22 de março de 2009

'Re:Generations' atualiza Cole sem degenerá-lo

Resenha de CD
Título: Re:Generations
Artista: Nat King Cole
e convidados
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * *

Já imaginou ouvir Nature Boy, uma das gravações mais belas e célebres de Nat King Cole (1919 - 1965) com os bons barulhinhos eletrônicos do grupo norte-americano TV on the Radio? A inusitada junção destes dois universos musicais tão díspares pode ser conferida na (razoável) faixa que encerra Re:Generations, álbum em que vários nomes da cena musical contemporânea - a maioria egressa do universo do hip hop - faz intervenções nos registros originais do cantor e pianista que marcou época, nos anos 50 e 60, na música norte-americana. Ainda inédito no Brasil, o CD não é indicado para puristas. Para estes, já existem no mercado as repetitivas coletâneas com as gravações originais de Cole que a gravadora EMI Music põe nas lojas em intervalos regulares. A intenção de Re:Generations é atualizar o som de Cole - objetivo atingido sem degenerar a música do artista. Tanto que sua filha, Natalie Cole, avaliza a investida e figura numa das melhores faixas, Straighten up and Fly Right, faixa produzida por will.i.am com os vocais de Natalie e sem diluir o suingue jazzy da gravação original de 1943. Bom resultado alcança também Cee-Lo ao remixar Lush Life, faixa introduzida intencionalmente com os chiados característicos dos discos de 78 rotações por minuto. Às cordas e à voz da gravação original, Cee-Lo adicionou batidas funkeadas numa interação tão interessante quanto a ponte EUA-Jamaica-África erguida por Damian Marley e Stephen Marley na revisão de Calypso Blues. Já Cut Chemist (nome artístico do cult DJ norte-americano Lucas MacFadden) envereda pela trilha da latinidade ao remexer em Day in Day Out em caminho parecido com o seguido pelo rapper Michaelangelo L'Acqua - da cena mais underground - ao intervir na Brazilian Love Song ao lado de Bebel Gilberto. A cantora entoa versos em português, mas, no caso, a mistura desanda. Até porque os vocais de Cole perdem força na abordagem gringa do suingue brasileiro. No geral, De:Generations soma mais acertos do que erros. Mas precisa ser escutado com o coração e os ouvidos abertos para a ótima proposta de tornar contemporâneo o som de Nat King Cole.

1 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Já imaginou ouvir Nature Boy, uma das gravações mais belas e célebres de Nat King Cole (1919 - 1965) com os bons barulhinhos eletrônicos do grupo norte-americano TV on the Radio? A inusitada junção destes dois universos musicais tão díspares pode ser conferida na (razoável) faixa que encerra Re:Generations, álbum em que nomes da cena musical contemporânea - a maioria egressa do universo do hip hop - faz intervenções nos registros originais do cantor e pianista que marcou época, nos anos 50 e 60, na música norte-americana. Ainda inédito no Brasil, o CD não é indicado para puristas. Para estes, já existem no mercado as repetitivas coletâneas com as gravações originais de Cole que a gravadora EMI Music põe nas lojas em intervalos regulares. A intenção de Re:Generations é atualizar o som de Cole - objetivo atingido sem degenerar a música do artista. Tanto que sua filha, Natalie Cole, avaliza a investida e figura numa das melhores faixas, Straighten up and Fly Right, faixa produzida por will.i.am com os vocais de Natalie e sem diluir o suingue jazzy da gravação original de 1943. Bom resultado alcança também Cee-Lo ao remixar Lush Life, faixa introduzida intencionalmente com os chiados característicos dos discos de 78 rotações por minuto. Às cordas e à voz da gravação original, Cee-Lo adicionou batidas funkeadas numa interação tão interessante quanto a ponte EUA-Jamaica-África erguida por Damian Marley e Stephen Marley na revisão de Calypso Blues. Já Cut Chemist (nome artístico do cult DJ norte-americano Lucas MacFadden) envereda pela trilha da latinidade ao remexer em Day in Day Out em caminho parecido com o seguido pelo rapper Michaelangelo L'Acqua - da cena mais underground - ao intervir na Brazilian Love Song ao lado de Bebel Gilberto. A cantora entoa versos em português, mas, no caso, a mistura desanda. Até porque os vocais de Cole perdem força na abordagem gringa do suingue brasileiro. No geral, De:Generations soma mais acertos do que erros. Mas precisa ser escutado com o coração e os ouvidos abertos para a ótima proposta de tornar contemporâneo o som de Nat King Cole.

22 de março de 2009 às 18:20  

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