19 de janeiro de 2009

Nem a luz de Larissa ilumina o atual Ara Ketu...

Resenha de CD e DVD
Título: Ara Ketu ao
Vivo em Salvador
Artista: Ara Ketu
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * 1/2

Todo o foco do grupo Ara Ketu repousa atualmente em Larissa Luz, a (boa) cantora eleita em 2007 para assumir os vocais da banda baiana no posto que ficou vago com a deserção de Tatau. Além de bonita, a vocalista tem presença realmente luminosa em cena, mas nem a Luz de Larissa ilumina este novo registro ao vivo do Ara Ketu, gravado em agosto de 2008 na casa Trapiche Barnabé, erguida nas ruínas de um armazém situado em Salvador (BA). O roteiro - que reúne 21 números no DVD e 16 no CD - apresenta sete inéditas, inseridas em repertório que exalta o próprio Ara Ketu nas letras de forma recorrente e que evita os hits já batidos do grupo, com exceção de Ara Ketu Bom Demais e de Mal-Acostumada, samba, aliás, revivido por Larissa sem a contagiante pulsação do primeiro registro do grupo (a música é do repertório de uma banda de forró). No cardápio de novidades, há axé-brega (Não Tenho Medo, da lavra populista de Adelmo Casé), pop sem identidade (É Amor) e pífios exemplares do gênero afro-brasileiro como Ara Roots (tema nem um pouco enraizado nas tradições do grupo de origem afro-baiana), Claro que te Amo e Pavê. Larissa Luz tenta se impor como compositora, mas músicas como Petit Gateau (parceria da cantora com Pietro Leal adornada com uns vocais que remetem vagamente aos grupos de doo-wop dos anos 50) indicam que ela deve priorizar o ofício de intérprete. O texto distribuído pela gravadora Sony BMG aos jornalistas inclui Nirombá entre as inéditas, só que a música de Carlinhos Brown - das melhores do repertório, aliás - já foi gravada pelo Ara Ketu, com Larissa Luz nos vocais, para a coletânea Trio Elétrico 2008, editada pela Som Livre há um ano. Dentre as regravações, há reggae de Edson Gomes (Árvore) e ijexá diluído na batida pop, Festa na Cidade, número em que dois bailarinos circulam pelo palco caracterizados como orixá. O DVD, aliás, deve ser preferido em relação ao CD por evidenciar a exuberância de Larissa Luz e o luxo da produção. Contudo, Ara Ketu ao Vivo em Salvador não chega a se destacar na discografia bastante irregular do Ara Ketu. Falta axé!!!

8 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Todo o foco do grupo Ara Ketu repousa atualmente em Larissa Luz, a boa cantora eleita para assumir os vocais da banda baiana no posto que ficou vago com a saída de Tatau. Além de bonita, a vocalista tem presença realmente luminosa em cena, mas nem a Luz de Larissa ilumina este novo registro ao vivo do Ara Ketu, gravado em agosto de 2008 na casa Trapiche Barnabé, erguida nas ruínas de um armazém situado em Salvador (RJ). O roteiro - que reúne 21 números no DVD e 16 no CD - apresenta sete inéditas, inseridas em repertório que exalta o próprio Ara Ketu nas letras de forma recorrente e que evita os hits já batidos do grupo, com exceção de Ara Ketu Bom Demais e de Mal-Acostumada, samba, aliás, revivido por Larissa sem a contagiante pulsação do primeiro registro do grupo (a música é do repertório de uma banda de forró). No cardápio de novidades, há axé-brega (Não Tenho Medo, da lavra populista de Adelmo Casé), pop sem identidade (É Amor) e pífios exemplares do gênero afro-brasileiro como Ara Roots (tema nem um pouco enraizado nas tradições do grupo de origem afro-baiana), Claro que te Amo e Pavê. Larissa Luz tenta se impor como compositora, mas músicas como Petit Gateau (parceria da cantora com Pietro Leal adornada com vocais que remetem vagamente aos grupos de doo-wop dos anos 50) indicam que ela deve priorizar o ofício de intérprete. O texto distribuído pela gravadora Sony BMG aos jornalistas inclui Nirombá entre as inéditas, mas a música de Carlinhos Brown - das melhores do repertório, aliás - já foi gravada pelo Ara Ketu, com Larissa Luz nos vocais, para a coletânea Trio Elétrico 2008, editada pela Som Livre há um ano. Dentre as regravações, há reggae de Edson Gomes (Árvore) e ijexá diluído na batida pop, Festa na Cidade, número em que dois bailarinos circulam pelo palco caracterizados como orixá. O DVD, aliás, deve ser preferido em relação ao CD por evidenciar a exuberância de Larissa Luz e o luxo da produção. Contudo, Ara Ketu ao Vivo em Salvador não chega a se destacar na discografia bastante irregular do Ara Ketu. Falta axé!!!

19 de janeiro de 2009 às 20:11  
Anonymous Anônimo said...

ARA KETU ?
Nem atual, nem passado, nem futuro.
Só se for para dançar, com a ajuda de uma cervejinha, e esquecer.
Saudade de "Armandinho, Dodô & Osmar"...

19 de janeiro de 2009 às 21:33  
Anonymous Anônimo said...

É Salvador (BA), Mauro e não Salvador (RJ).

Aquele abraço

Seo Zé

19 de janeiro de 2009 às 22:05  
Blogger cberguinho said...

mauro...Salvador (RJ). Gostei da combinacao! rsrsrsr

20 de janeiro de 2009 às 08:43  
Anonymous Anônimo said...

Mais uma notícia para dar guarida aos elogios feitos à Daniela Mercury.

20 de janeiro de 2009 às 09:28  
Anonymous Anônimo said...

O universo pop é um enigma que me interessa. Em boa parte, é um desfile de artistas inexpressivos a movimentar toda uma economia de músicos, performers, figurinistas, instrumentos musicais, publicidade, programas de auditório, organizadores de eventos, festas, firmas de segurança e turismo. Esse universo pop tem, portanto, grande importância social, embora artisticamente redundante.

É claro, há artistas de qualidade, como Lulu Santos e Michael Jackson, para citar dois.

20 de janeiro de 2009 às 11:40  
Anonymous Anônimo said...

Luc,

Brilhante observação. Tenho a mesma opinião.

abração,
Denilson

21 de janeiro de 2009 às 08:36  
Anonymous Anônimo said...

Denilson, seria bacana se alguém com conhecimento suficiente escrevesse um ensaio sobre a economia da música pop mais rudimentar (circulação de serviços e mercadorias) e sobre sua sociologia também (mobilidade social de seus músicos, dançarinos e empresários). É capaz de até já existir alguma coisa sobre isso.

Na música clássica, tem aquela História Social da Música. Na MPB, tem o livro do Tinhorão. Não conheço nada do gênero no pop mais rudimentar.

21 de janeiro de 2009 às 10:39  

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