27 de dezembro de 2008

Eis um livro essencial sobre a gênese da bossa

Resenha de Livro
Título: Eis Aqui
os Bossa Nova
Autoria: Zuza
Homem de Mello
Editora: Martins
Fontes
Cotação: * * * * 1/2

Eis Aqui os Bossa Nova não é um livro inédito. Foi lançado originalmente em 1976, mas ganhou recente e oportuna reedição neste ano de 2008, marcado pela intensa celebração do cinqüentenário da bossa sempre nova. Trata-se de livro essencial para entender a criação do batida que modernizou a música brasileira na segunda metade dos anos 50. Zuza Homem de Mello - autor do não menos essencial A Canção no Tempo, livro assinado por ele com o pesquisador musical Jairo Severiano de Mello - fez uma espécie de biografia oral do começo do movimento. Pontuada por breves textos informativos do autor, a narrativa de Eis Aqui os Bossa Nova entrelaça (de forma picotada) os depoimentos de 24 personalidades ouvidas por Zuza entre 1967 e 1971. São nomes ligados às origens da Bossa Nova (Baden Powell, Carlos Lyra, Milton Banana, Nara Leão, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, entre outros) ou à música brasileira formatada nos festivais da canção já com a influência da bossa (Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Geraldo Vandré, Gilberto Gil e Maria Bethânia). Ordenados por temas, montando uma seqüência quase cronológica dos fatos, os depoimentos publicados na primeira pessoa ajudam a mapear a movimentação que iria gerar a Bossa Nova. É fato que, em determinada altura do livro, os depoimentos ficam um pouco repetitivos e técnicos demais, só que essa repetição ajuda a corroborar a versão apresentada no livro sobre o surgimento da Bossa Nova. E alguns pontos merecem menção. Como, por exemplo, o fato de todos os entrevistados serem unânimes em ressaltar o caráter inovador da música de Johnny Alf - compositor e pianista que, de fato, antecipou um pouco da modernidade harmônica sedimentada em 1958 por João Gilberto. Também é curioso perceber, no depoimento de Elis Regina (1945 - 1982), que a Pimentinha também ficou deslumbrada ao ouvir a batida diferente de João Gilberto - embora o canto grandioso de Elis seja por natureza a negação da economia proposta pelos bossa nova. Enfim, o livro de Zuza Homem de Mello é leitura obrigatória para quem acha que (ainda) não chega de saudade da velha bossa nova.

5 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Eis Aqui os Bossa Nova não é um livro inédito. Foi lançado originalmente em 1976, mas ganhou recente e oportuna reedição neste ano de 2008, marcado pela intensa celebração do cinqüentenário da bossa sempre nova. Trata-se de livro essencial para entender a criação do batida que modernizou a música brasileira na segunda metade dos anos 50. Zuza Homem de Mello - autor do não menos essencial A Canção no Tempo, livro assinado por ele com o pesquisador musical Jairo Severiano de Mello - fez uma espécie de biografia oral do começo do movimento. Pontuada por breves textos informativos do autor, a narrativa de Eis Aqui os Bossa Nova entrelaça (de forma picotada) os depoimentos de 24 personalidades ouvidas por Zuza entre 1967 e 1971. São nomes ligados às origens da Bossa Nova (Baden Powell, Carlos Lyra, Milton Banana, Nara Leão, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, entre outros) ou à música brasileira formatada nos festivais da canção já com a influência da bossa (Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Geraldo Vandré, Gilberto Gil e Maria Bethânia). Ordenados por temas, montando uma seqüência quase cronológica dos fatos, os depoimentos publicados na primeira pessoa ajudam a mapear a movimentação que iria gerar a Bossa Nova. É fato que, em determinada altura do livro, os depoimentos ficam um pouco repetitivos e técnicos demais, só que essa repetição ajuda a corroborar a versão apresentada no livro sobre o surgimento da Bossa Nova. E alguns pontos merecem menção. Como, por exemplo, o fato de todos os entrevistados serem unânimes em ressaltar o caráter inovador da música de Johnny Alf - compositor e pianista que, de fato, antecipou um pouco da modernidade harmônica sedimentada em 1958 por João Gilberto. Também é curioso perceber, no depoimento de Elis Regina (1945 - 1982), que a Pimentinha também ficou deslumbrada ao ouvir a batida diferente de João Gilberto - embora o canto grandioso de Elis seja por natureza a negação da economia proposta pelos bossa nova. Enfim, o livro de Zuza Homem de Mello é leitura obrigatória para quem acha que (ainda) não chega de saudade da velha bossa nova.

27 de dezembro de 2008 às 12:12  
Anonymous Anônimo said...

Uma das melhores coisas que aconteceram em 2008 foi a retomada da Bossa através de livros como este. A bossa além da vitrola e do ipod.

27 de dezembro de 2008 às 13:54  
Anonymous Anônimo said...

Ótimo livro.
Mas, ao contrário do q se diz, não é uma reedição mais completa do livro de 1976. Foram cortados trechos interessantíssimos dos depoimentos da edição original. O da Bethânia, por exemplo, foi bastante reduzido nessa nova edição. Pena...

27 de dezembro de 2008 às 18:36  
Anonymous Anônimo said...

Elis sabia ser econômica e minimalista quando a música pedia. Elis & Tom está aí. Cantava em pianissimo e não falhava. A voz não virava ar. Vibrava sempre.

29 de dezembro de 2008 às 16:05  
Blogger ADEMAR AMANCIO said...

Já ouvi declaração da Elis declarando seu deslumbramento pelo advento da bossa nova,Graças a Deus ela não seguiu à risca.Em "Elis e Tom" ela estava contida demais pro meu gosto.

14 de setembro de 2012 às 10:42  

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