4 de fevereiro de 2007

Marquinhos desfia memórias de Oswaldo Cruz

Resenha de CD
Título:
Memórias

de Minh'Alma
Artista:
Marquinhos de

Oswaldo Cruz
Gravadora: Indie Records
Cotação: * * * 1/2

Militante atuante nos quintais cariocas, criador do Pagode do Trem e agitador cultural que ajudou a revitalizar o circuito de samba na boêmio bairro da Lapa (RJ), Marquinhos de Oswaldo Cruz é legítimo descendente da linhagem nobre de bambas como Candeia e Manacéa - não por acaso, tributados no segundo CD do artista no pot-pourri que une Zé Tambozeiro, Carro de Boi e Samba da Antiga. É a única faixa não assinada pelo sambista em repertório autoral de ótimo nível. E aí reside o mérito deste Memórias de Minh'alma. Autor de Geografia Popular, um dos trunfos do disco Pérolas do Pagode, gravado por Beth Carvalho em 1998, Cruz se reapresenta como um inspirado compositor que bebeu na fonte límpida de Candeia.

As memórias do sambista brotam de Oswaldo Cruz, o bairro do subúrbio carioca onde reside, de fato, a escola de samba Portela, de origem creditada no imaginário popular a Madureira, bairro vizinho e mais famoso. Por conta da origem portelense, o artista conviveu desde criança com bambas como Argemiro, Monarco, Casquinha e Tia Doca. A vivência justifica o samba de terreiro Portela Canta e o partido de alto quilate 16º Estação, que, no mapa ferroviário, está situada em Oswaldo Cruz - onde mais? - o bairro que inspirou a criação do disco. Que traz a voz da pastora Tia Doca em Pra que Havemos de Mentir? - samba de Paulo da Portela posto incidentalmente ao fim do tema instrumental de gafieira Naval na Sedofeita, tributo ao trombonista Naval. E que traz também alguns sambas lançados pelo autor em seu primeiro CD, Uma Geografia Popular (2000). É o caso de Os Olhos Não Podem Ver, o tema de rara beleza que abre o novo álbum de Cruz.

Com voz de firmeza acima da média típica dos compositores de samba, Marquinhos desfia suas lembranças de Oswaldo Cruz ora com animação (o partido Vai, Ó Nega), ora em tom mais dolente (A Mais Bela Canção). E fecha seu disco de memórias com sublime saudação à raiz africana em Éramos Reis, tema gravado em dueto com a cantora baiana Virgínia Rodrigues. Oxalá o talentoso artista consiga merecido reconhecimento além dos domínios do bairro a que devota tamanha inspiração, fiel à tradição do (melhor) samba.

8 Comments:

Anonymous Anônimo said...

moro em Cascadura, perto de Madureira, e sei que tem muita gente de talento no meio do samba que busca uma oportunidade de mostrar esse talento. sucesso para o Marquinhos.

4 de fevereiro de 2007 às 11:05  
Anonymous Anônimo said...

Também desejo muito sucesso ao Marquinhos de Oswaldo Cruz. Um rapaz que faz muito pelo samba, criou no Dia Nacional do Samba,dia 02 de dezembro, o Pagode do Trem (um encontro de sambistas que embarcam nas estações dos bairros da Linha da Central para cantar sambas memoráveis, de qualidade. E deu para a minha querida cantora gravar o samba Geografia Popular, que descreve os bairros desta linha de trem, no cd Beth Carvalho - Pérolas do Pagode. Com certeza comprarei. Um abraço,
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

4 de fevereiro de 2007 às 13:14  
Anonymous Anônimo said...

Desculpe Mauro, mas tenho que comentar: o que é aquele Dvd do Paulinho da Viola? Simplesmente maravilhoso! O encontro final com a Velha GUarda da Portela, de arrepiar. Pena os créditos terem trocados os nomes. A primeira senhora que aparece é D. Eunice e a segunda Tia Doca, eles trocaram a ordem (dois grandes Gogós de ouro, que participaram e muito dos excelentes discos da Beth no fim dos anos 70 e início dos 80, aliás não só da Beth, do Zeca, Marisa, ...) e o outro grande compositor da escola falecido que chamava-se Alberto Lonato e não Alberto Nonato. Manacéa cantando com Paulinho o samba Quantas Lágrimas (grande sucesso gravado por Cristina Buarque)e os bons sambas de Paulinho da Viola (Pode guardar as panelas, Coisas do mundo minha nêga, Recado cantado com Casquinha e um dos grandes hinos da escola Foi um Rio que passou em minha Vida). E PV e Seu Argemiro (autor com Casquinha de A Chuva Cai) riscando o chão como poucos. PV deu show de samba no pé, dançando e cantando Miudinho. Um abraço e acho que o Marquinhos de Oswaldo CRuz não ficará chateado com a menção destes grandes baluartes da sua gloriosa escola, Portela.
Abraços,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

4 de fevereiro de 2007 às 13:22  
Anonymous Anônimo said...

Agora que tem tanta porcaria por aí qualquer sambista é a salvação da lavoura !

4 de fevereiro de 2007 às 14:57  
Anonymous Anônimo said...

O Marquinhos é muito bom, o seu primeiro cd é excelente!
Pelo jeito esse tb deve ser, vou comprar com certeza.
E tem gente que pensa que a nova geração ta na mão do Dudu Nobre.
Graças aos deuses sambista não esta.

Jose Henrique

4 de fevereiro de 2007 às 19:40  
Anonymous Anônimo said...

Chega! Vocês elogiam tanto que vou comprar esse DVD do Paulinho da Viola hoje. Vou ver se confiro depois também esse Marquinhos de Oswaldo Cruz, que não conheço. Um domingo desses também vou lá pra Madureira (ou Oswaldo Cruz, pois não sei onde começa e termina cada bairro) conferir o Pagode da Tia Doca. Dizem que é muito bom.

Flávio.

5 de fevereiro de 2007 às 11:45  
Anonymous Anônimo said...

Link para comentários quando tem lancamento de samba é oportunidade para o 'EMBAIXADOR DO SAMBA 'Marcelo Barbosa manda seu recado . Que Tonho Céres tenha o mesmo privilégio com o sertanejo de sua amada Roberta Miranda .

6 de fevereiro de 2007 às 07:42  
Anonymous Anônimo said...

Ao anônimo das 5:42 AM, valeu pelo elogio! Mas aqui em casa sempre rolou esta turma. Grandes ídolos e mestres que tenho profundo carinho e respeito. Verdadeiros remédios que sempre nos ajudaram a matar as saudades que temos do nosso Rio de Janeiro. Esta galera sempre foi bem vinda (meu pai era fã de Clara, minha mãe curte Martinho e Zeca) aqui em casa e a Beth sempre foi o meu presente de Natal dado pelo meu Tio. Mais uma vez valeu pelo elogio. Estou aqui para somar como todos os amigos do blog. Seja bem vindo e saia do anonimato. Um abração.
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

6 de fevereiro de 2007 às 19:34  

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