29 de agosto de 2008

Show do Rappa fica entre catarse e linearidade

Resenha de show
Título: 7 Vezes
Artista: O Rappa (Falcão em foto de Vera Donato)
Local: Canecão (RJ)

Data: 28 de agosto de 2008
Cotação: * * *
Em cartaz em 29 e 30 de agosto de 2008

O show 7 Vezes - base da turnê nacional que O Rappa estreou no Rio de Janeiro (RJ) na noite de quinta-feira, 28 de agosto de 2008 - oscila entre a catarse e uma certa linearidade, sobretudo em sua primeira metade. Contudo, a participação explosiva do público em números como Me Deixa e Rodo Cotidiano rendeu grandes momentos para um bom show encerrado de forma morna. Sem ter aparentemente programado um bis, O Rappa fechou o roteiro com a suingante Monstro Invisível e, na imediata seqüência, as caixas do Canecão propagaram um som alto de boate, cortando o barato da platéia que, certamente, iria pedir mais, mas logo se dispersou. Fecho esquisito à parte, 7 Vezes confirma o entrosamento dos músicos. As bases, ouvidas num volume muito alto, são vigorosas. Xandão e Lauro Farias arrasam nas guitarras e no baixo. Marcelo Lobato volta a pilotar bem os teclados, mas a decisão de passar a bateria para o percussionista Cleber Sena ainda parece arriscada...
No palco, pouco importa que as letras do sétimo álbum da banda propaguem idéias mal alinhavadas. A forma atropelada com que o vocalista Falcão canta os versos de músicas como Meu Santo Tá Cansado, Reza Vela, Na Frente do Reto e Às Comunidades do Engenho Novo igualam boa parte das músicas. Falcão nega em cena as conquistas obtidas como cantor no CD 7 Vezes. Mas isso também pouco importa para o público que estava ali para se esbaldar ao som de temas como O Que Sobrou do Céu. De todo modo, o som é azeitado, o belo cenário é coerente com a história da banda - com direito a um telão posicionado no meio, no qual são projetadas frases e imagens (como a de Jimi Hendrix, por exemplo, no momento em que a banda toca Hey Joe) - e o jogo de luz, quente, preenche e valoriza a cena. Sem falar nas vinhetas que pontuam o roteiro toda vez que Falcão dá a palavra de ordem, "Soundsystem!", numa alusão aos sistemas de som que ajudaram a propagar o reggae pelas ruas da Jamaica. Deram charme ao show!!
E assim, com um som que remete tanto à Jamaica como ao Bronx, passando pela Baixada Fluminense (RJ), o Rappa mandou o seu recado com numerosos efeitos eletrônicos e um som de peso. A presença invisível de Marcelo Yuka é sentida. Tanto que Falcão pede "uma salva de palmas" para o ex-integrante do Rappa antes de apresentar Todo Camburão Tem um Pouco de Navio Negreiro, número emendado em seqüência matadora com Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero) e Vapor Barato (com arranjo que ganha peso crescente). Algumas boas músicas do álbum 7 Vezes, como o ragga Farpa Cortante, não surtem no palco o efeito do disco. Talvez seja questão de tempo. Ou não. Como disse Falcão em cena, o Rappa vive "outra história, outra vida, outro momento". É isso...

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

O show 7 Vezes - base da turnê nacional que O Rappa estreou no Rio de Janeiro (RJ) na noite de quinta-feira, 28 de agosto de 2008 - oscila entre a catarse e uma certa linearidade, sobretudo em sua primeira metade. Contudo, a participação explosiva do público em números como Me Deixa e Rodo Cotidiano rendeu grandes momentos para um bom show encerrado de forma morna. Sem ter aparentemente programado um bis, O Rappa fechou o roteiro com a suingante Monstro Invisível e, na imediata seqüência, as caixas do Canecão propagaram um som alto de boate, cortando o barato da platéia que, certamente, iria pedir mais, mas logo se dispersou.
Fim esquisito à parte, 7 Vezes confirma o entrosamento dos músicos. As bases, ouvidas num volume alto, são vigorosas. E, no palco, pouco importa que as letras do sétimo álbum da banda propaguem idéias mal alinhavadas. A forma atropelada com que o vocalista Falcão canta os versos de músicas como Meu Santo Tá Cansado, Reza Vela, Na Frente do Reto e Às Comunidades do Engenho Novo igualam boa parte das músicas. Falcão nega em cena as conquistas obtidas como cantor no CD 7 Vezes. Mas isso também pouco importa para o público que estava ali para se esbaldar ao som de temas como O Que Sobrou do Céu. De todo modo, o som é azeitado, o belo cenário é coerente com a história da banda - com direito a um telão posicionado no meio, no qual são projetadas frases e imagens (como a de Jimi Hendrix, por exemplo, no momento em que a banda toca Hey Joe) - e o jogo de luz, quente, preenche e valoriza a cena. Sem falar nas vinhetas que pontuam o roteiro toda vez que Falcão dá a palavra de ordem, "Soundsystem!", numa alusão aos sistemas de som que ajudaram a propagar o reggae pelas ruas da Jamaica. Deram charme ao show!!
E assim, com um som que remete tanto à Jamaica como ao Bronx, passando pela Baixada Fluminense (RJ), o Rappa mandou o seu recado com muitos efeitos eletrônicos e um som de peso. A presença invisível de Marcelo Yuka é sentida. Tanto que Falcão pede "uma salva de palmas" para o ex-integrante do Rappa antes de apresentar Todo Camburão Tem um Pouco de Navio Negreiro, número emendado em seqüência matadora com Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero) e Vapor Barato (com arranjo que ganha peso crescente). Algumas boas músicas do álbum 7 Vezes, como o ragga Farpa Cortante, não surtem no palco o efeito do disco. Talvez seja questão de tempo. Ou não. Como disse Falcão em cena, o Rappa vive "outra história, outra vida, outro momento". É isso...

29 de agosto de 2008 às 09:57  
Anonymous Anônimo said...

Sejamos sinceros: O Rappa pode fazer o pior disco que for (o que nunca foi o caso), e, ainda assim, seu show nunca merecerá notas ruins. É das coisas mais catárticas e pulsantes a que já vi. Não só pela banda, mas pelo público. Simplesmente não dá para tentar ficar imune.

De mais a mais, em qual "Acústico MTV" o vocalista teve manha suficiente para arriscar um "mosh" como Falcão o fez na performance de "Eu Quero Ver Gol" que fechava CD e show desplugado que a MTV gravou?

P.S.: O Mauro falou dos ecos da Baixada, da Jamaica e do Bronx na música do quarteto. Não é à toa que eles tem a canção "Brixton, Bronx e Baixada", no primeiro disco...

Felipe dos Santos Souza

29 de agosto de 2008 às 12:40  
Anonymous Anônimo said...

" A presença invisível de Yuka é sentida"

Bela frase, embora eu ache que a essa altura do campeonato não corresponda a realidade.
O Rappa é grande com ou sem Yuka, assim como a Nação Zumbi tb é, com ou sem Science.
Vamos deixar o passado no passado.
Façamos como os budistas, vamos focar no presente.

Jose Henrique

29 de agosto de 2008 às 14:56  
Anonymous Anônimo said...

A matéria do jornal da globo, sobre os shows do rappa definiu o que é um show do rappa.
Dificilmente você vai ver um show do rappa vazia e sem empolgação.

Acho que o grupo se supera no palco, mais que no estudio, só discordo da parte que fala que o Falcão no palco não repete o que fez em estudio no 7 vezes, isso é verdade em termos, até porque várias músicas ele canta difrente no palco, e até diferente de um shiw para o outro, isso faz cada sow ser único.
E hoje, não vejo um vocalista com presença de palco como o Falcão, lembrando roqueiros com presença de palco, que consegue fazer a platéia entrar no clima, mesmo se a música não for boa, o que não é o caso!

30 de agosto de 2008 às 14:57  
Blogger Unknown said...

Fui a mais um show do Rappa no sábado e como sempre....
O RAPPA É MUIIIITO BOM!!!!
MUITA ENERGIA POSITIVA!!!!
PARABÉNS!!!!!

31 de agosto de 2008 às 12:02  
Blogger Carol Fox said...

Cara, o RAPPA É FODA, e SEMPRE SERÁ... Agora essa parte "mas a decisão de passar a bateria para o percussionista Cleber Sena ainda parece arriscada... " Caraca, você chegou a ver o Cleber tocar ??? Acho que não... Porque ele tá tocando pra caralho...
Esses três dias de lançamento no Rio, foram maravilhosos... Fecho com o Rappa sempre !!!
Bjs, Carolzinha
Fanrappa MG/SP

3 de setembro de 2008 às 13:36  

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