5 de agosto de 2008

Gil põe no palco a mistura do tempo cibernético

Resenha de show
Título: Banda Larga Cordel
Artista: Gilberto Gil
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 4 de agosto de 2008
Cotação: * * * *
Em cartaz: Curitiba (8 de agosto) e Florianópolis (9 de agosto)

Visionária, a antena parabolicamará de Gilberto Gil capta o que está no ar desde os tempos da explosão tropicalista de 1968. Quarenta anos depois, essa antena capta e põe em cena no novo show do artista, Banda Larga Cordel, a mistura efervescente que pauta a música contemporânea feita no mundo. No palco, apoiado em arranjos contundentes, executados por uma banda entrosada, Gil transita entre o primitivo e o tecnológico em oscilação exemplarmente sintetizada na música que dá título ao show e ao disco de inéditas editado pelo artista em maio de 2008. Depois de rodar o mundo, o espetáculo inicia turnê brasileira que incluiu apresentação fechada para os convidados que assistiram à cerimônia de entrega da segunda edição do Prêmio TDB! - da revista Tudo de Bom, do jornal carioca O Dia - na noite de segunda-feira, 4 de agosto de 2008, na casa carioca Vivo Rio (RJ).
Celebrada já no número de abertura, Pela Internet, a adesão aos recursos e confortos tecnológicos não exclui a valorização do primitivo. E é nessa salutar dicotomia entre o velho e o novo que Gil molda o roteiro de Banda Larga Cordel. Seja inserindo a batida do samba de roda em Andar com Fé após discurso em que enfatiza que as células rítmicas do gênero estavam presentes já nas civilizações indígenas que habitavam o Brasil primitivo. Seja mandando Aquele Abraço com um suingue renovado que mantém a extrema comunicabilidade desse samba de 1969. Seja fazendo impactante coreografia que realça o caráter sombrio de O Oco do Mundo. A melhor música do álbum Banda Larga Cordel não perde seu impacto em cena. Está entre as melhores da obra de Gil.
Entre o antigo e o moderno, o mundo e a música seguem miscigenados. É nessa fina mistura contemporânea que se sustenta o roteiro - surpreendente na releitura de Something (Beatles, 1969) em ritmo de reggae. Entre a malícia nordestina do xote Despedida de Solteira (mais perceptível no disco do que no show), a reflexão sobre a finitude da existência (Não Tenho Medo da Morte, música urdida no mesmo tempo da delicadeza que molda a amorosa A Faca e o Queijo) e a refazenda de bela canção de caratér filosófico (Tempo Rei, em registro mais pesado que contrasta com a reflexão zen exposta nos versos), Gil celebra Bob Marley (1945 - 1981) - em Three Little Birds e Kaya N' Gandaia - e impressiona pela vitalidade inusitada para os seus 66 anos, completados em 26 de junho de 2008. E a voz, que no disco soa meio opaca, recupera o brilho no palco. Ao fim, a retomada do discurso crítico com Nos Barracos da Cidade sinaliza que o ministro já saiu de cena para dar lugar ao artista sempre antenado.

7 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Visionária, a antena parabolicamará de Gilberto Gil capta o que está no ar desde os tempos da explosão tropicalista de 1968. Quarenta anos depois, essa antena capta e põe em cena no novo show do artista, Banda Larga Cordel, a mistura efervescente que pauta a música contemporânea feita no mundo. No palco, apoiado em arranjos contundentes, executados por uma banda entrosada, Gil transita entre o primitivo e o tecnológico em oscilação exemplarmente sintetizada na música que dá título ao show e ao disco de inéditas editado pelo artista em maio de 2008. Depois de rodar o mundo, o espetáculo inicia turnê brasileira que incluiu apresentação fechada para os convidados que assistiram à cerimônia de entrega da segunda edição do Prêmio TDB! - da revista Tudo de Bom, do jornal carioca O Dia - na noite de segunda-feira, 4 de agosto de 2008, na casa carioca Vivo Rio (RJ).
Celebrada já no número de abertura, Pela Internet, a adesão aos recursos e confortos tecnológicos não exclui a valorização do primitivo. E é nessa salutar dicotomia entre o velho e o novo que Gil molda o roteiro de Banda Larga Cordel. Seja inserindo a batida do samba de roda em Andar com Fé após discurso em que enfatiza que as células rítmicas do gênero estavam presentes já nas civilizações indígenas que habitavam o Brasil primitivo. Seja mandando Aquele Abraço com um suingue renovado que mantém a extrema comunicabilidade desse samba de 1969. Seja fazendo impactante coreografia que realça o caráter sombrio de O Oco do Mundo. A melhor música do álbum Banda Larga Cordel não perde seu impacto em cena. Está entre as melhores da obra de Gil.
Entre o antigo e o moderno, o mundo e a música seguem miscigenados. É nessa fina mistura contemporânea que se sustenta o roteiro - surpreendente na releitura de Something (Beatles, 1969) em ritmo de reggae. Entre a malícia nordestina do xote Despedida de Solteira (mais perceptível no disco do que no show), a reflexão sobre a finitude da existência (Não Tenho Medo da Morte, música urdida no mesmo tempo da delicadeza que molda a amorosa A Faca e o Queijo) e a refazenda de bela canção de caratér filosófico (Tempo Rei, em registro mais pesado que contrasta com a reflexão zen exposta nos versos), Gil celebra Bob Marley (1945 - 1981) - em Three Little Birds e Kaya N' Gandaia - e impressiona pela vitalidade inusitada para seus 66 anos, completados em 26 de junho de 2008. E a voz, que no disco soa meio opaca, recupera o brilho no palco. Ao fim, a retomada do discurso crítico com Nos Barracos da Cidade sinaliza que o ministro já saiu de cena para dar lugar ao artista sempre antenado.

5 de agosto de 2008 às 12:43  
Anonymous Anônimo said...

Maravilha!!! K Bom te-lo de volta de corpo e alma na sua musica!

5 de agosto de 2008 às 12:55  
Anonymous Anônimo said...

Gil, diferentemente de Caetano, Buarque e Djavan ( principalmente!), não esmoreceu sua obra com o tempo. Está afiado nas idéias músicais e nas idéias ideais.
E foi um grande ministro também ( alô classe média teleguiada! Alô classe cultural egocêntrica!)
Abraço cibernético no baiano nobre!
Edu kruffer.

5 de agosto de 2008 às 15:29  
Anonymous Anônimo said...

Gil é grande.

5 de agosto de 2008 às 16:20  
Anonymous Anônimo said...

Meninos, Gil sempre a frente. Este seu último CD é tão brilhante que, embora evidentemente universal, sôa de uma regionalidade digna dos que carregaram barro sob as sandálias.

Gil é substantivo. Tem régua e compasso. E não cai do arame.

5 de agosto de 2008 às 18:43  
Anonymous Anônimo said...

Gil deveria abrir a boca apenas para cantar suas belas canções, pois a prolixidade de seus discursos cansam minha beauté.

5 de agosto de 2008 às 21:24  
Anonymous Anônimo said...

Alguém tinha q avisar ao Gil q ele precisa fazer URGENTEMENTE umas aulas de canto pra tentar recuperar a pouca que lhe resta...

6 de agosto de 2008 às 15:28  

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