12 de novembro de 2008

Pop (quase) perfeito de Leoni garante noite boa

Resenha de Show
Título: A Noite Perfeita
Artista: Leoni (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 11 de Novembro de 2008
Cotação: * * * 1/2

Exceto por breve momento de pretensão no comando do grupo Heróis da Resistência, em especial na concepção do segundo álbum da banda, Religio (1988), Leoni sempre buscou a perfeição pop. Às vezes, conseguiu - sobretudo na época em que compunha para a banda Kid Abelha. E foi justamente a quase perfeição de seu cancioneiro mais pop que garantiu bons momentos para quem foi conferir seu novo show, A Noite Perfeita, apresentado na noite de terça-feira, 11 de novembro de 2008, no Canecão (RJ). Não havia o pretexto de um disco novo, como ressaltou o artista em cena, mas a banda era nova (com destaque para o baixista André Espada e o guitarrista Gustavo Corsi) e o repertório também foi renovado com a inclusão de inéditas como É Proibido Sofrer - tema de peso mais roqueiro que aborda na letra direta a ditatorial imposição da alegria (mesmo artificial) na sociedade atual - e Dá pra Rir e Dá pra Chorar, ambas já disponibilizadas no site oficial do artista para download gratuito e legalizado (a idéia de Leoni é ir lançando no site o repertório de um próximo disco de inéditas).

Ao perseguir o pop perfeito, Leoni sabe o peso que tem um bom refrão tem na receita. E um refrão pegajoso é o que não falta para músicas como As Cartas que Eu Não Mando, trunfo do bloco inicial do roteiro. Embora sem procurar dar caráter retrospectivo ao show, apesar de Fotografia espocar belo flash nostálgico dos tempos idos, o compositor passa em revista boa parte de sua obra, indo do Kid Abelha (Os Outros, em inusitada conotação gay por ter letra escritas sob ótica feminina) à produção mais recente - exemplificada por músicas como Temporada das Flores, em que o autor experimenta abordagem ligeiramente mais delicada do que o registro ensolarado feito por Daniela Mercury em 2002 em CD e DVD da série MTV ao Vivo. É uma de suas obras mais inspiradas.

Das inéditas, o maior destaque é Do Teu Lado - Essa Canção, parceria de Leoni com o emergente Rodrigo Maranhão. Foi tocada pelo cantor ao violão, em número definido como "o momento Frank Sinatra". Bem, ninguém espera que Leoni reedite o padrão ímpar de afinação de Sinatra (1915 - 1998), mas o fato é que, nas notas mais altas da balada, ele desafinou. Na seqüência, com a voz mais em forma, o compositor entoou Lado Z e sacou do baú uma música dos Heróis da Resistência, Um Herói que Mata, cuja letra premonitória ele relacionou com o ideal de homem defendido no livro Crepúsculo, de Stephenie Meyer. Pena que a música não seja tão interessante como a tal letra, de fato bem contemporânea.

Um dos hits mais deliciosos do Kid Abelha, Educação Sentimental foi encadeado num link esperto com A Fórmula do Amor, número em que Leo Jaime entrou em cena para um dueto desajustado. Os cantores e parceiros se harmonizaram com mais propriedade em Por Que Não Eu?. Em seguida, já sozinho, Leoni desceu do palco para apresentar a canção Intimidade entre Estranhos, parceria com Frejat que deu título ao terceiro CD solo do Barão. Contudo, apesar do charme de cantar no meio do público, Leoni não conseguiu passar toda a sensação de desconforto expressada nos versos - como conseguiu Frejat em seu introspectivo registro de estúdio. Ainda na platéia, o cantor reviveu (com direito a citação de Como Eu Quero) um dos maiores hits da fase pós-Kid Abelha, Só pro meu Prazer, naturalmente logo entoado em coro pelos fãs.

Na seqüência final, Pepeu Gomes entrou em cena e fez sua guitarra gemer em Exagerado e em A Noite Perfeita, sendo que, na música-título do show, George Israel aderiu ao grupo. No bis, uma versão caótica de Brasil sinalizou que o novo show de Leoni - dirigido por Luciana Fregolente e bem-cuidado no que diz respeito à luz e ao cenário - não precisa de números improvisados com convidados para prender a atenção do público. Com sua banda afiada e seu pop (quase) perfeito, Leoni garante, por si só, uma noite animada.

5 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Exceto por breve momento de pretensão no comando do grupo Heróis da Resistência, em especial na concepção do segundo álbum da banda, Religio (1988), Leoni sempre buscou a perfeição pop. Às vezes, conseguiu - sobretudo na época em que compunha para a banda Kid Abelha. E foi justamente a quase perfeição de seu cancioneiro mais pop que garantiu bons momentos para quem foi conferir seu novo show, A Noite Perfeita, apresentado na noite de terça-feira, 11 de novembro de 2008, no Canecão (RJ). Não havia o pretexto de um disco novo, como ressaltou o artista em cena, mas a banda era nova (com destaque para o baixista André Espada e o guitarrista Gustavo Corsi) e o repertório também foi renovado com a inclusão de inéditas como É Proibido Sofrer - tema de peso mais roqueiro que aborda na letra direta a ditatorial imposição da alegria (mesmo artificial) na sociedade atual - e Dá pra Rir e Dá pra Chorar, ambas já disponíveis no site oficial do artista para download gratuito e legalizado (a idéia de Leoni é ir lançando na rede o repertório de um próximo álbum de inéditas).

Ao perseguir o pop perfeito, Leoni sabe o peso que tem um bom refrão tem na receita. E um refrão pegajoso é o que não falta para músicas como As Cartas que Eu Não Mando, trunfo do bloco inicial do roteiro. Embora sem procurar dar caráter retrospectivo ao show, apesar de Fotografia ser belo flash nostálgico dos tempos idos, o compositor passa em revista boa parte de sua obra, indo do Kid Abelha (Os Outros, em inusitada conotação gay por ter letra escritas sob ótica feminina) à produção mais recente - exemplificada por músicas como Temporada das Flores, em que o autor experimenta abordagem ligeiramente mais delicada do que o registro ensolarado feito por Daniela Mercury em 2002 em CD e DVD da série MTV ao Vivo. É uma de suas obras mais inspiradas.

Das inéditas, o maior destaque é Do Teu Lado - Essa Canção, parceria de Leoni com o emergente Rodrigo Maranhão. Foi tocada pelo cantor ao violão, em número definido como "o momento Frank Sinatra". Bem, ninguém espera que Leoni reedite o padrão ímpar de afinação de Sinatra (1915 - 1998), mas o fato é que, nas notas mais altas da balada, ele desafinou. Na seqüência, com a voz mais em forma, o compositor entoou Lado Z e sacou do baú uma música dos Heróis da Resistência, Um Herói que Mata, cuja letra premonitória ele relacionou com o ideal de homem defendido no livro Crepúsculo, de Stephenie Meyer. Pena que a música não seja tão interessante como a tal letra, de fato bem contemporânea.

Um dos hits mais deliciosos do Kid Abelha, Educação Sentimental foi encadeado num link esperto com A Fórmula do Amor, número em que Leo Jaime entrou em cena para um dueto desajustado. Os cantores e parceiros se harmonizaram com mais propriedade em Por Que Não Eu?. Em seguida, já sozinho, Leoni desceu do palco para apresentar a canção Intimidade entre Estranhos, parceria com Frejat que deu título ao terceiro CD solo do Barão. Contudo, apesar do charme de cantar no meio do público, Leoni não conseguiu passar toda a sensação de desconforto expressada nos versos - como conseguiu Frejat em seu introspectivo registro de estúdio. Ainda na platéia, o cantor reviveu (com direito a citação de Como Eu Quero) um dos maiores hits da fase pós-Kid Abelha, Só pro meu Prazer, naturalmente logo entoado em coro pelos fãs.

Na seqüência final, Pepeu Gomes entrou em cena e fez sua guitarra gemer em Exagerado e em A Noite Perfeita, sendo que, na música-título do show, George Israel aderiu ao grupo. No bis, uma versão caótica de Brasil sinalizou que o novo show de Leoni - dirigido por Luciana Fregolente e bem-cuidado no que diz respeito à luz e ao cenário - não precisa de números improvisados com convidados para prender a atenção do público. Com sua banda afiada e seu pop (quase) perfeito, Leoni garante, por si só, uma noite animada.

12 de novembro de 2008 às 09:20  
Anonymous Anônimo said...

ELE E PAULA, CADA UM DE SUA MANEIRA, MOSTRAM QUE O TEMPO PODE SER BOM PARA TODOS, DESDE QUE BEM APROVEITADO.
A IDÉIA DE COLOCAR NO AR MÚSICAS PARA BAIXAR LEGALMENTE É BOA. E O ARTISTA TEM UM CONTROLE APROXIMADO DE QUANTOS FANS ESTÃO OUVINDO SEU SOM.
LEONI E PAULA SÃO POP, CADA UM COM SUA COLMÉIA, MAS NO FUNDO SEMPRE ABELHAS DO MESMO ENXAME. DE UM MESMO KID.

12 de novembro de 2008 às 10:41  
Anonymous Anônimo said...

Leoni é mara!

12 de novembro de 2008 às 11:14  
Anonymous Anônimo said...

Eu queria saber qual foi a set list completa do show, até onde eu saiba foram 23 músicas, sendo 15 delas escolhidas pelos fãs no site, aliás, os fãs tem sido os principais ouvidos pelo Leoni na hora de definir as canções que serão liberadas e coisas do tipo, isso acho um dos pontos mais a favor da carreira atual dele[eu tbm sou fã, então elogiar a parte musical parece tietagem], ele está sempre próximo do público...

Agora uma coisa fiquei na dúvida, o Mauro em momento algum citou a participação de uma garota que ganhou uma promoção do site para cantar com ele nesse show do Canecão, e aí Mauro, o que achou da menina?

12 de novembro de 2008 às 16:34  
Anonymous Anônimo said...

O Leoni é um compositor muito bom. E mantém contato muito próximo com seus fãs, principalmente através do seu site.

No seu blog, ele dá umas dicas bacanas para quem está se iniciando na música, falando, entre outros assuntos, sobre jabá, rádios, tv, shows, etc...

http://www.leoni.art.br/posts_tag.php?tag=dicas-de-sobrevivencia-do-musico-no-mundo-digital

abração,
Denilson

13 de novembro de 2008 às 08:36  

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