6 de dezembro de 2009

'Cantora' é pungente testemunho da fé de Sosa

Resenha de CD
Título: Cantora
Artista: Mercedes Sosa
e convidados
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * *

Talvez por já pressentir que Cantora fosse seu último registro fonográfico, Mercedes Sosa (1935 - 2009) fez deste projeto de duetos um coerente e pungente testemunho de sua fé e ideologia humanitárias. Desmembrado em dois volumes na edição original argentina, mas lançado no Brasil na forma de CD simples que agrega DVD com alentado making of do álbum, Cantora alcança picos de expressão ao aproximar Sosa do rapper René Perez. Metade do duo porto-riquenho Calle 13, Perez põe seu rap engajado em Canción para un Niño en la Calle num dueto que realça afinidades ideológicas entre os repertórios da cantora e da dupla. Também com alto grau de beleza e politização, Violetas para Violeta - tema que junta Sosa ao cantor e ativista espanhol Joaquín Sabina com citação de versos da obra da compositora chilena Violeta Parra (1917 - 1967) - é outro destaque, inclusive pela pulsação das guitarras que norteiam o arranjo. Já a mexicana Julieta Venegas contribui com uma composição, Sabiéndose de los Descalzos, que poderia figurar em qualquer disco de Sosa. Por seu turno, a colombiana Shakira imprime a habitual efervescência latina em La Maza - tema do cubano Silvio Rodríguez - enquanto o uruguaio Jorge Drexler revive Sea (música de sua autoria, lançada no Brasil por Ney Matogrosso no show Inclassificáveis) com La Negra. Por mais que a voz de Sosa tenha perdido extensão, num declínio evidente na versão desnudada de Coração Vagabundo feita com Caetano Veloso, a força emanada por sua figura e suas interpretações garante o vigor desse Cantora. Já na faixa de abertura - a poética Aquellas Pequeñas Cosas, gravada com o autor Joan Manuel Serrat - fica evidente a aura especial que envolve esse testamento de Mercedes Sosa, que, ao sair de cena, deixou obra imaculada, fiel aos seus firmes princípios ideológicos.

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Talvez por já pressentir que Cantora fosse seu último registro fonográfico, Mercedes Sosa (1935 - 2009) fez deste projeto de duetos um coerente e pungente testemunho de sua fé e ideologia humanitárias. Desmembrado em dois volumes na edição original argentina, mas lançado no Brasil na forma de CD simples que agrega DVD com alentado making of do disco, Cantora alcança picos de expressão ao aproximar Sosa do rapper René Perez. Metade do duo porto-riquenho Calle 13, Pérez põe seu rap engajado em Canción para un Niño en la Calle num dueto que realça afinidades ideológicas entre os repertórios da cantora e da dupla. Também com alto grau de politização, Violetas para Violeta - tema que junta Sosa ao cantor e ativista espanhol Joaquín Sabina com citação de versos da obra da compositora chilena Violeta Parra (1917 - 1967) - é outro destaque, inclusive pela pulsação das guitarras que norteiam o arranjo. Já a mexicana Julieta Venegas contribui com uma composição, Sabiéndose de los Descalzos, que poderia figurar em qualquer disco de Sosa. Por seu turno, a colombiana Shakira imprime a habitual efervescência latina em La Maza - tema do cubano Silvio Rodríguez - enquanto o uruguaio Jorge Drexler revive Sea (música de sua autoria, lançada no Brasil por Ney Matogrosso no show Inclassificáveis) com La Negra. Por mais que a voz de Sosa tenha perdido extensão, num declínio evidente na versão desnudada de Coração Vagabundo feita com Caetano Veloso, a força emanada por sua figura e suas interpretações garante o vigor desse Cantora. Já na faixa de abertura - a poética Aquellas Pequeñas Cosas, gravada com o autor Joan Manuel Serrat - fica evidente a aura especial que envolve esse testamento de Mercedes Sosa, que, ao sair de cena, deixou obra imaculada, fiel aos seus firmes princípios ideológicos.

6 de dezembro de 2009 às 10:42  
Anonymous Diogo ! said...

Desde que rompeu com Fidel Castro em 2003, Sosa se afastou de nomes como Pablo Milanés e Silvio Rodriguez - castristas inconteste. Questões politicas a parte, o talento desses nomes colobarariam e muito pra esse trabalho.

Senti falta de Joan Baez também!

" Canción para un Niño en la Calle " é o melhor duo de ' Cantora '.Extramamente coerente com o ativismo social de ambos!

Já os duetos com os brazucas ficaram aquém do que eu esperava.


Um abraço a todos
Diogo Santos
Gracias a la vida

6 de dezembro de 2009 às 16:27  
Blogger CC & BF said...

Imaculada mesmo! A grande dama da música americana deixou um legado fantástico... Com sua voz magistral e sua ideologia libertária, Mercedes foi, e continuará por muito tempo, a grande voz da América Latina; um grito de esperança quando o silêncio era o símbolo de um regime... Um grito contra às injustiças e desigualdades... Um cantor unificador das Américas! O Cantora, como o Mauro falou, parecia pressentido por Sosa; uma obra magnífica! Me comovo sempre que escuto... Violetas para Violeta, sem dúvidas, é um dos pontos altos dessa grandiosa despedida de "La Negra". Maravilhosos!

6 de dezembro de 2009 às 19:21  
Blogger O blog said...

Sinto muito orgulho de ser um cara que conhece bem seus vizinhos. Adoro a américa latina e toda sua música. Mas se eu ficasse esperando de "mão beijada" as gravadoras lançarem artistas e discos por aqui, jamais iria conhecer o quanto tão rico nossos hermanos latinos tem pra nos mostrar musicalmente. Estive na Argentina no auge do lançamento e tive a oportunidade de comprar a edição original de 2 cds + 1 dvd. Hoje, num mundo cada dia mais globalizado, não adianta esconder edições diferentes para os fãs, porque basta apenas entrar na internet para ver. E é uma pena a nossa mídia brasileira dar mais valor a Michael Jackson do que para ela...Só espero que agora lancem algum dvd de show, pois não aguento mais ver o Acústico na Saíça...rsrsrs.

9 de dezembro de 2009 às 02:14  

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