21 de novembro de 2008

Duboc celebra Gismonti com densidade linear

Resenha de CD
Título: Canção da Espera
Artista: Jane Duboc
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2

Apresentada por Luiz Eça (1936 - 1992) a Egberto Gismonti, em 1971, Jane Duboc de imediato despertou o interesse do compositor e pianista por sua rara musicalidade. Tanto que Gismonti logo a convidou para participar do show Água e Vinho. Segundo álbum de Duboc editado pela Biscoito Fino, Canção da Espera celebra a obra pouco explorada do compositor, de quem a cantora selecionou 12 músicas da lista de 60 que recebeu de Gismonti. O resultado é um disco denso que chega a pecar pela linearidade, sobretudo na primeira parte. As melodias rebuscadas de Gismonti receberam tratamento à altura de seu refinamento. Contudo, tal sofisticação não impede que, mais uma vez, Jane Duboc apresente um disco que não faça (de todo) jus à sua voz de técnica irretocável. Entre os melhores momentos, há Auto-Retrato (com arranjo de envolvente leveza) e o xote Sanfona, no qual Duboc recebe Olivia Byington (intérprete original da música) para harmonioso dueto. Há alguns elementos que dão ao álbum algum colorido, como o coral infantil que entoa Memória e Fado (faixa urdida também com as cordas do Quarteto Bessler) e o piano de tonalidades jazzísticas de Fernando Merlino, ouvido em Janela de Ouro (A Traição das Esmeraldas), faixa gravada com a voz já cansada de Pery Ribeiro. Outro convidado, Jay Vaquer, realça em dueto afetivo com a mãe toda a poesia contida em Ano Zero, outro destaque do CD. A propósito, dez das 12 composições ostentam belos versos do poeta Geraldo Carneiro (Paulo César Pinheiro é letrista afiado de Saudações e João Carlos Pádua é o parceiro de Gismonti em Mais do que a Paixão). Enfim, é um álbum que, a julgar por sua ficha técnica, tinha tudo para ser grandioso. Não é. É, claro, um inevitável bom disco porque Duboc é ótima cantora e porque a qualidade do repertório é alta. Só que fica a impressão de que ainda é preciso esperar por um disco em que ouvir o canto de Duboc gere sensação de (real) encantamento.

18 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Apresentada por Luiz Eça (1936 - 1992) a Egberto Gismonti, em 1971, Jane Duboc de imediato despertou o interesse do compositor e pianista por sua rara musicalidade. Tanto que Gismonti logo a convidou para participar do show Água e Vinho. Segundo álbum de Duboc editado pela Biscoito Fino, Canção da Espera celebra a obra pouco explorada de Gismonti, de quem a cantora selecionou 12 músicas da lista de 60 que recebeu de Gismonti. O resultado é um disco denso que chega a pecar pela linearidade, sobretudo na primeira parte. As melodias rebuscadas de Gismonti receberam tratamento à altura de seu refinamento. Contudo, tal sofisticação não impede que, mais uma vez, Jane Duboc apresente um disco que não faça (de todo) jus à sua voz de técnica irretocável. Entre os melhores momentos, há Auto-Retrato (com arranjo de envolvente leveza) e o xote Sanfona, no qual Duboc recebe Olivia Byington (intérprete original da música) para harmonioso dueto. Há alguns elementos que dão ao álbum algum colorido, como o coral infantil que entoa Memória e Fado (faixa urdida também com as cordas do Quarteto Bessler) e o piano de tonalidades jazzísticas de Fernando Merlino, ouvido em Janela de Ouro (A Traição das Esmeraldas), faixa gravada com a voz já cansada de Pery Ribeiro. Outro convidado, Jay Vaquer, realça em dueto afetivo com a mãe toda a poesia contida em Ano Zero, outro destaque do CD. A propósito, dez das 12 músicas ostentam versos do poeta Geraldo Carneiro (Paulo César Pinheiro é o letrista de Saudações e João Carlos Pádua é o parceiro de Gismonti em Mais do que a Paixão). Enfim, é um álbum que, a julgar por sua ficha técnica, tinha tudo para ser grandioso. Não é. É, claro, um inevitável bom disco porque Duboc é ótima cantora e porque a qualidade do repertório é alta. Só que fica a impressão de que ainda é preciso esperar por um disco em que ouvir o canto de Duboc gere sensação de total encantamento.

21 de novembro de 2008 às 09:28  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, tem dias que acho que vc lê meus pensamentos.

Sou super-fã das boas cantoras brasileiras e sempre tive essa impressão da Jane Duboc.

Linda voz, afinada, antenada com o repertório, mas ....

Que ela descubra o caminho para fazer um CD que possamos ouvir e nos deliciarmos com a beleza de sua voz.

21 de novembro de 2008 às 10:06  
Blogger Vladimir said...

Mauro, você tem toda a razão em dizer que Jane Duboc é uma ótima cantora!!

Pena que o grande público brasileiro ainda não a reconheceu como tal... O que aliás, não é de se estranhar... Infelizmente.

Abraços

21 de novembro de 2008 às 12:41  
Anonymous Anônimo said...

Comprei o disco: é frio.
Realmente, a Jane ainda deve um disco à altura de sua voz.
Jouber-BH

21 de novembro de 2008 às 12:54  
Anonymous Anônimo said...

Acho JD bastante linear; não é prerrogativa deste CD.
Falta-lhe verve.

21 de novembro de 2008 às 14:01  
Anonymous Anônimo said...

Realmente tenho que concordar com todos, é uma voz incrível, me toca profundamente, um timbre belíssimo e uma técnica maravilhosa, só que sinto que a discografia da Jane é um pouco fria, falta ousadia, surpresas, experimentações, acho que há sempre um cuidado excessivo, como se tivesse uma bolha em volta... queria vê-la se jogar mais, só daí que acho que virá um disco que tenha no repertório e na sonoridade toda a emoção que ela tem no gogó...

21 de novembro de 2008 às 17:07  
Anonymous Anônimo said...

Acho que a Jane Duboc chegou bem perto mesmo de um disco á altura de sua voz em "Uma porção de Marias"

21 de novembro de 2008 às 18:04  
Anonymous Anônimo said...

Jane Duboc tem carreira irregular.
Começou na banda de Rock progressivo "Bacamarte" - que lançou um único LP nunca digitalizado ("Antes do Fim") e para quem conheçe: já arrebentava.
Depois lançou de forma independente seu primeiro solo, também nunca reeditado, com belo e ousado repertório.
Chegou ao público com a música "Sonhos" e "Chama da Paixão" em um belo disco pela Continental.
Após o gostinho do sucesso enveredou pelo "brega" mas logo, logo - só durou 2 discos - voltou a ser a Jane que mereçemos: só grava o que quer COM UMA DAS TRÊS MAIORES VOZES DO PAÍS.
É fato que seu repertório é irregular, mas sendo Jane vale tudo. Eu não só perdôo, como compro e idolatro esse "gogó de ouro". Viva ela e viva a Biscoito Fino que, para variar, é o porto seguro da boa MPB da atualidade.

21 de novembro de 2008 às 18:27  
Anonymous Anônimo said...

Maravilhosa cantora da música do Brasil !!

Que nos brinda com música adulta e sofisticada !! Salve a diversidade da MPB !!

Obrigado Jane Duboc !!

21 de novembro de 2008 às 20:20  
Blogger Jorge Reis said...

ADORO JANE, DESDE A DÉCADA DOS FESTIVAIS, SEUS DISCOS SÃO EXCELENTES, SUA VOZ IMPAR, TAMBÉM JÁ OUVI DIZER QUE O DISCO É FRIO, DEVE SER DEFEITO NO FORNO DA GRAVADORA, POIS O MESMO SE DEU COM OS DOIS DISCOS DE ESTUDIO DE MONICA SALMASO.
CANTORAS COM A POSTURA DE SALMASO E DUBOC ACHO QUE FUNCIONAM MELHOR TENDO INDEPENDENCIA TOTAL.
POR FALAR EM JANE PARA QUEM AINDA NÃO OUVIU RECOMENDO "MOVIE MELODY", CD ONDE ELA E AQUELE TECLADISTA DA ZIZI POSSI, ACHO QUE É J SWAMI, NÃO LEMBRO COMO SE ESCREVE OU PRONUNCIA. NESTE TRABALHO ELA CANTA OS GRANDES CLASSICOS DO CINEMA É IMPERDÍVEL.

21 de novembro de 2008 às 20:54  
Anonymous Anônimo said...

O problema de Jane, para mim, não é nem repertório, interpretação, nada disso.

A voz dela é linda, mas ela tem uma espremidinha na pronúncia dos "Us" e "Is" (que também acometeu Zizi Possi durante uma época) que torna a dicção dela enjoativa. Por melhor que seja o repertório de um disco de Jane, sempre fica longo demais com tanto "U" e "I" apertadinho.

Mas já está provado que nem sempre as melhores cantoras são as maiores (Cláudia, Jane) e nem sempre as maiores são as melhores (Clementina, Nara).

22 de novembro de 2008 às 11:19  
Anonymous Anônimo said...

jane já fez um bom disco que é o seu primeiro, chamado Languidez. Tá certo, é questão de gosto, mas penso que naquele disco ela já se "jogou" bastante.

22 de novembro de 2008 às 11:19  
Anonymous Anônimo said...

Jane adoçica demais o seu cantar. Quando cantar pra fora , aí sim vai fazer um disco maravilhoso.

22 de novembro de 2008 às 13:50  
Anonymous Anônimo said...

Jane tem uma voz bonita, uma técnica apurada, mas tem um repertório um tanto irregular e me incomoda um pouco o excesso de segundas e terceiras vozes, e cantilenas que ela vez por outra insiste em por em suas músicas.

23 de novembro de 2008 às 11:12  
Anonymous Anônimo said...

Se João Gilberto é quase unanimidade com aquela voz chaaaaaaaata, alguém pode criticar Jane ?
Bom, estamos em uma democracia e, portanto, vale até falar besteira, com tanto que não seja crime.

24 de novembro de 2008 às 19:03  
Anonymous Anônimo said...

Estou achando o cd "cançao da espera" excelente!!! Acho que o descontentamento de alguns deve-se ao fato, talvez, do não entendimento das letras e, quanto a voz e interpretação da jane só na faixa "canção de espera" e no trecho "como um arlequim" da faixa "auto retrato" já superam qualquer expectativa!!!
Talvez eu tenha gostado tanto por ser novo na escuta de uma boa música!!

E quanto ao cd ser "frio", tem mesmo que ser!! Acho que faltou mesmo um entendimento das letras...
Acho que compreendi a abordagem do cd, e portanto ele tem que ser frio mesmo ou seria uma antítese! Mas a Jane vem a Vitória no dia 21/12 pro show desse cd, e espero que ela o explique ainda mais!!!!

Sem dúvida, voz ímpar!!
:D

abraços!
rodolfo

3 de dezembro de 2008 às 02:00  
Anonymous Anônimo said...

Parabéns Rodolfo,

Gostei de sua interpretação técnica. Só a emoção da voz de Jane já bastava, mas vou prestar atenção no que diz respeito a seu comentário. Não ouço música só por ouvir - e olha que tenho mais de 4.500 CDs e DVDs - e me interessei pela observação. Um fato é certo: comum ela não é, nunca foi.

3 de dezembro de 2008 às 18:20  
Anonymous Anônimo said...

Meu nome é Isac Santos
e-mail isac.santos_jazz@terra.com.br

Adquiri o CD "Canção da Espera", escutei e adorei!! O Disco é primoroso!! Excelente!! Jane Duboc reafirma (como se fosse preciso)o seu nome entre as CINCO MAIORES CANTORAS BRASILEIRAS DE TODOS OS TEMPOS!
Sua discografia é primorosa e indispensável para um amante da boa musica!!
Uma referência na Discografia Brasileira!!
É um engano quando é dito que seu novo disco é frio. É frio para quem não consegue compreende-lo!! É inteligivel para quem não consegue ir além do obvio, coisa que essa interprete nunca foi, mesmo quando emprestava a belissima voz, seu timbre unico para cancões romanticas dos anos 80. Mesmo popular ela imprimia sua personalidade e densidade pessoal que não atingia o povão... somente os que conseguiam entender suas mensagens...
Não me canso de escutar "Canção da Espera", um disco incomum, raro,belo, poético, inesquecivel, denso...Parabéns a cantora e a gravadora.
Mais um belissimo ponto em sua irretocavel e preciosa coleção de discos memoráveis.
Ela escreveu mais uma pagina na discografia brasileira !!!
Seus discos fazem parte da vida dos amantes da Boa Musica!!!

15 de dezembro de 2008 às 22:45  

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