2 de abril de 2009

Barulho de D2 com Seu Jorge acorda o 'Síndico'

Resenha de Show
Evento: Claro Rio em Movimento
Título: A Arte do Barulho
Artista: Marcelo D2 (em foto de Mauro Ferreira)
Convidados: Alcione, Arlindo Cruz, Seu Jorge e Stephan
Peixoto
Local: Jockey Club (RJ)
Data: 1º de abril de 2009
Cotação: * * * *

"Vamos fazer barulho! Tim Maia passou por aqui!", convocou um elétrico Marcelo D2 ao fim da estréia carioca de seu show A Arte do Barulho, nos últimos minutos da noite de quarta-feira, 1º de abril de 2009. Sim, após o rapper entoar o hit Qual É?, o Síndico Tim Maia (1942 - 1998) baixou no roteiro numa improvisada Tim Maia session em que o anfitrião, com o luxuoso auxílio vocal do convidado Seu Jorge, reviveu Que Beleza, O Caminho do Bem e Guiné Bissau, Moçambique e Angola Racional - jóias do baú do Tim místico de 1974/1975. À eterna procura da batida perfeita, D2 faz em cena um som capaz de acordar qualquer Síndico. No palco, sua mistura tende para o rap e o funk. O samba é o tempero.

Aberto com a música-título do quinto disco solo de D2, A Arte do Barulho, o show seguiu a receita do álbum, no qual o rapper adicionou à sua batida guitarras roqueiras à moda do Planet Hemp - o grupo que projetou o artista nos anos 90 e que teve hits como Quem Tem Seda? e Mantenha o Respeito revividos no bloco final do show. Que já começou incendiário. Guitarras e efeitos deram peso a músicas como Gueto e Vem Comigo que Eu te Levo pro Céu. Neste número, de tom heavy, fica evidente o maior problema de D2 em cena: a dicção deficiente que impede o entendimento de algumas letras. Mas D2 sabe tirar onda e seu público embarca nela. Já no terceiro número, Desabafo, a platéia jovem atendeu de imediato a convocação do rapper e fez coro no refrão sampleado do samba Deixa Eu Dizer, gravado pela cantora Cláudia em 1973.

D2 faz seu barulho escorado num time esperto de músicos e DJ como se estivesse num baile da pesada. Scratches pontuam Eu Tive um Sonho. E o fato é que o show quase não perdeu o pique. Inclusive por conta das intervenções dos quatro convidados da apresentação feita dentro do evento Claro Rio em Movimento. Seu Jorge marcou forte presença. Esteve no palco nos primeiros e nos últimos números. Mas sua participação oficial - quando foi chamado em cena - aconteceu na música Pode Acreditar (Meu Laiá Laiá). Filho do anfitrião, Stephan Peixoto bisou participações feitas em discos do pai coruja nas músicas Atividade na Laje e Loadeando (com levada que evoca o ritmo do reggae). Já Alcione e Arlindo Cruz fizeram participações (muito) mais discretas. Descontraído, ele tentou improvisar roda de samba a partir de Dor de Verdade. Aparentemente menos à vontade, a Marrom soltou a voz no refrão de Pra que Amor? - a música que gravou com D2 no disco anterior do rapper, Meu Samba É Assim (2006). E foi só.

O refrão do pancadão Samba de Primeira - "É Hip Hop que vem do Rio de Janeiro / Uma batida de funk / E o DJ no pandeiro - traduz bem a mistura carioca do som de Marcelo D2. Devoto de Jovelina Pérola Negra (1944 - 1998), saudada em cena como "a maior partideira que o Brasil já teve", o rapper bebe também na fonte de Bezerra da Silva (1927 - 2005) e, não por acaso, o gaiato samba Malandragem Dá um Tempo foi apropriadamente inserido de improviso no roteiro ao fim do bloco fumacê. Enfim, a batida não é perfeita - mesmo porque D2 canta uma ou outra música mais enfadonha - mas continua interessante e garante barulho do bom.

5 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

"Vamos fazer barulho! Tim Maia passou por aqui!", convocou um elétrico Marcelo D2 ao fim da estréia carioca de seu show A Arte do Barulho, nos últimos minutos da noite de quarta-feira, 1º de abril de 2009. Sim, após o rapper entoar o hit Qual É?, o Síndico Tim Maia (1942 - 1998) baixou no roteiro numa improvisada Tim Maia session em que o anfitrião, com o luxuoso auxílio vocal do convidado Seu Jorge, reviveu Que Beleza, O Caminho do Bem e Guiné Bissau, Moçambique e Angola Racional - jóias do baú do Tim místico de 1974/1975. À eterna procura da batida perfeita, D2 faz em cena um som capaz de acordar qualquer Síndico. No palco, sua mistura tende para o rap e o funk. O samba é o tempero.

Aberto com a música-título do quinto disco solo de D2, A Arte do Barulho, o show seguiu a receita do álbum, no qual o rapper adicionou à sua batida guitarras roqueiras à moda do Planet Hemp - o grupo que projetou o artista nos anos 90 e que teve hits como Quem Tem Seda? e Mantenha o Respeito revividos no bloco final do show. Que já começou incendiário. Guitarras e efeitos deram peso a músicas como Gueto e Vem Comigo que Eu te Levo pro Céu. Neste número, de tom heavy, fica evidente o maior problema de D2 em cena: a dicção deficiente que impede o entendimento de algumas letras. Mas D2 sabe tirar onda e seu público embarca nela. Já no terceiro número, Desabafo, a platéia jovem atendeu de imediato a convocação do rapper e fez coro no refrão sampleado do samba Deixa Eu Dizer, gravado pela cantora Cláudia em 1973.

D2 faz seu barulho escorado num time esperto de músicos e DJ como se estivesse num baile da pesada. Scratches pontuam Eu Tive um Sonho. E o fato é que o show não perdeu o pique. Inclusive por conta das intervenções dos convidados dessa apresentação feita dentro do evento Claro Rio em Movimento. Seu Jorge marcou forte presença. Esteve no palco nos primeiros e nos últimos números. Mas sua participação oficial - quando foi chamado em cena - aconteceu na música Pode Acreditar (Meu Laiá Laiá). Filho do anfitrião, Stephan Peixoto bisou participações feitas em discos do pai nas músicas Atividade na Laje e Loadeando (com levada que evoca o ritmo do reggae). Já Alcione e Arlindo Cruz fizeram participações (muito) mais discretas. Descontraído, ele tentou improvisar roda de samba a partir de Dor de Verdade. Aparentemente menos à vontade, a Marrom soltou a voz no refrão de Pra que Amor? - a música que gravou com D2 no disco anterior do rapper, Meu Samba É Assim (2006). E foi só.

O refrão do pancadão Samba de Primeira - "É Hip Hop que vem do Rio de Janeiro / Uma batida de funk / E o DJ no pandeiro - traduz bem a mistura carioca do som de Marcelo D2. Devoto de Jovelina Pérola Negra (1944 - 1998), saudada em cena como "a maior partideira que o Brasil já teve", o rapper bebe também na fonte de Bezerra da Silva (1927 - 2005) e, não por acaso, o gaiato samba Malandragem Dá um Tempo foi apropriadamente inserido de improviso no roteiro ao fim do bloco fumacê. Enfim, a batida não é perfeita - mesmo porque D2 canta uma ou outra música mais enfadonha - mas continua interessante e garante barulho do bom.

2 de abril de 2009 às 09:55  
Anonymous Anônimo said...

Não cantaram " Não é proibido " da Marisa, Dadi e Seu Jorge em ode a D2?

PS: " Fale para o Peixoto chegar aí ..."

2 de abril de 2009 às 10:39  
Blogger R said...

Adoro o seu blog! Muito bom! Me ajuda muito nas minhas pesquisas musicais. Também tenho um blog de música pop e vivo entrando no seu para buscar informações relevantes. Parabéns!
http://banana-pop.blogspot.com/

2 de abril de 2009 às 12:36  
Anonymous Anônimo said...

Não consigo entender esse menino D2. Quando está com João Gordo fala que detesta mpb; quando está com os mpbistas fica falando bem do passado e do samba.

Isso soa como oportunismo. Fez tipo com o Caetano e agora faz tipo com o público/imprensa.

No mais, um abraço pra todos, inclusive pro D2.

2 de abril de 2009 às 17:46  
Anonymous Anônimo said...

Acho o D2 uó.

3 de abril de 2009 às 18:17  

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