22 de junho de 2008

Obra inédita de Caetano progride sem arrebatar

Encerrada na última quarta-feira, 18 de junho de 2008, a primeira temporada de Obra em Progresso - o show experimental e mutante criado por Caetano Veloso para testar o repertório de seu próximo disco - sinaliza um trabalho mediano como , o superestimado álbum editado pelo artista em 2006. Houve progresso na formatação da obra inédita ao longo das cinco apresentações. Mas nenhuma das músicas novas apresentadas por Caetano (acima em close de Ricardo Nunes no último show da primeira temporada) está realmente à altura do bom compositor.
Se em Caetano Veloso flertou com o rock, a obra inédita em progresso aponta para um disco eventualmente mais voltado para o samba. Ou transamba, termo usado pelo compositor para caracterizar um samba de ritmo calcado em guitarras e que remete ao título de álbum de 1972, Transa, em que o artista adotou sonoridade mais jovial. Nessa seara, a inclusão do cover de Incompatibilidade de Gênios (João Bosco e Aldir Blanc) se mostrou acertada. Eixo do álbum , o envolvimento de Caetano com o trio de músicos Marcelo Callado (bateria), Pedro Sá (guitarra) e Ricardo Dias Gomes (baixo) vai nortear o próximo disco. Possivelmente com a adição de Eduardo Josino e Josino Eduardo, os percussionistas gêmeos da Bahia que tocaram em Noites do Norte (2000) e foram recrutados para a primeira e a última apresentações de Obra em Progresso, show que vai voltar ao cartaz no segundo semestre, ainda no Rio de Janeiro (RJ), quando o compositor baiano regressar de turnê pela Europa.
Houve nítido progresso nos arranjos. O do sombrio samba Perdeu - em que Caetano aborda a violência que rege o cotidiano nas favelas - evoluiu muito do primeiro para o último show. Mas a música em si não arrebata. Aliás, Obra em Progresso seduz mais pelos timbres, sonoridades e discursos das músicas do que pelas melodias - a rigor, aquém do padrão áureo do compositor. Tarado ni Você assusta pela pobreza. Já A Cor Amarela - tributo à axé music, gênero pop baiano do qual Caetano sempre soube separar o luxo do lixo - conquista pela vivacidade rítmica. Sem Cais, parceria com o guitarrista Pedro Sá, encontra porto seguro na velha bossa enquanto Falso Leblon chama a atenção pela letra que descarta as drogas. Sustentada em firme falsete, Por Quem é canção pautada por estranhezas belas. Por sua vez, Base de Guantánamo se sustenta no discurso político que, por conta de declaração do compositor em recente entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, gerou até troca de farpas entre Caetano e Fidel Castro, ex-presidente de Cuba - defendida na letra, mas atacada pelo artista no jornal. Enfim, que venha o novo disco - a ser gravado (provavelmente) a partir de setembro e editado até o fim de 2008.

33 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Em minha modesta opinião, Caetano se perdeu em si mesmo (claro que Paulinha deu uma força). Dos Veloso, admiro Canô, Bethânia e Roberto.

E, sim, Caetano é inteligentíssimo, entretanto depõe delirantemente contra si mesmo.

TEEN? Caetano jura que é com ele mesmo. Me poupe!

22 de junho de 2008 às 18:32  
Anonymous Anônimo said...

Lá vai o Mauro, cometendo o mesmo erro que cometeu com o "Cê", ou seja, analisar um disco de Caetano Veloso como um “purista saudoso” e "pagar o mico" de ser, praticamente, o único crítico a escrever que não havia gostado do disco ( mas, pra não “dar o braço a torcer”, tenta manter a opinião pra se dizer “de opinião”). Meu jovem, perceba agora, antes de escrever, o que não percebeu na época: como todo bom purista, vc está querendo que o gênio Caetano faça o que vc acha que ele deveria fazer, quer pautar a obra do artista, que vc considerava melhor em tal época, etc. Compositores normais e repetitivos estão por aí aos montes, meu caro. Não coloque Caetano nesta categoria passadista, nem fique esperando outra Sampa, Trem das Cores, Esse Cara, O Quereres, etc. Ele não quer fazer isso. O baiano é mutante e agora está em outra fase (reparou na mudança de vestuário na fase "Cê"?, aposto que não), revolucionando como sempre e buscando coisas novas, seja na sonoridade, seja nas músicas e letras. Só o fato de tentar juntar o rock ao samba já seria digno de admiração, só um gênio total vai do rock ao samba como se isso fosse normal e tranqüilo, mas vc nem reparou nisso. É tão difícil assim de entender? Se for, sinceramente Mauro, pede pra sair.

22 de junho de 2008 às 23:46  
Anonymous Anônimo said...

Vai longe o tempo em que caetano arrebatava. Dos bons baianos apenas bethania se manteve arrebatadora.

23 de junho de 2008 às 01:53  
Anonymous Anônimo said...

Discordo.

Falso Leblon é maravilhosa, com um arranjo muito moderno e sedutor. Que na verdade nao chega ser um ode para as NAO-DROGAS, mas para a pessoa desenhada na letra, naquele exato momento nao está [ para ela, pessoa ] disponivel, tanto é que ele diz: "exctasy, bala.... nem vinho tomei... seu jorge, los hermanos, já foi! ... " . é um lance do momento.

A cor Amarela é uma homenagem para a axé music. A satisfação do momento em que ele vê a menina preta com biquini amarelo se destacando na onda da praia. o efeito da cor marron com o amarelo, e o amarelo do sol, e a onda batendo. é também uma forma de elogiar a beleza negra.


Tarado ni você - nessa canção há uma citação bissexual em "tarado em todo mundo nu".

Por quem - clima lounge, meio pueril, com letra que cita cama, fronga, por quem está ali? isso sem contar que tem uma ótima interpretação de caetano.

Sem Cais - canção com tom mais passional. Otimo arranjo, otima letra.

Perdeu - tem citação de uma pessoa que mora num morro, e a violencia no mesmo, em seu cotidiano, em sair de casa, na morte. otimo arranjo e interpretação.

--

Mauro voce está exagerando, alias, desde "EU NAO PEÇO DESCULPA", voce tem tido opinioes estranhissimas sobre Caetano.

O show Obra em Progresso tem um pouco de letra e musicalidade de várias canções dos discos: EU NAO PEÇO DESCULPA, CÊ, NOITES DO NORTE, TROPICÁLIA 2, ESTRANGEIRO, TRANSA, ARAÇÁ AZUL, JÓIA, DOCES BÁRBAROS E MUITO.

atenção! Caetano não é Chico Buarque.


ty medeiros.
cinematranscendenta@hotmail.com

23 de junho de 2008 às 04:09  
Anonymous Anônimo said...

Perguntas...

Será mesmo que o crítico deste blog tem que ter a mesma opinião dos demais críticos? E que, se foi o único a ter uma opinião diferente, é porque é ele o único equivocado?

Será mesmo que Caetano não QUER fazer outra canção do nível de Quereres, e agora é um artista experimental?

23 de junho de 2008 às 11:08  
Anonymous Anônimo said...

Putz...o cara repete sempre essa frase : o superestimado disco Cê, acho exatamente o inverso.Subestimado!
EU SOU O HEROI
SO DEUS E EU SABEMOS COMO DOI

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Humberto

23 de junho de 2008 às 11:24  
Anonymous Anônimo said...

Eu, que vinha aqui fazer meu comentário modesto sobre a nostalgia do Mauro no Caetano-êmepêbê-almofadinha, li a mensagem do Anônimo das 11h46 (dia 22). Uau, meu bom, fiquei tarado ni você!

23 de junho de 2008 às 11:43  
Anonymous Anônimo said...

há muito tempo Caetano não compõe uma bela melodia. Dizer que essa é a "proposta" dos trabalhos atuais é mera desculpa...

23 de junho de 2008 às 12:14  
Blogger Unknown said...

o show na maioria das semanas lotou o VIVORIO.

Caetano foi aplaudissimo com as inéditas:

Base de Guantanamo
Perdeu
Sem Cais


Concordo com tudo que a pessoa acima escreveu:

Falar mal de OBRA EM PROGRESSO é não aceitar ou não gostar ou não conhecer a história de Caetano. Sua discografia, discos como Araçá azul, Estrangeiro, Eu nao peçlo desculpa ou Jóia.

No mais, com mais de 40 anos de carreira, Caetano nao precisaria fazer mais nada.

23 de junho de 2008 às 14:31  
Anonymous Anônimo said...

Tb não entendo onde foi parar a 'inspiração' de CV. Há muito não compõe NADA efetivamente bom. E o CD CÊ é chato de doer.

23 de junho de 2008 às 14:57  
Anonymous Anônimo said...

Concordo com tudo que o anônimo das 11:46 escreveu sobre o Mano Caetano.
Já sobre o Mauro, ele tem o direito de ter a cabeça virada pra trás.

PS: Cê é um discão, o melhor dele em 15 anos.

Jose Henrique

23 de junho de 2008 às 16:44  
Anonymous Anônimo said...

A turma "anti-caetano", normalmente os puristas,como disseram aí em cima, tem outra coisa em comum, além do purismo: são todos pseudo-entendedores de música.

Vão ouvir os "compositores de sempre", aqueles que só fazem "mais do mesmo", o batidão-mpb-sem-inovação. Caetano está lá na frente, minha gente, apressa o passo,hehe.

23 de junho de 2008 às 17:45  
Blogger Carlos Lopes said...

Eu sou pró-Caetano. Acho-o o deus da música brasileira, mas entendo que outras opiniões contrárias existam. Eu digo que Caetano vai sempre na frente. Acho Cê uma maravilha ( o de estúdio e o ao Vivo também). Vi o show em Lisboa e acho que Caetano não tem par.

* alguém sabe dizer quando sai a terceira box 40 Anos Caetanos, por favor? Muito obrigado.

23 de junho de 2008 às 18:14  
Anonymous Anônimo said...

Não sou anti-caetano, não sou purista, tampouco retrógrado mas não sou surdo.
Caetano, compositor de algumas canções geniais, há muito não compõe algo realmente relevante.
OK, nem precisaria, mas catapultar um CD medíocre como CÊ à categoria de discão é querer enfiar fé na misericórdia. Não dá.

23 de junho de 2008 às 18:47  
Anonymous Anônimo said...

Caetano é compositor de 10 canções...o resto é sopa de letras...

23 de junho de 2008 às 19:02  
Anonymous Anônimo said...

Mauro acha que Caetano não é mais o mesmo e que Alcione não é mais a mesma.

E quem é?

Resposta: Tom Jobim, Clara Nunes, Cartola, Noel Rosa, Nelson do Cavaquinho, Geraldo Pereira, Dalva de Oliveira, Luiz Gonzaga entre alguns já falecidos. Esses sempre serão os mesmos.
E já havia gente naquelas épocas criticando Tom Jobim, Noel Rosa e Luiz Gonzaga por fazerem diferente. Ainda bem que fizeram.

Glauber 97

23 de junho de 2008 às 19:16  
Anonymous Anônimo said...

Caetano Veloso é, atualmente, o maior nome da cultura no Brasil .

24 de junho de 2008 às 02:46  
Anonymous Anônimo said...

Caetano Veloso é, atualmente, o maior nome da cultura no Brasil .

É PRA RIR OU PRA CHORAR?

24 de junho de 2008 às 09:48  
Blogger Pedro Progresso said...

Quem nunca entendeu nada da música e da proposta de Caetano em mais 40 anos, não vai ser agora que vai entender.
Mas não vai mesmo!

24 de junho de 2008 às 09:52  
Anonymous Anônimo said...

A questão não é ser ou não revolucionário. Estamos falando de boa musica.
Em araça azul ou na epoca da tropicalia caetano compunha musicas revolucinarias e memoraveis. Sublimes.
Querer comparar as sempre interessantes mas não mais que medianas composições de Ce ou de Eu não peço desculpa com as de Araça Azul é covardia.
Caetano continua o imenso artista de sempre. Mas como compositor pelo menos desde Noites do Norte não exibe a exuberancia de antes.
O que afinal é absolutamente normal: Fora Bethania que chegou hoje a sintese de sua essencia, todos os colegas de geração não exibem mais a chama de outrora. E nem por isso são menores ou menos que espetaculares.

24 de junho de 2008 às 10:43  
Anonymous Anônimo said...

Putz, Araçá Azul é muito ruim!
Só se salva a versão de "Eu quero essa mulher assim mesmo"
Muito boa!

Jose Henrique

24 de junho de 2008 às 15:41  
Anonymous Anônimo said...

Juno e 10.43 disseram tudo.
Chapeaux para os dois!

24 de junho de 2008 às 16:18  
Anonymous Anônimo said...

'...Fora Bethania que chegou hoje a sintese de sua essencia..."

Mesmo amante da obra de Maria Bethania e da persona artistica de MB desde o nao tao conhecido "Recital na Boite Barroco" discordo totalmente com voce.
MB encontrou na Biscoito Fino aquilo que lhe faltava...apenas isso. Ela nao mudou, a voz continua de rica textura, ela continua gravando compositores essencialmente brasileiros ou de alma portuguesa(qdo nao portugueses), ela continua sendo um misto de mulher paga, mulher de vila, mulher de letras..mas tudo isso muito bem assessorado...so isso...so mudou o envolucro...a chama eh a mesma...esta ideia de querer dizer que ela eh a unica Doce Barbara ainda Doce e Barbara e burra! Gil, Gal e Caetano continuam sendo plurais e inquietos como sempre foram.
Caetano tem este dom de se comunicar atemporariamente com tudo e todos e suas melodias, formas, sons e jeitos de hoje correspondem ao jeito de ser de hoje! Eu gosto ate nos momentos em que nao consigo traduzi-lo, mas se eu me preocupar em traduzi-lo perderei a chance de vivenciar Ceatano em sua essencia!

24 de junho de 2008 às 17:25  
Anonymous Anônimo said...

-Os anônimos 11:46PM e 4:09AM disseram tudo.
- Acho Cê uma maravilha ( o de estúdio e o ao Vivo também); alguém sabe dizer quando sai a terceira box 40 Anos Caetanos, por favor? Muito obrigado (2)
-Quem nunca entendeu nada da música e da proposta de Caetano em mais 40 anos, não vai ser agora que vai entender. (2)
- "Todo purista se confunde com um pseudo-entendedor de música".
- Caetano Veloso é gênio da música e é tudo de bom!

24 de junho de 2008 às 18:17  
Anonymous Anônimo said...

Caetano não é gênio só da música, mas da cultura nacional no seu sentido mais amplo.

24 de junho de 2008 às 20:53  
Anonymous Anônimo said...

Caetano tem para a música popular brasileira, pelo menos, 10 discos importantes, e de citação obrigatória:

cinema transcendental
estrangeiro
caetano veloso 1969
transa
velô
caetano veloso 1968
muito
bicho
caetano veloso 1971
jóia

25 de junho de 2008 às 04:14  
Anonymous Anônimo said...

Araça azul não é um trabalho feito de canções isoladas como um disco normal(dele ou de qualquer outro. trata-se,acredito, de uma unica composicão.Se for separar em pedacinhos como alguém acima pretendeu fazer quer dizer que pode fluir da obra, mas o conceito do autor não foi captado.
(qualquer falta de acentuação é culpa deste teclado aqui...argh)

25 de junho de 2008 às 05:39  
Anonymous Anônimo said...

Caetano não é gênio só da música, mas da cultura nacional no seu sentido mais amplo.

É, ESTAMOS MAL DE CULTURA NESSE PAÍS!!!!
SÓ TÁ FALTANDO ELE REEDITAR A MODA DA SUNGUINHA DE CROCHÊ NAS AREIAS DE IPANEMA.

25 de junho de 2008 às 09:07  
Anonymous Anônimo said...

Com pessoas como você, estamos muito mal mesmo. Lamentável idiotas desprezarem um dos maiores gênios que este país já produziu. O cara vai pra Europa e EUA e é reverenciado, tratado como Deus. Já aqui... BRASIL SIL SIL.

25 de junho de 2008 às 15:23  
Anonymous Anônimo said...

Anônimo 3:23.Lamentável é não aceitar críticas.Se estivesse tão ruim aqui(Brasil)assim para Caetano,ele não estaria morando e ganhando a alta grana que ganha aqui e gabando do grande espaço que a mídia destina a ele.Ele hoje um cara que abomina a esquerda e o comunismo e tece altos elogios ao capitalismo selvagem,esta sim muito confortável em sua pátria,esta atualmente voltada para esta ideologia das competições desenfreadas,mesmo que de forma disfarsada e hipócrita.Como homen sensível e grande artísta,Caetano absorve este momento.Mas com anda lhe faltando irreverência e humor,compromete sua genialidade sobremaneira.Foi cruel com Fidel.

25 de junho de 2008 às 17:40  
Anonymous Anônimo said...

Fidel gosta de Sergio Ricardo.

Quién lo hubiera creído!

25 de junho de 2008 às 19:03  
Anonymous Anônimo said...

Araçá Azul é apenas um porre de cerveja quente.

26 de junho de 2008 às 00:08  
Blogger Unknown said...

Maurinho, lindo, Caetano pertence ao território do Sagrado. Imprevisibilidade é atributo dos gênios. Tem obra em que ele se destaca lindamente, em outras fica em fase de hibernação. Imagina o que seria da nossa MPB tão empesteada por pagodeiros, bundudas do axé, sertanejos e demais oportunistas sem todas aquelas canções maravilhosas que
o doce Caetano nos proporcionou?
Um beijo pra você.

30 de agosto de 2008 às 20:53  

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