24 de março de 2007

Raso, Capital se refugia no mundo adolescente

Resenha de CD
Título:
Eu Nunca Disse Adeus
Artista: Capital Inicial
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * *
1/2

Em seu último CD de inéditas, Gigante! (de 2004), o Capital Inicial apostou em repertório de tonalidade eventualmente sombria sem seguir à risca a uniforme cartilha radiofônica - só que também sem desprezá-la por completo. Havia em Gigante! e no anterior Rosas e Vinho Tinto (2002) alguma densidade que se dissipou neste atual Eu Nunca Disse Adeus. Neste disco, em que o Capital volta a ser produzido por seu fiel escudeiro Marcelo Sussekind, o quarteto buscou refúgio no universo adolescente para cortejar o público que comprou o milhão de cópias de seu Acústico MTV (2000) e que se afastou com o peso do histórico tributo ao Aborto Elétrico, editado em 2005 em CD e DVD de limitada repercussão comercial.

Se há munição (quase) certeira para as rádios, entre baladas e pop rocks, há também o tom raso dos versos que desabona o currículo de Alvin L - o letrista das 13 inéditas, compostas com o vocalista Dinho Ouro Preto (com as eventuais colaborações do guitarrista Yves Passarell). "Perca peso / Tenha estilo / Compre esse / Prove aquele", ordena cinicamente o rock A Vida É Minha, libelo pueril contra as imposições e padrões juvenis da sociedade de consumo.

A boa balada pop que dá título ao CD e que já está nas rádios, Eu Nunca Disse Adeus, comprova a habilidade crescente do Capital Inicial para formatar um som (próprio) moldado para as paradas com o devido aval da produção padronizada de Marcelo Sussekind e dos riffs precisos de Passarell. Tem apelo? Tem, mas parece que as músicas foram feitas de caso pensado para chamar, entre um e outro anúncio de refrigerante, a atenção da juventude que assiste ao seriado Malhação. Se o rock 18 versa sobre a desorientação típica dos teens, O Imperador remói sem criatividade a questão das egotrips e dos efeitos nocivos oriundos da fama. Haja clichês!!!

Justiça seja feita, desde o acústico da MTV, o Capital não lançava um álbum tão vocacionado para o sucesso. Baladas como Aqui e Eu e Minha Estupidez têm todo o jeito de hit. Vão soar como mel para um público que se identificará com uma música intitulada Eu Adoro minha Televisão (de instrumental, aliás, afiadíssimo) e que talvez até engula o peso (suave) de Má Companhia, rock em que o Capital Inicial parece tirar onda de sua origem punk. O problema - evidenciado também em álbuns como o citado Gigante! - é o tom repetitivo do repertório que vai se impondo à medida em que o CD avança. E quando, enfim, aparece um resquício de densidade - na balada Um Homem Só - é tarde. O disco já acabou. Mas quem é que espera densidade, profundidade ou crítica social de uma banda de pop juvenil? Não vai ser - claro - o público-alvo do Capital Inicial. Talvez apenas um crítico velho que adorava Veraneio Vascaína...

Trilha de novela é o paraíso para os fãs de MPB

Resenha de CD
Título: Paraíso Tropical

Nacional
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *

Embora bem urdida e escrita, a trama de Paraíso Tropical ainda patina em ibope abaixo do esperado para uma novela das oito. Já editada em CD, a trilha sonora nacional da história de Gilberto Braga talvez repita o desempenho comercial do folhetim. É boa, como a novela, só que calcada em medalhões da MPB que já não vendem discos como antes e que confinam a seleção musical a um universo tradicionalista. É até possível que nem mesmo as três composições da lavra de Ana Carolina bastem para tirar logo das prateleiras a ambiciosa tiragem inicial de 40 mil cópias. A melhor delas, o samba Cabide, desce bem na voz macia de Mart'nália. As outras duas, Carvão e Ruas de Outono, são baladas que se ajustam aos padrões da cantora. Ruas de Outono aparece em gravação inédita de Gal Costa, que imprimiu tonalidade suave à canção, em registro similar ao feito por Ana Carolina no seu disco duplo Dois Quartos, de onde foi extraída a - bem menos inspirada - Carvão.

A propósito, Paraíso Tropical Nacional aporta nas lojas com várias gravações inéditas de astros da MPB. Se Milton Nascimento não decola no Samba do Avião, apesar de arriscar os falsetes em que era mestre nos anos 70 e 80, Simone acerta ao baixar seu tom em Existe um Céu, boa inédita de Francis Hime e Geraldo Carneiro. Já Maria Bethânia reafirma sua habitual nobreza no samba-canção Sábado em Copacabana, de Dorival Caymmi e Carlos Guinle. De Caymmi, há também Vatapá (com o filho Danilo) e Você Não Sabe Amar, em gravação meio abolerada feita pela filha Nana para seu ainda inédito álbum Quem Inventou o Amor, que sai em abril.

Amor, aliás, é tema recorrente na romântica trilha. Seja na voz de Toni Platão, o intérprete de Impossível Acreditar que Perdi Você, balada de Márcio Greyck de singela beleza. Seja no tom sambossa do dueto de Erasmo Carlos com Chico Buarque em Olha (Chico até está cantando mal...). Ou no dueto de Bebel Gilberto e Cazuza em Preciso Dizer que te Amo, reproduzido de fita-demo de 1986, com direito a falas de Cazuza. Ou mesmo na interpretação refinada de Miúcha para Você Vai Ver, tema de Tom Jobim. É de seu novo CD.

Para deixar completo o time de medalhões da MPB, os produtores incluíram na trilha sonora gravações antigas de Caetano Veloso e Elis Regina. Da Pimenta, a escolha foi feliz. A gravação de 1973 do samba É com Esse que Eu Vou fornece até a vinheta instrumental que anuncia os intervalos da novela. Já o fraco samba-reggae Não Enche, lançado por Caetano em 1997, era totalmente dispensável. Até porque, após rápida passagem pela Bahia, a trama de Gilberto Braga já se deslocou para o Rio. Não Enche é o toque tropical de uma trilha que vai ser o paraíso de quem curte a MPB tradicional.

Livro desvenda a gênese do 'lado escuro da lua'

No embalo da vinda de Roger Waters ao Brasil com o show The Dark Side of the Moon, que chegou ontem ao Rio de Janeiro e será apresentado em São Paulo neste sábado, 24 de março, a editora Jorge Zahar pôs isca para os fãs nas livrarias nacionais: The Dark Side of the Moon - Os Bastidores da Obra-Prima do Pink Floyd. De autoria do jornalista John Harris, o livro procura desvendar a gênese do álbum que marcou a trajetória do grupo de Roger Waters. Através de entrevistas e imagens inéditas, o escritor revela o processo de criação e de produção do disco de 1973 que já vendeu mais de 30 milhões de cópias ao redor do mundo e que permaneceu por 724 semanas na parada da revista americana Billboard. Vai embarcar?

'Tecnomacumba' é trabalho feito com força e fé

Resenha de
show
Título:

Tecnomacumba
Artista: Rita

Ribeiro
Local: Teatro

Rival (RJ)
Data:
23 de

março de 2007
Cotação: * * * *

A impressão que se tem, a cada vez que Rita Ribeiro inicia seu bem-sucedido e já azeitado show Tecnomacumba, é que a platéia (jovem) recebe coletivamente um santo. Somente isso poderia explicar o transe evidenciado em cada apresentação. Na noite de sexta-feira, 23 de março, o curioso fenômeno se repetiu no Teatro Rival, casa carioca em que o lotado show se consolidou - depois de ter estreado em 2003 no Ballroom - e para a qual voltou esta semana em concorrida minitemporada que badala o homônimo disco gravado em estúdio pela intérprete com recursos próprios e editado pela Biscoito Fino em novembro.

Ao centro do palco, antes do show, um arranjo de rosas vermelhas meio que prepara o clima. Ao entrar no palco, entoando a capella o tema Divino, de seu primeiro CD, Rita Ribeiro já está em casa. E, por conta do axé da cantora, no segundo número, Jurema, a pista já encheu. E assim - cheia - permanece até o fim da apresentação. Com gestuais fortes, a artista parece à vontade no terreiro. Dança, canta e comanda a massa ao som de temas de inspiração africana como Domingo 23 (Jorge Ben Jor), Moça Bonita (do repertório de Ângela Maria nos anos 70), Babá Alapalá (Gilberto Gil), É d'Oxum (hit de Gerônimo que ganha citação de Emoriô, outra de Gil - com João Donato) e Coisa da Antiga (hit da obra de Clara Nunes), entre muitos outros. O vermelho predomina na iluminação, ajudando a esquentar um show já em si caloroso. E Rita Ribeiro nunca perde o pique: ela apresenta sua banda, saúda os orixás (e o fiel público do show) e sai de cena ao som de Cavaleiro de Aruanda, o sucesso de Ronnie Von nos anos 70. A pista ferve. O público parece exorcizar os demônios. E o fenômeno Tecnomacumba promete voltar à cena. Deu tão certo que parece trabalho feito. É coisa feita com fé!

23 de março de 2007

Solo de Pedro Miranda será editado na França

Selo já habituado a lançar discos de artistas brasileiros na França, DG Diffusion acertou com a gravadora carioca Deckdisc a licença para fabricar o primeiro bom CD solo de Pedro Miranda (em foto de Washington Possato), Coisa com Coisa, editado em 2006. A previsão é de que o álbum do artista - revelado no Grupo Semente - esteja nas lojas de Paris logo em maio. O contrato já foi assinado.

Taviani já alinhava terceiro disco com Torcuato

Ainda associada ao estilo passional da colega Ana Carolina, Isabella Taviani (em foto de Beti Niemeyer) vai iniciar a gravação de seu terceiro álbum entre o fim de março e o início de abril. Caberá a Torcuato Mariano a produção do CD. O disco trará no repertório - autoral e majoritariamente inédito - a música Outro Mar, cedida pela compositora para o terceiro trabalho de Luiza Possi.

CD de Luciana traz Pensador e hit de Simonal

Luciana Mello (foto) vai lançar - ainda em março - seu quinto álbum, Nêga. Viabilizado pelo selo S de Samba, do mano Jair Oliveira, o disco conta com a intervenção do rapper Gabriel O Pensador e traz releitura de Na Galha do Cajueiro, música que fez algum sucesso na voz de Wilson Simonal. As outras regravações são Only You - a balada do repertório do grupo The Platters, recriada pela cantora para a boa trilha sonora da novela Cidadão Brasileiro, da Rede Record - e O Samba me Cantou, de Jair Oliveira. Mas o repertório, essencialmente inédito, inclui músicas novas como Rosas e Mel, Na Veia da Nega, Sexta-Feira e Passar por mim. Nêga reúne 12 músicas e duas faixas-bônus. A produção do CD é de Jair Oliveira.

Garrido, Negra Li e Fito no mundo de Martinho

Martinho da Vila segue gravando seu próximo álbum de inéditas, intitulado Martinho da Vila, do Brasil, do Mundo. No disco, que será editado pela gravadora MZA Music ainda neste semestre, o sambista canta com convidados como Toni Garrido, Negra Li e o compositor argentino Fito Paez. Com Garrido (com Martinho na foto de divulgação da MZA Music), o sambista interpreta Nossos Contrastes, parceria de Martinho com Nelson Sargento. Negra Li gravou participação em O Amor da Gente. Já Fito Paez pôs voz - em Buenos Aires - no inédito samba-enredo que Martinho criou para a escola Unidos de Vila Isabel no Carnaval de 2006, a partir do enredo Soy Loco por Ti, America: a Vila Canta a Latinidade. O CD Martinho da Vila, do Brasil, do Mundo tem produção de Marco Mazzola e traz Madeleine Peyroux em Madalena do Jucu.

Em tempo: o disco dividido por Martinho da Vila com João Bosco - intitulado João e José, já que Martinho José Ferreira é o nome de batismo do sambista - vai sair somente em 2010 (se for feito...).

22 de março de 2007

Visita à era em que Alcione era a voz do samba

Resenha de CD
Título: Marrom Revisitada

- De A Voz do Samba
(1975) a Alcione (1981)
Artista: Alcione
Gravadora: Dubas Música
Cotação: * * * *


Houve tempo em que Alcione era, de fato, a voz do samba - como apregoou no título de seu primeiro LP, editado em 1975 com os sucessos O Surdo e Não Deixe o Samba Morrer, ambos incluídos em criteriosa coletânea que revisita a obra da Marrom em sua (primeira) passagem pela gravadora hoje denominada Universal Music. O ideal seria que a Universal reeditasse os discos feitos por Alcione naquele período (todos ganharam reedição em CD em 1993 na série Colecionador, tendo saído de catálogo há anos), mas, por ora, a compilação do selo Dubas lembra um tempo em que as baladas não davam o tom sentimental do repertório da artista. Das 14 músicas, cinco foram extraídas de E Vamos à Luta, o LP de 1980 que não aconteceu na época, mas que atualmente se impõe como um dos melhores de Alcione. A faixa-título, um samba esfuziante de Gonzaguinha, até passou para a posteridade, mas quase ninguém conhece o samba-de-roda Cheguei Tarde, composto por Tião Motorista e gravado por Alcione neste álbum em que ela também incluiu Meu Dia de Graça, o sambão de Dedé da Portela e Sérgio Fonseca. Do mesmo disco, a coletânea (re)apresenta A Ponte - dolente samba-canção de Elton Medeiros e Paulo César Pinheiro - e o dueto com Cartola (1908 - 1980) na rara Eu Sei. Por falar em raridade, vale ouvir De Babado, samba de Noel Rosa (1910 - 1937) regravado por Alcione em dueto com João Nogueira (1941 - 2000) para o disco Wilson, Geraldo, Noel, lançado em 1981 e reeditado em CD em tiragem pequena. Há, ainda, o partido alto Tiê, o marco da obra inicial de Ivone Lara, e a regravação da música de Baden Powell e Vinicius de Moraes que deu título ao LP Pra que Chorar, de 1977. Enfim, para quem não possui os discos originais, Marrom Revisitada recorda essa fase de sucesso artístico e comercial da cantora sem a previsibilidade das habituais e banais coletâneas (o único disco omitido na seleção é Gostoso Veneno, de 1979). A masterização é primorosa e o repertório escapa do óbvio - sem esquecer os hits obrigatórios como Sufoco. Vale reouvir a voz (que era) do samba!!

Arctic apresenta 13 músicas no segundo álbum

Com 13 músicas inéditas (Old Yellow Bricks, If You Were There, Balaclava, 505, Teddy Picker, Beware, Bad Thing e Do me a Favour, entre várias outras), o segundo álbum do Arctic Monkeys, Favourite Worst Nightmare (capa à direita), vai chegar às lojas de todo o mundo em 23 de abril. Já o primeiro single do disco, Brianstorm, sai em 16 de abril. Se o primeiro aclamado álbum do grupo britânico foi editado no Brasil pela Trama, o segundo terá lançamento mundial coordenado pela multinacional EMI Music.

Fábio mostra que a solidão foi a droga de Tim

Resenha de livro
Título: Até Parece que Foi Sonho
Autor:
Fábio

(Em depoimento a Achel Tinoco)
Editora: Matrix
Cotação: * * *

Doidão em todos os sentidos, Tim Maia (1942 - 1998) em triste madrugada telefonou para a delegacia da Barra da Tijuca, o bairro onde morava na Zona Oeste carioca, para solicitar ao delegado sua prisão por porte de drogas. Os policiais logo bateram à porta do Síndico. Embriagado e nu, ele estava deitado no chão da sala - de barriga para cima. "Me levem, se puderem", disse Tim, irônico, aos policiais. Sem ter como tirar o pesado cantor do chão, os policiais logo foram embora. Na manhã seguinte, Tim daria ao fiel amigo Fábio a mais sincera justificativa para sua surreal atitude: "eu não tinha ninguém para conversar...".

A passagem está relatada no livro Até Parece que Foi Sonho - Meus Trinta Anos de Amizade e Trabalho com Tim Maia, narrado por Fábio na primeira pessoa através de bom depoimento dado ao jornalista Achel Tinoco, responsável pela redação final. É um livro curto, de 136 enxutas páginas. Sem firulas e sem grandes preocupações com datas (há pequenos lapsos - como creditar ao ano de 1974 o festival Abertura, transmitido pela Rede Globo em 1975), o intérprete do hit Stella conta causos do colega com quem desenvolveu forte relação fraterna. Mesmo sem ter a consistência de uma biografia, a narrativa flui e mostra ao leitor que a solidão foi a droga que mais alterava o mau-comportamento de Tim Maia.

Gordo e feio, ele se dava ao luxo (??) de pagar garotas de programa apenas para conversar. Antes da fama, amargurado por ter ficado fora da orgia sexual que rolava no quarto de Fábio, Tim compôs na sala Azul da Cor do Mar, a bela canção que, em 1970, ajudaria a projetar seu primeiro LP em âmbito nacional (é o discaço que tem Primavera e Coroné Antonio Bento). Sem cerimônia, Fábio expõe as amarguras, as loucuras e as generosidades de Tim Maia. É um breve perfil feito por quem conviveu de perto com o astro que traduziu a soul music americana para o idioma nacional. Soa sincero (ainda que meio oportunista...) e funciona como delicioso aperitivo para a biografia Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia, escrita por Nelson Motta e agendada para o fim de 2007, dando início às lembranças pelos dez anos da morte de Tim Maia, ocorrida em 15 de março de 1998. História é o que não vai faltar...

R.E.M. recruta produtor que fez último do U2

Sem lançar álbum desde 2004, ano em que apresentou o belo, mas controverso, Around the Sun, o trio R.E.M. vai iniciar em breve a gravação de seu 14º disco de estúdio. A novidade é que o grupo recrutou o produtor Jacknife Lee para pilotar o CD. Lee está muito em alta no mercado por ter produzido o CD How to Dismantle an Atomic Bomb, eleito o Álbum do Ano na edição de 2005 do Grammy. O produtor também traz no currículo discos dos grupos Bloc Party e Snow Patrol. O novo trabalho do R.E.M. vai chegar às lojas no final do ano, pela gravadora multinacional Warner Music.

21 de março de 2007

Aos 70, Guilherme Araújo sai de cena no Rio

Ao sair de cena na manhã desta quarta-feira, 21 de março, aos 70 anos, Guilherme Araújo já era figura folclórica - quase uma lenda na música brasileira. Quem passasse por aquele senhor de cabelos grisalhos, pelas ruas de Ipanema (RJ), talvez já nem reconhecesse nele o empresário e produtor musical que foi figura fundamental na arquitetura da Tropicália e na condução inicial das carreiras de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa (com o produtor na foto do arquivo pessoal da cantora) e Maria Bethânia. Araújo teve faro...

Araújo teve apurada visão comercial. Ele conhecia as técnicas de marketing quando ele - o marketing - nem era nominado como tal na cultura pop. Em suma, Araújo sabia vender seus produtos na mídia. Sua importância na formatação do conceito do Tropicália ainda não foi corretamente dimensionada. Só que o movimento liderado por Gil e por Caetano talvez não tivesse surtido grande e imediato efeito sem a presença de Araújo. Foi Araújo que motivou Gil a investir na carreira musical. Foi Araújo que sugeriu o nome artístico de Gal Costa. Foi Araújo que, ainda em 1966, apostou na força dramática de Bethânia. Foi Araújo que comprou as idéias de Caetano e o ajudou a vendê-las na mídia. O resto logo foi História.

Dos quatro talentosos artistas baianos que tiveram suas carreiras alavancadas com a ajuda de Araújo, Gal foi a que colheu por mais tempo os louros da visão do produtor. Todo o conceito do projeto Gal Tropical - que rendeu LP e show em 1979, inaugurando fase de grande sucesso comercial na carreira da cantora - foi idéia de Araújo. Nascido no Rio de Janeiro, em 1936, ele ainda teve papel importante na consolidação do grupo Os Mutantes. Enfim, foi um empresário e produtor que transcendeu a burocracia inerente a essas funções. E que hoje saiu de cena - para virar lenda da MPB...

Obra inicial de Costello volta às lojas em maio

Como adquiriu parte do vasto catálogo de Elvis Costello, a Universal Music vai relançar em 1º de maio, em embalagem digipack, os 12 CDs de estúdio editados pelo profícuo artista entre 1977 e 1986 - período que compreende a primeira ótima década da camaleônica discografia de Costello. Fazem parte da coleção My Aim Is True (1977, capa à direita), This Year's Model (1978), Armed Forces (de 1979), Get Happy!! (1980), Trust (1981), Almost Blue (1981), Imperial Bedroom (de 1982), Punch the Clock (1983), Goodbye Cruel World (1984), Blood of Chocolate (1986) e King of America (1986). O pacote abrange ainda duas compilações com seleção feita pelo próprio Costello, The Best of Elvis Costello - The First Ten Years e Rock'n'Roll Music, que traz duas gravações inéditas: a versão-demo de Welcome to the Working Week e take alternativo de Honey, Are You Straight or Are You Blind?. Espera-se que a coleção seja editada no Brasil...

Bon Jovi lança álbum 'Lost Highway' em junho

Intitulado Lost Highway, o próximo álbum do grupo Bon Jovi tem lançamento previsto para junho. O primeiro single do CD, (You Want to) Make a Memory, está chegando esta semana às rádios dos Estados Unidos. A faixa-título integra a trilha sonora de uma inédita comédia estrelada por John Travolta, Wild Hogs. Já a faixa We Got It Going foi utilizada em cobertura esportiva por um canal de TV norte-americano. O álbum anterior do grupo, Have a Nice Day, foi editado em 2005 e vendeu bem.

Trio KLB faz 'cover' de Mutantes, RPM e Ultraje

Um dos maiores sucessos do grupo Os Mutantes, Balada do Louco ganha regravação do KLB. Em seu oitavo CD, Bandas, o trio (em foto de divulgação feita por Paulinho Segura) adere à fórmula dos covers. Os irmãos Kiko, Leandro e Bruno investem nos repertórios de grupos como RPM (Rádio Pirata), Ultraje a Rigor (Nós Vamos Invadir sua Praia), 14 Bis (Todo Azul do Mar) e Os Incríveis (Era um Garoto que como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones). A produção do CD é assinada pelo galês Paul Ralphes, que já pilotou o disco anterior do trio, Obsessão, que rendeu o hit radiofônico Um Anjo. O álbum Bandas chegará às lojas pela Universal Music.

20 de março de 2007

Moska retrata universo particular ao seu redor

Resenha de CD / DVD
Título: + Novo de Novo
Artista: Moska
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *

"É um universo particular", sentencia o exímio percussionista Ramiro Musotto a respeito da obra de Paulinho Moska, que passou a assinar somente Moska. A declaração lapidar de Musotto, incluída no filme que costura este primeiro registro de show do artista, é procedente. Moska parece habitar um mundo todo próprio que rege seu trabalho. Neste DVD, filmado em Brasília (DF) em dois shows realizados no Teatro da Caixa, em 4 e 5 de dezembro de 2004, o cantor se auto-retrata neste universo particular e tenta até renovar o formato tradicional dos registros visuais de shows musicais. O show pode ser visto isoladamente, mas o diferencial do DVD está justamente na colagem que intercala os números do roteiro com cenas captadas em externas e em estúdio. E funciona.

+ Novo de Novo é o desdobramento do álbum Tudo Novo de Novo (2003), cujo repertório nasceu inspirado em auto-retratos feitos por Moska com sua câmera digital em objetos espelhados de banheiros (as imagens podem ser vistas nos extras do DVD). Entre uns pensamentos de cunho filosófico, Moska expõe canções como Reflexos e Reflexões, Trampolim, O Jardim do Silêncio e Lágrimas de Diamantes. Em A Seta e o Alvo, hit de seu terceiro disco solo, o público ensaia coro espontâneo. Bem menos palatável à primeira audição, Admiração tem melodia e poesia que descendem da boa linhagem romântica da era pré-Bossa Nova. A rigor, já atemporal.

Dentro e fora do palco, Moska recebe convidados. O produtor Nilo Romero toca guitarra elétrica em Seu Olhar e A Idade do Céu. Esta é versão de música de Jorge Drexler - o compositor uruguaio que une sua voz a de Moska em Dos Colores: Blanco y Negro, em dueto registrado numa praia. Com o filho Antonio na percussão, Moska canta o samba O Bilhete no Fim. Já Mart'nália dá o ar da graça em outro samba, Acordando, em gravação externa captada com um áudio ruim. Mais audível é Pensando em Você, uma das canções de Moska que mais se aproximam do redondo formato das rádios. Já Sem Dizer Adeus perde, no registro ao vivo do autor, parte do brilho melódico da bela gravação feita por Daúde para seu álbum Neguinha te Amo, de 2003. Por fim, o grupo de percussão Bate Lata - formado por crianças e adolescentes de Brasília - encorpa com seus vocais e baticum o xote Relampiano (parceria de Moska com Lenine), a releitura de O Mundo (tema do grupo Karnak que Ney Matogrosso recriou com mais propriedade ao lado de Pedro Luís e a Parede) e O Último Dia, canção que não pedia a camada percussiva do Bate Lata. Neste caso, um violão já seria suficiente...

No todo, a costura filme-show é bem feita e resulta em produto de indiscutível unidade. Que termina com a regravação de Coração Vagabundo, a bela canção de Caetano Veloso, de 1967. De forma sempre pessoal, Moska retrata o particular universo ao seu redor.

Ed cria selo e inicia produção de CD em Sampa

Com contrato renovado com a Trama, Ed Motta (foto) já iniciou a pré-produção de seu próximo disco de inéditas. Pela primeira vez, o cantor gravará um CD em São Paulo. Ed - que já compôs várias músicas para o álbum - está mandando melodias (já gravadas por ele em demos) para que alguns letristas ponham versos. A outra novidade é que, em parceria com a Trama, o artista vai inaugurar o selo Dwitza, relançando discos raros e dando oportunidade para novos talentos. O selo de Ed vai começar a operar ainda em 2007.

Joss Stone se 'introduz' com um álbum vibrante

Resenha de CD
Título: Introducing

Joss Stone
Artista: Joss Stone
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * *

No momento em que a cantora inglesa Amy Winehouse seduz o mundo, imersa no universo da gravadora Motown com sua voz de diva do jazz, sua colega conterrânea Joss Stone dá guinada em direção a um som mais contemporâneo em seu terceiro álbum, Introducing Joss Stone - lançado mundialmente nesta terça-feira, 20 de março. Em 2003, a lourinha inglesa foi alvo do mesmo oba-oba que atualmente cerca Amy com um CD em que recriava clássicos obscuros do soul como uma negra americana. The Soul Sessions revelou a adolescente que cantava como gente grande. No ano seguinte, Joss cresceu e apareceu em seu segundo álbum, Mind, Body & Soul (2004), no qual apresentou bom repertório de sua autoria. Neste Introducing Joss Stone, de título típico de álbum de estréia pelo fato de sua intérprete considerá-lo seu primeiro trabalho feito com total autonomia, a artista continua investindo em material próprio, mas se afasta um pouco do soul - evocado na baladona What Were We Thinking - e se aproxima do rhythm and blues e do rap. Já não parece saída do túnel do tempo.

Não, Joss Stone não virou uma Mariah Carey. Ela segue trilha mais nobre. Introducing Joss Stone é álbum vibrante, que exibe a pulsação dos melhores discos de Aretha Franklin em faixas como Headturner, Girls They Won't Believe e Tell me 'Bout It. Mas o CD nunca soa retrô. Ao contrário: uma aura de contemporaneidade envolve o repertório. Inclusive pelas boas intervenções do rapper Common em Tell me What We Gonna Do Now e de Lauryn Hill em Music. Ambos discursam no compasso do rap. Em Put your Hands on me, destaque do coeso repertório, Stone canta em tons altos e sensuais. Remete até a Janis Joplin pelos vocais de força uterina...

Parte do êxito do álbum deve ser creditada ao produtor Raphael Saadiq, que conduziu Stone com segurança por seara que, a rigor, é a mesma de nove entre dez cantoras norte-americanas (aliás, da mesma forma que Mark Ronson e Salaam Remi também pilotaram com brilho o segundo inebriante álbum de Amy Winehouse). Mas o mérito maior é mesmo de Joss Stone. A intérprete exibe força e identidade suficientes para driblar qualquer eventual comparação com Amy, Aretha ou com qualquer outra diva do soul (e do r & b).

Sandy & Junior gravam Acústico MTV em maio

A Universal Music vai tentar cartada decisiva para inflar as vendas descendentes de Sandy & Junior (foto). A companhia negociou (e já acertou) com a MTV a gravação de acústico da dupla. Os irmãos vão sentar no banquinho da emissora em maio, em data e local ainda a serem definidos. A exibição do especial está prevista para julho - mesma época em que a Universal Music deverá lançar CD e DVD originados da gravação - com hits, inéditas e (é claro) convidados.

19 de março de 2007

FatBoy mostra em DVD que sabe fazer vídeos

Fatboy Slim - o nome artístico do bom DJ Norman Cook - vem se destacando tanto nos sets quanto na realização de vídeos como Praise You e Weapon of Choice. No DVD The Greatest Hits - Why Make Videos?, cujo título alude ao CD The Greatest Hits - Why Try Harder?, Slim apresenta seleção de 16 clipes oficiais (entre eles, Ya Mama e Demons), tira do baú seis vídeos bem raros (como a versão em animação de Star 69) e explica como idealiza o seu trabalho visual em Why Make Videos? - o documentário que valoriza o DVD, editado este mês no mercado nacional pela Sony BMG. Nos extras, há imagens de algumas apresentações do DJ - inclusive de uma feita no Brasil.

Babado comprova renovação no segundo DVD

Resenha de CD + DVD
Título: Ver-te Mar ao Vivo
Artista: Babado Novo
Gravadora:
Universal

Music
Cotação:
* * *

"Babado Novo é o Brasil contemporâneo", baba, firme, Carlinhos Brown a respeito do grupo de Cláudia Leitte, em depoimento incluído no making of do segundo DVD do trio baiano. Filmado em 9 de novembro de 2006, em show para convidados no Trapiche Barnabé, em Salvador (BA), o DVD Ver-te Mar ao Vivo é oferecido como o bônus da edição dupla do (bom) CD de estúdio que chegou às lojas em janeiro. Traz um pocket-show de oito números, entremeados com trechos das imagens em preto e branco do making of que ainda pode ser visto separadamente nos extras. A apresentação reafirma o carisma da vocalista Cláudia Leitte e a renovação do Babado neste quinto CD. Ao mesmo tempo em que patina no romantismo banal de canções como Pensando em Você (vista também em clipe nos extras, em dueto de Cláudia com o autor Henrique Cerqueira), o grupo entoa músicas bacanas (caso de Doce Paixão) que lembram os melhores momentos de bandas como Cheiro de Amor e Eva. Entre reggae do repertório de Daniela Mercury (A Camisa e o Botão, da autoria de Jauperi e Tenilson Del Rey), a batida funkeada de Ver-te Mar e o pique carnavalesco de Insolação do Coração, o Babado recebe Carlinhos Brown no samba Amantes Cinzas, que termina com jam bem suingante em que o artista e os músicos da banda improvisam versos em instante intitulado Sambrown. Goste-se ou não de axé music, a ascensão de Cláudia Leitte no reinado do dendê tem sido tão galopante que já despertou a atenção de Ivete Sangalo, a atual rainha populista do bobó pop-baiano. Que está bem apimentado...

Sai em DVD filme que ajudou a propagar o rock

Rock Around the Clock - a música - é de 1952 e já tinha se alastrado feito rastilho de pólvora (na boa gravação de Bill Halley, de 1954) quando intitulou o filme que estreou em 21 de março de 1956 e que propagou o rock'n'roll em grande parte do mundo em tempos de pré-globalização. Pois o filme Ao Balanço das Horas - este foi o título em português - está saindo em DVD em edição que festeja, com atraso, os 50 anos deste marco do cinema musical. A trama pueril é um mero pretexto para a inclusão de números incendiários de Bill Halley and his Comets. No auge, Halley detona o conservadorismo da época com petardos como See You Later Aligator e - claro - o hit Rock Around the Clock. O conjunto The Platters também canta no filme dirigido por Fred Sears. Já está à venda em DVD no Brasil!

RBD no topo da lista dos DVDs mais vendidos

A febre provocada pela novela Rebelde já está passando - pelo menos, no Brasil - mas deixou marcas na lista dos 20 DVDs mais vendidos no Brasil em 2006, revelada pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD) no início da tarde de sexta-feira, 16 de março. Originado da trama juvenil, exibida no Brasil pelo SBT, o sexteto mexicano RBD (foto) aparece no topo da relação, tendo emplacado nada menos do que três DVDs entre as quatro primeiras posições da lista dos mais vendidos - na qual aparecem duas vezes os grupos O Rappa e Roupa Nova. Eis os 20 DVDs mais bem-sucedidos no fraco mercado fonográfico brasileiro em 2006:

1) Live in Hollywood - RBD (EMI Music)
2) Duetos - Roberto Carlos (Sony BMG)
3) Tour Generation RBD - (EMI Music)
4) Que Hay Detrás de RBD - (EMI Music)
5) Ao Vivo em Goiânia - Bruno & Marrone (Sony BMG)
6) Acústico MTV 2 Gafieira - Zeca Pagodinho (Universal)
7) Pulse - Pink Floyd (Sony BMG)
8) O Show Ao Vivo - Xuxa (Som Livre)
9) Acústico MTV - O Rappa (Warner Music)
10) MTV ao Vivo - Barão Vermelho (Warner Music)
11) Vertigo 2005 - U2 (Universal Music)
12) RoupAcústico 2 - Roupa Nova (Universal Music)
13) RoupAcústico – Roupa Nova (Universal Music)
14) Ao Vivo - Asa de Águia (Som Livre)
15) Ana & Jorge - Ana Carolina e Seu Jorge (Sony BMG)
16) Amigos - Vários artistas (Som Livre)
17) MTV ao Vivo - Ivete Sangalo (Universal Music)
18) O Silêncio Q Precede o Esporro - O Rappa (Warner Music)
19) Ao Vivo - Caio Mesquita (EMI Music)
20) A Galera do Chapéu ao Vivo - Gino & Geno (EMI Music)

18 de março de 2007

Sony e EMI lideram lista de CDs mais vendidos

Na tarde de sexta-feira, 16 de março, a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD) divulgou a relação dos 20 CDs mais vendidos no Brasil em 2006. Entre surpresas como a aparição dos MTV ao Vivo dos grupos Skank e Jota Quest (lançados em 2001 e 2003, respectivamente), chama atenção na lista a pálida presença da Universal Music. Outrora a gravadora nº 1 do Brasil, como se autointitulava, a major emplacou apenas um título entre os 20: o Acústico MTV do Kid Abelha, lançado em 2002 (!). A Sony BMG lidera a lista com oito títulos, seguida bem de perto pela EMI (com sete) por conta dos fenômenos popularescos de Caio Mesquita e do grupo RBD - sem falar nos dois álbuns de Marisa Monte. A Som Livre emplacou quatro CDs. Já a Warner Music sequer aparece na relação. Detalhe: o campeão de vendas de 2006 foi padre Marcelo Rossi (foto), por conta das 860 mil cópias vendidas do CD Minha Bênção. Confira a lista, que não indica números de vendas, mas apenas a posição dos 20 álbuns e sinaliza que é difícil ter e pôr fé em mercado fonográfico dominado por CDs antigos e coletâneas:

1) Minha Benção - Padre Marcelo Rossi (Sony BMG)
2) Jovem Brazilidade - Caio Mesquita (EMI Music)
3) Nuestro Amor - RBD (EMI Music)
4) Duetos - Roberto Carlos (Sony BMG)
5) Estampado - Ana Carolina (Sony BMG)
6) Ao Vivo em Goiânia - Bruno & Marrone (Sony BMG)
7) Bem Funk - Vários artistas (Som Livre)

8) Diferente - Zezé Di Camargo & Luciano (Sony BMG)
9) Acústico MTV - Kid Abelha (Universal Music)
10) MTV ao Vivo - Jota Quest (Sony BMG)
11) Belíssima Internacional - Vários artistas (Som Livre)
12) Infinito Particular - Marisa Monte (EMI Music)
13) Universo ao meu Redor - Marisa Monte (EMI Music)
14) Nosso Amor Rebelde - RBD (EMI Music)
15) Live in Hollywood - RBD (EMI Music)
16) Dois Quartos - Ana Carolina (Sony BMG)
17) Defendendo a Tradição - Mayck e Lian (EMI Music)
18) Páginas da Vida Internacional - Vários (Som Livre)
19) MTV ao Vivo - Skank (Sony BMG)
20) Páginas da Vida Nacional - Vários artistas (Som Livre)

Sonic Youth põe raras e inéditas em coletânea

Ainda em grande forma, como provou com o álbum Rather Ripped, um dos destaques de 2006, o grupo Sonic Youth apresenta gravações inéditas e /ou raras na coletânea The Destroyed Room - B-Sides and Rarities (foto), editada no mercado brasileiro nesta semana via Universal Music. Entre as músicas inéditas, há Fire Engine Dream (uma sobra do álbum Sonic Nurse, de 2003), Three Part Sectional Love Seat e Queen Anne Chair, dois registros de 2001. Ambos foram extraídos da The Noho Furniture Sessions. Entre lados B (Razor Blade, do single Bull in the Heather, de 1994) e faixas gravadas para filme (Blink, da trilha de Pola X, de 1999) e tributo (It's my body?, lançada em 1991 em CD que homenageava Alice Cooper), a compilação mapeia várias fases dessa (influente) banda de Nova York em 11 gravações vindas do quarto destruído.

EMI resume 50 anos da Odeon em 42 sucessos

A EMI dá seqüência à coleção História da Odeon e lança no começo de abril a segunda caixa da série que homenageia o centenário da Odeon, que foi a primeira gravadora a atuar no Brasil, a partir de 1902. Se o primeiro volume, editado em 2003, reuniu registros do seminal período 1902 - 1952, o segundo (foto) abrange fase que vai de 1953 a 2002. Três CDs com 42 gravações vão resumir mais 50 anos da pioneira companhia fonográfica. O CD 1 enfoca as décadas de 50 e 60, com fonogramas de Francisco Alves (Canção da Criança), Sylvia Telles (Por Causa de Você), Marlene (O Apito do Samba), Elza Soares (Se Acaso Você Chegasse) e Marcos Valle (Samba de Verão), entre outros nomes. Já o CD 2 vai dos anos 60 aos 80. Na seleção, sucessos de Taiguara (Hoje), Wilson Simonal (Sá Marina), Marisa (Viagem), Clara Nunes (Conto de Areia), João Nogueira (Nó na Madeira), Beto Guedes (O Sal da Terra), Milton Nascimento (Maria Maria) e Dalto (Muito Estranho). Por sua vez, o CD 3 inicia nos anos 80 e avança pelos 90 com gravações de Blitz (Você Não Soube me Amar), Plebe Rude (Até Quando Esperar), Paralamas do Sucesso (Lantena dos Afogados), Carlinhos Brown (A Namorada), Vinícius Cantuária (Só Você) e de Nana Caymmi (Resposta ao Tempo), culminando com hits popularescos de Fat Family (Jeito Sexy) e P.O. Box (Papo de Jacaré). Por problemas de autorização, a coleção não inclui fonogramas de Legião Urbana e Marisa Monte - nomes ligados à história da EMI-Odeon, gravadora hoje denominada apenas EMI Music. Efeito de cláusula contratual.

Compilação dupla retrata Jobim na série 'Perfil'

Tom Jobim (1927 - 1994) é o próximo nome a ter a sua obra compilada na coleção Perfil, da Som Livre. A exemplo do grupo carioca Paralamas do Sucesso, o maestro soberano tem sua música retratada em coletânea dupla, editada em dois volumes vendidos separadamente. O volume 1 (à esquerda) agrega músicas como Dindi, Luiza, Querida, Chega de Saudade (em versão instrumental), Anos Dourados (também em registro instrumental) e How Insensitive (em dueto de Jobim com Sting). Já o volume 2 (à direita) traz Desafinado, Wave, Águas de Março (em dueto com Elis Regina), Vai Levando (com Miúcha) e o Samba de uma Nota Só (em registro instrumental). Ao todo, as duas coletâneas reúnem 28 gravações da obra soberana de Tom.