6 de maio de 2007

Miúcha entrelaça (bem) Chico, Tom e Vinicius

Resenha de CD
Título: Outros Sonhos
Artista: Miúcha
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * *

Se Nana Caymmi pode muito bem justificar afetivamente a realização de série de álbuns em tributo ao seu pai, Dorival Caymmi, Miúcha tem trilhado injustificável caminho conservador justamente quando - abrigada na gravadora Biscoito Fino - teria a liberdade para ousadias estilísticas como as experimentadas em disco de 1988 no qual cantava Guinga (antes de ele ser incensado pela mídia) e Pablo Milanés. Entretanto, justiça seja feita, Outros Sonhos realiza muito bem sua intenção de entrelaçar as obras de Chico Buarque, Tom Jobim e de Vinicius de Moraes. No tempo da delicadeza, escorada na produção certeira de José Milton, Miúcha gravou mais um disco pautado pela previsível elegância intimista.

A maturidade vocal de Miúcha é atestada logo na interpretação da faixa-título. O fox delirante de Chico Buarque - lançado pelo autor no CD Carioca, em 2006 - abre Outros Sonhos em clima bem espirituoso. Em seguida, o próprio Chico experimenta tons baixos e graves em dueto com a irmã em Chansong, o tema de Jobim. Há pouca variação de tons em disco marcado por sóbrios arranjos de pianistas como Leandro Braga, Cristóvão Bastos e Itamar Assiere. Mas há, sim, muita beleza nas gravações de canções como Todo o Sentimento, Desalento e Quando Tu Passas por Mim, embora haja outras músicas, especialmente o bolero Anos Dourados e a bossa Fotografia, que soam mais triviais. E vale ressaltar que o clarinete de Dirceu Leite na introdução de Gente Humilde já transmite toda a melancolia que permeia tal parceria de Garoto, Chico e Vinicius.

O grande mérito de Miúcha foi misturar tão bem letras e melodias do trio de autores que Chico, Tom e Vinicius parecem que são, no disco, somente um compositor. O repertório nem sempre escapa da obviedade, ainda que contenha temas menos batidos de Tom (Você Vai Ver, do álbum Terra Brasilis) e Chico (a sinuosa Uma Palavra). Entre curioso medley de samba (Amei Tanto e Pra que Chorar?) e rara versão bilíngüe de Eu te Amo (em português e em francês), Miúcha reafirma seu bom gosto. Pena que sem a ousadia de arriscar investida em seara menos segura. Ela pode bem mais!!!

19 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Essa coisa de todo mundo estar repetindo repertório, tá ficando chato demais já ...

daqui a pouco a Gal grava Folhetim, pela quinta vez !
A Nana já regravou de novo, Nem Eu, e Só Louco ... putz .

tá dificil heim ...
Miucha então, sempre ali na mesma coisa tb.

Edu - abc

6 de maio de 2007 às 13:56  
Anonymous Anônimo said...

pela 5 vez? Gal gravou folhetim duas vezes. não vamos exagerar...

6 de maio de 2007 às 18:33  
Anonymous Anônimo said...

Tudo bem exagerei ! Mas não foram só duas vezes. Vamos conferir :
1° Cd Água Viva
2° Cd Acústico MTV ao vivo
3° Cd Gal de todos os amores.

exagerei por duas ! rs rs rs.
Edu - abc

6 de maio de 2007 às 20:30  
Anonymous Anônimo said...

É mesmo triste a vida de Gal Costa neste blog. Que chatice... Não era pra comentar o lançamento da Miúcha? E então, o que Gal tem a ver com isso????

6 de maio de 2007 às 21:27  
Anonymous Anônimo said...

Tenho uma grande dificuldade de entender oque as pessoas que frequentam esse blog, procuram aqui. Fico imaginando que o ideal seria que as pessoas frequentassem o blog pra ver as novidades de CD's no mercado, ler as críticas do Mauro, e, irem em busca do CD ou não. E a partir daí que venham a tecer comentarios sobre o Cd, sempre com o foco de informar com sua opiano, aos outros leitores.
Mas isso nao ocorre. Parece que as pessoas ficam aqui, esperando uma noticia pra poder derramar os comentários em sua maioria depreciativos sobre o trabalho do artista.
Lamento, lamento profundamente.
Como o meu interesse é de saber dos lançamentos e ler a opiniao do Mauro, vou procurar nao ler mais os comentários dos leitores, para que nao me decepcione ainda mais com a huamnidade que está ficando no mínimo esquisita...

7 de maio de 2007 às 03:40  
Anonymous Anônimo said...

Gal a parte ...
Miucha quase não grava e quando grava me vem com esse medos de inovar
Ô raca!!!

7 de maio de 2007 às 07:11  
Anonymous Anônimo said...

Esse blog pertence as macacas de auditório. Pessoas que não tem argumentos e fazem comparativos as cantoras principalemnte. Agora é difícil comentar sobre os cd's pq as resenhas ficam por pouco tempo e são lançamentos. Quando vc compra o tópico já desapareceu. Mas tem pessoas que comentam que ainda valem a pena frequentar e ler no meio de tantas bobagens.

7 de maio de 2007 às 08:48  
Anonymous Anônimo said...

Não é só a Miucha, não. Quase toda a produção de MPB a que temos acesso tá MUITO careta. Sem falar na mediocridade 'quase' geral, os que apresentam uma melhor produção me dão sempre a impressão de 'deja vu' - e olha que só tenho 44 anos.

Aquela efervescência dos 70 e um tanto dos 80 deu lugar a uma preguiça que não encontra paralelo em minhas referências culturais.

Não é a toa que aos 64 anos, Caetano esteja falando aos teens na edição de hoje do Folhateen. Moderníssimo.

7 de maio de 2007 às 10:15  
Anonymous Anônimo said...

Edu - abc,

Eu quero esse cd- acustico MTV da Gal que vem com Folhetim, porque o meu e as outras 400.000 mil copias que foram vendidas não vieram com essa gravação. Vc continua confundindo as coisas. Folhetim aparece apenas no DVD do acustico. Alías é o unico registro em video desta musica

7 de maio de 2007 às 11:01  
Anonymous Anônimo said...

Se voces críticos continuarem endeusando esse José Milton(bonsinho e daí?),ao invés de cobrar dele um maior estimulo a essas grandes intérpretes do país,no sentido de serem menos óbvias,ou pelo menos mais coerentes com os princípios de criatividade e originalidade da MPB que as criou e que sempre representaram tão bem,podem crer que andam colaborando muito para a decadência iminente das mesmas.
Esse produtor repete fórmulas já batidas e não tem pulso forte.Pior que além de distanciá-las do seu público fiel que começa anão reconhecer mais seu ídolo,cria um produto que vende pouco e tambem não atende ao agrado dos formadores de opinião.Produto fica fora de órbita,não atende a ninguém.Duvido que uma Nana Caymmi,que já fez por Ex.um "VOZ E SUOR",entre outras coisas geniais e insuperáveis,esteja feliz em realizar coisa tão limitadas.Deve estar é muito triste,com certeza.Não adianta depois ela dizer que não esta nem aí para fãs,crítica,mercado.

7 de maio de 2007 às 12:16  
Anonymous Anônimo said...

bonzinho é com z, mobral!

7 de maio de 2007 às 13:57  
Anonymous Anônimo said...

Valeu,alfabético,1:57!Mas falso "bonsinho" caiu bem.Mas esse produtor esta equivocado mesmo.Fórmulas semelhantes com Nana e Miúcha,apenas prova que quem está sendo repetitivo é ele mesmo.E termina por induzir as artistas ao mesmo.Hoje o que impera é mesmo vontade do produtor.

7 de maio de 2007 às 15:33  
Anonymous Anônimo said...

Também acho que o produtor sempre é poupado.Chegam nos artistas,numa de camarada,oferecem uma listinha de tres a cinco projetos que são para eles viáveis,e pronto convencem.Principalmente as Damas já meio cansadas de tanto batalharem sozinhas,anos a fio pela MPB.E Mauro,a Bethânia tem carater de trabalho diferenciado de outros junto a Biscoito Fino.É nítida sua maior liberdade.

7 de maio de 2007 às 16:26  
Anonymous Anônimo said...

Mas anonimo das 4:26, é logico que Berré tem tratamento diferenciado,alem de ser diva inconteste é empresariada pela propria dona da BF, Sra. Kati Almeida Braga. Assim até eu faria projetos mirabolantes e sensacionais. A dona da gravadora é tb sua empresaria...quer melhor coisa?

7 de maio de 2007 às 19:36  
Anonymous Anônimo said...

Não é só O José Milton que a Nana tem que deixar de lado não...são também os arranjos mais que batidos do Cristóvão Bastos. Putz, ele é bom músico, mas mesmo eu que não sou musicista já sei ´como o cara vai tocar. Cansei desse trio Nana-Cistóvão-J. Milton

7 de maio de 2007 às 20:12  
Anonymous Anônimo said...

anonimo de 12:16..quanta tolice! E quanto despeito! O Ze Milton é um dos unicos produtores que compra a briga dessas grandes cantoras supracitadas. Sem ele, elas estariam sem trabalho.
E o "voz e suor" da Nana hoje nao convenceria a nenhuma gravadora.

8 de maio de 2007 às 00:14  
Anonymous Anônimo said...

Pô, estou descrente dêsse blg!
Só tem gente malhando o José Milton, parece que até está querendo o cargo dele! Eu ein...

8 de maio de 2007 às 02:49  
Anonymous Anônimo said...

Anônimo 12:14,"Voz e Suor" é um disco de custo baratíssimo(piano e voz),músicas praticamente inéditas ou semi,foi bem vendido e executado na época,um dos discos mais premiados da MPB aqui e no mundo e que nunca saiu de catálogo.Quem tem que convencer as gravadoras é o produtor,que briga é pela grana dele em primeiro lugar,com certeza.Mas o Jose Milton não é músico.O que acontece com a Nana é que ela não é uma cantora como as outras,é um "músico" especial.Ela se dá melhor próxima dos musicos,Dori,João Donato,César Mariano e até Cláudio Nucci.Querem fazer dela um produto mais popular e vendável possível e acabam por podar em muito suas possibilidades criativas,causando um estranhamento nos que vibram com aquela Nana genial e nos que querem ouvir apenas mais uma cantora de MPB,Resultado:Não anda agradando a ninguem.Ou voce acha que ela esta vendendo alguma coisa que compense o sacrifício de uma carreira estupenda?Também acho que esse triangulo,J.Milton,Nana,Cristóvão,mesmo talentoso já deu o que tinha de dar.Perderam o vigor.Tá hora de mudar.Quanto a Miúcha ela é contratada da gravadora,precisa dela.No caso da Bethânia,a gravadora é que precisa da Bethânia.Mas quem esta na pior é mesmo a Nana,a free-lancer.

8 de maio de 2007 às 12:33  
Anonymous Anônimo said...

Bom, vamos lá:

1- O motivo pq Gal Costa é citada na resenha de qualquer outro lançamento? Simples. Ela é a maior cantora do Brasil, e isso incomoda os que não gostam dela. Portanto aproveitam qualquer chance para malhar.

2- Acho que não são os artistas, produtores ou arranjadores que estão repetitivos e sem criatividade. É o público mesmo!! O público de MPB, infelizmente, na sua maioria, é caretésimo. Canso de escutar gente reclamando da produção de gente nova, que bom mesmo era antigamente (aqui, inclusive). Oras, o artista (o cantor então, nem se fala, já que este não recebe direito autoral por músicas gravadas por outros) quer ganhar dinheiro também. E se a maior parte do público ama Chico Buarque mas torce a boca quando não conhece a música nova que determinada cantora gravou, fatalmente os cantores vão acabar preferindo regravar músicxas consagradas mesmo. Esteticamente são deslumbrantes, clássicas, maravilhosas de cantar. E o público adora. Querem prova: Emílio Santiago e as suas Aquarelas Brasileiras, que com arranjos chatíssimos e repertório batidésimos, tornaram finalmente o excelente cantor um grande vendedor de discos que ele, na sua fase mais criativa, nunca tinha sido.

8 de maio de 2007 às 22:38  

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