4 de janeiro de 2009

Gravação uniformiza sambas do Carnaval 2009

Resenha de CD
Título: Sambas de
Enredo 2009
Artista: Vários
Gravadora: Gravasamba
/ Universal Music
Cotação: * 1/2

Já até virou clichê dizer que os sambas de enredo dos últimos anos são meros arremedos das obras-primas do gênero, que viveu seu auge nos anos 60 e 70. São mesmo. E o confronto da safra do Carnaval de 2009 com o único samba antigo reeditado no Grupo Especial das escolas do Rio de Janeiro - Lenda das Sereias, Rainha do Mar (1976), revivido pelo Império Serrano de acordo com o atual regulamento da Liga das Escolas de Samba - corrobora uma queda de qualidade que vem sendo progressiva ao longo dos últimos 20 anos. Mas o que salta aos ouvidos no CD Sambas de Enredo 2009 é o tom padronizado e frio da gravação, que uniformiza e dilui quaisquer eventuais nuances dos sambas. Como a participação do grupo Fundo de Quintal no registro do samba da Imperatriz Leopoldinense, Imperatriz... Só Quer Mostrar que Faz Samba Também. Quanto aos sambas propriamente ditos, os 10 inéditos do Grupo Especial do Carnaval carioca patinam entre os níveis fraco e mediano. Merecem menção especial os da Beija-Flor (No Chuveiro da Alegria Quem Banha o Corpo, Lava a Alma na Folia - com a grife típica da escola de Nilópolis) e da Portela (E Por Falar em Amor, Onde Anda Você? - de um desenho melódico até incomum em tempos de sambas com andamentos de marcha). Em contrapartida, escolas como Unidos da Tijuca e Unidos de Vila Isabela apresentam sambas bem aquém de seus históricos. Tijuca 2009: Uma Odisséia sobre o Espaço e Neste Palco da Folia, É Minha Vila que Anuncia: Theatro Municipal - A Centenária Maravilha (este pontuado na gravação pelo violino de Léo Ortiz) jamais farão parte de uma antologia de sambas-enredos. É justo destacar, contudo, o poder incendiário do segundo refrão do samba do Salgueiro ("Vem no tambor da Academia / Que a furiosa bateria vai te arrepiar / Repique, tamborim, surdo, caixa e pandeiro / Salve o Mestre do Salgueiro!" - o ponto alto do samba Tambor). Até contagia, mas, no todo, a gravação do disco deixa a desejar. Mesmo um samba primoroso como Lendas da Sereia, Rainha do Mar perde parte de seu encanto no (acelerado) registro do chapado CD Sambas de Enredo 2009. A folia é desanimada.

15 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Já até virou clichê dizer que os sambas de enredo dos últimos anos são meros arremedos das obras-primas do gênero, que viveu seu auge nos anos 60 e 70. São mesmo. E o confronto da safra do Carnaval de 2009 com o único samba antigo reeditado no Grupo Especial das escolas do Rio de Janeiro - Lenda das Sereias, Rainha do Mar (1976), revivido pelo Império Serrano de acordo com o atual regulamento da Liga das Escolas de Samba - corrobora uma queda de qualidade que vem sendo progressiva ao longo dos últimos 20 anos. Mas o que salta aos ouvidos no CD Sambas de Enredo 2009 é o tom padronizado e frio da gravação, que uniformiza e dilui quaisquer eventuais nuances dos sambas. Como a participação do grupo Fundo de Quintal no registro do samba da Imperatriz Leopoldinense, Imperatriz... Só Quer Mostrar que Faz Samba Também. Quanto aos sambas propriamente ditos, os 10 inéditos do Grupo Especial do Carnaval carioca patinam entre os níveis fraco e mediano. Merecem menção especial os da Beija-Flor (No Chuveiro da Alegria Quem Banha o Corpo, Lava a Alma na Folia - com a grife típica da escola de Nilópolis) e da Portela (E Por Falar em Amor, Onde Anda Você? - de um desenho melódico até incomum em tempos de sambas com andamentos de marcha). Em contrapartida, escolas como Unidos da Tijuca e Unidos de Vila Isabela apresentam sambas bem aquém de seus históricos. Tijuca 2009: Uma Odisséia sobre o Espaço e Neste Palco da Folia, É Minha Vila que Anuncia: Theatro Municipal - A Centenária Maravilha (este pontuado na gravação pelo violino de Léo Ortiz) jamais farão parte de uma antologia de sambas-enredos. É justo destacar, contudo, o poder incendiário do segundo refrão do samba do Salgueiro ("Vem no tambor da Academia / Que a furiosa bateria vai te arrepiar / Repique, tamborim, surdo, caixa e pandeiro / Salve o Mestre do Salgueiro!" - o ponto alto do samba Tambor). Até contagia, mas, no todo, a gravação do disco deixa a desejar. Mesmo um samba primoroso como Lendas da Sereia, Rainha do Mar perde parte de seu encanto no (acelerado) registro do chapado CD Sambas de Enredo 2009. A folia é desanimada.

4 de janeiro de 2009 às 13:22  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, dá uma ouvida nos sambas das escolas de São Paulo e emita seu parecer...Valeu!

4 de janeiro de 2009 às 13:29  
Blogger ED CAVALCANTE said...

Mauro, meu nobre, seu blog é muito legal mas tenho dificuldade em pesquisar nele, é que você não adiciona marcadores nas postagens. Isso facilita muito para navegar no conteudo da sua página.

É só uma dica!

4 de janeiro de 2009 às 14:21  
Anonymous Anônimo said...

Samba-Enredo já teve seu tempo...
O problema pode ser nos meus ouvidos, mas acho tudo igual.
Pena.

4 de janeiro de 2009 às 14:39  
Anonymous Anônimo said...

Samba por samba mil vezes Martinho, Beth, Leci, Fundo de Quintal, Zeca, Dudu, Arlindo...
A "Apoteose" de música já não tem mais nada há muito tempo.
PENA MESMO, SEU OLIVEIRA.

4 de janeiro de 2009 às 14:50  
Anonymous Anônimo said...

Já que o Ed Cavalcante sugeriu, eu também sugiro um mecanismo de busca aqui no blog para acharmos postagens antigas.

Hoje, por exemplo, eu queria reler a crítica do show da Cindy Lauper e tive que ir buscar no Google...

***
Acho que os autores de samba-enredo estão preocupados em criar apenas um refrão empolgante em detrimento de uma letra mais elaborada.

É assim que vem funcionando há algum tempo...

4 de janeiro de 2009 às 17:52  
Anonymous Anônimo said...

É, Rafael, acho que é por aí mesmo.
Que nem música "brega": o refrão é o principal, o resto é o resto.
Triste.
Abraços.

4 de janeiro de 2009 às 20:09  
Anonymous Anônimo said...

O problema está na produção dos cd's dos sambas-enredos. Eles tiveram a boa intenção de cadenciá-los na batida do samba e isso fez com que alguns sambas perdessem a força no cd. Sambas especificamente como os da Vila Isabel e da Imperatriz Leopoldinense ficaram arrastados demais no cd mas ao vivo, felizmente, a impressão é outra. O excesso de violinos no samba da Vila você nem precisa de tarja preta, é tiro e queda, mas não compromete a beleza dos sambas.
Respeito muito a opinião do Mauro mas tenho que discordar veementemente quanto ao samba da Beija-Flor. Não é dos melhores, pelo contrário, a escola vinha num crescente no que diz respeito ao quesito samba-enredo nessa década de 2000 mas, infelizmente, escolheu um samba meia boca. Na minha opinião sem criatividade alguma na letra. Vale pelo agradecimento do grande Neguinho da Beija-Flor.
Gosto do samba da Portela (que deu o tricampeonato a Diogo Nogueira), Mocidade, Imperatriz, Vila, Grande Rio e Unidos da Tijuca.
Sem contar claro, o A lenda das Sereias Rainhas do Mar, do Império Serrano de 76, imortalizados nas vozes de Roberto Ribeiro e Marisa Monte. Sem dúvida é a melhor faixa! (O título original do samba só para constar não tem o Rainhas).
E discordo da opinião dos colegas no que tange ao auge do gênero. A década de 80, sobretudo os discos dos anos de 87 a 89 comprovaram que sambas-enredos vendiam muito e tinham qualidades, principalmente, quando se apostava cada vez mais na licença poética e poder de síntese das respectivas alas de compositores do que propriamente seguir as "bulas" que são as sinopses distribuídas pelos carnavalescos nos tempos atuais. Hoje em dia os caras estão bitolados demais nas sinopses. Abraços,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

Esquentando os tamborins para o carnaval de 2009, se Deus quiser pintando no Império Serrano e na minha Imperatriz Leopoldinense (no setor que desfilará a Rainha do Samba e seus afilhados descobertos no fundo de quintal da Rua Uranos). E ela, Zeca, Fundo e tantos outros que surgiram lá merecem todas as homenagens!

4 de janeiro de 2009 às 21:23  
Anonymous Anônimo said...

Gente...

Para fazer pesquisas nos posts do Mauro, basta ir no topo da página, logo abaixo do endereço, e digitar o termo a ser pesquisado na box, clicando no botão "pesquisar blog".

É muito fácil.

abração,
Denilson

4 de janeiro de 2009 às 21:31  
Anonymous Anônimo said...

foi-se o tempo dos bons sambas enredos...como disse mauro, samba em ritmo de marcha...lamentável

4 de janeiro de 2009 às 22:20  
Anonymous Anônimo said...

Tanto os sambas quanto o carnaval das Escolas estão pasteurizados e engessados.
Essa história de samba gravado de forma diferente do que se toca na quadra ajuda a não vender o CD.
Seria melhor gravar os sambas ao vivo nas quadras ainda que a qualidade fosse sacrificada, mas certamente seria mais contagiante e característico para cada escola.

5 de janeiro de 2009 às 14:31  
Anonymous Anônimo said...

Alguém em sã consciência ainda consome este lixo?

7 de janeiro de 2009 às 14:56  
Anonymous Anônimo said...

Primeiramente parabens! pelo blog
Acreditando ser de total interesse desse blog espetacular
quero indicar acreditando ser de muita utilidade para o publico em geral
obrigado
www.zigbr.com

15 de janeiro de 2009 às 13:24  
Blogger Unknown said...

Seguinte:
Concordo com a questão da quaidade ter caído.
Mas a questão das gravações realmente é algo que precisa ser revisto. Quer um exemplo?
O samba da UNIDOS da TIJUCA ficou ótimo na primeira gravação, extra -oficial, na Voz do Luizinho Andanças ( Porto Da Pedra).
No CD OFICIAL, já com o interprete oficial da escola e andamento mais lento, O samba ficou arrastado, dificil de ouvir.

No mais não acho que é ´´lixo `` não.

É apenas retrato de um desgaste natural do gênero. Ou vocês acham que fazer samba fraco é a vontade deles ?

Vejamos o que ocorre com os outros gêneros de música.
Tomemos como exemplo o Forró : Há quanto tempo não ouvimos um bom pé de serra? E Não estou falando em ser covarde e pensar ao nível de um LUIS GONZAGA ou DOMINGUINHOS mas apenas ao nível dos primeiros CD´s de Fala Mansa por exemplo. Não há ! O que há atualmente é essa porcaria de forró eletrônico ´´ calcinha preta`` e outros que nada mais são que uma releitura do É o Tchan e outras porcarias do Axé´.
Ou seja esse desgaste acontece em todos os gêneros musicais.
Na música clássica não temos nada perto de Bach , Beethoven , ou até recentemente Villa Lobos.
No Rock nacional não temos mais nada que se compare á poesia de um legião urbana ou a maluquice genial de um Raul Seixas, ou de um Cazuza.
Medalhões do Pop Internacional vivem do que fizeram há vinte anos atrás.

O que temos de mais recente aí ´´bombando´´ é o ...............Funk. Que com certeza aí sim está o lixo ..
Espero que pensem nisto antes de simplesmente julgarem um único gênero que sim já teve dias melhores.

Lequinha - Músico

16 de janeiro de 2009 às 11:48  
Anonymous Anônimo said...

O problema é que o carnaval caiu na "desgrama" que é o comercio e infelizmente a arte ficou de lado!
Mas mesmo assim sou manguira até morrer!!!!!!!!
Rumo ao titulo 2009!

22 de janeiro de 2009 às 11:50  

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