16 de maio de 2007

As recordações esquecíveis de Ben na Som Livre

Resenha de CD
Título: Recuerdos de
Asunción 443
Artista: Jorge Ben Jor
Gravadora: Som Livre
Cotação: * *

Sobras de estúdio são, como o nome diz, restos. Músicas não aproveitadas por um artista na gravação de seu disco. Música ruim, quase sempre, pois, se fosse boa, tinha entrado no disco. Se essas sobras vêm à tona como faixas-bônus de uma reedição, são curiosidades bem-vindas. Encontradas no arquivo da gravadora Som Livre, as nove gravações inéditas deste ruim Recuerdos de Asunción 443 deveriam ter sido apresentadas como bônus das presentes reedições de Dádiva (1983), Sonsual (1984) e Ben Brasil (1986) - os três últimos discos lançados por Ben Jor na sua permanência na Som Livre, de 1978 a 1986, ora relançados em CD pela primeira vez. Mas Ben Jor se encantou com a descoberta das faixas, algumas inacabadas, e quis finalizá-las para gerar novo CD.

Recuerdos de Asunción 443 apresenta as gravações retocadas dessas sobras. Em que pesem os metais em brasa que valorizam as músicas (tocados por feras como Serginho Trombone e e Márcio Montarroyos), as composições são ruins. Zenon Zenon (sobre um poeta interessado em alquimia), Saint Leibowitz (turbinada com recursos eletrônicos) e Duas Mulheres (de pueril letra inspirada no Livro dos Seres Imaginários, do escritor argentino Jorge Luis Borges) soam como pastiches da obra do artista. Salvam-se - com boa vontade - Falsa Magra e o sambalanço Miss Mexe Gal. Que pelo menos não chegam a constranger o ouvinte como Emo, única música de safra atual, composta por Ben Jor em tributo aos adolescentes emos de seu condomínio. Ele podia passar sem essa.

Ouvindo O Astro e Usted Es mi Marrón Glasé (com bissexta letra em espanhol), a propósito, dá para entender porque ambas não foram aproveitadas nas trilhas das novelas O Astro e Marrom Glacê. As recordações de Asunción 443 – Rua Assunção 443 é o endereço da gravadora Som Livre no bairro carioca de Botafogo – são perfeitamente esquecíveis e jamais renderiam um bom disco...

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

se sobras rendem faixas=bônus, podem render um disco, ora

16 de maio de 2007 às 17:40  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, com esta você matou a pau, que maldade... kkk. Me fez lembrar de uma crítica que li sobre um cd de Amelinha, "Mulher nova bonita e carinhosa" - o crítico dizia que Amelinha não cumpria os dois primeiros requisitos. Ou seja, não era nova nem bonita.

17 de maio de 2007 às 00:09  
Anonymous Anônimo said...

apenas dos discos da década de 60 e 70 de BEN são bons!

De um modo geral prefiro ouvir Gal, Marisa, Caetano... e outros... cantando JORGE BEN JOR.

17 de maio de 2007 às 17:19  
Anonymous Anônimo said...

Com certeza, quando você escuta um CD, não està com vontade de se envolver nesta dimensão mistica e poetica que o Benjor sabe tão bem evidenciar.

2 de junho de 2007 às 20:01  
Anonymous Anônimo said...

... e ainda
tinha muita razão o Caetano Veloso quando dizia que algo resiste fora da nova ordem mundial e do pensamento único... os shows de Jorge Benjor, mais também os CDs.
Desculpe a minha parcialidade, mais eu adôôôôro esse cantor!

2 de junho de 2007 às 20:55  
Blogger Unknown said...

Ta de brincation né... restos? 🙈

25 de janeiro de 2020 às 20:50  

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