8 de outubro de 2009

Bom show de Aydar engrena do meio para o fim

Resenha de Show
Título: Peixes, Pássaros, Pessoas
Artista: Mariana Aydar (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 7 de outubro de 2009
Cotação: * * * 1/2

Um dos grandes discos de 2009, Peixes, Pássaros, Pessoas - o segundo álbum de Mariana Aydar - demora a engrenar no palco. Ao menos na estreia carioca da turnê, na noite de 7 de outubro, o show somente começou a fazer jus ao disco a partir da entrada em cena de Kassin para engrossar a banda na execução das músicas Deixa o Verão (de Rodrigo Amarante) e Beleza (Luisa Maita com Rodrigo Campos). Talvez pela tensão da cantora, provavelmente nervosa por estar estreando no palco do Canecão para platéia majoritariamente formada por convidados e os tais formadores de opinião, a apresentação resultou até morna em números iniciais como Aqui em Casa (Duani e Kavita, pseudônimo de Aydar como compositora) e Palavras Não Falam (Aydar), esta turbinada com moderníssimo arranjo de sopros, orquestrado por Felipe Pinaud. Justiça seja feita: falhas no som também atrapalharam esse início e impediram que o canto afinado de Aydar soasse de fato iluminado.
Como o disco, o show gravita em torno do samba - sem se prender ao gênero - com sofisticada atmosfera cool. Talvez por isso, a intérprete mais calorosa do show de seu primeiro CD, Kavita 1, demore a (re)aparecer em cena. Nem mesmo sambas populares já cantados nesse primeiro quente show, como Minha Missão (João Nogueira e Paulo César Pinheiro) e Vai Vadiar (Monarco e Alcino Corrêa), surtem o efeito habitual em Peixes, Pássaros, Pessoas. Mas, aos poucos, toda a beleza do repertório vai se desvendando em cena. O clima forrozeiro de Tá? (Carlos Rennó, Pedro Luís e Roberta Sá) - com Aydar no triângulo e Duani na zabumba - começa a esquentar o show e prepara o clima para a entrada em cena de Carlinhos Sete Cordas. O violonista dá o tom do medley que une os sambas Te Gosto - pérola de Mauro Diniz e Adilson Victor, pescada por Aydar no baú do Fundo de Quintal (é do terceiro disco do grupo, Nos Pagodes da Vida, de 1983) - e Florindo, exemplo da maestria de Duani como compositor de sambas. A propósito, a não inclusão de Poderoso Rei - outra joia de Duani - no roteiro é indesculpável. Felizmente, há o partido alto O Samba me Persegue (Duani) e o suingante Menino das Laranjas (Theo de Barros), herança do show anterior. É o número em que Aydar apresenta a antenada banda. Logo na sequência, Consolação (Baden Powell e Vinicius de Moraes) ressurge intensa e a música que inspirou o título do disco, Peixes (Nenung), fecha apoteoticamente o show, apagando a má impressão deixada pelo morno bloco inicial. No todo, o espetáculo resulta interessante, com apuro perceptível tanto no cenário de Fábio Delduque como no figurino e na iluminação. Não é um dos shows do ano - como fazia supor o CD - mas (re)afirma os progressos de Mariana Aydar.

13 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Um dos grandes discos de 2009, Peixes, Pássaros, Pessoas - o segundo álbum de Mariana Aydar - demora a engrenar no palco. Ao menos na estreia carioca da turnê, na noite de 8 de outubro, o show somente começou a fazer jus ao disco a partir da entrada em cena de Kassin para engrossar a banda na execução das músicas Deixa o Verão (de Rodrigo Amarante) e Beleza (Luisa Maita com Rodrigo Campos). Talvez pela tensão da cantora, provavelmente nervosa por estar estreando no palco do Canecão para platéia majoritariamente formada por convidados e os tais formadores de opinião, a apresentação resultou até morna em números iniciais como Aqui em Casa (Duani e Kavita, pseudônimo de Aydar como compositora) e Palavras Não Falam (Aydar), esta turbinada com moderníssimo arranjo de sopros (orquestrado por Felipe Pinaud).
Como o disco, o show gravita em torno do samba - sem se prender ao gênero - com sofisticada atmosfera cool. Talvez por isso, a intérprete mais calorosa do show de seu primeiro CD, Kavita 1, demore a (re)aparecer em cena. Nem mesmo sambas populares já cantados nesse primeiro quente show, como Minha Missão (João Nogueira e Paulo César Pinheiro) e Vai Vadiar (Monarco e Alcino Corrêa), surtem o efeito habitual em Peixes, Pássaros, Pessoas. Mas, aos poucos, toda a beleza do repertório vai se desvendando em cena. O clima forrozeiro de Tá? (Carlos Rennó, Pedro Luís e Roberta Sá) - com Aydar no triângulo e Duani na zabumba - começa a esquentar o show e prepara o clima para a entrada em cena de Carlinhos Sete Cordas. O violonista dá o tom do medley que une os sambas Te Gosto - pérola de Mauro Diniz e Adilson Victor, pescada por Aydar no baú do Fundo de Quintal (é do terceiro disco do grupo, Nos Pagodes da Vida, de 1983) - e Florindo, exemplo da maestria de Duani como compositor de sambas. A propósito, a não inclusão de Poderoso Rei - outra joia de Duani - no roteiro é indesculpável. Felizmente, há o partido alto O Samba me Persegue (Duani) e o suingante Menino das Laranjas (Theo de Barros), herança do show anterior. É o número em que Aydar apresenta a antenada banda. Logo na sequência, Consolação (Baden Powell e Vinicius de Moraes) ressurge intensa, fechando o show no auge e apagando a má impressão deixada pelo morno bloco inicial. No todo, o espetáculo resulta interessante, com apuro perceptível tanto no cenário de Fábio Delduque como no figurino e na iluminação. Não é um dos shows do ano - como fazia supor o CD - mas (re)afirma os progressos de Mariana Aydar.

8 de outubro de 2009 às 12:58  
Anonymous Anônimo said...

Em São Paulo foi a mesma coisa Mauro, morno. Ela não é, ainda, artista de palco. Tem que ter estrada.

8 de outubro de 2009 às 13:59  
Anonymous Anônimo said...

Pois é Mauro, além do show morno, apesar de ótimo roteiro, fiquei pensando ontem, que necessidade há de se fazer um show no Canecão para artistas que aqui no Rio ainda não fizeram um bom número de público, aí fica aquela casa enorme vazia e a produção botando um monte de convidados que nunca nem ouviu falar em Mariana Aidar chegando quando o show já havia começado , uma falta de educação sem tamanho e esse povo que ocupa toda a área vip não serve nem pra aplaudir, que estratégia mais furada. E eu que paguei o ingresso que aguente esse povinho conversando, odeio shows com convidados " Vips ". Não sei de qual cabecinha colonialista saem essas " brilhantes idéias ".
Mariana é ótima , tem talento, mas precisa fazer o trabalho de operária, precisa fazer mais shows por aqui em casa menores, divulgar seu nome e sua música, fazer´público , não é pq a crítica é favoravel que tá tudo garantido. È preciso mais empenho e dedicação, coisa que não se percebe por aqui , pois um meio que é muito importante aqui, que é a rádio MPB-FM, foi mal utilizado, cadê a gravadora, que Mariana fez tanta questão de agradecer no shos
Te adoro Mariana , mas da proxima faz um Teatro Rival, um Estrela da Lapa ( que vc já fez ), e .... trabalho , trabalho, veja o que aonteceu com suas amigas Roberta Sá e Maria Gadu - bom trabalho , casas lotadas.
Beijos!!!!!!!!!!!

8 de outubro de 2009 às 14:29  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,

a faixa cujo verso dá título ao disco se chama 'Peixes'.

8 de outubro de 2009 às 14:48  
Anonymous Anônimo said...

Em SP tb foi morno! O q atrapalhou o show do Sesc Pinheiros foi o número de técnicos que entravam e saíam do palco a toda hora! O figurino aqui de SP lembrava mais a Joelma do Calypso! A diferença do show aí no Rio é que ela cantou mais musicas.

Em SP não teve Deixa o Verao, a outra versão de Ze do Caroço, Consolação, Minha Missão, Menino das Laranjas...uma pena!

Ela fazia mais shows com o Kavita do que com este ultimo! Estranho...mas ainda curto muito!

8 de outubro de 2009 às 17:20  
Anonymous Anônimo said...

Passei a gostar da Mariana, não foi muito fácil. Acho ela um tanto "dura", mas é linda, uma simpatia, tem uma voz gostosa e gosta de cantar as coisas que eu gosto de ouvir. Embora meus amigos não concordem comigo, acho que ela tem muito da Simone do início, e concordo com quem falou que ela precisa trabalhar mais os discos. Ela, Paula Lima, Maria Gadu, todas essas "novas e não tão novas" cantoras fazem poucos shows. Tem que fazer o Rival, tem ir para as lonas da prefeitura, SESCs. capilarizar o trabalho.

8 de outubro de 2009 às 18:45  
Anonymous Anônimo said...

Não tive a oportunidade, ainda, de assisti-la, mas a ouvi em CD e gosto muito da voz e do repertório!

8 de outubro de 2009 às 19:46  
Anonymous Osmar said...

Mauro,

Concordo em muito com que Anonimo falou anteriormente. ME irrita profundamente pagar caro por um show no Canecao de um artista que admiro (como é o caso de Mariana) e ter que conviver com um punhado de convidados (não são todos é claro) que se mostra completamente desconhecedor e desinteressado na obra do artista. Várias pessoas chegando muito atrasado, conversando, rindo, falando ao celular, enquanto Mariana e sua banda faziam um show lindo destilando toda sua arte. Realmente, por enquanto, o Teatro Rival é o palco adequado para Mariana aqui no Rio.

Discordo um pouco em relação a critica do show - achei muito bom desde o início (talvez por ser grande fã da artista e nunca te-la visto anteriormente). Gostei muito dos arranjos de Vai Vadiar, Te Gosto e Consolação mas a levada funk de Zé do Caroço me pareceu deslocada. Também concordo com o absurdo de deixar Poderoso Rei fora do roteiro - minha expectativa é que ela fosse a escolhida para o encerramento ou Bis.

Apesar da chatice da maioria dos convidados barulhentos que insistiam em concorrer com o grande som de Mariana, valeu muito pelo grande show !!!

8 de outubro de 2009 às 21:54  
Anonymous Anônimo said...

Não lotou ? Pois o SESC Pinheiros é o maior teatro entre os SESCS de São Paulo e Aydar sempre cantou no Auditório Ibirapuera. Ou seja, casas grandes.

8 de outubro de 2009 às 22:48  
Anonymous Anônimo said...

Maria Rita, ônica Salmaso,Teresa Cristina,Roberta Sá, Martinália e até Ana Cañas já subiram ao palco do Canecão. Porquê Aydar não poderia ?

8 de outubro de 2009 às 22:49  
Blogger Lara Cervasio said...

Poxa! Que pena ler esses comentários. Saber que essa artista não é no palco tão forte como sua voz é um 'balde de água fria'.

Quero muito ir a um show pra poder ter minha própria crítica sobre essa cantora que tanto gosto.

Beijos

9 de outubro de 2009 às 02:18  
Anonymous Anônimo said...

Poxa, que pena ler estes comentarios. Eu fui no show da Aydar e adorei. Conocordo que rolaram problemas de som, e que o publico foi muito mal educado de chegar tarde, e nada discretamente. Mas fiquei muito feliz de ve-la no palco, soltando a voz. Não acho que Mariana tem que ir para o Rival não. Acho que ela deu um grande passo na sua carreira, que era necessário. Mariana já fez shows enormes, em SP, Bahia, Virada Cultural. Ela quis dar este mesmo passo no RJ, onde ela tem um publico grande e caloroso. Porque isto é errado?

Beijos

9 de outubro de 2009 às 11:17  
Anonymous Anônimo said...

Pois eu adorei o show!! Fui como convidada sim mas cheguei na hora e me diverti muito cantando durante todo o show, pois addoro as músicas dela. Pena que teve tão pouco uso do naipe de metais, os melhores instrumentistas do Rio (Bidu, Pinaud, Monteiro..) meio que mal aproveitados ali. Também acho que ela precisa se soltar mais, muito tímida a moça. MAs as músicas sao lindas e a parceria com o duani providencial, ele é maravilhoso e traz muito suingue ao talento dela. Boa sorte, Mariana!! Ana B.

10 de outubro de 2009 às 20:21  

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