16 de abril de 2009

Careqa cria sua própria ordem no sexto álbum

Resenha de CD
Título: Tudo que
Respira Quer Comer
Artista: Carlos Careqa
Gravadora: Barbearia
Espiritual Discos
Cotação: * * * 1/2

Difícil enquadrar a música de Carlos Careqa em rótulos ou escaninhos da MPB. Fora de qualquer ordem, o compositor chega ao sexto álbum, Tudo que Respira Quer Comer, às voltas com suas estranhezas e delicadezas. Produzido por Mário Manga, com a co-produção do próprio Careqa, o CD transita ora pelo lirismo - como em 28 (Vinte e Oito), faixa de textura cool na qual figura Mônica Salmaso - ora pelo surrealismo, como em Vacamor, tema cantado por Careqa em dueto com Zé Rodrix. No meio, o artista trava diálogo ácido com Maria Alcina no samba Qué Que Ce Qué. Em 14 faixas, o disco soa tão inesperado quanto cativante. E vem com um time de ilustres convidados - o trombonista Raul de Souza (em Às Vezes), o acordeonista Toninho Ferragutti (em Por Quê?) e o sumido roqueiro Skowa (em Cida, tema que exemplifica o fato já corriqueiro de as letras de Careqa serem por vezes poesias que resistem até sem a força da música) - que sinaliza o prestígio do artista na cena indie. Tudo temperado com a sagaz mordacidade que caracteriza parte do cancioneiro do compositor. "Brasileiro tá com medo / De perder a identidade / Tá fazendo curso de / Bumba meu Boi num Sesc da cidade", dispara o pseudo-cantor, irônico, em Brasileiro. Se alguma coisa está fora da ordem, não é a música de Carlos Careqa. É o mercado que não a absorve e não a propaga.

5 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Difícil enquadrar a música de Carlos Careqa em rótulos ou escaninhos da MPB. Fora de qualquer ordem, o compositor chega ao sexto álbum, Tudo que Respira Quer Comer, às voltas com estranhezas e delicadezas. Produzido por Mário Manga e co-produzido pelo próprio Careqa, o CD transita ora pelo lirismo - como em 28 (Vinte e Oito), faixa de textura cool na qual figura Mônica Salmaso - ora pelo surrealismo, como em Vacamor, tema cantado por Careqa em dueto com Zé Rodrix. No meio, o artista trava diálogo ácido com Maria Alcina no samba Qué Que Ce Qué. Em 14 faixas, o disco soa tão inesperado quanto cativante. E vem com um time de ilustres convidados - o trombonista Raul de Souza (em Às Vezes), o acordeonista Toninho Ferragutti (em Por Quê?) e o sumido roqueiro Skowa (em Cida, tema que exemplifica o fato já corriqueiro de as letras de Careqa serem por vezes poesias que resistem até sem a força da música) - que sinaliza o prestígio do artista na cena indie. Tudo temperado com a sagaz mordacidade que caracteriza parte do cancioneiro do compositor. "Brasileiro tá com medo / De perder a identidade / Tá fazendo curso de / Bumba meu Boi num Sesc da cidade", dispara o pseudo-cantor, irônico, em Brasileiro. Se alguma coisa está fora da ordem, não é a música de Carlos Careqa. É o mercado que não a absorve e não a propaga.

16 de abril de 2009 às 15:44  
Anonymous Anônimo said...

A faixa que dá título ao CD já foi lindamente gravada por Cris Aflalo, porém, o que nem sempre ocorre com a mairoria dos compositores que oferecem suas músicas para o grande número de intérpretes femininas do país, Careqa superou o registro de Aflalo. Sua versão é emocionante!
Parabéns!

17 de abril de 2009 às 22:04  
Blogger Carlos Careqa said...

Valeu Mauro, obrigado pelo seu lindo texto.

abraço de Careqa

20 de abril de 2009 às 03:03  
Anonymous Anônimo said...

O disco deve ser interessante.Ele com a Maria Alcina deve ser demais.
Onde a gente compra?Procurei e não achei...

22 de abril de 2009 às 23:47  
Blogger Daniel Cukier said...

Olá Mauro, parabéns pelo blog de altíssima qualidade. Realmente, você produz conteúdo para quem aprecia música boa. Já que você falou do Careqa, gostaria de indicar que você ouvisse o novo CD da cantora Daniella Alcarpe. O CD tem algumas músicas do Careqa e outras de ótimos compositores, como Zé de Riba, Lucy Casas, João Marcondes. Tem tudo no site da cantora: www.cantora.mus.br - se você gostar, gostaria muito de ouvir sua opinião sobre o trabalho num artigo no seu blog. Abraços

9 de maio de 2010 às 21:14  

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