13 de abril de 2009

Gadú mostra voz e suingue em 'altar particular'

Resenha de Show
Título: Maria Gadú (Pré-lançamento do CD)
Artista: Maria Gadú
Local: Cinematheque (RJ)
Data: 12 de abril de 2009
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz aos domingos de abril de 2009

Maria Gadú já tem aura hype em volta dela. Aposta da Som Livre, gravadora que vai pôr nas lojas em maio de 2009 o primeiro CD dessa promissora cantora paulista, Gadú estreou na noite de ontem, 12 de abril de 2009, minitemporada de pré-lançamento do disco que a levará a ocupar o palco mal-iluminado da casa carioca Cinematheque nas noites dominicais de abril. Com direito a presenças ilustres como a de Caetano Veloso, que se misturou na pequena platéia com jovens atores globais e com amigos da artista, Gadú mostrou que tem voz, suingue e personalidade. O único problema do show - ao menos na estreia da nova temporada da cantora na casa - foi justamente esse público amigo, que, incentivado pela proximidade com a artista, abusou da intimidade e se excedeu nas intervenções feitas em voz alta, prejudicando o ritmo do show. Foi como se, no palco, Gadú estivesse entronizada em seu Altar Particular - título, aliás, de um bonito samba do roteiro bem pessoal. Gadú nunca parece o clone de outra cantora.
De modo geral, o repertório é interessante. Quando canta suas próprias músicas ou as dos compositores de sua turma, como Encontro e Bela Flor (tema de viés ruralista que não escorrega no pantanoso terreno neocaipira), Gadú consegue realmente soar original. Dessa safra particular, os destaques são Shimbalaiê (de sedutora melodia), Dona Cila e Tudo Diferente (toada pop de André Carvalho, filho de Dadi). Já na trilha dos covers a cantora ainda tem longo caminho a percorrer. Seu registro Ne me Quitte Pas passa mais agitação do que o desespero contido nos versos do belga Jacques Brel. Detalhe: Ne me Quitte Pas é o único número que Gadú faz de pé (ela se apresenta sentada, munida de seu violão). Da mesma forma, a intérprete não consegue transmitir a tristeza impressa por Adoniran Barbosa (1910 - 1982) na letra de Iracema. Ainda sem maturidade para abordagens de tons mais interiorizados, a cantora brilha quando reconta com suingue A História de Lily Braun (Chico Buarque e Edu Lobo) e quando incursiona pelo repertório da cantora norte-americana Pink, de quem revive Who Knew num registro que começa baladeiro e vai ganhando vigor e energia roqueira - à altura da gravação de Pink...
Entre releitura curiosa do maior hit de Kelly Key (Baba) e temas como Lounge, pontuado pelos timbres espaciais da guitarra de Fernando Caneca, Gadú recebeu o cantor e compositor Leandro Léo, com quem fez entrosados duetos nas músicas Linda Rosa e Laranja. Enfim, entronizada pelos amigos em seu altar particular, Maria Gadú faz jus à expectativa depositada em primeiro disco. É certo que você ouvirá falar dela (bem ou mal...) ao longo de 2009.

6 Comments:

Blogger Juliana said...

Oi, Mauro, só pra constar: o nome do convidado citado no último parágrafo é Leandro Léo.
Parabéns pelo blog.
Obrigada!

13 de abril de 2009 às 15:07  
Anonymous Anônimo said...

Grande descoberta, bem perto de casa.
Agora é torcer para os malas de plantão não falarem mal da moça e ela mesma não cair na onda de diva da diva da modernidade.
Se ela é isso tudo que voce diz, e a gente confia, a aposta da Som Livre é salutar.
Carioca da Piedade, que agora pode chegar ao local de integração do Metro. Voltar são outros quinhentos, mas ninguem aqui tem nada com isso

13 de abril de 2009 às 15:42  
Anonymous Anônimo said...

O que seria "curiosa" releitura de Baba?? Não sei não, mas essa coisa que deu nessas cantoras asgora de pra parecer moderna ou outras coisas , cantarem porcarias, me deixa um pouco preguiçoso. O que pode acrescentar na carreira de um artista á música Baba//? Sei lá essa moça deve ter láseu talento e pode ate ser preconceito de minha parte, mas............

14 de abril de 2009 às 09:20  
Blogger Unknown said...

Minha irmãzinha Maria, um sucesso inevitável e merecido. Me lembro de quando cantavamos na escada do prédio onde moravamos. Ficava encantado e indignado com tanto talento escondido naquele apartamento de "São Judas"...rs...
Que Deus ilumine sua jornada e que você seja muito feliz.
Te amo, Tony Ferreira.

14 de abril de 2009 às 14:36  
Anonymous Euterpe said...

Iracema tem dona: Elis Regina. E Adoniran, claro.

15 de abril de 2009 às 09:51  
Anonymous Julia Sabugosa said...

Fiquei fã da cantora. Ontem repeti a dose e saí da casa de espetáculo mais orgulhosa ainda dos nossos talentos nacionais! Maria e Leandro Léo ARRASAM na parceria. Além da banda ser de primeiríssima qualidade!

Vale a pena conferir!

Postei no meu blog um texto sobre a artista. Espero que goste!

Domingo será o último dia dos três domingos, e pretendo repetir, mais uma vez, a dose.

20 de abril de 2009 às 09:48  

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