8 de novembro de 2007

Ione Papas se equilibra na linha indie do samba

Resenha de CD
Título: Na Linha
do Samba
Artista: Ione Papas
Gravadora: Dabliú Discos
Cotação: * * * *

Várias linhas cruzam o (vasto) emaranhado do samba. Ione Papas se equilibra (bem) em linha mais indie neste segundo álbum - o primeiro desde Noel por Ione (2000). Projetada nos bares de Salvador (BA), a cantora baiana traça interessante painel da produção de um samba que nunca se pauta pela obviedade. "O samba é o som", prega Ione Papas em verso de O Samba É Bom, do baiano Péri. A propósito, Ione canta seus conterrâneos longe dos numerosos clichês que identificam o samba da Bahia. Se as águas do Recôncavo banham Infinita Beleza, de Doda Macedo, o folião Pérolas do Carnaval, de Mário Leite, está mais para bloco carioca do que para trio elétrico. Assim como Vestido de Malha, de Tuzé de Abreu, parece evocar os Carnavais de outros tempos. Ainda no time baiano, há um Batatinha clássico (Foguete Particular) e um Tito Bahiense irônico em O Enterro do Samba. Ironia (fina...) que Ione sublinha com citação de Não Deixe o Samba Morrer, sucesso inicial de Alcione. E a segura cantora não morre na praia carioca. Pesca um Oswaldo Pereira à moda de Noel Rosa (As Árvores, bela faixa-título do segundo CD do compositor) e apresenta um Moacyr Luz inédito e quase inspirado (Saudades de Quem te Ama). Tudo valorizado por uma concepção elegante, idealizada pela artista e bem resolvida pelo produtor Alexandre Fontanetti. Nada é óbvio. Tanto que até a evocação do universo do hip hop feita no Samba Rap que aparece no fim do disco - aberto e encerrado com Som Sagrado, de Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro - soa mais como um comentário espirituoso do que opção estética. A linha direta de Ione Papas com o samba indie prescinde do cruzamento com ritmos contemporâneos para soar moderna. Já é atemporal.

7 Comments:

Anonymous Anônimo said...

senti uma ironia em relação ao samba da bahia cantado por Beth Carvalho. Ou tô imaginando coisas?...

8 de novembro de 2007 às 17:11  
Anonymous Anônimo said...

Tô interessada neste disco apesar de não conhecer a voz da cantora. Mauro, não tinha a participação da Fabiana Cozza e do Quinteto em Branco e Preto?? Ou estou confundindo com outro?

8 de novembro de 2007 às 17:22  
Anonymous Anônimo said...

É Helena,

Eu senti uma ironia também, mas aqui: "e apresenta um Moacyr Luz inédito e quase inspirado (Saudades de Quem te Ama)". É uma pena que o Mauro ainda não tenha aberto o seu coração para um dos maiores compositores de samba da atualidade.

Eu até concordo que não é um primor de samba, mas essa "má vontade" com o Moa soa (sem intenção de rima) estranha quando o disco tem uma música (Bondinho) com o sofrível verso "e o bom de lá é que o pãozinho já vem quente" (Que trocadilho infame) e o Mauro não comenta nada sobre isso. Meu Deus, Mauro, menos parcialidade.

Quanto ao disco da Ione... é lindo. Bom gosto nos arranjos, belas interpretações, mas não vi nada do que o Mauro falou (concepção arrojada ou samba indie). Isso parece papo de quem não gosta de samba, ou é ruim da cabeça ou doente do pé. No caso do Mauro, acho que o problema está no pé.

Abraços, com o respeito de sempre.

Sarapatel.

8 de novembro de 2007 às 20:30  
Anonymous Anônimo said...

Parece a capa do "Black Album"!

9 de novembro de 2007 às 00:14  
Anonymous Anônimo said...

sim, este disco tem a participação da Fabiana Cozza e Quinteto em Branco e Preto.

9 de novembro de 2007 às 13:44  
Anonymous Anônimo said...

Eu ouvi e não gostei, não. Tem até "tchub tchub tchub" no meio de um samba. 4 Estrelas foi delírio.

10 de novembro de 2007 às 13:00  
Anonymous Anônimo said...

acabei de ouvir o disco e achei tudo muito bom: repertório, voz da cantora, músicos.a capa não é das melhores, mas o (belo) encarte salva. recomendo.

12 de novembro de 2007 às 15:08  

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