21 de março de 2008

Com Miele, Leny honra legado imortal de Jobim

Resenha de show
Título: Um Brasileiro Chamado Jobim
Artista: Leny Andrade & Miele
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 20 de março de 2008
Em cartaz: De quinta-feira à sábado. Até 29 de março.
Cotação: * * * *

No embalo das celebrações dos 50 anos da Bossa Nova, Leny Andrade e Miele reestrearam no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, o show que montaram em homenagem a Tom Jobim (1927 - 1994). Um Brasileiro Chamado Jobim reafirma a exuberância do canto de Leny. A cantora é habitualmente festejada pelo seu senso rítmico apurado, pela afinação impécável e pelo tom jazzístico que dá às suas interpretações. Leny tem mesmo todas essas raras qualidades - demonstradas mais uma vez no palco do Rival - mas o que nem sempre se fala a respeito da cantora é que ela também é uma intérprete emocional, capaz de arrebatar uma platéia com um registro intenso de uma música como Por Causa de Você. Foi o que aconteceu na estréia do show no Rival. Quando entoou essa parceria de Tom Jobim com Dolores Duran (1930 - 1959), a sós com o piano de Fernando Merlino, revivendo o número que fez numa igreja de Nova York (EUA) na missa de sétimo dia de Jobim, Leny se mostrou mais uma vez como a intérprete grandiosa que, se quisesse, poderia abrir mão de seus scats e de seu estilo jazzístico e - ainda assim - continuaria grande. Como sempre foi...
Um Brasileiro Chamado Jobim entremeia no roteiro músicas de Tom - algumas pouco conhecidas, como Olha pro Céu, apresentada por Leny logo depois da abertura feita com Se Todos Fossem Iguais a Você - com causos contados por Miele com sua costumeira verve de entertainer. A propósito, a parte da histórias funciona mais quando Miele esquece o texto decorado e adota tom mais natural. Mas o show é mesmo de Leny. É quando ela fica sozinha em cena que aparecem os grandes momentos. Triste, Só Danço Samba, Outra Vez, Samba do Avião, Wave (número em que o público não se contém e faz coro com a cantora desde os primeiros versos)... Os incontáveis clássicos do Maestro Soberano vão sendo apresentados por Leny num invejável pique e com rigor estilístico. Mas é justo reconhecer que, mesmo sem ser cantor, Miele faz com Leny duetos harmoniosos no Samba de uma Nota Só e em Águas de Março. Mas, na sua parte solo, por mais simpático que seja, ele deixa a desejar ao cantar Lígia e Chansong.
Na volta ao palco, Leny retoma o pique do show e apresenta uma classuda Dindi de arrepiar, escorada no instrumental econômico do entrosado trio que divide a cena com ela e Miele. Na seqüência, mais números arrasadores de tom intenso: Estrada Branca, Sem Você e Eu te Amo. O set romântico prepara o dueto com Miele em Eu Sei que Vou te Amar. Quem canta a música é Leny, mas, no meio, Miele recita o Soneto da Infidelidade (de Vinicius de Moraes, o mais célebre parceiro de Jobim) num efeito que resulta sedutor. No bis, adornados com chapéus que lembram o adereço usado pelo homenageado, Leny e Miele apresentam, em clima mais informal, o samba Piano na Mangueira e Chega de Saudade, deixando na platéia a certeza óbvia de que o legado do brasileiro Jobim é universal e imortal. E de que Leny sabe honrar tal legado.

9 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Mauro, é deselegante de sua parte publicar foto só da Leny se o show é feito com o Miéle.

21 de março de 2008 às 13:13  
Anonymous Anônimo said...

Concordo plenamente com vc quando diz que Leny é uma
"intérprete grandiosa que, se quisesse, poderia abrir mão de seus scats e de seu estilo jazzístico e - ainda assim - continuaria grande."

Os scats dela as vezes caem muito bem, dão a idéia de seu apuro técnico, mas em geral Leny abusa e acaba cansando...

Mas é sem dúvidas uma grande intérprete.

21 de março de 2008 às 13:39  
Anonymous Anônimo said...

Essa resenha parecia que eu estava lá. Os shows da Leny Andrade a que assisti sempre foram muito bons.

21 de março de 2008 às 14:02  
Anonymous Anônimo said...

Leny não me emociona, não adianta.
Acho seu canto muito parecido com o de Alcione,que prefiro ...

21 de março de 2008 às 15:30  
Anonymous Anônimo said...

Leny é uma das nossas maiores cantoras. Ela me emociona qdo não exagera nos dubidubidás da vida...
Já o Miéle eu acho um saaaaaco...e sem graça!

21 de março de 2008 às 22:59  
Blogger Ju Oliveira said...

fiquei com vontade de ver esse show.
Leny às vezes abusa é da conversa nos shows, isso sim, fala pra caramba e fica um pouco chata. Mas no fim a música fala mais alto e sempre saio dos shows dela feliz da vida.

22 de março de 2008 às 00:56  
Anonymous Anônimo said...

Leny não me emociona, não adianta.
Acho seu canto muito parecido com o de Alcione,que prefiro ... (2)

22 de março de 2008 às 10:35  
Anonymous Anônimo said...

Ju Oliveira tem razão. Leny fala pelos cotovelos nos shows. A discurseira eu dispenso, mas os scats eu acho bacanas. Essa mulher tem um suingue... Já ouviram 'Influência do Jazz' com ela (a do Songbook do Carlos Lyra). É um negócio que sacode a gente.

22 de março de 2008 às 19:58  
Blogger WallaceLemos said...

Fui ao show duas vezes!!! Perfeito!!
Miele, sempre jovial, com seu eterno bom-humor e um texto maravilhoso.
Leny com sua voz e interpretação incomparáveis.
Um trio de músicos afinado e em harmonia com o contexto do espetáculo.
Jobim, o maestro maior, presente em suas composições preciosas e inigualáveis.
Lágrimas. Sorrisos. Aplausos!!!

29 de março de 2008 às 17:03  

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