24 de março de 2007

Raso, Capital se refugia no mundo adolescente

Resenha de CD
Título:
Eu Nunca Disse Adeus
Artista: Capital Inicial
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * *
1/2

Em seu último CD de inéditas, Gigante! (de 2004), o Capital Inicial apostou em repertório de tonalidade eventualmente sombria sem seguir à risca a uniforme cartilha radiofônica - só que também sem desprezá-la por completo. Havia em Gigante! e no anterior Rosas e Vinho Tinto (2002) alguma densidade que se dissipou neste atual Eu Nunca Disse Adeus. Neste disco, em que o Capital volta a ser produzido por seu fiel escudeiro Marcelo Sussekind, o quarteto buscou refúgio no universo adolescente para cortejar o público que comprou o milhão de cópias de seu Acústico MTV (2000) e que se afastou com o peso do histórico tributo ao Aborto Elétrico, editado em 2005 em CD e DVD de limitada repercussão comercial.

Se há munição (quase) certeira para as rádios, entre baladas e pop rocks, há também o tom raso dos versos que desabona o currículo de Alvin L - o letrista das 13 inéditas, compostas com o vocalista Dinho Ouro Preto (com as eventuais colaborações do guitarrista Yves Passarell). "Perca peso / Tenha estilo / Compre esse / Prove aquele", ordena cinicamente o rock A Vida É Minha, libelo pueril contra as imposições e padrões juvenis da sociedade de consumo.

A boa balada pop que dá título ao CD e que já está nas rádios, Eu Nunca Disse Adeus, comprova a habilidade crescente do Capital Inicial para formatar um som (próprio) moldado para as paradas com o devido aval da produção padronizada de Marcelo Sussekind e dos riffs precisos de Passarell. Tem apelo? Tem, mas parece que as músicas foram feitas de caso pensado para chamar, entre um e outro anúncio de refrigerante, a atenção da juventude que assiste ao seriado Malhação. Se o rock 18 versa sobre a desorientação típica dos teens, O Imperador remói sem criatividade a questão das egotrips e dos efeitos nocivos oriundos da fama. Haja clichês!!!

Justiça seja feita, desde o acústico da MTV, o Capital não lançava um álbum tão vocacionado para o sucesso. Baladas como Aqui e Eu e Minha Estupidez têm todo o jeito de hit. Vão soar como mel para um público que se identificará com uma música intitulada Eu Adoro minha Televisão (de instrumental, aliás, afiadíssimo) e que talvez até engula o peso (suave) de Má Companhia, rock em que o Capital Inicial parece tirar onda de sua origem punk. O problema - evidenciado também em álbuns como o citado Gigante! - é o tom repetitivo do repertório que vai se impondo à medida em que o CD avança. E quando, enfim, aparece um resquício de densidade - na balada Um Homem Só - é tarde. O disco já acabou. Mas quem é que espera densidade, profundidade ou crítica social de uma banda de pop juvenil? Não vai ser - claro - o público-alvo do Capital Inicial. Talvez apenas um crítico velho que adorava Veraneio Vascaína...

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

caso pensado seria o grupo fazer disco com crítica social.

24 de março de 2007 às 10:56  
Anonymous Anônimo said...

Veraneio vascaína, talvez tenha sido a única música que preste gravada pelo Capital.
"cuidado pessoal lá vem vindo a veraneio toda pintada de branco, preto, cinza e vermelho. Com numeros de lado, dentro 2 ou 3 tarados assassinos armados, uniformizados. Veraneio vascaína vem dobrando a esquina"
Não sei porque o espanto Mauro, o Capital sempre foi fraquinho de demais, é bandinha da segunda ou terceira divisão.

Jose Henrique

25 de março de 2007 às 17:04  
Anonymous Anônimo said...

Tem gente que é surda, ou seria burrinha? E eu ainda me dou ao trabalho de comentar essa ``critica``...

26 de março de 2007 às 12:18  
Anonymous Anônimo said...

O cara diz que o outro é burro porque falou mal do Capital Inicial.
Como diria mano Caetano, alguma coisa esta fora da ordem, fora da nova ordem mundial.

Jose Henrique

27 de março de 2007 às 02:12  
Anonymous Anônimo said...

Acho que a única coisa fora da ordem por aqui é um grupo de "pop juvenil", como foi dito na matéria, ser avaliado como tudo, menos como um grupo de "pop juvenil". Oras, cada universo tem seus parâmetros, e o Capital é, na minha opinião, um excelente grupo de "pop juvenil", muito acima da média dos demais tanto nas letras quanto nas músicas, e que em momento algum mostrou pretensão de ser outra coisa. São músicos corretos e o show é muito divertido, enfim, cumprem muito bem o que se propõem a fazer. Sinceramente, por mais que alguns temas sejam adolescentes o disco mais recente da banda me pareceu muito bom. Ótimo som, belas melodias, etc... é um "pop juvenil" de ótimo nível. Ah! Eu tb adoro Veraneio Vascaína mas ela nunca será tão divertida quanto Natasha, hehehe.

29 de março de 2007 às 19:39  
Anonymous Anônimo said...

Pop juvenil tem que ser uma coisa menor? Tem que ser só pra divertir?
Por que tratar os pobres adolescentes como idiotas?

Jose Henrique

30 de março de 2007 às 15:26  

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