20 de fevereiro de 2007

'Dreamgirls' mostra o jogo da indústria do disco

Resenha de filme
Título: Dreamgirls - Em Busca de um Sonho
Direção: Bill Condon
Elenco: Beyoncé Knowles, Eddie Murphy, Jamie Foxx,

Jennifer Hudson, Anika None Rose e outros
Cotação: * * *

Para quem vive no meio fonográfico, Dreamgirls pode soar até corriqueiro. Mas o musical de Bill Condon - em cartaz nos cinemas do Brasil desde 16 de fevereiro - abre e mostra o jogo da indústria do disco. O argumento é inspirado livremente na história do trio The Supremes. Um grupo de Detroit, The Dreamettes, luta para se firmar na cena de soul e r & b. O maior trunfo do trio é o vozeirão de Effie White, a gordinha cantora-líder encarnada por Jennifer Hudson. Mas eis que, para pôr o trio na rota do sucesso comercial, o empresário Curtis Taylor (Jamie Foxx) exige que a bela Deena Jones (Beyoncé Knowles) venha para o primeiro plano, semeando a discórdia entre as garotas. Qualquer semelhança com a ascensão de Diana Ross no trio Supremes não terá sido mera coincidência...

O filme segue a estrutura típica dos musicais, inclusive com vários diálogos em forma de canções. O roteiro abre generosos espaços para os números musicais - e nisso reside boa parte do charme da trama. O elenco - que traz à tona Eddie Murphy no papel do cantor James Thunder Early, em clara citação de James Brown - defende bem as músicas. E quem rouba a cena é Jennifer Hudson, cria do programa American Idol. Na pele da temperamental Effie, Hudson prova que, além de voz, tem carisma e brilho para se firmar como estrela. O que também não significa que Beyoncé Knowles esteja ruim. Ao contrário, a protagonista convence. Até quando eleva o tom - como Hudson (aliás, alguns números do filme são gritados).

Com muitas referências à indústria fonográfica (a gravadora do filme, Rainbow, é como se fosse a Motown, alusão que fica clara quando entra em cena um grupo que é a cara do Jackson Five), a narrativa seduz, inclusive pelo luxo dos esfuziantes figurinos. A ótima caracterização das atrizes reproduz o visual dos anos 60, a estética do início da década de 70 e - na parte final - o glamour da era das discotecas à medida em que a narrativa vai desvendando o jogo cruel e insensível da indústria da música bem como o de seus empresários manipuladores. Artistas do passado são descartados, músicas são destruídas no estúdio em favor do ritmo da moda e carreiras em ascensão são abortadas pela força do jabá nas rádios. Dreamgirls reforça o poder do sonho sem maquiar a realidade...

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

essas cantoras americanas gritam mesmo, não cantam

21 de fevereiro de 2007 às 07:38  
Anonymous Anônimo said...

eu tenho vontade de ver esse filme. e quanto ao comentário do sergio, acho que a desinformação musical que faz as pessoas acharem que quem grita é que canta bem. o programa do raul gil é a confirmação disso. só ganham os que mais berram. os sertanejos também. aí todo mundo "solta a voz", perde a voz, mas acha que cantou bem. beijos, pedrita

21 de fevereiro de 2007 às 12:48  
Anonymous Anônimo said...

Acho que DreamGirls tem um roteiro irregular ao decidir só meio do filme que é um musical (diálogos sendo cantados).

O solo da personagem Effie White é longo, cansativo e apelativo, chegando a ser constrangedor e faz perder o envolvimento com o filme.

Acho que faltou uma lipoaspiração na direção musical para deixar a trama mais sensível e menos gritada.

22 de fevereiro de 2007 às 16:40  

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