30 de maio de 2008

Fafá revive as emoções exacerbadas de seu fado

Resenha de show
Título: Saudades de Portugal no Brasil, Saudades do Brasil em Portugal
Artista: Fafá de Belém
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 29 de maio de 2008
Cotação: * * * 1/2

Em 1992, Fafá de Belém deu upgrade em sua discografia - àquela altura já banalizada pelas fórmulas imediatistas da indústria fonográfica - ao gravar o CD Meu Fado para o mercado lusitano. Dezoito anos depois, já popular em Portugal, a cantora volta a cantar as dores dos fados em show que precede um outro disco voltado para a música da Terrinha. "Sou uma cantora que nunca se nega às emoções exacerbadas", autodefine-se Fafá no palco do Teatro Rival, onde o show fica em cartaz até sábado, 31 de maio de 2008. De fato, a intérprete é talhada para desfiar a ladainha chorosa dos fados. A ponto de seu show, que revisita o repertório do belo álbum Meu Fado com acréscimos no roteiro, transcorrer enxuto e coeso. Fafá parecia em casa. Portuguesa, com certeza...
Os três primeiros números - Canção Grata, Procuro e Não te Encontro e Confesso - garantem uma abertura perfeita. Uma luz quente realça a dramaticidade presente na voz e no gestual. Quando se solta mais e começa a interagir com o público, a partir do clássico Olhos Castanhos, a expansiva cantora ganha em comunicabilidade, mas perde um pouco do rigor estilístico do começo do show. Olhos Castanhos está no meio de um bloco em que Fafá revive sucessos de Francisco José (1924 - 1988), cantor português muito popular no Brasil. O set em homenagem a José abre com Só Nós Dois - fado que Fafá conta ter sido inspirado por um proibido amor gay - e fecha com Nem às Paredes Confesso, um número acompanhado espontaneamente por um público friendly.
Ancorada no porto seguro da boa música portuguesa, Fafá apresenta show correto que até surpreende nas incursões pelos repertórios de Dulce Pontes (Lágrima, de delicadeza poética) e de Caetano Veloso (Os Argonautas). E cuja parte instrumental é impecável. Um trio de guitarra portuguesa (Mário Rui), violão (Sérgio Borges) e baixo acústico (Adelbert Carneiro) cria a moldura ideal para Fafá exacerbar todas suas emoções em números como Estranha Forma de Vida, Só à Noitinha e Fado Loucura, este cantado em saudoso tributo ao fadista amigo Carloz Zel (1950 - 2002). Nesta parte do show, Fafá carrega demais nas interpretações, com arroubos vocais dispensáveis e imitações do sotaque português. Contudo, é fato que a cantora continua em excelente forma vocal, sem precisar baixar os tons como muitas colegas de sua geração. Ao contrário, o tempo fez bem à sua voz...
Do repertório extraído do CD Meu Fado, Canoa do Tejo e Tudo Isto É Fado seduzem pelas melodias sublimes. E nem tudo é tristeza no fado de Fafá. Sempre que Lisboa Canta celebra com paradoxal alegria o canto triste da capital de Portugal. Da mesma forma que Tanto Mar, de Chico Buarque (também representado no roteiro pelo Fado Tropical), festeja os ventos da democracia que arejaram a Terrinha com a Revolução dos Cravos. Mas é na tristeza cantada nos fados mais magoados que Fafá de Belém não se nega mais uma vez às emoções exacerbadas e faz a alegria de seu público passional. E que venha um novo belo disco no gênero!

34 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Dá-lhe Fafá!!!!

A gente se vê no Rival no sábado!

Amanhã já tenho encontro com Alceu e Dominguinhos.

Glauber 97

30 de maio de 2008 às 00:25  
Anonymous Anônimo said...

Nossa adorei!vou esperar pelo cd ansioso.

30 de maio de 2008 às 01:20  
Anonymous Anônimo said...

REALMENTE HOJE A VOZ DA FAFÁ É MUITO BOA, MELHOROU MUITO.

30 de maio de 2008 às 07:55  
Anonymous Anônimo said...

Ao contrário, acho Fafá exagerada demais nos últimos anos. Prefiro sua voz dos primeiros discos: quente, leve, clara. Depois foi se tornando excessivamente over sem destinguir a intenção das letras. Tudo ficou hard.
Tb não gosto do 'apelo popularesco' nos shows, quando Fafá convoca insistentemente o público a cantar. Quebra o ritual cênico.
Ainda assim considero Fafá uma artista importante, carismática e talentosa. Quando diminui o volume e articula direito as palavras, mostra que é uma grande intérprete.

30 de maio de 2008 às 09:07  
Anonymous Anônimo said...

Fafá de Belém foi uma grande cantora até início da década de 80. Depois disso, a palavra correta para definir o que Fafá de Belém virou é BREGA. Não há outra. E se usam outra, é por causa da insuportável mania do politicamente correto que assola a MPB, e faz com que tudo que é tranqueira seja aceita.

O grande problema de Fafá de Belém não é apenas o repertório. O repertório que ela passou a cantar não tem nada de duvidoso: é claríssima a falta de qualidade de 99% das músicas gravadas por Fafá de Belém à partir da sua saída da PolyGram para a Som Livre na década de 80. Mas o que realmente compromete a qualidade de fafá de Belém é que ela passou a cantar pelo naroz para garantir uma sensualidade ensaiada, gritar para garantir uma emoção ensaiada, gargalhar demais para garantir uma espontaneidade ensaiada. Fafá de Belém se tornou exagerada e caricata, tudo com a finalidade única de garantir maior número de vendas de discos. Sim, pq o discurso da cantora de ir até onde o povo está é muito bonito, mas não significa nada além de "aumentar o número de discos vendidos e lotar os teatros". Fafá de Belém é comercial no pior sentido da palavra. Uma cantora que se vendeu pelo sucesso fácil. E até quando resolve cantar coisas boas, como Chico Buarque, Tom Jobim ou fados, permanece o ranço de cantora brega que ela adquiriu com os anos, a voz anasalada propositalmente, a gritaria over. Fafá já foi. Deu o que tinha que ter dado de contribuição para a boa MPB. Hoje não passa de uma cantora brega.

30 de maio de 2008 às 09:44  
Anonymous Anônimo said...

Ah, eu não gostaria que Fafá voltasse a gravar um cd de fados. Isso ela já o fez. Que ela fique nos shows apenas! Apesar de toda identificação da mesma com o gênero torna-se monótono demais. Fafá é bastante versátil, indo do popularesco ao regional com maestria (embora eu prefira seu lado 'regional').
Para mostrar sua incrível versatilidade falta-lhe talvez uma boa incursão no universo pop ou num possível disco de compositoras. Isso eu esparia ouvir um dia com Fafá.

30 de maio de 2008 às 09:57  
Anonymous Anônimo said...

Concordo totalmente com o anônimo das 9:44. Fafá tem um timbre muito bonito, mas canta qualquer coisa com voz de gata no cio. Conseguiu embreguecer até Chico Buarque.

30 de maio de 2008 às 11:58  
Anonymous Anônimo said...

Fado Tropical ouvi uma vez na voz de Fafá, muito ruim. Não chega nem às cordas vocais de Clara Nunes.

30 de maio de 2008 às 12:13  
Anonymous Anônimo said...

Fafá nunca foi, é ou será uma fadista. Na melhor das hipóteses não passa de uma caricatura. A emoção do fado sai da alma. Fafá é apenas uma exagerada, apelativa.

30 de maio de 2008 às 12:50  
Anonymous Anônimo said...

OS MÚSICOS SÃO REALMENTE MARAVILHOSOS E EU TIVE A OPORTUNIDADE DE COMPROVAR ISSO NUM SHOW QUE A CANTORA EDITH VEIGA FEZ AQUI EM SÃO PAULO EM HOMENAGEM A AMÁLIA RODRIGUES, NO COMEÇO DESTE ANO.

PARABÉNS A FAFÁ !

30 de maio de 2008 às 12:50  
Anonymous Anônimo said...

Fado eu agüento um ou dois. Um show inteiro não dá.

30 de maio de 2008 às 12:54  
Anonymous Anônimo said...

que o show seja de fados, mas o disco de carimbós !
gosto da voz dela hoje, gritando e cantando pelo nariz, a voz calma e quente de antes era feia.

30 de maio de 2008 às 13:29  
Anonymous Anônimo said...

FaFÁ é FAdo até na nota Musical
Nota próxima ao SOL. É prá brilhar.
Fafá, queiram ou não, é Plural
Não é só de um cantinho um violão ao luar.

FaFÁ é mais, pois traz no peito lâmina, punhal
Traz na voz viço e, se é cio, que assim seja
Quem não quer o tom ideal?
Quem não quer cantar o que se deseja



Fui no RIVAL e vou novamente

30 de maio de 2008 às 13:30  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, só uma pequena correção no seu texto:

"Quando se solta mais e começa a interagir com o público..."

E não:

"Quando se solta mais e começar a interagir com o público..."

Welerson André

30 de maio de 2008 às 14:20  
Anonymous Anônimo said...

Prefiro que seja gravado um DVD com os fados do cd Meu Fado e os novos que ela escolheu detsa vez. Fafá é bem legal de se assistir em shows assim. Já em Cd, fico com Dulce Pontes cantando fados.

Edu - abc

30 de maio de 2008 às 16:20  
Anonymous Anônimo said...

9.44 FALOU TUDO E TRADUZIU TBM MEU PENSAMENTO.
CONTUDO LAMENTO PQ JÁ CURTI DEMAIS A FAFÁ E TESTEMUNHEI O FRESCOR E ESPONTANEIDADE VERDADEIRA DE SEU INÍCIO.

30 de maio de 2008 às 17:22  
Anonymous Anônimo said...

Ricardo sérgio, que primor!
Já imaginou esta beleza de poema gravado pela própria???
Menino...

30 de maio de 2008 às 18:31  
Anonymous Anônimo said...

Concordo plenamente.
Fafá está melhor do que nunca!!!!

30 de maio de 2008 às 19:49  
Anonymous Anônimo said...

Ninguém merece...4 estrelas Mauro????

30 de maio de 2008 às 20:04  
Anonymous Anônimo said...

Fafá tá muito mais pra bolerão mexicano do que para um belo fado.

30 de maio de 2008 às 23:04  
Anonymous Anônimo said...

Pelo amor de Deus Fafá... mais cd de fado NÃO!!!!!!!!!! Venha com a nossa MPB na veia... Edu, Chico, Milton, Lenine, Ivan...

30 de maio de 2008 às 23:58  
Anonymous Anônimo said...

Ricardo sérgio, que primor! (02)
Mas "Plural" nao é a Gal?

31 de maio de 2008 às 04:15  
Anonymous Anônimo said...

Gostei muito do show! mas tb gostaria de ver um cd só de carimbós! amo Fafá, ela além de uma mulher linda divulga como ninguém a cultura do Pará e da amazônia! Viva Fafá de Belém!!!!

31 de maio de 2008 às 15:27  
Anonymous Anônimo said...

A Fafá é Plural tb. Mas Falando em Gal, cade aqueles DVDs da tropicália aos dias de hoje, que a Trama disse que ia botar a venda ????????????????????
Edu - abc

31 de maio de 2008 às 19:22  
Anonymous Anônimo said...

mauro, que judieira!
vc deixou fafá a cara da mercedes sosa...
morei quatro anos em lisboa e testemunhei o sucesso da paraense por aquelas plagas. mas eles mais se divertem com o fado de fafá do que a levam a sério (neste setor, evidente)

1 de junho de 2008 às 10:11  
Anonymous Anônimo said...

Mauro as cantoras na década de 80 cantavam quase gritando com notas altíssimas por modismo isso não quer dizer que baixar o tom das notas é perder voz quando você refere as conteporâneas da Maria de Fátima , a única ao meu ver que teve realmente problemas com voz foi a Marina Lima o que é uma pena.

1 de junho de 2008 às 14:46  
Anonymous Anônimo said...

Leio sempre esse blog e nunca consegui entender o porque do moderador liberar comentários agressivos e com pessoas que não se identificam.
Estive no show da Fafá e com certeza o dvd será muito bem aceito. O show é lindo! Fafá está cada vez melhor no palco.

1 de junho de 2008 às 18:32  
Anonymous Anônimo said...

9.44 e jsf disseram tudo.

1 de junho de 2008 às 20:02  
Anonymous Anônimo said...

É incorreta a afirmacao que "cantoras na década de 80 cantavam quase gritando com notas altíssimas por modismo"!
O fato é que nessa década além de Gal, que estava no auge de sua potencia vocal, surgiram outras cantoras de tom agudíssimo como Tetê Spíndolla, Olivia Byington, Ná Ozzetti etc.

2 de junho de 2008 às 15:02  
Anonymous Anônimo said...

Cantoras com timbre grave cantavam notas altas p/ suas vozes como nana, simone, bethania, isso considero altíssimo, hoje baixaram o tom para o grave, as citadas sempre cantaram com assim pq o timbre é assim.

2 de junho de 2008 às 18:56  
Anonymous Anônimo said...

O nome certo é Tetê ESPÍNDOLA.

4 de junho de 2008 às 10:01  
Anonymous Anônimo said...

Fafa cantando fados é uma espetacular redescoberta, para os brasileiros, da magnifica canção nacional dos portugueses. Meus amigos de lá adoram Fafá cantando fados. E eu tambem. Pena que ficou muitos poucos dias no Rival e a turnê pelas lonas tenha sido tao pouco divulgada. Volta, Fafá!

12 de julho de 2008 às 12:15  
Anonymous Anônimo said...

Sou fã da Fafá incondicional.......
falar q Fafá é brega...Brega é quem fica por ai correndo atrás dessas bandinhas ou catores(as) de hoje em dia,ñ sabem cantar nada.......Fafá canta ótimo,vcs é q ñ entende nada de música....e quem ñ gostar dela se foda......

8 de dezembro de 2008 às 19:08  
Anonymous Anônimo said...

Lágrima é um poema da autoria da Amália Rodrigues e foi cantado primeiro por ela (e mais tarde pela Dulce Pontes).

Por falar em Dulce, tem novo disco chamado Momentos: http://www.dulcepontes.net/#

17 de março de 2010 às 18:55  

Postar um comentário

<< Home