26 de outubro de 2008

Tim: No palco, Camelo solidifica som particular

Resenha de Show / Tim Festival 2008
Título: Sou
Artista: Marcelo Camelo
Foto: Domingos Guimarães / Site Tim Festival 2008
Local: Marina da Glória (RJ)
Data: 26 de outubro de 2008
Cotação: * * * 1/2

"Pô, ele não parado... O cara está em movimento", argumentou um espectador para sua acompanhante ao sair da apresentação solo de Marcelo Camelo no Tim Festival 2008. Mesmo com o cancelamento da vinda do cantor inglês Paul Weller ao festival, o show do hermano conseguiu sustentar o interesse do público e se tornou um dos mais concorridos da esvaziada última noite carioca do evento (o grupo The Gossip, que se apresentaria em outro palco na mesma noite, também cancelou sua vinda ao Brasil). Na companhia do grupo Hurtmold, com quem gravou seu disco solo Sou, Camelo solidifica no palco a construção de um universo sonoro bem particular, já esboçado no CD. Ao vivo, o som do artista fica mais encorpado e ganha peso. Em contrapartida, algumas nuances e delicadezas do álbum se diluem no palco. De todo modo, como bem observou o espectador, Camelo segue caminho próprio sem reproduzir a estética do rock-MPB dos Los Hermanos. Mesmo quando lança mão de uma outra música do cancioneiro do desativado grupo, como Morena e Pois É, o cantor o faz dentro de sua atmosfera atual, sem tentar evocar a memória afetiva de saudosos fãs do quarteto. Ou seja, ele não faz concessão.

Ao aparecer no palco Bossa Mod aos 34 minutos deste domingo, 26 de outubro de 2008, Camelo já contava a seu favor com a disposição de boa parte da platéia. Ver a primeira apresentação solo do artista em sua cidade natal era a motivação de quem optou por ficar com o ingresso da noite após o anúncio do cancelamento do show de Paul Weller - ainda que quem tenha fechado a noite tenha sido Arnaldo Antunes, convocado às pressas (assim como Roberta Sá) pela produção do festival para ajudar a tapar o rombo aberto com a ausência de Weller. "Foi muito bom tocar em casa", disse Camelo, ao fim do show, ciente da importância simbólica da apresentação carioca em meio a uma turnê iniciada em setembro.

Uma hora depois, findo o show, a sensação dominante na platéia era positiva. Aberto em clima viajante com Téo e a Gaivota, tema sucedido no mesmo tom pela balada Tudo Passa, o roteiro termina em clima carnavalesco com o público dançando ao som da deliciosa marchinha Copacabana, que, no palco, ganha a vivacidade rítmica diluída em estúdio. Camelo acerta ao elevar os tons e ao dar ao show um caráter menos intimista que amplifica os barulhinhos bons de seu etéreo disco solo. Se a jam experimental e polifônica do Hurtmold (à qual Camelo adere tocando seu violão sentado no chão do palco) assusta ouvidos mais convencionais, pouco acrescentando ao espetáculo, músicas como Janta - em que Camelo assume também a parte em inglês solada no disco por Mallu Magalhães - e Doce Solidão tiveram suas respectivas belezas reiteradas em cena, entre temas de regionalismo estilizado. Apareceram a ciranda Menina Bordada e Vida Doce - tema temperado com molho de salsa e carimbó, pretexto para Camelo exaltar os Mestres da Guitarrada, atração da mesma noite do festival. Ainda dentro dessa linha, a surpresa foi Despedida, a música que o compositor deu para Maria Rita gravar em seu disco Segundo (a versão da cantora tem mais força e beleza). Enfim, o show deixa a impressão de que Marcelo Camelo não saiu do Los Hermanos por egotrips e rivalidades com Rodrigo Amarante, mas pela consciência de já caminhar em movimento diverso do grupo.

5 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

"Pô, ele não tá parado... O cara está em movimento", argumentou um espectador para sua acompanhante ao sair da apresentação solo de Marcelo Camelo no Tim Festival 2008. Mesmo com o cancelamento da vinda do cantor inglês Paul Weller ao festival, o show do hermano conseguiu sustentar o interesse do público e se tornou um dos mais concorridos da esvaziada última noite carioca do evento (o grupo The Gossip, que se apresentaria em outro palco na mesma noite, também cancelou sua vinda ao Brasil). Na companhia do grupo Hurtmold, com quem gravou seu disco solo Sou, Camelo solidifica no palco a construção de um universo sonoro bem particular, já esboçado no CD. Ao vivo, o som do artista fica mais encorpado e ganha peso. Em contrapartida, algumas nuances e delicadezas do álbum se diluem no palco. De todo modo, como bem observou o espectador, Camelo segue caminho próprio sem reproduzir a estética do rock-MPB dos Los Hermanos. Mesmo quando lança mão de uma outra música do cancioneiro do desativado grupo, como Morena e Pois É, o cantor o faz dentro de sua atmosfera atual, sem tentar evocar a memória afetiva de saudosos fãs do quarteto. Ou seja, ele não faz concessão.

Ao aparecer no palco Bossa Mod aos 34 minutos deste domingo, 26 de outubro de 2008, Camelo já contava a seu favor com a disposição de boa parte da platéia. Ver a primeira apresentação solo do artista em sua cidade natal era a motivação de quem optou por ficar com o ingresso da noite após o anúncio do cancelamento do show de Paul Weller - ainda que quem tenha fechado a noite tenha sido Arnaldo Antunes, convocado às pressas (assim como Roberta Sá) pela produção do festival para ajudar a tapar o rombo aberto com a ausência de Weller. "Foi muito bom tocar em casa", disse Camelo, ao fim do show, ciente da importância simbólica da apresentação carioca em meio a uma turnê iniciada em setembro.

Uma hora depois, findo o show, a sensação dominante na platéia era positiva. Aberto em clima viajante com Téo e a Gaivota, tema sucedido no mesmo tom pela balada Tudo Passa, o roteiro termina em clima carnavalesco com o público dançando ao som da deliciosa marchinha Copacabana, que, no palco, ganha a vivacidade rítmica diluída em estúdio. Camelo acerta ao elevar os tons e ao dar ao show um caráter menos intimista que amplifica os barulhinhos bons de seu etéreo disco solo. Se a jam experimental e polifônica do Hurtmold (à qual Camelo adere tocando seu violão sentado no chão do palco) assusta ouvidos mais convencionais, pouco acrescentando ao espetáculo, músicas como Janta - em que Camelo assume também a parte em inglês solada no disco por Mallu Magalhães - e Doce Solidão tiveram suas respectivas belezas reiteradas em cena, entre temas de regionalismo estilizado. Apareceram a ciranda Menina Bordada e Vida Doce - tema temperado com molho de salsa e carimbó, pretexto para Camelo exaltar os Mestres da Guitarrada, atração da mesma noite do festival. Ainda dentro dessa linha, a surpresa foi Despedida, a música que o compositor deu para Maria Rita gravar em seu disco Segundo (a versão da cantora tem mais força e beleza). Enfim, o show deixa a impressão de que Marcelo Camelo não saiu do Los Hermanos por egotrips e rivalidades com Rodrigo Amarante, mas pela consciência de já caminhar em movimento diverso do grupo.

26 de outubro de 2008 às 12:37  
Anonymous Anônimo said...

não vi o show, o disco é esquisito, tem música bonita, mas Camelo complica o que podia ser mais simples e ainda mais bonito

26 de outubro de 2008 às 17:22  
Anonymous Anônimo said...

Não curto Camelo, prefiro dromedário.
Mas essa banda que o acompanha(Hurtmold) é muito boa!
Recomendo o trabalho solo deles, rock instrumental muito do bem feito.

Jose Henrique

26 de outubro de 2008 às 18:44  
Blogger Edu Guimarães said...

Camelo?

Chato pra caramba. E só.

27 de outubro de 2008 às 10:39  
Blogger Edu Guimarães said...

Aliás, querem ouvir algo minimalista e muito interessante? É o MoMo, procurem na internet por esse nome e pelo dico "Buscador". Lindo!

27 de outubro de 2008 às 14:33  

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