jamelão (1913 - 2008). Mas muitos sambas de Padeirinho ainda permaneciam inéditos até que Devani Ferreira, o Tantinho da Mangueira, os registrou neste valioso Tantinho Canta Padeirinho da Mangueira, álbum gravado graças a um patrocínio da Petrobrás. É na voz segura desse cantor da verde-e-rossa que saem do baú jóias como o partido alto Cuidado Mulher, dividido por Tantinho com Marquinhos China. O CD evidencia a impressionante versatilidade da obra de Padeirinho, hábil tanto na criação de sambas sincopados (como A Situação do Escurinho, registrado em apropriado clima de gafieira) como de sambas mais dolentes, caso do melancólico Esta Saudade, que ostenta a grife melódica e poética típica dos clássicos dos bambas da Velha Guarda. Sem falar no samba de terreiro, gênero exemplificado em Terreiro em Itacuruçá. O CD Tantinho Canta Padeirinho da Mangueiratem importância histórica por registrar títulos inspirados (Rua das Casas, Logo a Mim, Modificado) de obra que corria risco de cair em completo esquecimento. Mesmo sambas razoavelmente conhecidos, como Favela e Linguagem do Morro, merecem ser ouvidos por novas gerações. Até porque a direção musical e os arranjos - a cargo de Paulão 7 Cordas - são reverentes ao universo de Padeirinho, sem invencionices. E, como Tantinho sabe o que canta (e ele ter confiado a interpretação do samba O Remerso me Persegue a Mestre Birinha apenas reforça o valor vocal do anfitrião), o resultado é disco essencial para todos que se interessam pela produção do samba carioca. Padeirinho é bamba!!

Pearl Jam revela as onze faixas de 'Backspacer'

Com lançamento agendado para 21 de setembro de 2009, o nono álbum de estúdio do Pearl Jam, Backspacer, tem onze músicas. Três - Unthought Known, Speed of Sound e The End - já tinham sido apresentadas por Eddie Vedder em sua turnê solo pelos Estados Unidos. As faixas foram reveladas pelo grupo em seu site oficial, que já realiza a pré-venda do disco produzido por Brendan O' Brien. Eis as músicas de Backspacer, que sai também em vinil:
1. Gonna See my Friend
2. Got Some
3. The Fixer
4. Johnny Guitar
5. Just Breathe
6. Amongst the Waves
7. Unthought Known
8. Supersonic
9. Speed of Sound
10. Force of Nature
11. The End

14 de julho de 2009

Aydar grava clipe em deserto de sal da Bolívia

As fotos acima retratam Mariana Aydar na gravação do primeiro clipe extraído de seu segundo álbum, Peixes Pássaros Pessoas (2009). O vídeo de Palavras Não Falam - música de autoria da própria Aydar - foi filmado em Salar, o maior deserto de sal da Terra, situado em Uyuni, ao Sul da Bolívia. Com direção de Leandro Lima, o clipe foca Aydar cantando e dançando pelo local.

Dubas relança álbum feito por Emílio em 1977

LP gravado (sem repercussão) por Emílio Santiago em 1977, com arranjos do saxofonista J.T. Meirelles (1940 - 2008) e do pianista Laércio de Freitas, Feito para Ouvir ganha reedição do selo Dubas, com outra capa. Título raro, até então inédito em CD no Brasil, Feito para Ouvir teve seu repertório selecionado por Roberto Menescal, na época diretor artístico da Philips. Foi um dos dois álbuns lançados por Emílio em 1977, ano em que ele também gravou Comigo É Assim. Eis o repertório de Feito para Ouvir - o quarto título da bela discografia inicial do cantor:
1 - Beijo Partido (Toninho Horta)
2 - Maria (Gilberto Gil)
3 - Ponto Final (José Maria de Abreu e Jair Amorim)
4 - O que É Amar (Johnny Alf)
5 - Última Forma (Baden Powell e Paulo César Pinheiro)
6 - Tristeza de Nós Dois (Durval Ferreira, Maurício Einhorn e Bebeto)
7 - Rua Deserta (Dorival Caymmi e Carlos Guinle)
8 - Mentiras (João Donato e Lysias Ênio)
9 - Se Pelo Menos Você Fosse Minha (Roberto Menescal e Paulinho Tapajós)
10 - E Agora? (O que Faço Pra Esquecer?) (Silvio César)
11 - Olha Maria (Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Chico Buarque)

Leci recorda 'Estrela' no clube do samba social

Sucesso no saudoso vozeirão do cantor Roberto Ribeiro (1940 - 1996) nos anos 70, Estrela de Madureira é um dos dois números que Leci Brandão vai fazer na gravação do terceiro e quarto volumes do projeto Samba Social Clube - agendada para 27 e 28 de julho de 2009 em dois shows na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ). O outro samba a ser cantado por Leci Brandão é Nomes de Favela, de Paulo César Pinheiro. Projeto fonográfico idealizado pela rádio carioca MPB FM (que transmite o programa Samba Social Clube aos sábados e domingos), em parceria com a EMI Music, os CDs e DVDs gravados vão ser editados em dois volumes vendidos separadamente - tal como na primeira edição, produzida em 2008. Ao menos, o volume 3 chegará às lojas ainda no segundo semestre de 2009. A direção musical é de Paulão 7 Cordas. Eis, por ora, os artistas confirmados na gravação ao vivo:
Segunda-feira, 27 de julho de 2009:
* Zeca Pagodinho e Nei Lopes (Só Chora Quem Ama)

* Jorge Aragão (Saigon)
* Preta Gil e Jorge Aragão (Coisinha do Pai)
* Teresa Cristina (Porta Aberta e Tudo Está no seu Lugar)
* Wilson Simoninha (Malandro)
* Sururu na Roda (Tô Voltando)
* Almir Guineto (No Mesmo Manto)
* Zélia Duncan e Nilze Carvalho (Naquela Mesa)
* Mariana Aydar (A Deusa dos Orixás)
* Péricles, do Exaltasamba (Firme e Forte)
* Alexandre Pires (Falsa Consideração e Gostoso Veneno)
* Sérgio Loroza (O Mundo É uma Bola / O Campeão)
* Leci Brandão (Estrela de Madureira e Nomes de Favela)
Terça-Feira, 28 de julho de 2009
* Arlindo Cruz e Aline Calixto (Dor de Amor)
* Beth Carvalho (Por um Dia de Graça e Cabô, meu Pai)

* Caetano Veloso (Rugas)
* Diogo Nogueira (Todo Menino É um Rei e Deixa Eu te Amar)
* Dudu Nobre (Pagode da Saideira e A Batucada dos Nossos
Tantãs)
* Arlindo Cruz (Candongueiro)
* Moraes Moreira (Samba Rubro-Negro)
* Monarco e Moyseis Marques (O Quitandeiro)
* Casuarina (Tempo de Dondon e Na Cadência do Samba)
* Marcelo D2 e Claudya (Deixa Eu Dizer)
* Bebeto (Nega de Obaluaê)
* Emílio Santiago (Alvorecer)
* Mário Sérgio (Negra Ângela)
* Jorge Vercillo (Mel na Boca)
* Moinho (Maior É Deus)

Ana grava faixa com Esperanza Spalding no Rio

Dias antes de gravar a música Entreolhares em Atlanta (EUA) com o cantor norte-americano John Legend, Ana Carolina registrou no Rio de Janeiro (RJ) outro dueto internacional para o álbum de inéditas que vai lançar em agosto de 2009 com produção de Alê Siqueira, Mario Caldato Jr e Kassin. A faixa Traição foi gravada com a cantora e baixista Esperanza Spalding, um dos nomes mais incensados na atual cena de jazz dos EUA. A gravação contou com o piano de Daniel Jobim (com as artistas na foto de Nelson Faria).

Regravações valorizam segundo disco de Caram

Resenha de CD
Título: Feriado Pessoal
Artista: Bruna Caram
Gravadora: Dabliu Discos
Cotação: * * 1/2

Conseguir dar um toque todo pessoal a uma música muito associada a Cássia Eller (1962 - 2001) não é tarefa das mais fáceis. Bruna Caram realiza a proeza em seu segundo álbum, Feriado Pessoal, ao imprimir certa malícia em Gatas Extraordinárias, o tema de Caetano Veloso lançado por Cássia em 1999 e repaginado por Caram com direito a arranjo de cordas que não abafa a pulsação pop da música. Gatas Extraordinárias é um dos melhores momentos do CD, que cresce nas regravações. Cheio de frescor, o registro de Caram para Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor - a irresistível canção de Lô e Márcio Borges, lançada por Milton Nascimento em 2002 no álbum Pietá - já vale a audição do disco. Ao fim do CD, outra ótima regravação - Cuide-se Bem (1976), música do primeiro LP solo de Guilherme Arantes, agora incrementada com a guitarra havaiana tocada por Christiaan Oyens - aponta cantora promissora, hábil ao revelar intenções e nuances de canções. O problema de Feriado Pessoal é seu repertório novo. Falta uma grande música. Nascer de Novo - balada de Dani Black entoada por Caram na companhia solitária do piano de Marcelo Jeneci - e Caminho pro Interior (parceria de Otávio Toledo e J.C. Costa Netto, valorizada pelo trombone espirituoso de Bocato) até chegam perto, mas não cruzam o pódio. E por falar em Caminho pro Interior, o acordeom de Guilherme Ribeiro faz Em Paz (Rafael, Pedro e Rita Altério) seguir por trilha ruralista em outro ótimo arranjo que sinaliza que a produção (de Alexandre Fontanetti) e a cantora são bem melhores do que o repertório do disco. Em seu primeiro fraco álbum, Essa Menina (2006), Bruna Caram radicalizou ao cantar somente músicas de Otávio Toledo e J.C. Costa Netto. Em Feriado Pessoal, cuja suingada faixa-título indica que a cantora não deve enfatizar sua produção como compositora, já há salutar busca pela diversidade. Tivesse sido mais rigorosa na seleção do repertório, Bruna Caram teria feito um álbum à altura de seu canto leve e envolvente. Contudo, Feriado Pessoal sinaliza evolução e a certeza de que discos melhores virão. Bruna Caram já brilha no país das cantoras.

13 de julho de 2009

LeRoi inspira disco pop de Dave Matthews Band

Resenha de CD
Título: Big Whiskey and
The Groogrux King
Artista: Dave Matthews
Band
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * *

Ao sair de cena em 2008, o saxofonista LeRoi Moore - integrante da Dave Matthews Band - acabou inspirando o grupo neste álbum de estúdio que está sendo lançado no mercado brasileiro após ter sido bem recebido nos EUA. A inspiração é explícita no desenho da capa (feito pelo próprio Dave Matthews), no título do disco - que alude ao apelido de LeRoi (Groogrux) - e no solo de saxofone que abre o CD (Grux). Tal inspiração também está implícita no vigor que pontua o álbum, um dos melhores da discografia do grupo, diluída nos últimos tempos por conta de redundantes registros ao vivo. Produzido por Rob Cavallo, Big Whiskey and The Groogrux King é um CD melódico e pop, de ambiência acústica. Opção que salta aos ouvidos em faixas como Dive in (irresistível), Shake me Like a Honey, Funny the Way It Is (o single que bombou nos EUA), Lying in the Hands of Good e Why I Am. Mesmo os temas ocasionalmente mais pesados - caso de Seven - não tiram o álbum de seu harmonioso trilho pop. Ouça!

Selma grava 'As Forças da Natureza' com Diogo

Diogo Nogueira gravou participação no álbum em que Selma Reis aborda exclusivamente o fino repertório de Paulo César Pinheiro. Diogo faz dueto com a cantora em As Forças da Natureza, samba da parceria de seu pai, João Nogueira (1941 - 2000), com Paulo César Pinheiro. O samba deu título ao álbum lançado em 1977 por Clara Nunes (1942 - 1983). Em fase de gravação desde 18 de junho de 2009, o novo disco de Selma tem arranjos de Paulo Malaguti, Fernando Carvalho, Cristovão Bastos e Victor Biglione. Além de inéditas como Passatempo, a intérprete revive sucessos do porte de Minha Missão (1981), Cordilheira (1979) e Tô Voltando (1979).

Brown lança música em tributo ao Dia do Rock

Mais identificado com o som afro-pop-baiano, Carlinhos Brown acerta as contas com obscuro passado roqueiro em seu próximo álbum, Carlinhos Brown e Mar Revolto, que tem lançamento previsto para setembro de 2009. O compositor (em foto de João Meirelles) aproveitou o Dia Mundial do Rock, 13 de julho, para lançar em sua página no portal MySpace uma das 12 músicas, Emotionave, do CD em que revive o grupo de rock Mar Revolto, com o qual ele começou sua carreira profissional em 1979. Em 12 faixas, o disco celebra o rock e os 30 anos de atividades de Brown.

Cañas regrava Gil e assina onze faixas de 'Hein?'

Nas lojas a partir de 20 de julho de 2009, pela Sony Music, o segundo álbum de Ana Cañas, Hein?, traz 12 faixas. Onze são assinadas por Canãs, sendo duas sozinha e as demais nove em parceria com Liminha (produtor do disco), Arnaldo Antunes, Dadi, Fabá Jimenez e/ou Flávio Rossi. A exceção é Chuck Berry Fields Forever, regravação do repertório de Gilberto Gil. A foto acima à esquerda, de Christian Gaul, foi a escolhida para a capa do disco, sucessor do irregular Amor e Caos (2007). Eis as músicas de Hein? e seus respectivos autores:
1. Na Multidão (Ana Cañas, Liminha e Arnaldo Antunes)
2. Coçando (Ana Cañas, Dadi, Liminha e Arnaldo Antunes)
3. Na Medida do Impossível (Ana Cañas)
4. Esconderijo (Ana Cañas)
5. Sempre com Você (Ana Cañas e Dadi)
6. Chuck Berry Fields Forever (Gilberto Gil) - com Gil ao violão
7. Gira (Ana Cañas, Liminha e Flávio Rossi)
8. Problema Tudo Bem (Ana Cañas e Liminha)

9. Aquário ((Ana Cañas, Liminha e Arnaldo Antunes)
10. A Menina e o Cachorro (Cañas, Liminha e Arnaldo Antunes)
11. Não Quero Mais (Ana Cañas, Liminha e Arnaldo Antunes)
12. O Amor É Mesmo Estranho (Cañas, Fabá Jimenez e Liminha)

Bananaz desvenda animado mundo do Gorillaz

Recém-lançado no mercado brasileiro em DVD distribuído pela EMI Music, Bananaz é o filme do cineasta Ceri Levy que desvenda o animado mundo real do Gorillaz, o grupo virtual criado por Damon Albarn e Jamie Hwelett nos anos 90. Testemunha ocular do processo de criação do Gorillaz, Levy documenta no filme o que existe por trás do Gorillaz, mas (quase) ninguém vê. Bananaz detalha a gênese dos desenhos, das animações e mostra as vozes reais que animam Murdoc, 2D, Noodle e Russel Hobbs. Captado entre 2000 e 2006, o farto material gravado inclui takes gravados pela banda com nomes como De La Soul, Ibrahim Ferrer e Danger Mouse. Na seção The Bananaz Home Movie Club, exibida nos extras, há cenas de estrada, registros ao vivo e making of de clipes como de Clint Eastwood. Filme essencial para fãs do grupo!!

12 de julho de 2009

Almas lavadas por velhas e boas emoções reais


Resenha de Show
ItaúBrasil - Roberto Carlos no Maracanã
Título: RC 50 - Roberto Carlos 50 Anos
Artista: Roberto Carlos (em fotos de Rodrigo Amaral)
Local: Maracanã (RJ)
Data: 11 de julho de 2009
Cotação: * * * *
"Que prazer rever vocês!!". Já ao entrar no palco e saudar de forma convencional as estimadas 68 mil pessoas que se agitavam nas cadeiras e nas arquibancas do Maracanã na expectativa de ver sua primeira apresentação no maior estádio carioca, Roberto Carlos sinalizou que as emoções da noite seriam as mesmas dos últimos anos. De fato, do início (com a tradicional Emoções) ao fim (com a sagrada Jesus Cristo) do show apresentado na noite de sábado, 11 de julho de 2009, o Rei reafirmou cânones de sua obra e afagou o ego dos súditos com declarações de amor que reforçaram os elos do cantor com um público que não espera e nem cobra inovações dele. Público que saiu do Maracanã de alma lavada, tanto pela chuva (que se intensificou em Caminhoneiro a ponto de o cantor interromper a apresentação por mais de dez minutos, indeciso se deveria dar continuidade ao show) como pelas velhas e boas emoções reais. Recicladas em cerca de 30 músicas tocadas ao longo de duas horas e meia. Quando o grupo RC-9 tocou os últimos acordes de Jesus Cristo, aos nove minutos deste domingo, 12 de julho, ninguém duvidava de que Roberto Carlos continua entronizado no trono popular já ocupado pelo cantor desde 1965.
O som não esteve à altura do evento. Insistente, a chuva também atrapalhou. Contudo, o show cumpriu a alta expectativa. Com arranjos orquestrais regidos pelo maestro Eduardo Lajes (uma seção de cordas foi adicionada à habitual banda e se fez ouvir em números como Nossa Senhora), Roberto apresentou um mix das emoções que pautaram sua música ao longo dos 50 anos. Passaram pelo roteiro as arrogâncias juvenis dos anos 60 (Eu Sou Terrível, em emblemático reencontro com Erasmo Carlos e Wanderléa), as paixões embebidas em sensualidade dos anos 70 (merecedoras de bloco que destaca Cavalgada num exuberante arranjo que culmina em passagem instrumental de ambiência progressiva), as dores de amores dos anos 80 (Do Fundo do meu Coração, uma de suas últimas canções românticas que fazem jus ao nome do cantor) e as fixações dos anos 90 (Mulher Pequena, número dispensável num espetáculo de tamanha grandeza). Tudo pontuado pela inabalável fé religiosa, que já se insinua atemporal.
O Rei sabe como seduzir os súditos. Mais uma vez, Roberto fez seu público se sentir importante. "Quero ouvir", sentenciou repetidas vezes, reivindicando o coro popular em músicas como Além do Horizonte. As pausas e suspiros de Outra Vez também não são novidades. Assim como o jogo de sedução armado ao violão arranhado em Detalhes. Nada é novo. Mas, ao mesmo tempo, tudo parece novo no jogo de cena. Mérito de um cantor de carisma imensurável. Mérito de um compositor de canções que sempre usaram formas simples para falar de amor. Velhos tempos. Belos dias de Roberto. Como o sábado chuvoso de 11 de julho de 2009...

Nostalgia, fé, amor e sexo no roteiro de Roberto

ItáuBrasil - Roberto Carlos no Maracanã
Segundo dos cinco eventos especiais do ciclo promovido pelo ItaúBrasil para festejar os 50 anos de carreira de Roberto Carlos, o show apresentado pelo cantor no estádio carioca do Maracanã na noite de sábado, 11 de julho de 2009, teve roteiro similar (mas não igual) ao espetáculo que abriu a turnê nacional em Cachoeiro do Itapemirim (ES), cidade natal do Rei, em 19 de abril de 2009, dia em que o artista festejou 68 anos de idade. Azeitado mix de fé, nostalgia, amizade, amor e sensualidade pontuou o repertório. Eis o roteiro do primeiro (histórico) show feito pelo Rei no Maracanã:
* Overture (instrumental)
* Emoções
* Eu te Amo, te Amo, te Amo
* Além do Horizonte
* Amor Perfeito
* Detalhes
* Outra Vez
* Aquela Casa Simples /
Meu Querido, meu Velho, meu Amigo /
Lady Laura
* Nossa Senhora
* Caminhoneiro
* Mulher Pequena
* O Calhambeque
* Do Fundo do meu Coração
* Proposta
* Seu Corpo
* Os seus Botões
* Café da Manhã
* Cavalgada
* Amigo - com Erasmo Carlos
* Sentado à Beira do Caminho
* Ternura - com Wanderléa
* Eu Sou Terrível - com Erasmo Carlos e Wanderléa
* É Proibido Fumar / Namoradinha de um Amigo meu /
E por Isso Estou Aqui / Quando /
Jovens Tardes de Domingo
* É Preciso Saber Viver
* Como É Grande o meu Amor por Você
* Jesus Cristo

Duo terno com Wandeca no show dos 50 do Rei

ItáuBrasil - Roberto Carlos no Maracanã
Vértice feminino do triângulo centralizador da Jovem Guarda, o movimento pop que projetou Roberto Carlos em escala nacional na década de 60, Wanderléa foi naturalmente convidada para participar da apresentação especial do show com que o artista festeja seus 50 anos de carreira. Ao som do prefixo de Pare o Casamento (1966), um de seus hits nas jovens tardes dominicais, a cantora pisou no palco armado no Maracanã na noite chuvosa de 11 de julho de 2009. Após abraços e beijos, Wandeca e o Rei (em foto de Mauro Ferreira) fizeram terno dueto em... Ternura, a versão de Rossini Pinto para Somehow It Got to Be Tomorrow (Today), lançada por Wanderléa em 1965 e regravada por Roberto em 1977. Na sequência, com Erasmo Carlos já de volta ao palco, o trio reviveu Eu Sou Terrível (1967) em nome dos velhos tempos...

'Rei' chora ao celebrar sua amizade com Erasmo

ItaúBrasil - Roberto Carlos no Maracanã
O feliz reencontro de Roberto Carlos com seu amigo fé e irmão camarada Erasmo Carlos foi o momento mais emocionante do show apresentado pelo Rei no Maracanã, o maior estádio do Rio de Janeiro (RJ), na noite de sábado, 11 de julho de 2009, dentro do ciclo de eventos idealizado pelo projeto ItaúBrasil para celebrar os 50 anos de carreira de Roberto. A entrada em cena do Tremendão surpreendeu as estimadas 68 mil pessoas que lotaram o estádio com um belo truque cênico. Roberto cantava sozinho a música Amigo (1977) quando o número foi interrompido. Pelo telão, emocionado, Erasmo celebrou sua amizade com o parceiro e, na sequência, entrou em cena para dar continuidade a Amigo com Roberto. O Rei não segurou as lágrimas. Ainda chorosos, Roberto e Erasmo (em foto de Mauro Ferreira) cantaram Sentado à Beira do Caminho - música lançada pelo Tremendão em 1969 - antes de reviverem as jovens tardes de domingo com a presença de Wanderléa. O trio ternura entoou Eu Sou Terrível (1967) com justificável nostalgia da modernidade. Um tremendo reencontro!!!