30 de junho de 2007

Sensível mundo de Leila ganha registro ao vivo

Resenha de CD e DVD
Título: Nos Horizontes do Mundo - Ao Vivo
Artista: Leila Pinheiro
Gravadora: Biscoito Fino, Canal Brasil e Tacacá Music
Cotação: * * * (CD) e * * * * (DVD)

Depois de alguns discos nascidos mais da vontade de gravadoras e empresários do que dela própria, Leila Pinheiro se reencontrou no mercado fonográfico ao lançar o CD Nos Horizontes do Mundo (2005), de repertório marcado por salutar diversidade, da mesma forma que Outras Caras (1991) e Na Ponta da Língua (1998), outros dois belos discos da artista. Nos Horizontes do Mundo marcou o ingresso de Leila na Biscoito Fino, companhia por onde ela está lançando em CD (o 13º) e DVD (o 2º) o registro ao vivo do show baseado no disco. O projeto inaugura seu selo, Tacacá Music.

É show que busca intimidade - a começar pelo charmoso cenário, que reproduz com fidelidade a sala-de-estar do apartamento da artista. E a sintonia vem do canto de Leila, cantora de técnica tão apurada que consegue reeditar no palco o requinte dos registros de estúdio. Nos Horizontes do Mundo - Ao Vivo foi gravado em agosto de 2006, no Teatro do Sesc Pinheiros, em São Paulo (SP). Os arranjos econômicos perseguem a linha "menos é mais" - perceptível já na abordagem do samba Escravo da Alegria, hit da dupla Toquinho & Vinicius nos anos 70, inédito na voz da artista.

Sim, além de rebobinar nove músicas do CD que originou o show, o roteiro agrega músicas nunca gravadas por Leila. Essa Mulher aparece introduzida por terno depoimento em que Leila narra seu encontro com Elis Regina (1945 - 1982) no camarim do Theatro da Paz, em 1979. A Pimentinha apresentava justamente o show Essa Mulher em Belém (PA). Na época, Leila cursava medicina e tinha vontade de ser cantora, mas não se decidia pela profissão. E o fato é que, um ano depois daquele rápido encontro com Elis, a novata paraense já estreava profissionalmente com um show no mesmo Theatro da Paz. Daí o (afetivo) tributo prestado à saudosa colega...

Para quem emergiu no meio musical sob o efeito de comparações com Elis, a propósito, Leila Pinheiro - aos 27 anos de carreira - há muito provou ser ela mesma, continuando em cena com invejável técnica e, sim, emoção. Para quem insiste em negar a emoção que também brota em sua voz, o sensível bloco de voz-e-piano dissipa qualquer dúvida. É o momento mais intenso e belo do espetáculo. A cantora alinha duas músicas de Guilherme Arantes - Brincar de Viver (1983) e a comovente O Amor Nascer (1982), prova da boa influência erudita na obra do compositor - ao lado de Onde Deus Possa me Ouvir (a música de Vander Lee que Leila canta com dose exata de tristeza em interpretação muito superior à de Gal Costa) e do medley que une Serra do Luar e Coração Tranquilo, de Walter Franco. Este bloco entrou apenas no DVD e vale o vídeo por si só.

Após revisitar o samba Verde (marco inaugural de sua carreira em âmbito nacional), recitar texto da poeta Adélia Prado (Rodando, do livro Filandras) e reviver o repertório de Renato Russo (Mais uma Vez, parceria com Flávio Venturini), a cantora fecha o show com os sambas Isso Aqui o Que É e Brasil Pandeiro. Além dos 23 números do roteiro, o DVD ainda traz - nos protocolares extras - making of, o clipe de Hoje e galeria de fotos. Já o CD condensa 18 músicas em 14 faixas e tenta preservar o encadeamento original.

Por captar com sensibilidade o mundo musical e sensorial de Leila Pinheiro (capaz de tirar do baú uma pérola de Sueli Costa e Abel Silva do baú - caso de Amor É Outra Liberdade, belíssima canção lançada por Selma Reis e regravada por Alaíde Costa em registros obscuros), a gravação ao vivo de Nos Horizontes do Mundo é indicada para os que gostam de cantoras de técnica, voz e gosto apurado para captar e reapresentar o que há de eterno na tal MPB.

28 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Mauro, seu texto eloquente e sensível me levará ao DVD de Leila.
Embora a considere uma boa cantora, suas interpretações não me eriçam um único fio de cabelo. Diante de suas observações tentarei mais uma vez.
Vejamos...

30 de junho de 2007 às 10:38  
Anonymous Anônimo said...

"Brincar de viver", "Onde deus possa me ouvir", "Serra do luar", Mauro? Aff

30 de junho de 2007 às 10:46  
Anonymous Anônimo said...

Leila é maravilhosa. Parabéns pela resenha , Mauro. Deixa os tolos de plantão falarem mal...Parece q eles não tem mais nada pra fazer nas suas vidinhas...

30 de junho de 2007 às 11:09  
Anonymous Anônimo said...

Leila é uma excelente cantora, mas tb a prefiro cantando sem o piano como o fez no show do Eduardo Gudin.Fica mais solta e sem a preocupação de tocar.No entanto, Nos Horizontes do mundo é um dos melhores discos lançados nos últimos tempos.Ouvir a música Amor e eu(Gudin) e Tiranizar (C.Mendes Caetano) são apenas algumas das belezas de um cd que traz uma excelente qualidade.

30 de junho de 2007 às 11:26  
Anonymous Anônimo said...

Obrigado pela resenha, Mauro. Disse tudo o que penso a respeito da Leila Pinheiro e abriu meus olhos para outras coisas.

30 de junho de 2007 às 11:44  
Anonymous Anônimo said...

Emanuel Andrade disse...

Prezado Mauro,

Em outras ocasiões quando vc fez resenhas do Cd de Leila, afirmei pelo menos três vezes que 'Onde Deus possa me ouvir'( de Vander Lee)- que é uma bela canção - , Leila conseguiu enterrar as interpretações de Gal e do próprio autor. Música para mim não é a carinha ou carisma do artista, é a leitura. Mas tem um bando de idiota que chega aqui e insiste em falar mal sem embasamento. Leila é uma cantora sensívelpara com eu repertório. E olhe que tenho pouca coisa dela, mas já ouvir todos seus trabalhos. Portanto, posso dizer que não suporto ouvir em sua voz a chatíssima "Um dia, um adeus", de Arantes. Mas já dá pra ouvir Meu mundo e nada mais.
Aqui todos falaram do Erasmo Convida 2. Simone, Djavan, Lulu e até o engodo da Adriana Calcanhoto, mataram a pau. Mas Kid e Marisa, recuso-me a ouvir.

É isso e só..

30 de junho de 2007 às 13:15  
Anonymous Anônimo said...

O registro de Gal pra "onde deus possa me ouvir", é superior ao de Leila sem dúvida, que exagera na tintas da melancolia, alias leila tem aos meus ouvidos nos últimos tempos soado bem chatinha, esse último cd pela biscoito fino reafiram isso, boa embalagem, canto seguro mas e ai?
repertório chato e sem graça...

30 de junho de 2007 às 14:46  
Anonymous Anônimo said...

Sempre tem um idiota (Junho 30, 2007 10:46 AM )pra criticar o que não tem que ser criticado.

30 de junho de 2007 às 15:39  
Anonymous Anônimo said...

Pra mim é uma das melhores interpretes da nossa musica, pra mim irmã então nem se fala ... o Mauro diz " Depois de alguns discos nascidos mais da vontade de gravadoras e empresários do que dela própria, Leila Pinheiro se reencontrou no mercado fonográfico ... " é isso, album feita as pressas nem sempre vale muita coisa!

Leila seu lugar é na Biscoito Fino.
Sucesso!

30 de junho de 2007 às 18:03  
Anonymous Anônimo said...

O DVD é um mais belos registros de show já feitos no Brasil. Nem sou fã da Leila, mas assisti na casa de uma amiga e fiquei encantado pela beleza do cenário e pela elegância dos arranjos. Lindo!

30 de junho de 2007 às 19:27  
Anonymous Anônimo said...

Em minha modesta opinião o mundo de Leila não é nada sensível. Ele é frio e asséptico a despeito de seu talento como cantora.
Leila tem talento mas - nos meus parâmetros - não é uma artista. Uma boa profissional, eu diria. Artista são outros trezentos euros.

30 de junho de 2007 às 23:28  
Anonymous Anônimo said...

PODE SER MAURO . CONCORDO QUE ' ONDE DEUS POSSA ME OUVIR ' E MELHOR COM LEILA PINHEIRO. MAS ...
' A MINHA ALMA ' E MELHOR COM MARIA RITA MAS ...
' CASA PRE FABRICADA ' E MELHOR COM ROBERTA SA. MAS ...
' AH SE EU VOU !' E MELHOR COM NENA QUEIROGA ...

E ASSIM CAMINHA NOSSAS MULHERES DA MPB!!!!!

1 de julho de 2007 às 05:31  
Anonymous Anônimo said...

Leila Pinheiro, Joyce e Olivia Hime na mesma gravadora. Todas divas que conseguem ser sublime e suaves !

1 de julho de 2007 às 05:42  
Anonymous Anônimo said...

Sr Mauro, 'Inóspito mundo de Leila' seria bem mais adequado.

1 de julho de 2007 às 07:36  
Anonymous Anônimo said...

Regravações e regravações...ao menos com bom gosto mas com sensação já escutei isso antes.

1 de julho de 2007 às 09:47  
Anonymous Anônimo said...

De q adianta o "inédito" de má qualidade??? êta gente chata... Não entendo o mal em regravações de qualidade e sensibilidade!
Viva Leila!!!

1 de julho de 2007 às 12:32  
Anonymous Anônimo said...

"O chatérrimo mundo de Leila" seria mais apropriado.

1 de julho de 2007 às 20:26  
Anonymous Anônimo said...

Alaide Costa, tem classe essa mulher!!!. Se " Ah se eu vou " e mejor com Nena nem sei. Agora " Casa pre Fabricada " ninguem salva.
Chata como Leila Pinheiro.

2 de julho de 2007 às 04:16  
Anonymous Anônimo said...

SIMPLESMENTE MAIS UMA NO MEIO DA MULTIDÃO. TOTALMENTE INSOSA, SEM BRILHO E SEM CARISMA. O REPERTÓRIO É AQUELA MESMISSE DE SEMPRE - TODO MUNDO JÁ GRAVOU.

2 de julho de 2007 às 09:16  
Anonymous Anônimo said...

Acho essa questão da sensibilidade que os artistas transmitem ou não tão subjetiva... Leila me emociona muito, além de ter uma técnica impecável. enfim...

Mas mudando de assunto, Mauro, li que Djavan e Paulinho da Viola farão duetos com Maria Rita no seu novo disco de samba. Confere?

Abraço,

Anderson Falcão.
Brasília - DF

2 de julho de 2007 às 18:10  
Anonymous Anônimo said...

eu ia opinar mas o anônimo das 9.16 escreveu tudo o que eu acho da cantora.

3 de julho de 2007 às 10:22  
Anonymous Anônimo said...

Inclusive a 'mesmisse', né 10:22!

3 de julho de 2007 às 12:09  
Anonymous Anônimo said...

Araca, vc continua im-pos-sí-vel!!!
Seus comentários sempre há anos-luz da mesmice...gostou, nenê?

4 de julho de 2007 às 09:10  
Anonymous Anônimo said...

Gostei, Anita.

Araca é do mal, é amarga, mas defende a ortografia.

4 de julho de 2007 às 11:39  
Anonymous Anônimo said...

Leila desde "Catavento e girassol" se tornou uma grande cantora, ou seja desde que parou de querer transformar tudo em Bossa. Confesso que antes disso eu gostava de pouca coisa da Leila. Achava seus discos monótonos e chatos. "Na ponta da língua" é um disco surpreendentemente lindo e "Nos horizontes do mundo" também. O DVD ao vivo é um registro maravilhoso desse show que assiti ano passado. Mostra uma Leila bonita e amadurecida em sua música, tanto que só há bem pouco tempo ela resolveu assumir o piano. Prova do quanto cresceu. Suas interpretações estão sob medida. "Essa mulher" ficou tão bela que por sí só já merece o dvd. Legal ver que nesse cd Leila deu uma forte pitada do universo feminino, temos entre os compositores: Sueli Costa, Joyce e Fátima Guedes; e ainda por cima poesias de Adélia Prado, um luxo só. Na minha opinião o crescimento de Leila tem a ver com o fato da maturidade enquanto artista e mulher.
Que ela "Essa mulher" possa nos brindar cada vez mais com suas pérolas.

5 de julho de 2007 às 11:17  
Anonymous Anônimo said...

leila pinheiro é uma chata de galocha.

5 de julho de 2007 às 15:33  
Anonymous Anônimo said...

Fui assistir ontem ao show da Leila Pinheiro no teatro. Estou de alma lavada. Quero passar um dia inteiro sem ligar o rádio, a televisão, o toca-discos. Quero ouvir\ver na memória esse espetáculo emocionante, bem feito, costurado com arranjos apropriados, um repertório superior, bons músicos.

Em dado momento, Leila faz breve referência a Elis Regina e recria 'Essa Mulher'. Eu digo: Elis, você é insubstituível, mas tem alguém que está levando adiante tudo o que você representa.

7 de julho de 2007 às 01:14  
Anonymous Anônimo said...

A Leila é absolutamente divina e quem não consegue ser sensível a isso deveria ter a dignidade de nem ouvi-la,ou a sensatez de calar suas opiniões medíocres,essas sim enfadonhas e absurdamente chatas...

12 de agosto de 2007 às 21:05  

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