12 de janeiro de 2009

A Bangalafumenga brilha no 'Barraco Dourado'

Resenha de CD
Título: Barraco Dourado
Artista: Bangalafumenga
Gravadora: MP, B /
Universal Music
Cotação: * * * *

"Eu tô no samba-funk, tô no sambalanço / Tô na batucada, minha rede eu mesmo tranço", canta Rodrigo Maranhão sob a pulsação de metais, quase no tom do samba-rap, em Baseado em Fatos Reais. A intenção é traçar a evolução do samba na letra desta música do terceiro disco do Bangalafumenga, mas os versos funcionam também como uma carta de intenções deste grupo carioca - formado em 1998 pelo poeta Chacal e pelos músicos Rodrigo Maranhão e Celso Alvim (da Parede) - que mistura e manda em Barraco Dourado um coquetel de ritmos brasileiros com atitude e baticum pop. Parte do samba (cuja batida dá o tom em faixas como Chapéu Mangueira) para ritmos como maracatu (caso da funkeada faixa-título, Barraco Dourado) e ciranda (Sexta-Feira / Bonfim). No todo, o CD mantém o alto nível do primeiro álbum da banda (Bangalafumenga, 2001) - no qual, aliás, apareceram músicas como a Ciranda do Mundo (Edu Krieger) - e do EP Vira-Lata, de 2004. Barraco Dourado é, sobretudo, a confirmação do talento de Rodrigo Maranhão como compositor (como cantor, ele não chega a brilhar). É de Maranhão a autoria da maioria das músicas do álbum, a começar pelo ponto afro Mãe d'Água, que abre Barraco Dourado. Há faixas como Quebra-Quilos - composta por Pedro Luís em homenagem a Celso Alvum - marcadas pelo baticum percussivo da Parede, mas, no geral, os arranjos combinam levadas percussivas com a pulsação dos metais. É o que acontece no tema instrumental Especial de Agogô. Mesmo que uma ou outra música soe menos inspirada - caso de Brother, soul criado por Maranhão em tributo a Serjão Loroza - o Barraco Dourado ostenta o viço da moderna música popular produzida no Rio de Janeiro sem fronteiras rítmicas. E, de quebra, oferece dois covers. O rebolado latino da Lourinha Bombril - modelado pelos Paralamas do Sucesso no álbum 9 Luas (1996) - cai bem no repertório do Bangalafumenga. Já a tentativa de seguir os Trilhos Urbanos (Caetano Veloso, 1979) na batida seminal do jongo soa mais curiosa do que propriamente empolgante. Nada, contudo, que tire o brilho de disco vibrante. 2009 começou bem.

1 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

"Eu tô no samba-funk, tô no sambalanço / Tô na batucada, minha rede eu mesmo tranço", canta Rodrigo Maranhão sob a pulsação de metais, quase no tom do samba-rap, em Baseado em Fatos Reais. A intenção é traçar a evolução do samba na letra desta música do terceiro disco do Bangalafumenga, mas os versos funcionam também como uma carta de intenções deste grupo carioca - formado em 1998 pelo poeta Chacal e pelos músicos Rodrigo Maranhão e Celso Alvim (da Parede) - que mistura e manda em Barraco Dourado um coquetel de ritmos brasileiros com atitude e baticum pop. Parte do samba (cuja batida dá o tom em faixas como Chapéu Mangueira) para ritmos como maracatu (caso da funkeada faixa-título, Barraco Dourado) e ciranda (Sexta-Feira / Bonfim). No todo, o CD mantém o alto nível do primeiro álbum da banda (Bangalafumenga, 2001) - no qual, aliás, apareceram músicas como a Ciranda do Mundo (Edu Krieger) - e do EP Vira-Lata, de 2004. Barraco Dourado é, sobretudo, a confirmação do talento de Rodrigo Maranhão como compositor (como cantor, ele não chega a brilhar). É de Maranhão a autoria da maioria das músicas do álbum, a começar pelo ponto afro Mãe d'Água, que abre Barraco Dourado. Há faixas como Quebra-Quilos - composta por Pedro Luís em homenagem a Celso Alvum - marcadas pelo baticum percussivo da Parede, mas, no geral, os arranjos combinam levadas percussivas com a pulsação dos metais. É o que acontece no tema instrumental Especial de Agogô. Mesmo que uma ou outra música soe menos inspirada - caso de Brother, composta por Maranhão em reverência a Serjão Loroza - o Barraco Dourado tem o viço da moderna música popular produzida no Rio de Janeiro sem fronteiras rítmicas. E, de quebra, oferece dois covers. O rebolado latino da Lourinha Bombril - modelado pelos Paralamas do Sucesso no álbum 9 Luas (1996) - cai bem no repertório do Bangalafumenga. Já a tentativa de seguir os Trilhos Urbanos (Caetano Veloso, 1979) na batida seminal do jongo soa mais curiosa do que propriamente empolgante. Nada, contudo, que tire o brilho de disco vibrante. 2009 começou bem.

12 de janeiro de 2009 às 09:51  

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