10 de outubro de 2008

Força de 'Maga' emerge naturalmente no palco

Resenha de show
Título: Naturalmente
Artista: Margareth Menezes
Local: Mistura Fina (RJ)
Data: 9 de outubro de 2008
Cotação: * * * *
Em cartaz às quintas-feiras do mês de outubro de 2008

"Onde queres Quaresma, fevereiro", já parece avisar Margareth Menezes em verso de O Quereres, a música de Caetano Veloso que integra em registro heavy o roteiro do novo show da cantora, Naturalmente, inspirado no recém-lançado CD homônimo em que Maga abre o leque estético e se distancia momentaneamente do afro-pop-brasileiro que caracteriza sua obra fonográfica. Se no disco a produção de Marco Mazzola dilui a força e o calor do canto de Margareth, no show a artista recupera essa força que parece vir da natureza - como bem assinala Zeca Baleiro em depoimento sobre o disco. Força que emerge naturalmente no palco desde que ela aparece em cena para cantar Gente, a festiva inédita de Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes que era para ter entrado como faixa-bônus no seu projeto fonográfico anterior, Brasileira ao Vivo - Uma Homenagem ao Samba Reggae, mas foi limada pela EMI Music (por redução de custos) e acabou sendo lançada no disco que marca a estréia de Margareth na MZA Music.

Por mais que os arranjos sigam a linha do disco, os teclados de Ricardo Leão soam menos imperativos no show, dividindo espaço com a percussão e a guitarra (ainda assim, eles soam excessivos e inadequados em números como o samba Abuso de Poder). Mas o grande salto do show em relação ao CD reside na temperatura do canto de Margareth. Em tom sempre caloroso, a artista faz crescer no palco, com desenvoltura, todas as 11 músicas do álbum. Ao vivo, sua leitura de Os Cegos do Castelo - o hit dos Titãs que puxa o disco - fica tão envolvente que a platéia embarca entusiasmada. Assim como reage bem a Matanza (o galope ecológico de Jatobá).

Cheia de charme, já perceptível no figurino pop, Margareth insere citação de Garota de Ipanema na autoral Lua no Mar - o número mais fraco do roteiro, apesar da boa bossa - e mostra grande habilidade vocal e senso rítmico quando abre o coco-de-embolada Bate o Mancá, do compositor pernambucano Jacinto Silva, sem engolir um verso que seja da quilométrica letra quebra-língua. Em momentos inusitados, Maga mergulhou no Lindo Lago do Amor - música de Gonzaguinha (1945 - 1991), turbinada com molho percussivo - e reviveu, com intimismo emocionado, Eu Não Existo sem Você, a canção de Tom Jobim (1927 - 1994) e Vinicius de Moraes (1913 - 1980) lançada por Elizeth Cardoso (1920 - 1990) há 50 anos no histórico álbum Canção do Amor Demais (1958). Mas a maior surpresa foi quando a cantora sintonizou a FM Rebeldia - através da qual o compositor Alceu Valença dá voz aos anseios populares captados nos morros cariocas - e, num link antenado, inseriu na programação o rap Qual É?, obra-prima de Marcelo D2. Sim, cheia de atitude, Margareth Menezes canta rap no show. E o tal rap naturalmente se adequa à força de sua voz, definitivamente mais talhada para o palco do que para o estúdio...

9 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

"Onde queres quaresma, fevereiro", parece avisar Margareth Menezes em verso de O Quereres, a música de Caetano Veloso que integra em registro heavy o roteiro do novo show da cantora, Naturalmente, inspirado no recém-lançado CD homônimo em que Maga abre o leque estético e se distancia momentaneamente do afro-pop-brasileiro que molda sua obra fonográfica. Se no disco a produção de Marco Mazzola dilui a força e o calor do canto de Margareth, no show a artista recupera essa força que parece vir da natureza - como bem assinala Zeca Baleiro em depoimento sobre o disco. Força que emerge naturalmente no palco desde que ela entra em cena para cantar Gente, a festiva inédita de Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes que era para ter entrado como faixa-bônus no seu projeto fonográfico anterior, Brasileira ao Vivo - Uma Homenagem ao Samba Reggae, mas foi limada pela EMI Music (por redução de custos) e acabou sendo lançada no disco que marca a estréia de Margareth na MZA Music.

Por mais que os arranjos sigam a linha do disco, os teclados de Ricardo Leão soam menos imperativos no show, dividindo espaço com a percussão e a guitarra (ainda assim, eles soam excessivos e inadequados em números como o samba Abuso de Poder). Mas o grande salto do show em relação ao CD reside na temperatura do canto de Margareth. Em tom sempre caloroso, a artista faz crescer no palco, com desenvoltura, todas as 11 músicas do álbum. Ao vivo, sua leitura de Os Cegos do Castelo - o hit dos Titãs que puxa o disco - fica tão envolvente que a platéia embarca entusiasmada. Assim como reage bem a Matanza, o galope ecológico de Jatobá.

Cheia de charme, já perceptível no figurino pop, Margareth insere citação de Garota de Ipanema na autoral Lua no Mar - o número mais fraco do roteiro, apesar da bossa - e mostra grande habilidade vocal e senso rítmico quando abre o coco-de-embolada Bate o Mancá, do compositor pernambucano Jacinto Silva, sem engolir uma só verso da quilométrica letra quebra-língua. Em momentos inusitados, Maga mergulhou no Lindo Lago do Amor - música de Gonzaguinha (1945 - 1991), turbinada com molho percussivo - e reviveu, com intimismo emocionado, Eu Não Existo sem Você, a canção de Tom Jobim (1927 - 1994) e Vinicius de Moraes (1913 - 1980) lançada por Elizeth Cardoso (1920 - 1990) há 50 anos no histórico álbum Canção do Amor Demais (1958). Mas a maior surpresa foi quando a cantora sintonizou a FM Rebeldia - através da qual o compositor Alceu Valença dá voz aos anseios populares captados nos morros cariocas - e, num link antenado, inseriu na programação o rap Qual É?, obra-prima de Marcelo D2. Sim, cheia de atitude, Margareth Menezes canta rap no show. E o tal rap naturalmente se adequa à força de sua voz, definitivamente mais talhada para o palco do que para o estúdio...

10 de outubro de 2008 às 19:55  
Anonymous Anônimo said...

MAGA é muito legal.
Pena que se tornou moda esse negócio de bons shows DURANTE a semana.
Pros simples mortais que trabalham de segunda à sexta é de matar.

10 de outubro de 2008 às 19:56  
Anonymous Anônimo said...

Menino... Margareth decorou uma letra quebra-língua kilométrica, foi??????? Então é uma revolução mesmo... pq tem ANOS que acompanho Margareth nos carnavais de Salvador e, mesmo com tanto ensaio, ela não aprende o final de "Chuva suor e cerveja". Só sai " a gente se embala se embala se embala se embala na porta da igreja"....


Mas Margareth, apesar de insistir em músicas pouco adequadas à sua voz afro, é realmente uma grande cantora.

11 de outubro de 2008 às 09:29  
Anonymous Anônimo said...

Maga está fofinha nessa foto...

13 de outubro de 2008 às 08:26  
Anonymous Anônimo said...

ELA É UMA CANTORA QUE SE PERDEU NA EXALTAÇÃO DA SUA NEGRITUDE E NÃO ACHA UM CAMINHO DE VOLTA; TEM UMA GRANDE VOZ E SÓ.

13 de outubro de 2008 às 16:50  
Anonymous Anônimo said...

Será que nos shows " Os cegos do Castelo " ficou melhor que no CD ?

15 de outubro de 2008 às 09:19  
Blogger Maria Valéria said...

Só vou falar isso: Margareth Menezes é 'A' cantora baiana!!! E ponto!

É super reconhecida no exterior, vende bastante discos. Pena que no Brasilzão ....

Abraços,
Maria Valéria.

15 de outubro de 2008 às 14:53  
Anonymous Anônimo said...

MARGARETH NÃO ACONTECEU E NEM VAI ACONTECER, POR MAIS QUE TENTEM ERGUÊ-LA, JÁ ERA PRA TER DECOLADO A MUITO TEMPO; PEGOU UM CAMINHO ERRADO E NUNCA MAIS VOLTOU.

15 de outubro de 2008 às 17:00  
Anonymous Anônimo said...

Acho que Margareth é muito querida, todo mundo gosta dela, embora não comprem seus cds e não vão a seus shows, é o total oposto da Ivete Sangalo, odiada até por quem vai aos seus shows. Acho a Maga muito linda, fofa, tesuda, uma grande cantora que já encontrou seu espaço, é só relaxar e curtir o público que ela conquistou nestes anos, não precisa inventar muito.

16 de outubro de 2008 às 00:40  

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