23 de junho de 2007

Inocentes gravam DVD e fazem CD de estúdio

Sem lançar disco desde 2004, ano em que editou o CD Labirinto, o grupo Inocentes - um dos pioneiros do punk paulista - prepara a sua volta ao mercado fonográfico em dose dupla. Além de já estar finalizando CD de estúdio, o quarteto vai gravar seu primeiro DVD em show agendado para 15 de julho no Centro Cultural São Paulo. O guitarrista Andreas Kisser, do Sepultura, toca no CD de estúdio.

Peranzzetta ergue bandeira da música brasileira

Em seu novo bom disco (de piano) solo, Bandeira do Divino, Gilson Peranzzetta põe o límpido toque de seu piano a serviço de sucessos da música brasileira. Feita por Ivan Lins com seu fiel parceiro Vítor Martins, a linda música-título tocou muito nos anos 70 na voz de Ivan Lins. Editado pela gravadora Delira Música, o disco alcança bons momentos com as leituras melódicas de As Rosas Não Falam e João e Maria. Eis os (onze) temas reunidos por Peranzzetta em Bandeira do Divino:
1. Lamentos do Morro (Garoto)
2. Bandeira do Divino (Ivan Lins e Vítor Martins)
3. Domingo no Parque (Gilberto Gil)
4. As Rosas Não Falam (Cartola)
5. Asa Branca (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga)
6. Love Dance (Gilson Peranzzetta, Ivan Lins e Paul Williams)
7. João e Maria (Chico Buarque e Sivuca)
8. Estamos Aí (Maurício Einhorn, Durval Ferreira e Regina Werneck)
9. Luz do Sol (Caetano Veloso)
10. Obsession (Gilson Peranzzetta, Dori Caymmi e T. Gilette)
11. Ponteio (Edu Lobo e Capinam)

Tributo tenta levantar o mundo triste de Maysa

Resenha de CD
Título: Maysa - Esta
Chama que Não Vai Passar
Artista: Vários
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * *

Maysa (1936 - 1977) expiou suas dores nas canções que compôs e nas que escolheu para fazer parte de seu repertório. Idealizado para lembrar os 30 anos de morte da artista, o tributo Maysa - Esta Chama que Não Vai Passar tenta levantar o mundo (geralmente) triste da diva através de 20 regravações de músicas que ganharam a fina assinatura personalíssima da cantora. Entre registros até teatrais como as de Bibi Ferreira (Suas Mãos, de Antonio Maria, parceiro de Maysa na melancolia), Cauby Peixoto (Ne me Quitte Pas, com os habituais excessos do cantor) e Cláudya (Morrer de Amor), há quem se apresente sob medida - casos de Ney Matogrosso (Meu Mundo Caiu), Alcione (Ouça, com direito à pungente introdução a capella), Zélia Duncan (Franqueza), Cida Moreira (Adeus) e Maria Bethânia (Quando Chegares). Com exceção da faixa de Bethânia, são gravações embaladas por cordas a cargo do violonista Dino Barioni, que comanda violões, bandolim e (até) uma viola caipira.

O repertório equilibra (muito) bem os sucessos obrigatórios com músicas obscuras do repertório de Maysa. Há até valsa inédita em disco, Nós, composta por Maysa com o maestro Júlio Medaglia e recriada por Célia em dueto enxuto com Dominguinhos. Quando a Saudade Vem, que ganha a voz sóbria de Olivia Hime, foi lançada em 1956 no primeiro LP da cantora, mas cairia no esquecimento face ao sucesso de Ouça. Também pautada pela sobriedade - e aí, no caso, até surpreendente - é a leitura de Edson Cordeiro para I Love Paris, de Cole Porter. Ainda no campo das boas surpresas, há bissexto samba composto por Maysa, Nego Malandro de Morro, até bem defendido por Fernanda Porto. E por falar em samba, Beth Carvalho é a intérprete de Bom Dia Tristeza, que ganha ornamento próximo do samba-choro que dilui a melancolia da composição...

Entre intervenções regulares de Leila Pinheiro (Raízes, única faixa com piano), Leny Andrade (Pra Não Mais Voltar, segura, mas sem a delicadeza da gravação original de Fafá de Belém), Carlos Navas (Resposta), Claudette Soares (Tema de Simone), Zeca Baleiro (Por Causa de Você) e Alaíde Costa (Demais), salta aos ouvidos o belo registro cool de Até Quem Sabe (João Donato e Lysias Ênio) feito por Arnaldo Antunes. O cantor homenageia Maysa dentro de seu universo particular e - talvez por isso mesmo - acabe sobressaindo entre tantas tentativas (vãs) de se tocar as profundezas do mundo dolorido da artista. Bom tributo, mesmo sem a chama de Maysa...

Perlla arrisca repertório autoral no segundo CD

Funkeira populista, projetada pela gravadora carioca Deckdisc, Perlla já prepara seu segundo CD, que tem lançamento previsto para agosto. A provável música de trabalho será Carrapato. No disco, produzido por DJ Mãozinha e Umberto Tavares, Perlla vai arriscar repertório autoral. Ela assina as faixas Filhinho de Papai, Beijo de Despedida e Não Vai Dar. Na foto de Mário Carvalho, a cantora posa com músicos e técnicos do estúdio Tambor, da Deck.

22 de junho de 2007

Com Chico, Marina reergue a ponte Brasil-Cuba

Resenha de CD
Título: Marina de la Riva
Artista: Marina de la Riva
Gravadora: Mousike
Cotação: * * * 1/2

Descendente de cubanos, mas nascida em cidade interiorana do Estado do Rio de Janeiro e criada em Baixa Grande (BA), Marina de la Riva desde cedo conviveu harmoniosamente com os sons cubanos e brasileiros. Em seu primeiro disco, Marina de la Riva, a intérprete busca a interação entre essas duas nações tão musicais. Simpatizante de Cuba, Chico Buarque participa de Ojos Malignos, bolero de Juan Pichardo que - em dueto com o cantor - Marina transforma em belo samba. Músicos cubanos e brasileiros participam do álbum, que atinge seus melhores momentos quando a cantora oferece leituras personalíssimas para Sonho meu - num registro cool e minimalista que vai na contramão das gravações deste samba de Ivone Lara e Délcio Carvalho, lançado por Maria Bethânia no LP Álibi (1978) - e Ta-Hí (Pra Você Gostar de mim), sucesso de Carmen Miranda. Só que a maior parte do repertório é formado por sucessos da música cubana como o acalanto Drume Negrita (Ernesto Grenet) e o bolero Si Llego a Besarte (Luis Casas Romero), ao qual a cantora imprime um tom suave em tributo ao seu ídolo Chet Baker (1929 - 1988). A canção Juramento (Miguel Matamoros) ganha um discreto e refinado ornamento de afoxé no arranjo assinado por Davi Moraes (o músico assina três arranjos e ainda toca em quatro músicas). Enfim, Marina de la Riva, o CD, exibe entrelaçamento das músicas cubana e brasileira que, se não soa exatamente original, ao menos realça a personalidade e a fina assinatura estilística da novata cantora, dona de timbre agradável.

Claudette canta Jobim com classe e sem bossa

Resenha de CD
Título: Foi a Noite -
Canções de Tom Jobim
Artista: Claudette Soares
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * *

Precursora das cantoras ditas ecléticas, Claudette Soares aderiu ao baião nos anos 50, passou pela Bossa Nova nos 60, investiu na MPB propagada pelos festivais e - já na década de 70 - abraçou o romantismo do cancioneiro de Roberto e Erasmo Carlos, fazendo sucesso com De Tanto Amor. Neste songbook de Tom Jobim, a cantora não exibe a bossa sexy enfocada em recente coletânea. O tom é de leve empostação classuda. A boa intérprete brilha especialmente em Derradeira Primavera. Só que o grande mérito do disco é jogar luz sobre temas obscuros do cancioneiro de Jobim. Músicas como Cala, meu Amor (de Tom com Vinicius de Moraes), Andam Dizendo (outra de Tom e Vinicius) e Sucedeu Assim (de Tom com Marino Pinto) são habitualmente esquecidas em songbooks dedicados à obra do maestro soberano - de quem Claudette já havia gravado nos anos 50 as canções Foi a Noite e Só Saudade, afetivamente revividas no álbum editado em embalagem digipack. E, por falar em afetos, há bom medley em homenagem a Sylvinha Telles (1934 - 1966) - com Discussão, Samba Torto e Eu Preciso de Você - e a participação de Alaíde Costa (cantora adepta do estilo empostado) em Sabiá. E, no estilo ghost, a voz macia de Dick Farney (1921 - 1987) é inserida em Solidão num harmonioso duo com Claudette Soares, à vontade no tom formal de seu Jobim.

Erasmo compõe música para CD solo de Paula

Erasmo Carlos é o autor de ? (O Q É Q Eu Sou), música que abre o segundo CD solo de Paula Toller, Só Nós, nas lojas a partir de quinta-feira, 28 de junho, via Warner. A composição foi criada especialmente pelo Tremendão para a cantora. O pedido foi feito a partir da participação do Kid Abelha no CD Erasmo Carlos Convida Volume 2 (o grupo revive O Portão ao lado do anfitrião). Não é de hoje, aliás, a admiração recíproca entre Paula Toller e Erasmo. Tanto que a artista cantou no disco ao vivo gravado pelo compositor em 1989 na faixa Vem Quente que Eu Estou Fervendo.

Boca Livre reúne Braz, Roberta e Fred em DVD

Gravado em fevereiro, o primeiro DVD do Boca Livre chegará às lojas em agosto. Antes, já no início de julho, sairá o CD. Em Boca Livre e ao Vivo, o quarteto vocal reúne convidados como Fred Martins (em Diana), Renato Braz (em Cruzada), Roberta Sá (em Desenredo) e Rodrigo Maranhão (em Feito Mistério). Ao habitual repertório de hits (Toada, Quem Tem a Viola, Ponta de Areia), o grupo adiciona tema do uruguaio Jorge Drexler (Al Otro Lado del Río), Lula Queiroga (Eu no Futuro, parceria com Lulu de Oliveira) e a inédita Quando Ela Fala, composta por Carlos Lyra a partir de um poema de Machado de Assis. A produção de Boca Livre e ao Vivo foi feita pelo selo MP, B (Maior Prazer, Brasil) numa parceria com a gravadora Universal Music e com o Canal Brasil. A conferir.

21 de junho de 2007

Gravação inédita de Sinatra é isca de coletânea

Jamais lançado em disco, um take alternativo do tema Nice 'N' Easy - gravado em abril de 1960 para o álbum homônimo - é a isca da nova coletânea de Frank Sinatra, Songs from the Heart, para atrair fãs do cantor para a boa compilação, recém-editada pela EMI Music no mercado brasileiro com 21 gravações feitas por Sinatra entre 1953 e 1961 na sua fase áurea na Capitol. O outro fonograma raro, gravado em 1957 e inédito em CD, é If You Are But a Dream. Eis as 21 faixas da coletânea, de tom romântico e de encarte farto:

1. I've Got You Under my Skin (1956)
2. Time After Time (1957)
3. Day by Day (1961)
4. All the Way (1957)
5. Too Marvelous for Words (1956)
6. My Funny Valentine (1953)
7. Love Is Here to Stay (1955)
8. I've Got a Crush on You (1960)
9. Cheek to Cheek (1958)
10. Try a Little Tenderness (1960)
11. I Wish I Were in Love Again (1956)
12. Angel Eyes (1958)
13. In the Wee Small Hours of the Morning (1955)
14. As Time Goes By (1961)
15. At Long Last Love (1956)
16. I'll Be Seeing Yiu (1961)
17. Almost Like Being in Love (1961)
18. Embraceable You (1960)
19. Nice 'N' Easy (1960)
20. Where or When (1958)
21. If You Are But a Dream (1957)

Obra plural de Benedito Lacerda é encaixotada

Compositor, (grande) flautista, produtor, arranjador e um dos principais parceiros do gênio Pixinguinha (1898 - 1973), o esquecido Benedito Lacerda (1903 - 1958) tem a sua vida e obra recuperadas pelo projeto Será o Benedito?!? - editado pela gravadora indie Maritaca Discos (SP) e distribuído pela Tratore. Trata-se de uma série de três caixas que reúnem CDs com gravações originais (algumas inéditas) que resumem a obra plural de Benedito Lacerda. A primeira caixa - Benê, o Flautista (capa à esquerda) - já está sendo lançada. Na seqüência, vão chegar ao mercado as outras duas - Benê, o Criador e Benê, o Fazedor.

A caixa Benê, o Flautista compreeende quatro CDs e um libreto de 90 páginas. O CD 1 reúne 18 gravações feitas entre 1930 e 1933 pelo grupo Gente do Morro, formado por Benedito (flauta e vocal) ao lado de nomes como Bide (tamborim). O CD 2 enfoca a parceria de Benedito com Pixinguinha. A dupla realizou 34 gravações entre 1946 e 1951. Destas, a caixa reapresenta 24 feitas de 1946 a 1948. Ao unir-se a Benedito, Pixinguinha encerrou um período de vacas magras por estar longe das rádios, dos palcos e dos discos. Já os CDs 3 e 4 totalizam 41 fonogramas gravados pelo famoso Regional de Benedito Lacerda com os cantores e cantoras em evidência nas décadas de 30 e 40. O libreto traz informações detalhadas sobre as antigas gravações, valorizando este lançamento patrocinado pela Petrobrás para jogar luz sobre a vida e obra de um músico muito importante, mas geralmente esquecido à sombra de gênios como o seu parceiro Pixinguinha. A tiragem inicial é de cinco mil cópias.

CD de Aydar é reeditado com vídeo e nova capa

Destaque de 2006, pela ótima abordagem contemporânea do samba, o álbum de estréia de Mariana Aydar, Kavita 1, já mereceu uma nova edição da gravadora Universal Music - com outra capa (à direita) e com o vídeo da música Deixa o Verão, de Rodrigo Amarante, incluído como bônus. A atual reedição é igual a que vai ser lançada no exterior - mais precisamente, na França e no Japão - já no início do segundo semestre. Foi a própria cantora que escolheu a foto da nova capa. A original era muito esmaecida e não fazia jus à beleza de um trabalho que conquistou fãs como Caetano Veloso.

Show erótico de Ana Carolina divide fãs na rede

Estreado sob o signo da polêmica no Palácio das Artes (MG), em 15 de junho, o novo show de Ana Carolina, Dois Quartos, tem provocado acalorada discussão na internet. Os vídeos eróticos - pornográficos, para alguns - exibidos na abertura, quando Ana apresenta as músicas Cantinho e Eu Comi a Madona, chocaram a tradicional família mineira. Até mesmo fãs da cantora se sentiram muito desconfortáveis e o debate na rede já é intenso, sobretudo na comunidade da cantora (em foto de André Schiliró) no orkut. Na segunda apresentação, Ana já reduziu os vídeos - mas não os eliminou - e fez modificações no roteiro, que não teria agradado o público fiel da artista. Dirigido por Monique Gardenberg, com um cenário de Gringo Cardia, o show poderá chegar ao Rio de Janeiro - no Canecão, a partir de 19 de julho - bastante modificado. Entre os números, há Três (recente música de Marina Lima que Adriana Calcanhotto também já vem cantando em shows), É Isso Aí (com Ana ao piano), o samba Cabide (em que Ana reassume o pandeiro) e O Cristo de Madeira, momento em que Ana apresenta uma dança considerada estranha pelos fãs fiéis. O fato é que há quem fale em apelação - e a queixa parte justamente de admiradoras da cantora.

20 de junho de 2007

Rodrigo celebra a vida pós-drogas em disco solo

Baixista do Barão Vermelho e integrante da banda Os Britos, Rodrigo Santos apresenta esta semana seu primeiro CD solo, Um Pouco Mais de Calma, via Som Livre. O título sereno celebra a calmaria pós-drogas e álcool da vida do artista. Já livre dos vícios, Rodrigo exibe otimismo em músicas inéditas como Nunca Desista do seu Amor, faixa que traz a guitarra de Frejat e que puxa o CD, batizado com o nome de tema composto por ele em parceria com o mesmo Frejat. Zélia Duncan é parceira e convidada de O Peso do Passado. George Israel tocou em Cidade Partida. Eis o repertório do álbum:
1. Um Pouco Mais de Calma (Rodrigo Santos e Frejat)
2. Que Língua Falo Eu (Rodrigo Santos, Lobão e Tavinho Paes)

- Gravada por Lobão no álbum O Inferno É Fogo (1991)
3. Nunca Desista do seu Amor (Rodrigo Santos) - com Frejat
4. Quem Não Viu? (Rodrigo Santos e R. Rabbah)
5. O Sono Vem (Rodrigo Santos) - Gravação original do Barão
Vermelho no CD Puro Êxtase (1998)
6. Cigarro Aceso no Braço (Frejat, Fernando Magalhães e Mauro

Sta. Cecília) - Gravação original no CD Barão Vermelho (2004)
7. Cidade Partida (Rodrigo Santos e George Israel)

- Participação de George Israel
8. Tempos Difíceis (Rodrigo Santos)
9. Estrangeiro (Rodrigo Santos, Maurício Barros e Mauro Sta.
Cecília)
10. Vai Ser Melhor Assim (Rodrigo Santos e Leoni) - com Leoni
11. A Vida Não Dói (Rodrigo Santos)

12. O Peso do Passado (Rodrigo Santos e Zélia Duncan)
- Participação de Zélia Duncan
13. Carta pra Nós (Rodrigo Santos, Mauro Sta. Cecília e Herbert

de Souza) - Adaptação de Carta pra Maria, de Herbert de Souza
14. Pão-Duro (Rodrigo Santos e Mauro Sta. Cecília)

'1973' dá a partida no segundo álbum de Blunt

James Blunt já se prepara para enfrentar, em setembro, a prova do segundo disco, depois do estouro de seu primeiro álbum, Back to Bedlam (2005), que emplacou a balada You're Beautiful no topo das paradas de diversos países - inclusive o Brasil. Intitulado All the Lost Souls, o novo CD do cantor britânico tem lançamento mundial programado para 18 de setembro, via Atlantic / Warner Music. Antes, em 23 de julho, será lançado o primeiro single com a faixa 1973. Annie, I Really Want You e Same Mistake são outras músicas do álbum, gravado em Los Angeles (EUA) com produção de Tom Rothrock e os músicos que acompanham Blunt nos shows.

Retorna o CD em que Moura interpreta Caymmi

Em 1990, Paulo Moura gravou CD com o Ociladocê - o sexteto que tocava com o clarinetista na época - em que mostrou leitura afro da obra de Dorival Caymmi. O álbum Paulo Moura e Ociladocê Interpretam Dorival Caymmi foi editado em 1992, pela gravadora Caju Music. Quinze anos depois, o disco volta ao catálogo em reedição da Biscoito Fino - com outra capa (acima) e outro título, O Som de Dorival Caymmi. O Ociladocê já se dispersou, mas trazia na exímia formação original músicos como os percussionistas Carlos Negreiros, Jovi e Marcos Suzano. Eis o repertório integral do CD:
1. Noite de Temporal
2. Só Louco
3. Doralice
4. Marina
5. Acalanto
6. Dora
7. O Mar
8. Oração de Mãe Menininha
9. Sargaço Mar / Promessa de Pescador
10. História dos Pescasores I
11. História dos Pescadores II

Coleção enfoca o jazz 'romântico' de cinco vozes

A EMI Music está lançando no mercado brasileiro mais cinco títulos da coleção Music for Lovers, da Blue Note. O lote inclui compilações de Dianne Reeves (capa à esquerda), de Joe Williams, Nancy Wilson, Dinah Washington e de Sarah Vaughan. As seleções dos CDs priorizam um jazz soft, mais melódico e romântico - sem tanto espaço para os improvisos. Cada coletânea vem com texto sobre o estilo do intérprete enfocado e a ficha técnica apresenta informações sobre as origens das 12 gravações selecionadas para cada disco. É para os que querem se iniciar no jazz mais palatável!!

19 de junho de 2007

Rufus soa até político em CD denso e emocional

Resenha de CD
Título: Release the Stars
Artista: Rufus
Wainwright
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *

Em seu quinto grande álbum, o compositor de Nova York - gay assumido na vida e nas suas letras - reafirma uma certa influência dos temas de musicais. Gravado em Berlim, com a produção executiva do Pet Shop Boy Neil Tennant, que pilota sintetizadores na faixa-título, Release the Stars é um álbum de densidade emocional. Com direito a uns toques políticos em Going to a Town. E o que se ouve em músicas como Slideshow são melodias cativantes embaladas com arranjos orquestrais grandiloqüentes. Que poderiam figurar na trilha de um sucesso da Broadway. Contudo, há os temas mais introspectivos - casos de Tiergarten e, sobretudo, da linda Leaving for Paris nº 2, urdida somente com piano (a cargo do próprio Rufus) e baixo. E, como já debutou fora do armário, Wainwright expõe dores e sua sexualidade em músicas como Sanssouci. Um disco cativante em que músicas, letras e arranjos parecem (e são!!) feitos sob medida.

Lulu faz baile com grooves funkeados e veia pop

Resenha de CD
Título: Long Play
Artista: Lulu Santos
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *

Lulu Santos poderia surfar na onda do pop perfeito, que ele domina como quase ninguém no Brasil, por toda sua vida. Mas o cantor tem procurado outras ondas e grooves em álbuns de inéditas como Programa (2002), Bugalu (2003) e o menos inspirado Letra & Música (2005). Em Long Play, cuja capa chique assinada por Giovanni Bianco (o preferido de Madonna) evoca a estética da disco music, MC Lulu arma seu baile com levadas funkeadas, perceptíveis já na faixa de abertura, Olhos de Jabuticada. E - não por acaso - há no repertório apropriadas releituras de hit de MC Marcinho (Se Não Fosse o Funk) e de Deixa Isso pra Lá, tema tido como o primeiro rap nacional, gravado por Jair Rodrigues em 1964. Pois Lulu traz efetivamente a música de Alberto Paz e de Edson Menezes para o universo do hip hop. Entretanto, o eixo estético de Long Play extrapola o universo dos bailes da pesada. Entre música moldada para as pistas (Seu Aniversário, também disponível em versões remix e karaokê) e dois sambões (Propriedade Particular e Boa Vida), há a balada Contatos a reafirmar a pulsação pop da veia de Lulu Santos. E, não por acaso, Contatos acabou eleita a primeira música de trabalho deste álbum revigorante, porém não especial.

Gil lança no YouTube vídeo de música inédita

Em sintonia com os tempos cibernéticos, Gilberto Gil está usando a internet para promover o clipe da música inédita, Banda Larga Cordel, composta por ele para puxar a turnê que fará por Europa e África em julho. Assinado pelo cineasta Andrucha Waddington, o vídeo foi filmado pelo celular na cozinha da casa de Gil enquanto o compositor mostrava a música para amigos e familiares. O clipe - que tem produção caseira - já pode ser acessado no YouTube no link http://www.youtube.com/watch?v=bdjQwrPW_zI. Eis a letra:

Banda Larga Cordel (Gilberto Gil)

Pôs na boca, provou, cuspiu.
É amargo, não sabe o que perdeu
Tem o gosto de fel, raiz amarga
Quem não vem no cordel banda larga
Vai viver sem saber que o mundo é o seu
Tem um gosto de fel, raiz amarga
Quem não vem no cordel da banda larga
Vai viver sem saber que o mundo é o seu
Uma banda da banda é umbanda
Outra banda da banda é cristã
Outra banda da banda é kabala
Outra banda da banda é koorão
E então, e então, são quantas bandas?
Tantas quantas pedir meu coração
E o meu coração pediu assim só
Bim-bom, bim-bim-bom, bim-bão
Todo mundo na ampla discussão
O neuro-cientista, o economista
Opinião de alguém que está na pista
Opinião de alguém fora da lista
Opinião de alguém que diz não
Ou se alarga essa banda e a banda anda
Mais ligeiro pras bandas do sertão
Ou então não, não adianta nada
Banda vai, banda fica abandonada
Deixada para outra encarnação
Ou então não, não adianta nada
Uma vai outra fica abandonada
Os problemas não terão solução
Piraí, Piraí, Piraí
Piraí bandalargou-se há pouquinho
Piraí infoviabilizou
Os ares do município inteirinho
Por certo que a medida provocou
Um certo vento de redemoinho
Diabo do menino agora quer
Um Ipod e um computador novinho
O certo é que o sertão quer navegar
No micro do menino internetinho
O Netinho baiano e bom cantor
Já faz tempo tornou-se um provedor – provedor de acesso
À grande rede www
Esse menino ainda vira um sábio
Contratado do Google, sim sinhô
Diabliu de menino internetinho
Sozinho vai descobrindo o caminho
O rádio fez assim com o seu avô
Rodovia, Hidrovia,
Ferrovia e agora chegando a infovia
Pra alegria de todo o interior
Meu Brasil, meu Brasil, bem brasileiro
O You Tube chegando aos seus grotões
Veredas dos Sertões, Guimarães Rosa
Ilíadas, Luzíadas, Camões
Rei Salomão no Alto Solimões
O pé da planta, a baba da babosa
Pôs na boca, provou, cuspiu
É amargo, não sabe o que perdeu
É amarga a missão, raiz amarga
Quem vai soltar balão na banda larga
É alguém que ainda não nasceu
É amarga a missão, raiz amarga
Quem vai soltar balão na banda larga
É alguém que ainda não nasceu

Warner contrata Ponto e põe 25 mil CDs na loja

Lançado recentemente, o segundo CD do grupo Ponto de Equilíbrio, Abre a Janela, terá sua tiragem inicial de 11 mil cópias reforçada com mais 25 mil exemplares. A cota suplementar já é o primeiro efeito do contrato assinado pela banda carioca de reggae com a Warner Music na última quinta-feira, 14 de junho. Em ascensão no mercado de reggae, já com shows lotados, o octeto é a nova aposta de Sérgio Affonso, que assumiu a presidência da filial brasileira da major em abril, após quatro anos de trabalho na Warner do México. A banda fez nome no mercado indie, vendendo 50 mil cópias de seu primeiro álbum, Reggae a Vida com Amor, que cultua a filosofia rastafari propagada por Bob Marley. O reggae do Ponto de Equilíbrio segue a receita roots.

18 de junho de 2007

Voz popular, Núbia Lafayette sai de cena aos 70

Aos 70 anos, Núbia Lafayette saiu de cena, na tarde desta segunda-feira, 18 de junho, em Niterói (RJ), por complicações decorrentes de um AVC. Nascida em 21 de janeiro de 1937, no Rio Grande do Norte, Idenilde de Araújo Alves da Costa foi cantora que orbitou na esfera da canção mais popular. Adotou o nome artístico de Núbia Lafayette por sugestão de Adelino Moreira, compositor do qual foi uma das principais intérpretes. Começou a cantar nos anos 50, mas seu primeiro sucesso - Devolvi, da lavra de Adelino - data do início da década de 60. Mesmo à margem do mercado, Núbia seguiu a trilha da canção populista sentimental que - mais tarde - seria rotulada de brega. Ao cantar as dores de amores em sucessos como Preciso Chorar, Seria Tão Diferente, Solidão e Casa e Comida, Núbia Lafayette manteve um pequeno, mas fiel, público. Seu derradeiro CD, Núbia Lafayette Canta Dalva de Oliveira, foi editado em 1998 dentro da coleção 20 Super Sucessos, da Polydisc. Um série popular como a cantora.

E por falar em partidas, quem também saiu de cena no domingo, 17 de junho, aos 72 anos, foi o compositor, músico e arranjador Durval Ferreira, nascido em 1935 e projetado a partir do estouro da Bossa Nova. Autor de standards do gênero como Estamos Aí e Batida Diferente, Durval tocou com Sérgio Mendes e com jazzistas americanos. No Brasil, integrou o grupo Os Gatos. Seu último CD, Batida Diferente, foi editado em 2004. Que descanse em paz!!!!

Menescal e Wanda Sá lançam DVD 'Swingueira'

Em fevereiro de 1995, no Rio, Roberto Menescal e Wanda Sá gravaram Eu e a Música, primeiro CD de uma parceria que, 12 anos depois, chega ao DVD com o lançamento de Swingueira pelo selo Albatroz. Gravado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte (MG), o DVD traz o registro visual do show de lançamento do CD Swingueira, editado em 2005. O roteiro de 17 números mistura bossas novas (Adriana, Swingueira) e velhas (Wave, Eu Sei que Vou te Amar, Tem Dó, A Morte de um Deus de Sal). Ninguém é parceria de Wanda e Menescal. Só que houve um descuido na produção do DVD: A Banca do Distinto, a obra-prima de Billy Blanco, é creditada na contracapa do DVD como A Banca do Destino... Na tiragem inicial de mil cópias, ao menos, há o erro.

Coletânea expõe todos os lados de Zeca Baleiro

Há coletâneas - muitas - que se limitam a agrupar os sucessos de um cantor ou compositor. Em geral, os mesmos hits que já entraram em compilações anteriores. Mas há coletâneas - poucas - que realmente vem somar ponto na discografia do artista. É o caso de Lado Z - compilação editada pela MZA Music com 15 fonogramas até então dispersos na obra fonográfica de Zeca Baleiro. Eis as faixas:

1. Eu, Você e a Praça (Odair José) - Fonograma do disco Vou Tirar Você desse Lugar (2005), gravado em tributo a Odair José.

2. Tristeza Pé no Chão (Armando Fernandes Mamão) - Faixa do álbum Um Ser de Luz - Saudação a Clara Nunes, editado em 2003.

3. Uma Delicada Forma de Calor (Lobão) - Dueto gravado com Lobão para o CD A Vida É Doce, editado pelo roqueiro em 1999.

4. Na Subida do Morro (Moreira da Silva e Ribeiro Cunha) - Duo com Jards Macalé do CD Jards Macalé Canta Moreira da Silva (2001).

5. Das Dores de Oratório (João Bosco) - Fonograma do primeiro volume do Songbook João Bosco, projeto editado em CD em 2003.

6. Salve a Mulatada Brasileira (Martinho da Vila) - Gravação feita em dueto com Martinho da Vila para o álbum Lusofonia (2000).

7. Não Tenho Tempo (Zeca Baleiro) - Faixa do DVD Raimundo Fagner e Zeca Baleiro (2004). Este fonograma era inédito em CD.

8. Menina Jesus (Tom Zé) - Sobra de Pet Shop Mundo Cão (2002).

9. De Teresina a São Luís (João do Vale e Helena Gonzaga) - Gravação feita por Zeca em dueto com o cantor Tião Carvalho para o CD Tião Carvalho Canta João do Vale, editado em 2006.

10. Meu Coração Está de Luto (Waldik Soriano) - Gravação do DVD Baladas do Asfalto e Outros Blues ao Vivo. É inédita em CD.

11. Roda Morta (Sérgio Sampaio e Sérgio Natureza) - Gravação feita para o disco Um Pouco de mim (2004), de Sérgio Natureza.

12. Onde Anda Iolanda (Rolando Boldrin) - Dueto com Boldrin do álbum Sr. Brasil - Rolando Boldrin e Convidados ao Vivo (2005).

13. Radiografia (Vanessa Bumagny) - Gravação feita em duo com a cantora Vanessa Bumagny para De Papel, CD editado em 2003.

14. Forró no Malagueta (Zeca Baleiro) - Gravação com o grupo Forróçacana, do disco O Melhor Forró do Mundo ao Vivo (2005).

15. Coro das Velhas (Sérgio Godinho) - Gravação feita em dueto com Sérgio Godinho para o CD O Irmão do Meio, editado em 2003.

Diogo Nogueira estréia na EMI e grava com D2

Filho de João Nogueira (1941 - 2000), o cantor Diogo Nogueira já é o mais novo integrante do elenco brasileiro da EMI Music. O jovem, de 25 anos, vai estrear no mercado fonográfico com um registro de show - como é do gosto das companhias multinacionais. CD e DVD serão gravados ao vivo, em 4 e 5 de julho, no Teatro João Caetano (RJ), com intervenções de Marcelo D2, Marcel Powell (violonista filho de Baden Powell) e de ritmistas da escola de samba carioca Portela.

17 de junho de 2007

Que bela cantora é Roberta Sá em seu novo CD!

Resenha de CD
Título: Que Belo Estranho Dia para se Ter Alegria
Artista: Roberta Sá
Gravadora: MP,B / Universal Music
Cotação: * * * * *

Destaque de 2005 com o irretocável álbum Braseiro, Roberta Sá finalizou no Rio seu segundo disco, nas lojas no segundo semestre de 2007 em parceria do selo MP, B - Maior Prazer, Brasil - com a Universal Music. A julgar pelo CD, estupendo, a intérprete vai se firmar definitivamente como uma das mais importantes cantoras brasileiras da década. Há no disco - poeticamente intitulado Que Belo Estranho Dia para se Ter Alegria - o mesmo frescor de Braseiro. O produtor também é o mesmo, Rodrigo Campello, mas Roberta não copiou a receita do trabalho anterior - como já fica claro a partir da faixa de abertura, O Pedido. Há sonoridades mais contemporâneas - em especial na faixa-título - ainda que o velho e bom samba seja novamente o fio que costura o delicioso repertório formado por músicas de Moreno Veloso, Edu Krieger, Pedro Luís e Rodrigo Maranhão, entre outros bons compositores.

Entre excelentes inéditas, Roberta Sá reafirma sua capacidade de vasculhar os baús da música brasileira para fugir de regravações óbvias. Alô Fevereiro - samba de Sidney Miller - é uma das jóias lustradas pelo canto leve da artista potiguar, radicada no Rio. O arranjo remete ao universo dos conjuntos regionais da primeira metade do século 20. E é transitando na ponte passado-presente, com um pé na modernidade e o outro na tradição, que a cantora entoa com suingue e dengo um samba como Interessa. Os sopros do arranjo evocam leve clima de gafieira para Roberta desfiar uma letra pré-feminismo em que a mulher exalta de forma pueril os dotes de seu "maridinho". Lembra até a verve de Carmen Miranda.

Salta aos ouvidos na linda canção Mais Alguém o fraseado sutil e elegante da intérprete. A faixa poderá até oferecer forte munição para quem insiste em associar o canto de Roberta Sá ao de Marisa Monte, mas a perfeita emissão vocal da artista apresenta técnica e identidade próprias. E ambas foram postas a serviço de 13 faixas coesas. Se Janeiros exibe levada próxima do samba-choro, Cansei de Esperar Você ganha releitura suave. Otimista, o samba de Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho já foi gravado pelo Fundo de Quintal em seu álbum O Mapa da Mina, de 1986, só que é desconhecido.

Inédita parceria de Pedro Luís e Carlos Rennó, Fogo e Gasolina põe fogo na veia nordestina de Roberta - que já pulsava forte em Braseiro. A faixa foi gravada em dueto com Lenine. Também da lavra de Pedro e Rennó vem o Samba do Amor e Ódio. E, falando em Pedro, ele faz discretos vocais em Girando na Renda, tema que Roberta já cantava em shows e que defendeu num recente festival de televisão. Já Samba de um Minuto, da lavra profícua do carioca Rodrigo Maranhão, reaparece depois de ter merecido um registro da própria Roberta, com o título de Novidade, no CD extra-oficial Sambas e Bossas (gravado para empresa - antes de Braseiro).

Novo Amor - tema de Edu Krieger, inspirado compositor que vem se projetando na nova MPB - ganha interpretação de Roberta que chega a beirar o sublime. Cantando cada vez melhor, ela também reafirma seu frescor e sua bossa em Laranjeira, grande samba de tom baiano. Que bela cantora é Roberta Sá em seu novo e feliz CD!!

'Discoteca MTV' lembra as revoluções do RPM

Resenha de programa de TV
Título: Discoteca MTV
- Revoluções por Minuto (RPM, 1985)
Exibição: MTV
Data: 15 de junho de 2007
Cotação: * * *

Semente que fez germinar o fenomenal culto ao RPM, espécie de Beatlemania tupiniquim que marcou o ano de 1986, o belo disco Revoluções por Minuto é um dos trabalhos mais importantes do pop rock brasileiro dos anos 80. "É o melhor disco da gente", reconheceu o tecladista Luiz Schiavon no nono episódio da série Discoteca MTV. Ao analisar o álbum, o programa lembrou o apogeu do RPM sem tocar nas feridas que minariam o sucesso e fariam o grupo se dissolver antes do fim da década de 80 - com direito a várias voltas marketeiras que nem de longe surtiram o efeito devastador daqueles anos de glória e histeria permanente de fãs em hotéis. "Nós saímos diferentes das pessoas que éramos quando entramos...", limitou-se a dizer Paulo Ricardo no episódio.

"A gente fez isso há 20 anos e está vivo", gabou-se o baixista P.A. - como é conhecido Paulo Pagni, que, na época da gravação do LP de estréia do RPM, ainda nem era músico oficial da banda. Luiz Schiavon lembrou que o conceito do som da banda passava pelo tecnopop de bandas como Duran Duran. "Foi ultramoderno para a época. Um disco realmente novo", avalizou o rapper B Negão em depoimento para o programa. "É difícil dimensionar o que foi o RPM", avaliou o jornalista Ricardo Alexandre, autor de Dias de Luta, livro fundamental sobre o rock brasileiro da década de 80.

"A gente tinha conhecimento do que estava fazendo. Queríamos marcar nosso estilo, nossa cara", desmistificou (um pouco) Paulo Ricardo. P.A. recordou que o leilão entre EMI e Sony pelo passe do RPM garantiu ao grupo boas cláusulas contratuais. Já Schiavon lembrou que foi o bom remix de Louras Geladas, e não a gravação original, que invadiu as rádios e detonou a tal revolução. "Paulo Ricardo e Fernando Deluqui eram os caras mais bonitos que tinha na época", testemunhou sem frescura Beto Bruno, o vocalista do grupo gaúcho Cachorro Grande, num depoimento surpreendente.

Escorado nas letras de Paulo Ricardo, o LP apresentou dois lados bem distintos. O lado A era pop. Emplacou os hits Olhar 43, Rádio Pirata, A Cruz e a Espada e Louras Geladas. Já o lado B era mais sombrio, quase dark, e emplacou o hino Revoluções por Minuto, cujo som barulhento da introdução foi extraído a partir da fricção de uma corrente em um cinzeiro. "Eu tive sorte de ter feito parte deste fenômeno", admitiu sucinto o guitarrista Fernando Deluqui.

As egotrips, brigas e orgias derivadas do sucesso do álbum foram omitidas no programa. Mas é inegável que, pelo repertório coeso e consistente e pela sonoridade realmente bem construída, o que passa mesmo para a história do pop nativo é a revolução musical e comportamental causada por um disco que ainda exala frescor 22 anos depois de seu histórico lançamento. É álbum de aura mágica.

Orquestra Imperial troca a folia pela serenidade

Resenha de CD
Título: Carnaval
Ano que Vem
Artista: Orquestra
Imperial
Gravadora: Ping Pong
/ Som Livre
Cotação: * * *

Não espere ouvir no primeiro álbum da Orquestra Imperial a reprodução dos incensados bailes comandados pela big-band carioca. Se o EP editado em fevereiro empolgava com quatro sambas antigos, tocados à moda dos shows feitos pela turma, Carnaval Só Ano que Vem troca a folia pela serenidade. É CD de inéditas que aposta em timbres mais calmos urdidos sob a batuta do produtor Mario Caldato Jr. A mudança de clima já é perceptível na abolerada O Mar e o Ar, que abre o disco com levada que remete a João Donato - referência que se detecta também em Yarusha Djaruba, de tonalidade cubana. Há, sim, os sambas de formato mais tradicional (Salamaleque e Era Bom são os melhores), mas o disco extrapola o universo da dança. Jardim de Alah e Rue de mes Souvenirs (o tema cool cantado em francês por Thalma de Freitas) evocam a velha bossa. Interpretada pela boa Nina Becker, De um Amor em Paz esboça viagem psicodélica. Enfim, os grooves são outros. Não tão contagiantes quanto os do EP carnavalesco, só que corajosos. A Orquestra Imperial não se apresenta como uma banda de covers neste primeiro álbum que também ambiciona o mercado estrangeiro. Carnaval? Só no show.

CD de inéditas dos Mutantes deverá ter Tom Zé

O guitarrista Sérgio Dias Baptista trabalha no repertório do álbum de inéditas dos Mutantes - anunciado desde a reunião do grupo em 2006. O disco deverá ser gravado em 2008 e, provavelmente, vai trazer parcerias da nova vocalista, Zélia Duncan, com os músicos da banda. Integrante da Tropicália, Tom Zé teria sido convidado a participar do CD - previsto no contrato assinado com a Sony BMG.