26 de novembro de 2007

Arnaldo lança disco ao vivo no tom de sua tribo

Resenha de CD e DVD
Título: Ao Vivo no Estúdio
Artista: Arnaldo Antunes (em foto de Fernando Lazlo)
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Arnaldo Antunes entrou no tom de sua atual tribo em seu primeiro registro de show, Ao Vivo no Estúdio, já editado pela gravadora Biscoito Fino simultaneamente nos formatos de CD e DVD. A influência do projeto Tribalistas é nítida na suavidade com que o ex-Titã aborda um repertório que entremeia músicas de seu último bom disco de estúdio (Qualquer, 2006) com sucessos colecionados ao longo de carreira que já soma 25 anos se levado em conta o tempo áureo em que Arnaldo integrou o grupo Titãs. É seu primeiro CD ao vivo.
A fúria juvenil do titã deu lugar à delicadeza de espírito tribalista que - não por acaso... - também é perceptível no quinto álbum de Carlinhos Brown, A Gente Ainda Não Sonhou. E também não por acaso, Arnaldo se reuniu no palco com Marisa e com Brown para reviver duas músicas do único álbum do trio, Velha Infância e Um a Um, em registros similares às gravações originais. Por ter caráter quase retrospectivo, Ao Vivo no Estúdio rebobina até alguns sucessos dos Titãs que são da lavra de Arnaldo. Se O Que se ressente da comparação com o engenhoso registro original, que parece remix, Não Vou me Adaptar ressurge em arranjo sedutor com intervenções da voz e do violão de Nando Reis, outro cantor que aposentou a fúria juvenil em favor de repertório mais suave. Já Eu Não Sou da sua Rua - canção lançada por Marisa Monte no álbum Mais (1991) - reaparece em harmonioso dueto de Arnaldo com seu parceiro Branco Mello. As três entraram no CD e no DVD.
No que diz respeito às questões técnicas, Ao Vivo no Estúdio é o melhor DVD editado pela gravadora Biscoito Fino. A mixagem em áudio 5.1 é espetacular. E a captação das imagens - filmadas em preto e branco pelo diretor Tadeu Jungle em show idealizado para (poucos) convidados feito por Arnaldo em agosto no estúdio Mosh, em São Paulo (SP) - também resulta refinada e em sintonia com o som do artista. E vale ressaltar que, no caso específico de Arnaldo, delicadeza não é necessariamente sinônimo de cool. No palco, Arnaldo é um artista performático que canta também com o corpo. Essa faceta aparece especialmente em Socorro, número em que ele se apresenta sentado e até deitado no minúsculo palco montado no Mosh (Cássia Eller e Gal Costa registraram Socorro).
Entre boa inédita (Quarto de Dormir) e apropriada releitura de Qualquer Coisa (a música de Caetano Veloso soa até trivial nos primeiros acordes, mas, aos poucos, cresce - turbinada com as estranhezas que pautam o som de Arnaldo), o artista convocou novamente o exímio guitarrista Edgard Scandurra para regravar Judiaria, o tema do compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues de que Arnaldo havia judiado em abordagem quase punk no álbum Ninguém (1995). Sem perder o clima impactante da gravação anterior, o atual registro é mais interessante e prova, mais uma vez, que o tempo tem feito muito bem ao titã tribalista. O pulso ainda pulsa forte - ainda que no tempo (maduro) da delicadeza.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

cada idade, um tom. assim é a vida pra todos, artistas ou não.

26 de novembro de 2007 às 12:06  
Anonymous Anônimo said...

Arnaldo é um excelente artista. E excelentes artistas têm como mérito saber amadurecer com a sua arte.
Ponto para ele.

26 de novembro de 2007 às 12:53  
Anonymous Anônimo said...

Ao que me parece, Cássia não regravou Socorro e sim lançou a música em 1994, regravando-a, ao vivo, em 1996. A primeira gravação com Arnaldo que tenho notícia é de 1998 no disco UM SOM. A gravação de Gal só chegou em 2002, no BOSSA TROPICAL.

26 de novembro de 2007 às 21:05  
Anonymous Anônimo said...

Excelente mesmo, esse cara compõe tudo(samba,rock, pop, MBP) e bem.
Merecia ter tido muitooooooo mais destaque na carreira solo, não é a toa que os Titãs despencaram ladeira abaixo depois que ele saiu.

Jose Henrique

27 de novembro de 2007 às 03:12  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, pára com essa mania ridícula de escrever REBOBINA. Que coisa medonha !

27 de novembro de 2007 às 15:19  
Anonymous Anônimo said...

Pra fechar muito bem o ano do meu amadinho, né Maurinho ?

Saca só como ele brilhou em 2007

Composições:

Elba Ramalho
Maria Bethânia
Paulinhoda Viola
Ney Matogrosso
Teresa Salgueiro
Clã
Trovadores Urbanos

Gravações :
Cd do Pan 2007
Triha Sonora do filme " Garoto Cósmico"
Tributo a Maysa

28 de novembro de 2007 às 01:56  

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