13 de novembro de 2008

Ondas cariocas desaguam no CD 'Mar Ipanema'

Resenha de CD
Título: Mar Ipanema
Artista: Vários
Gravadora: Zing
Cotação: * * * 1/2

Tal como o recente Doces Cariocas, Mar Ipanema é disco coletivo que gravita em torno das levadas e sons que compõem a variada trilha do Rio de Janeiro. Foi idealizado por Zé Ricardo sob encomenda do Hotel Mar Ipanema. A entrada de Plínio Profeta na produção - dividida com o próprio Zé Ricardo - e deu lufada de ar fresco aos dez registros por conta das batidas e programações de Profeta - como fica evidente logo na primeira faixa, Às Vezes, samba em que a cantora Ana Costa traça o mapa da boemia carioca com intervenções do rapper DuGhettu. E o resultado é um coletivo bem simpático, em que pese a queda de qualidade do repertório (inteiramente inédito) na segunda metade do CD. Várias ondas musicais cariocas desaguam simultâneas no Mar Ipanema. Edu Krieger parece ter visitado a quadra do Cacique de Ramos para compor o samba Coluna Social, com versos espirituosos à moda da turma de Zeca Pagodinho, mas o rap inserido por De Leve na faixa dá ao samba um tempero inusitado. Em contrapartida, Samba pra Vadiar - composto e cantado por Zé Ricardo em dueto com Rodrigo Maranhão - dá a impressão de ter a vivacidade dos hits mais animados de Zeca, mas, na cadência suave do samba, a dupla mostra que sua praia é outra. E, entre tantas ondas, Canção Popular monta painel da diversificação musical carioca nas vozes igualmente suaves de Anna Luisa e Pedro Hollanda. Painel que inclui o rock, representado por Vulgue Tostoi, intérprete de Será Preciso, tema em que sobressai a guitarra de Jr Tostoi. Em latitude mais distante do Rio, Fulano, Beltrano e Cicrano - a composição mais original, assinada por Gabriel Moura e Maurício Baia - ostenta atmosfera cigana nos toques dos violões tocados por Moura, Baia, Rogê e Luiz Carlinhos, o quarteto que assina a gravação da faixa sob o codinome 4 Cabeça. E, como o mar nem sempre está pra peixe, Serjão Loroza evoca o elo afro-carioca para ressaltar em Chibata - defendida com o reforço percussivo da Parede - que a segregação racial por vezes ainda ecoa nas praias e nos morros cariocas, poluídos pela violência e pela injustiça social. Enfim, Mar Ipanema tem méritos. Inclusive o de mostrar que a bossa do Rio de Janeiro jamais morre na Praia de Ipanema...

3 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Tal como o recente Doces Cariocas, Mar Ipanema é disco coletivo que gravita em torno das levadas e sons que compõem a variada trilha do Rio de Janeiro. Foi idealizado por Zé Ricardo sob encomenda do Hotel Mar Ipanema. A entrada de Plínio Profeta na produção - dividida com o próprio Zé Ricardo - e deu lufada de ar fresco aos dez registros por conta das batidas e programações de Profeta - como fica evidente logo na primeira faixa, Às Vezes, samba em que a cantora Ana Costa traça o mapa da boemia carioca com intervenções do rapper DuGhettu. E o resultado é um coletivo bem simpático, em que pese a queda de qualidade do repertório (inteiramente inédito) na segunda metade do CD. Várias ondas musicais cariocas desaguam simultâneas no Mar Ipanema. Edu Krieger parece ter visitado a quadra do Cacique de Ramos para compor o samba Coluna Social, com versos espirituosos à moda da turma de Zeca Pagodinho, mas o rap inserido por De Leve na faixa dá ao samba um tempero inusitado. Em contrapartida, Samba pra Vadiar - composto e cantado por Zé Ricardo em dueto com Rodrigo Maranhão - dá a impressão de ter a vivacidade dos hits mais animados de Zeca, mas, na cadência suave do samba, a dupla mostra que sua praia é outra. E, entre tantas ondas, Canção Popular monta painel da diversificação musical carioca nas vozes igualmente suaves de Anna Luisa e Pedro Hollanda. Painel que inclui o rock, representado por Vulgue Tostoi, intérprete de Será Preciso, tema em que sobressai a guitarra de Jr Tostoi. Em latitude mais distante do Rio, Fulano, Beltrano e Cicrano - a composição mais original, assinada por Gabriel Moura e Maurício Baia - ostenta atmosfera cigana nos toques dos violões tocados por Moura, Baia, Rogê e Luiz Carlinhos, o quarteto que assina a gravação da faixa sob o codinome 4 Cabeça. E, como o mar nem sempre está pra peixe, Serjão Loroza evoca o elo afro-carioca para ressaltar em Chibata - defendida com o reforço percussivo da Parede - que a segregação racial por vezes ainda ecoa nas praias e nos morros cariocas, poluídos pela violência e pela injustiça social. Enfim, Mar Ipanema tem méritos. Inclusive o de mostrar que a bossa do Rio de Janeiro jamais morre na Praia de Ipanema...

13 de novembro de 2008 às 09:12  
Blogger PlinioProfeta said...

Excelente critica Mauro. Obrigado
Plinio

13 de novembro de 2008 às 11:55  
Anonymous Anônimo said...

Belo projeto!

14 de novembro de 2008 às 18:20  

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