6 de novembro de 2007

Com bossa, Emílio lança CD à altura de sua voz

Resenha de CD
Título: De um Jeito
Diferente
Artista: Emílio Santiago
Gravadora: Indie Records
Cotação: * * * * 1/2

Emílio Santiago sempre foi um dos maiores cantores do país das cantoras. Mas nem sempre foi reconhecido como tal por conta de discografia que teve sua irregularidade acentuada com a série de CDs Aquarela Brasileira, projeto de covers que elevou as vendas do artista na mesma medida em que diluiu seu status no mercado. Sorte é que, vez por outra, Emílio lança disco à altura de sua voz aveludada, de afinação e de emissão impecáveis. Foi assim em 1995 com Perdido de Amor - lindo tributo ao repertório de Dick Farney (1921 - 1987) - e em 2000 com Bossa Nova, álbum em que se refugiou nos standards do gênero que batizou o disco. É assim em 2007 com este disco sintomaticamente intitulado De um Jeito Diferente, nome da parceria inédita de João Donato e Lysias Ênio que abre um repertório chique que vai soar como novo, pois foi (parcialmente) extraído de pouco ouvidos discos de Mart'nália (Minha Cara, de 1995) e de Marcos Valle (Contrasts, de 2003).

Escorado na produção eficiente do guitarrista Ricardo Silveira, o cantor aborda em tom cool repertório arranjado com balanço que evoca tanto a suavidade da Bossa Nova como o suingue do samba-jazz dos anos 60. Água de Coco - turbinada com um piano Rhodes tocado pelo autor Marcos Valle - é um exemplo da leveza suingada que molda o canto de Emílio no CD, seja entoando sedutoramente música de Rosa Passos (Desilusión), clássico da canção americana (My Foolish Heart) ou standard de Tom Jobim (Dindi, em uma de suas mais belas gravações). Até Nana Caymmi dosou a intensidade de seu canto para entrar no clima suave do disco e fazer comedido dueto com Emílio em Olhos Negros, a balada de Johnny Alf. Já o encontro com Mart'nália em Não me Balança Mais, um tema da própria cantora, é pautado mais por um suingue exibido também nas outras duas músicas da compositora (Contradição e Calma).

Entre as músicas (realmente) inéditas, o destaque absoluto é Um Dia Desses - a parceria de Carlinhos Brown com João Donato que banha a Bahia de Brown com a latinidade característica da música de Donato. Uma delícia! Mesmo inspirada (levando-se em conta o honroso histórico dos autores), mas também interessante, é Até o Fim, primeira histórica parceria de Carlos Lyra com Marcos Valle.

Depois de excelente fase inicial, em que gravou discos de MPB que pouco ou nada venderam, Emílio Santiago cederia às pressões do mercado. Upgrade em sua discografia, De um Jeito Diferente é, de certa forma, uma volta às suas origens. Ainda que em outro tempo e em outra bossa. Trata-se de álbum sofisticado que realça e dignifica o canto límpido de Emílio Santiago. E que assim seja!...

15 Comments:

Anonymous Anônimo said...

O cd é primoroso. Não sei pq não lançam os discos antigos do Emilio. O Canto Crescente, que na minha opinião é o melhor, só teve lançamento no Japão. Viva Emilio!!

6 de novembro de 2007 às 12:15  
Anonymous Anônimo said...

Parabéns Emílio,álbum extraordinário!E Nana cantando comedida é certamente a maior do mundo.

6 de novembro de 2007 às 15:35  
Anonymous Anônimo said...

Queria muito ouvir estes cds iniciais do Emílio. Mauro, acho que você esqueceu de falar do CD em que ele grava João Donato, que é ótimo, e o do Gonzaguinha que também é muito bom. Acho que Emílio perdeu muito tempo com as aquarelas, que aliás, nem são de todo o mal.

6 de novembro de 2007 às 21:44  
Anonymous Anônimo said...

Viva o Espiga de Emílio!

Eu adorei o DVD dele cantando Bossa. Um puta show. Esse maluco tem uma voz duca.

Abraços,

Sarapatel

6 de novembro de 2007 às 23:22  
Anonymous Anônimo said...

Pretendo ouvir para tirar minhas conclusões. Cresci ouvindo Emílio cantar aquelas Aquarelas e fiquei com essa imagem de crooner de churrascaria, longe do grande cantor que tantos apregoam. Vamos ver...

6 de novembro de 2007 às 23:41  
Anonymous Anônimo said...

**** 1/2 ?

7 de novembro de 2007 às 06:31  
Anonymous Anônimo said...

Uma linda voz, mas sem credibilidade, o que deveria nos enlouquecer dá um sono.

7 de novembro de 2007 às 07:47  
Anonymous Anônimo said...

Achei a resenha muito interessante. Emilio Santiago é protegido das Musas, tem voz privilegiada (Leny Andrade diz que ele devia agradecer todo dia a papai-do-céu), sabe cantar alto sem gritar, sabe cantar baixo sem falhar, uma ambrosia. Valoriza o som, o som, sempre o som. Isso é uma coisa valiosa num país onde a chamada atitude é supervalorizada.

O problema das Aquarelas não está em Emilio, mas nos arranjos típicos dos anos 80 (apesar das gravações terem ido até 94). Vocês se lembram do gel de purpurina, da maquiagem brilhosa, das camisas verde-limão, das geladeiras de aço escovado? Os arranjos eram a versão sonora desse ambiente.

7 de novembro de 2007 às 11:37  
Anonymous Anônimo said...

Uma das coisas mais importantes e mais esquecidas pelos cantores é ouvir-se. O ouvido é tão importante quanto a voz. É ele que dá o feedback e permite a sintonia fina.

Emilio dá sempre a impressão de estar se ouvindo ao cantar.

7 de novembro de 2007 às 12:24  
Anonymous Anônimo said...

A capa ficou irritante, dá nervoso só de olhar.

7 de novembro de 2007 às 13:36  
Blogger Flávia C. said...

Hahaha, é verdade, Anônimo da 1:36!!!

Parece que ele sofreu um acidente, ficou bobo e agora alguém o está levando de cadeira de roda para tomar sol e passear pelo calçadão perto da praia!!!
ahuahuahauhauhauahuhauahuahuahuahua

Mas que feliz ver essa cotação. Gosto muito da voz do Emílio, mas sempre achei que falta uma unidade na obra dele...

7 de novembro de 2007 às 16:18  
Anonymous Anônimo said...

CAPA SIMPLESMENTE RIDÍCULA

7 de novembro de 2007 às 16:56  
Anonymous Anônimo said...

Gostei da Capa.

7 de novembro de 2007 às 21:09  
Anonymous Anônimo said...

Estou ouvindo o disco. Mauro falou tudo certo. As músicas 'novas' são boas e os clássicos bem interpretados. Essa versão de 'Dindi' é capaz de ficar.

11 de novembro de 2007 às 12:15  
Anonymous Anônimo said...

Quanta inveja nos comentários! Com certeza são pessoas sem nenhum talento, que acham lindo postar comentarios negativos. Acompanho o Emílio Santiago desde a fase de calouros (MIT) do Flávio Cavalcante na TV Tupi. Já naquela época sofreu injustiça: foi uma caloura chamada Milena ganhou o concurso. Alguém tem alguma notícia dela? O Emílio é um grande cantor, talvez o melhor do Brasil na atualidade. Agora gosto pessoal não se discute. Cada um que fique com sua turma ou vá assistir ao "fabuloso" BBB (Big Bosta Brasil). Não gostar da CAPA? Vá se c...

19 de março de 2008 às 13:05  

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