24 de dezembro de 2008

Ao vivo, Celso incursiona mal por searas alheias

Resenha de CD/DVD
Título: Celso Fonseca
ao Vivo
Artista: Celso Fonseca
Gravadora: EMI Music
Cotação: * *

Ao longo dos anos 90, Celso Fonseca consolidou sua bela parceria com Ronaldo Bastos, projetada em 1985 com a gravação da canção Sorte por Gal Costa. O brilho da safra autoral da dupla foi coroado com o êxito mundial de Slow Motion Bossa Nova, o tema que deu título ao álbum lançado pelos compositores em 2001. De lá para cá, Fonseca vem tentando se impor em carreira solo construída paralelamente no Brasil e na Europa. Em 2007, ao ser contratado pela EMI Music, o artista ensaiou guinada popular no CD Feriado, no qual regravou até sucesso do funkeiro MC Leozinho, Ela Só Pensa em Beijar, rebobinado neste registro de show captado em 12 de agosto de 2008 no Canecão (RJ). No CD e DVD Celso Fonseca ao Vivo, postos nas lojas neste fim de ano, há clara tentativa de ampliar a popularidade do cantor. O que explica a inclusão no roteiro de Um Dia de Domingo, a balada de Michael Sullivan & Paulo Massadas que fez sucesso em 1985 nas vozes de Gal Costa e Tim Maia (1942 - 1998). O dueto é recriado por Fonseca com Ana Carolina num registro suave que atesta que a cantora não precisa carregar no tom para cativar os ouvintes. Contudo, se Ana tem cacife vocal para encarar música lançada por Gal, Fonseca fica a anos-luz do vozeirão do Síndico. Até porque uma gravação ao vivo, por mais que esteja maquiada, sempre evidencia os limites de artistas não vocacionados para o canto. E o fato é que Celso Fonseca incursiona mal por searas alheias neste ao vivo. O número final - Ive Brussel, com adesões de Gilberto Gil, Roberta Sá e João Pedro Fonseca (filho de Celso) - é exemplo perfeito do tom pálido da gravação. Salva-se o dueto com Roberta Sá em A Voz do Coração, canção em que transparece toda a bossa da parcerias de Fonseca com Ronaldo Bastos. Já a participação de Gil - em números como o reggae Is This Love? - chega até a ser constrangedora porque Gil estava quase sem voz no dia da gravação. Tanto que a festiva Palco nunca soou tão desanimada nos palcos. E o que justifica a inclusão de Maria Fumaça, o maior sucesso da banda Black Rio? O registro instrumental soa como xerox da gravação original feita pelo grupo em 1977. Enfim, por ser sobretudo um compositor, Celso Fonseca parece perdido em gravação em que tenta se posicionar como intérprete. Falta voz...

16 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Ao longo dos anos 90, Celso Fonseca consolidou sua bela parceria com Ronaldo Bastos, projetada em 1985 com a gravação da canção Sorte por Gal Costa. O brilho da safra autoral da dupla foi coroado com o êxito mundial de Slow Motion Bossa Nova, o tema que deu título ao álbum lançado pelos compositores em 2001. De lá para cá, Fonseca vem tentando se impor em carreira solo construída paralelamente no Brasil e na Europa. Em 2007, ao ser contratado pela EMI Music, o artista ensaiou guinada popular no CD Feriado, no qual regravou até sucesso do funkeiro MC Leozinho, Ela Só Pensa em Beijar, rebobinado neste registro de show captado em 12 de agosto de 2008 no Canecão (RJ). No CD e DVD Celso Fonseca ao Vivo, postos nas lojas neste fim de ano, há clara tentativa de ampliar a popularidade do cantor. O que explica a inclusão no roteiro de Um Dia de Domingo, a balada de Michael Sullivan & Paulo Massadas que fez sucesso em 1985 nas vozes de Gal Costa e Tim Maia (1942 - 1998). O dueto é recriado por Fonseca com Ana Carolina num registro suave que atesta que a cantora não precisa carregar no tom para cativar os ouvintes. Contudo, se Ana tem cacife vocal para encarar música lançada por Gal, Fonseca fica a anos-luz do vozeirão do Síndico. Até porque uma gravação ao vivo, por mais que esteja maquiada, sempre evidencia os limites de artistas não vocacionados para o canto. E o fato é que Celso Fonseca incursiona mal por searas alheias neste ao vivo. O número final - Ive Brussel, com adesões de Gilberto Gil, Roberta Sá e João Pedro Fonseca (filho de Celso) - é exemplo perfeito do tom pálido da gravação. Salva-se o dueto com Roberta Sá em A Voz do Coração, canção em que transparece toda a bossa da parcerias de Fonseca com Ronaldo Bastos. Já a participação de Gil - em números como o reggae Is This Love? - chega até a ser constrangedora porque Gil estava quase sem voz no dia da gravação. Tanto que a festiva Palco nunca soou tão desanimada nos palcos. E o que justifica a inclusão de Maria Fumaça, o maior sucesso da banda Black Rio? O registro instrumental soa como xerox da gravação original feita pelo grupo em 1977. Enfim, por ser sobretudo um compositor, Celso Fonseca parece perdido em gravação em que tenta se posicionar como intérprete. Falta voz...

24 de dezembro de 2008 às 14:46  
Anonymous Anônimo said...

Sempre achei muito chato. Como compositor salva-se alguma coisa, mas como intérprete... nada.
Ronaldo Bastos poderia escolher parceiro melhor.

24 de dezembro de 2008 às 18:25  
Anonymous Anônimo said...

Esse dvd saiu nas coxas. Ele deveria ter se preparado mais, inclusive vocalmente. É melhor comprar só o cd.

24 de dezembro de 2008 às 18:28  
Anonymous Anônimo said...

Para mim um dos maiores problemas que a Bossa-Nova ocasionou (não esquecendo todas as vantagens, lógico), é o fato de que todo compositor passou a ser cantor. E como nem sempre todo bom compositor canta bem, acontece com tanta frequencia esse festival de boas músicas mal cantadas e de bons cantores sem repertório.

Saudade da época em que Ataulfo e Noel só arriscavam ir pro disco quando Orlando Silva, Sílvio Caldas, Carlos Galhardo e Fracisco Alves, após muita insistência, recusavam decisivamente gravar uma música.

24 de dezembro de 2008 às 21:09  
Anonymous Anônimo said...

Dá um sono danado...

25 de dezembro de 2008 às 14:29  
Anonymous Anônimo said...

Ganhei de Natal e... repassei.

26 de dezembro de 2008 às 22:51  
Anonymous Anônimo said...

Pois é Mauro , eu estava na gravação,mas discordo de vc quando aponta que o problema é de VOZ, o Celso não é dono de um vozeirãO, mas canta bem e muito parecido com Caetano, sua voz não prejudica nada sua obra e acho na verdade que o destoante desse DVD é axatamente a Ana Carolina que eu acho que continua exagerando e berrando a lá Zezé de Camargo, deixando qq música brega, cafona como foi o caso de Um dia deDomingo, quamdo só o Celso canta é bem melhor. Mas é verdade que o repertório atira pra tudo quanto é lado e é completamente dispensavel a regravaçaõ de funk. O único louvável desse DVD é a participação da Roberta e a gravação de Queda , essa sim uma verdadeira música popular.

27 de dezembro de 2008 às 12:03  
Anonymous Anônimo said...

Caetano, como muitos de sua geração, não cantam bem, não são INTÉRPRETES. Possuem sua marca, seu estilo e, nesse caso, cantar parecido não é elogio.
Acho que da geração de Caetano, só Milton Nascimento é CANTOR MESMO, UM BAITA INTÉRPRETE.
PS: Não que eu não goste de Caetano, Chico, Gil, Edu, Francis... não me entendam mal.

27 de dezembro de 2008 às 13:07  
Anonymous Anônimo said...

Malandro, o Oliveira é exigente pra caramba. Ainda bem que ele é só um blogueiro como a gente. Do jeito que ele desdenha o Caetano intérprete parece até o Tinhorão (crítico musical das antigas, competente que só ele, mas na mesma proporção radical, impedindo o prazer de achar belo o que não é espelho).
Oliveira, aproveite 2009 e reveja seus conceitos. Eu vou rever os meus.

27 de dezembro de 2008 às 14:56  
Anonymous Anônimo said...

Denilson,
Cad~e voce com seus comentários, as vezes contrários, mas sensatos e , dentro do possível, sem preconceitos ?
Volta, Denilson para o blog. O tal do Oliveira tá dominando o pedaço.

27 de dezembro de 2008 às 14:57  
Anonymous Anônimo said...

Alguém quer exemplo de "belo não sendo espelho" ? (vou me deter na geração supracitada e na MPB senão é 1 semana escrevendo):
1) A VOZ DE MILTON NASCIMENTO, GAL COSTA, SIMONE, EMÍLIO SANTIAGO, ELBA RAMALHO, DJAVAN, ELIS REGINA, TIM MAIA...
2) A INTERPRETAÇÃO (QUE É DIFERENTE DE VOZ, SE É QUE ME ENTENDEM) DE NANA CAYMMI, SIMONE (DE NOVO!), MARIA BETHÂNIA, JOÃO BOSCO, ELIS REGINA (DE NOVO!), ZÉ RAMALHO, MPB4, CLARA NUNES, BETH CARVALHO, LUIZ MELODIA, ALAÍDE COSTA...
3) O INSTRUMENTAL DE TONINHO HORTA, DORI CAYMMI, TOQUINHO, NIVALDO ORNELLAS, JOÃO BOSCO (DE NOVO!), ANTÔNIO ADOLFO, DOMINGUINHOS, SIVUCA, HERMETO PASCHOAL, NELSON ÂNGELO...
4) AS COMPOSIÇÕES (MÚSICA E/OU LETRA) DE CHICO BUARQUE (THE BEST!), CAETANO VELOSO, EDU LOBO, FRANCIS HIME, MILTON NASCIMENTO (DE NOVO!), ÂNGELA RÔ RÔ, GILBERTO GIL, JOYCE, SUELI COSTA, FÁTIMA GUEDES, LUIZ MELODIA (DE NOVO!), ABEL SILVA, BELCHIOR, ALDIR BLANC, WALTER FRANCO, JOÃO BOSCO (DE NOVO!), ZÉ RAMALHO (DE NOVO!), GERALDO AZEVEDO, ALCEU VALENÇA, MARTINHO DA VILA, RONALDO BASTOS, DOMINGUINHOS (DE NOVO!), JORGE BEN...
5) O "CLUBE DA ESQUINA" TODINHO PELO "CONJUNTO DA OBRA"
6) A COERÊNCIA - ou o esforço para tal - DA OBRA INTACTA DE BETH CARVALHO (DE NOVO!), DORI CAYMMI (DE NOVO!), JOÃO NOGUEIRA, GERALDO AZEVEDO (DE NOVO!), ALCEU VALENÇA (DE NOVO!), MARIA BETHÂNIA (DE NOVO!), CHICO BUARQUE (DE NOVO!), EDU LOBO (DE NOVO!), EDNARDO, FRANCIS HIME (DE NOVO!), ERASMO CARLOS, MARTINHO DA VILA (DE NOVO!)...
Se esqueci alguém ou se não concordam peço desculpas, é que o "Espelho" (o meu, não o de João Nogueira) está chamando. Preciso retocar "Meu Ego" (o meu, não o de Erasmo Carlos).
Abraços a todos e desculpe se estou incomodando - ou como diria o "OLIVEIRA" que pintaram: "os incomodados que se mudem" ou ainda - cinema também é cultura: "pede pra sair".
Mais abraços e até o próximo aborrecimento - como escreveria o Sr. José: "ehehehhe".

28 de dezembro de 2008 às 11:42  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, se não abrir o olho esse Oliveira vai mandar no pedaço. O cara entende do assunto e escreve bem. Toma cuidado!

Sr. Oliveira: faltaram alguns sim, mas acho que Ney Matogrosso não poderia ter ficado de fora.

28 de dezembro de 2008 às 12:46  
Anonymous Anônimo said...

Dá-lhe Oliveira. Mandou muito bem.
Mas eu vou acrescentar:

1)A VOZ, A INTERPRETAÇÃO E A COERÊNCIA DE NEY MATOGROSSO;

2)A VOZ, A COMPOSIÇÃO E A COERÊNCIA DE PAULINHO DA VIOLA;

3)O INSTRUMENTAL DE EUMIR DEODATO, MARCO ANTÔNIO GUIMARÃES (do UAKTI), HÉLIO DELMIRO, WAGNER TISO (se não estiver incluso no "Clube da Esquina") E CÉSAR CAMARGO MARIANO;

4) A COMPOSIÇÃO DE IVAN LINS, GONZAGUINHA, VITOR MARTINS E MÁRCIO BORGES;

5) O "CONJUNTO DA OBRA" de Roberto Ribeiro, Renato Teixeira e D.Ivone Lara

Se esqueci alguém também, faço minha suas palavras. É tanto talento neste país que realmente só "colando" para não esquecer ninguém.

Abraços e fico no aguardo do "próximo aborrecimento".

AH! SE SER EXIGENTE É TER BOM GOSTO E NÃO PERDOAR DESLIZES (para o caso de Fagner vale o "literalmente") SOU TAMBÉM.

VIVA OS PERSONAGENS INTOCÁVEIS DESTE PAÍS. Já perdemos Alcione, Roberto Carlos, Zizi Possi, Fafá de Belém (se bem que esta está voltando ao Planeta MPB de Bom Gosto)... CHEGA!

28 de dezembro de 2008 às 17:15  
Anonymous Anônimo said...

Prezados Mauro, não precisa "abrir o olho" nem "tomar cuidado", não. NÃO SOU A "FLORA". Continue só abrindo os ouvidos mesmo e nos informando e presenteando com o assunto MÚSICA!

Prezado(a)s Anônimo(a)s, obrigado pelos elogios e ASSINO EMBAIXO as complementações de vocês (ou senhore(a)s). Só aviso que não 'tô querendo formar Partido Político, Sindicato ou Fã-Clube. Vê lá, hein!
Só 'tô querendo é falar do que mais gosto no mundo: MÚSICA!!!

Abraços para todos: para o "chefe", para os concordantes e discordantes. VIVA A DEMOCRACIA!

28 de dezembro de 2008 às 17:58  
Anonymous Anônimo said...

Anônimo que chamou o tal Denilson,
isso aqui não é baile-funk, não.
Participa quem quer, opina quem conhece e caso se discorde: vamos ao debate.
Que coisa ridícula isso de "dominar o pedaço".
Parabéns Oliveira.

28 de dezembro de 2008 às 19:40  
Blogger Bernardo Barroso Neto said...

Eu gostei do dvd, mas poderia ser bem melhor. Ficou estranho as gravações com o Gil, apesar de gostar muito dele. E mais ainda com a Ana Carolina, esse dueto foi completamente descartável, mas no geral o dvd foi bom.

17 de janeiro de 2009 às 19:35  

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