15 de agosto de 2008

João canta Tito, Sérgio e Tom em show em SP

Com 97 minutos de atraso em relação ao horário marcado (21h) para o primeiro dos quatro shows da turnê que o traz de volta aos palcos brasileiros, dentro do ciclo de eventos promovidos pelo banco Itaú para festejar os 50 anos da Bossa Nova, João Gilberto subiu ao palco do Auditório Ibirapuera, em São Paulo (SP), na noite de 14 de agosto de 2008, e cantou 29 músicas, sendo nove no farto bis. Três músicas em especial - Chove Lá Fora (Tito Madi), O Nosso Olhar (Sérgio Ricardo) e 13 de Ouro (Marino Pinto e Herivelto Martins) - não faziam parte do recorrente repertório do artista e foram as surpresas de roteiro que incluiu Morena Boca de Ouro (Ary Barroso), Isto Aqui o que É? (Ary Barroso), Preconceito (Marino Pinto e Wilson Batista), Bahia com H (Denis Brean), O Pato (Neusa Teixeira e Jayme Silva), Rosa Morena (Dorival Caymmi), Você Já Foi à Bahia? (Dorival Caymmi), Aos Pés da Cruz (Marino Pinto e Zé da Zilda), Estate (Bruno Martino e Bruno Brighetti), Disse Alguém (versão de All of me, o clássico norte-americano da lavra de Gerald Marks e Seymour Simons) e Doralice (Antonio Almeida e Dorival Caymmi). Tom Jobim (1927 - 1994) foi o compositor predominante no roteiro. Do maestro soberano, João - visto na foto de Marcos Hermes no palco do Ibirapuera - apresentou Wave, Lígia, Corcovado, Caminhos Cruzados, Garota de Ipanema, Desafinado, Meditação, Samba de uma Nota Só e Chega de Saudade, a obra-prima de Tom com Vinicius de Moraes (1913-1980) que detonou toda a explosão da nova bossa em 1958.
Das surpresas do roteiro, o samba 13 de Ouro - parceria de Marino Pinto (1916 - 1965) com Herivelto Martins (1912 - 1992) - é do repertório de Roberto Silva. Já O Nosso Olhar é canção lançada por seu autor, Sérgio Ricardo, no álbum A Bossa Romântica de Sérgio Ricardo, de 1960. Por sua vez, Chove Lá Fora é o maior standard do repertório autoral de Tito Madi. Na noite desta sexta-feira, 15 de agosto de 2008, João faz no mesmo Auditório Ibirapuera o segundo dos dois shows paulistas agendados dentro da série Itaú Brasil. A única apresentação carioca - programada para 24 de agosto - vai ser feita no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ). A miniturnê brasileira de João Gilberto acaba em 5 de setembro, no Teatro Castro Alves, palco nobre de Salvador, capital da Bahia, o Estado natal deste gênio excêntrico que há 50 anos vem deslumbrando o mundo com sua bossa - sempre - nova.

18 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Aviso aos navegantes: eu não vi o show de João Gilberto em São Paulo. O post é um relato jornalístico, escrito com base em informações publicadas por sites e jornais sobre a primeira apresentação do cantor no Brasil em 2008 (acrescidas da minha pesquisa sobre data e autoria de algumas músicas do roteiro).

15 de agosto de 2008 às 09:09  
Blogger Edu Guimarães said...

97 minutos de atraso... vale tudo isso?
Ainda prefiro as músicas de protesto dos anos 60/70 do que a burguesa bossa nova (em caixa baixa mesmo).

15 de agosto de 2008 às 09:17  
Anonymous Anônimo said...

Gosto de ouvir João Gilberto. Tudo me parece interessante, cantado praticamente sotto voce, com uma atenção religiosa à melodia e com uma métrica que deixa a gente atento.

Mas uma hora e meia de atraso é desrespeito. Eu teria ido embora sem hesitar.

15 de agosto de 2008 às 09:54  
Anonymous Anônimo said...

Não consigo entender esse "mito". Um cara que desrespeita o público, vive de uma lenda, não canta nada... Dá a impressão que só aparece quando está precisando de dinheiro.

15 de agosto de 2008 às 10:21  
Anonymous Anônimo said...

Meu Deus eu jurava que este tipo de comentário ignorante (no sentido literal de desconhecer á) sobre o João só existisse nos 'Uols' da vida,contudo aqui, num reduto onde se pressupõe consciência musical,uma criatura cometer a heresia de afirmar que o João "não canta nada",que vive de um mito Meu Deus!arquétipos combalidos,surdez e inconsciência quanto a AFINAÇÃO DIVISÃO,RESPIRAÇÃO,MÉTRICA,RITMO ETC,indubitável: João é uma das criaturas mais afinadas da nossa musica brasileira (que mais perto chegou do que se pode tomar como perfeito dentro deste campo).E muito mais que um simples interprete que condiciona técnica,fórmulas, segue um itinerariosinho de outrém,dando ligeiros contornos seus:ele dita, reinventa,recria e cria em cima de ,sempre existe uma segunda música quando ela passa pelo crivo do João e assim sendo -sem maquiagens exageros,cacoetes e todo o mais desnecessário respeitando a condição única da canção,com lisura sem nunca sobressair a ela,uníssonos,como numa dança divina -sintomaticamente:em perfeita harmonia,com o silêncio,o vazio (que infelizmente é frequentemente desrespeitado.Situações como agora são um bom exemplo de como saber lidar com o silêncio é fundamental rss).
Não estou aqui para defender as possíveis 'afetações' do João isto é indiferente,mesmo pq ele sobe ao palco e eu duvido que um ser dotado do mínimo grau de sensibilidade consiga manter-se enfurecido por esta ou aquela 'excentricidade' que compõem o caráter dele.Pelo amor de Deus,eu estou até vendo: este é o tipo de país que só presta homenagens póstumas.Poucos lugares no mundo tem uma música farta, brilhante e bela como a nossa - acessível,genial que encanta o restante do mundo.E estou falando de um músico que influenciou até mesmo gerações de músicos de jazz (!)Ademais falamos de uma criatura que reinventou a musica brasileira,que criou um estilo.
Parece que falta a certos tipos de criaturas o que sobra no João: inteligência e SENSIBILIDADE artística.
Não! ele não precisa de dinheiro e tampouco de criaturas com esse nível de pensamento tacanho e obsoleto.

15 de agosto de 2008 às 15:04  
Blogger Flávia C. said...

É, acho que ele só aparece quando tá sem grana mesmo, e é muito provável que não volte a aparecer nem tão cedo, já que tá faturando a maior nota com esses míseros quatro shows.

15 de agosto de 2008 às 15:51  
Anonymous Anônimo said...

Ah, "Chove Lá Fora" não foi uma surpresa? Quando antes João tinha cantado isso?

15 de agosto de 2008 às 17:01  
Anonymous Anônimo said...

Anos atrás fui assisti-lo no TUCA e depois de um chá de espera de quase duas horas, ganhei a rua. 70% da platéia fez o mesmo. Soube depois que ele entrou e fez um show impecável.
Não me arrependi de ter saído. Gosto de ser respeitado.

15 de agosto de 2008 às 17:28  
Anonymous Anônimo said...

joão é o maior artista brasileiro de todos os tempos e em qualquer departamento.
Mesmo atrasando, merece todo o meu respeito.
Se esperei 40m para assistir martinalia, pq nao esperaria 2 horas por joao?

15 de agosto de 2008 às 19:35  
Anonymous Anônimo said...

JG só faz charme com esses atrasos.. cultura tupiniquim..arffff... e tem gente que acha isso o máximo. O atraso do João acaba sendo mais comentado do que a sua atuação....paciência...arf....

15 de agosto de 2008 às 19:48  
Anonymous Anônimo said...

PLATÉIA: 30% conscientes - 70% de gaiatos querendo fazer carão e aparecer nas colunas por que é chique ver João...

Estive lá.

15 de agosto de 2008 às 23:28  
Anonymous Anônimo said...

Vi Joao Gilberto no recente(Junho) show no Carnegie Hall...maravilhoooooooooooozo!!!
Ele parou tudo, foi aplaudidissimo de pe por 3 minutos so ao pisar no palco...atrasou 15 minutos mas cantou muiito e volotu 2 vezes ....deixou a plateia em extase com sua simplicidade cenica...cantou muito bem, reinventou cada acorde...para mim foi um momento unico e especialissimo...nao sou um super fan dele mas sou super fan de alguns artistas diretamente influenciados por ele entao eu nao podia perder esta chance rara. Jamais esquecerei a reinvenao de "Ligia" dele em que o nome Ligia foi totalmente apagado..ele reinventou toda a letra e ficou barrrbaro. Nao sei porque no Brasil existem esta duvida e estes questionamentos em relacao a arte dele...qto as manias ou "chatices" acho que ele da-se o direito de te-las...todas as estrelas sao dificeis mas a arte dele eh o mais importante e esta eh inquestionavel.

Eu o veria novamente com todo prazer e olha que eu nem gosto do "Pato"...mas Joao eh totalmente demais!

16 de agosto de 2008 às 01:04  
Blogger Luiz Felipe Carneiro said...

Mauro,
mesmo quando vc não está presente ao show, os seus relatos são fantásticos.
Eu fui nos dois shows e escrevi alguns comentários. Convido vc e seus leitores a darem uma olhadinha: http://esquinadamusica.blogspot.com/2008/08/show-joo-gilberto-no-auditrio_16.html
Grande abraço,
Luiz Felipe.

16 de agosto de 2008 às 03:13  
Anonymous Anônimo said...

É o maior músico popular em atividade no mundo. Qualquer outro que tivesse atrasado 90 minutos, eu teria ido embora. Mas para poder ver o João mais uma vez, eu teria esperado.

16 de agosto de 2008 às 11:22  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,

Acabei de saber do falecimento do grande mestre Dorival Caymmi. Abraços,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

Muito mais genial e estelar do que uns e outros.

16 de agosto de 2008 às 11:44  
Anonymous Anônimo said...

Perdemos Dorival Caymmi.Fiquei sabendo através de entrevista de Danilo Caymmi no rádio,que a mãe Stela está em coma,há três meses.Acho que ess momento tão difícil explica em parte o sumiço dos palcos da queridíssima Nana Caymmi.

16 de agosto de 2008 às 12:12  
Blogger Pedro Progresso said...

Quem não entendeu até agora, desencana.
Ficadica.

Não vai entender mesmo.
Eu sempre relutei a acreditar que João era pra uns e outros como algumas pessoas bem burras dizem. Esse lance de elitista e burguês é coisa de idiota que não entende absolutamente nada.

Eu sabia que ia encontrar esse tipo de comentário e por isso me preparei pra não fazer um discurso pró-João. Apenas me contento em dizer que a não evolução dessas pessoas 50 anos depois me espanta demais.

Pra esses, eu deixo o recado:
VOCÊS MERECEM É O AGNALDO TIMÓTEO!

17 de agosto de 2008 às 18:17  
Anonymous Anônimo said...

Agnaldo Timóteo é um excelente cantor !

17 de agosto de 2008 às 21:52  

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