27 de dezembro de 2008

Álbum expõe os matizes dos Beatles em 1968

Resenha de CD
Título: As Outras Cores
do Álbum Branco
- Beatles' 68
Artista: Vários
Gravadora: Discobertas
/ Coqueiro Verde
Cotação: * *

Em coincidentes 68 minutos, o álbum As Outras Cores do Álbum Branco - Beatles' 68 expõe alguns matizes pouco conhecidos da obra composta pelos Fab Four no profícuo ano de 1968. Em suas 21 faixas, o CD não propõe uma recriação do repertório do disco The Beatles - mais conhecido como Álbum Branco - mas, sim, uma exposição de releituras de músicas que entraram no LP duplo de 1968 e, sobretudo, de temas que não entraram e ficaram dispersos na obra dos Beatles. Há até uma inédita de George Harrison (1943 - 2001), Dehra Dun, composta na Índia em 1968 e apresentada somente no vídeo Anthology em 1995. Quase um mantra, a canção ganha o primeiro registro oficial em disco na voz de Zé Ramalho, mas não é grande coisa e não é de admirar que nunca tenha sido gravada pelos Beatles ou mesmo por Harrison em sua carreira solo. Melhor resultado artístico obteve Paul McCartney ao compor Junk, também feita na Índia em 1968, mas excluída da seleção final do Álbum Branco. Com sua voz grave, Regina Machado defende bem o tema, gravado por McCartney em seu primeiro álbum solo, de 1970. Outro que também marca boa presença neste disco é Paulinho Moska, que se acompanha ao violão em Look at me, canção de John Lennon (1940 - 1980) que somente seria gravada pelo autor em seu primeiro álbum solo, Plastic Ono Band (1970). Na mesma linha voz-e-violão (no caso, tocado por Walter Villaça), Zélia Duncan revive com classe Step Inside Love, música de Paul McCartney que chegou a ser gravada para o Álbum Branco, mas acabou sobrando (o registro original é da cantora e apresentadora de TV Cilla Black). Em contrapartida, Fagner nada faz por Across the Universe - composta em 1968, mas lançada em 1969 num disco beneficente restrito ao circuito inglês - além de pôr seu sotaque nordestino na bela canção. A propósito, o CD As Outras Cores do Álbum Branco inclui até o Assum Preto em vinheta em que Vasco Faé cita Blackbird. Tal licença poética se justifica pela lembrança do boato surgido em 1968 de que os Beatles teriam gravado Asa Branca, o maior clássico da parceria de Luiz Gonzaga (1913 - 1989) e Humberto Teixeira (1915 - 1979). No todo, soam mais ou menos pálidas as cores dos registros de Lobão (Revolution, na versão roqueira lançada no lado B do compacto de Hey Jude), Paulo Ricardo (Sour Milk Sea, outra música feita por George Harrison na irregular safra indiana de 1968), Alvin L (Not Guilty, sobra do Álbum Branco), Branco Mello (What's the New Mary Jane? - outra música limada do álbum de 1968), Isabella Taviani (The Inner Light) e A Bolha (Lady Madonna), entre outros cantores e grupos mais associados à cena indie. O problema do CD As Outras Cores do Álbum Branco é que o repertório em si tem qualidade oscilante, sendo formado por várias músicas que não passaram pelo crivo dos próprios Beatles naquele ano mágico. Logo, tais músicas não poderiam brilhar em registros de nomes sem tantos matizes quanto os Fab Four. O tom é de pouca ousadia.

5 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Em coincidentes 68 minutos, o álbum As Outras Cores do Álbum Branco - Beatles' 68 expõe alguns matizes pouco conhecidos da obra composta pelos Fab Four no profícuo ano de 1968. Em suas 21 faixas, o CD não propõe uma recriação do repertório do disco The Beatles - mais conhecido como Álbum Branco - mas, sim, uma exposição de releituras de músicas que entraram no LP duplo de 1968 e, sobretudo, de temas que não entraram e ficaram dispersos na obra dos Beatles. Há até uma inédita de George Harrison (1943 - 2001), Dehra Dun, composta na Índia em 1968 e apresentada somente no vídeo Anthology em 1995. Quase um mantra, a canção ganha o primeiro registro oficial em disco na voz de Zé Ramalho, mas não é grande coisa e não é de admirar que nunca tenha sido gravada pelos Beatles ou mesmo por Harrison em sua carreira solo. Melhor resultado artístico obteve Paul McCartney ao compor Junk, também feita na Índia em 1968, mas excluída da seleção final do Álbum Branco. Com sua voz grave, Regina Machado defende bem o tema, gravado por McCartney em seu primeiro álbum solo, de 1970. Outro que também marca boa presença neste disco é Paulinho Moska, que se acompanha ao violão em Look at me, canção de John Lennon (1940 - 1980) que somente seria gravada pelo autor em seu primeiro álbum solo, Plastic Ono Band (1970). Na mesma linha voz-e-violão (no caso, tocado por Walter Villaça), Zélia Duncan revive com classe Step Inside Love, música de Paul McCartney que chegou a ser gravada para o Álbum Branco, mas acabou sobrando (o registro original é da cantora e apresentadora de TV Cilla Black). Em contrapartida, Fagner nada faz por Across the Universe - composta em 1968, mas lançada em 1969 num disco beneficente restrito ao circuito inglês - além de pôr seu sotaque nordestino na bela canção. A propósito, o CD As Outras Cores do Álbum Branco inclui até o Assum Preto em vinheta em que Vasco Faé cita Blackbird. Tal licença poética se justifica pela lembrança do boato surgido em 1968 de que os Beatles teriam gravado Asa Branca, o maior clássico da parceria de Luiz Gonzaga (1913 - 1989) e Humberto Teixeira (1915 - 1979). No todo, soam mais ou menos pálidas as cores dos registros de Lobão (Revolution, na versão roqueira lançada no lado B do compacto de Hey Jude), Paulo Ricardo (Sour Milk Sea, outra música feita por George Harrison na irregular safra indiana de 1968), Alvin L (Not Guilty, sobra do Álbum Branco), Branco Mello (What's the New Mary Jane? - outra música limada do álbum de 1968), Isabella Taviani (The Inner Light) e A Bolha (Lady Madonna), entre outros cantores e grupos mais associados à cena indie. O problema do CD As Outras Cores do Álbum Branco é que o repertório em si tem qualidade oscilante, sendo formado por várias músicas que não passaram pelo crivo dos próprios Beatles naquele ano mágico. Logo, tais músicas não poderiam brilhar em registros de nomes sem tantos matizes quanto os Fab Four. O tom é de pouca ousadia.

27 de dezembro de 2008 às 20:33  
Anonymous Anônimo said...

Caro Mauro: Fagner deveria mudar o sotaque para gravar a música? Seria possível? Por que não existe a mesma cobrança quando se trata de um carioca?

27 de dezembro de 2008 às 20:45  
Anonymous Anônimo said...

Esse(original) e o Abbey Road pra mim são os melhores.
Quer dizer, o Sgt. Peppers e Rubber Soul tb!
Putzzz! Não posso esquecer o Revolver e o Magic Mistery.
Helppppppp, faltou o Let it Be!
Fiquemos com os discos originais, são mais do que suficientes.

PS: Detesto sobras, como o nome já diz, não valem grande coisa.

Jose Henrique

28 de dezembro de 2008 às 01:24  
Anonymous Anônimo said...

Já não curto muito os originais que dirá versões.

28 de dezembro de 2008 às 12:24  
Blogger Unknown said...

Tou procurando este cd pra baixar e nao consigo, qria mto conferir a gravacao de Zelia. Pq sera q nao disponibilizaram este cd para baixar?

31 de dezembro de 2008 às 01:44  

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