12 de janeiro de 2007

Segura, Thaís Gulin dá voz aos marginalizados

Resenha de CD
Título: Thaís Gulin
Artista: Thaís Gulin
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * * *

A curitibana Thaís Gulin não é mais uma boa cantora a tentar lugar ao sol (ralo) do mercado fonográfico brasileiro. Ela até viraria mais uma se contasse apenas com seu timbre, nada original. Só que Gulin se impõe entre pencas de cantoras ao dar voz a compositores marginalizados com arranjos criativos do pianista Fernando Moura, o produtor do CD.

O viés marginal dá o tom das sucintas 12 músicas do disco, desde a ótima faixa de abertura - Garoto de Aluguel (Taxi Boy), tema de Zé Ramalho sobre a prostituição masculina que recebe a sua melhor interpretação – até a última, 78 Rotações, jóia de um Jards Macalé (em parceria com Capinam) bem mais obscuro do que de costume. Entre arejado flerte com a vanguarda paulista (em Piano - Ofídico Fatídico, tema de Iara Rennó e Anelis Assumpção, filha do mestre Itamar) e com o samba posto de escanteio pela indústria do disco (De Boteco em Boteco, de Nelson Sargento), Thaís Gulin arrisca até parceria com Arrigo Barnabé (Cinema Incompleto - Núpcias), dá voz a autores como Carlos Careqa (Cisco, delicada canção feita em parceria com Zeca Baleiro) e mostra que a música de Tom Zé pode crescer quando interpretada por vozes mais privilegiadas do que a do autor. Defeito 10: Cedotardar se destaca no CD, inclusive pela pulsação do arranjo, moldado com as cordas do Quarteto Bessler.

Nada é óbvio nesta promissora estréia de Thaís Gulin. Mesmo sua abordagem da obra de um medalhão como Chico Buarque passa ao largo da banalidade. Lua Cheia (velha parceria com Toquinho) começa em clima de século 19 e termina bem contemporânea. Já o Hino de Duran ganha registro de contornos quase vanguardistas que somente valorizam o tema da Ópera do Malandro. Sim, Gulin trafega pela margem até quando roça o sentimentalismo popular em História de Fogo, música de Otto e Alessandra Negrini que fica com cara de tango. Aliás, mesmo uma passional marcha-rancho de Jair Amorim e Evaldo Gouveia (Bloco da Solidão, do repertório do último álbum de Maysa) ressurge moderníssima na releitura de Gulin. Enfim, um grande disco de uma cantora segura que poderá vir a se tornar grande e única se continuar no universo paralelo da música produzida no Brasil - como nesta sua (bem-vinda!!) estréia.

7 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Mauro e suas cantoras. Quem dera ele fosse generoso assim com os compositores...

12 de janeiro de 2007 às 16:17  
Anonymous Anônimo said...

Maurinho querido,

Por favor, fale um pouco do disco de Jorge Mautner, REVIRÃO.
olha o texto que está circulando no orkut em todas as grandes comunidades...

Já é moda aqui o novo disco de Jorge Mautner. O show na Estrela da Lapa foi um sucesso, lotando a casa no bairro. Fui no segundo dia de espetáculo, onde como convidado havia Gilberto Gil e Thomás Improta - ex integrante da Outra Banda da Terra.
Os músicos do show ´Revirão´ é parte da Orquestra Imperial, entre outros, Berna, Kassin, Nelson Jacobina, Domenico...

O disco, que esgotou na Livraria da Travessa, é um desbunde. Com participação de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Bem Gil, Nelson Jacobina, e muito mais gente, como Moreno Veloso, o ´leãozinho´ Dadi, Preta Gil, Pedro Sá, e outros... O álbum foi produzido pelo Kassin e Berna.

a sonoridade é bem aquilo que o novo público carioca deseja, um mistura de CÊ, de Los Hermanos, Orquestra Imperial, do álbum Eu não Peço Desculpa, dos novos trabalhos de Marisa Monte, de Moreno Veloso e cia, Adriana Calcanhotto...

Enfim, viva Revirão. Um disco inédito, mas para poucos.

12 de janeiro de 2007 às 18:40  
Anonymous Anônimo said...

bom, se como diz 'fã de mauro' "a
sonoridade é bem aquilo que o novo público carioca deseja: um mistura de Cê, de Los Hermanos, Orquestra Imperial, do álbum Eu não Peço Desculpa, dos novos trabalhos de Marisa Monte, de Moreno Veloso e cia, Adriana Calcanhotto..." então a gente nem precisa ouvir o cd, basta pegar os discos que temos desses caras e ouvirmos de novo.

13 de janeiro de 2007 às 00:26  
Anonymous Anônimo said...

Só canta ? O timbre não é raro ?
Toca algum instrumento ou compõe

Fartos estamos de interpretes , queremos musicas ( feminino de musico )

14 de janeiro de 2007 às 08:16  
Anonymous Anônimo said...

Maria você colocou as minhas palavras no seu comentário .

15 de janeiro de 2007 às 02:37  
Anonymous Anônimo said...

A Thaís Gulin é realmente interessante.o disco é muito,muito legal.Arranjos, interpretações e repertório inteligentes!

15 de janeiro de 2007 às 15:12  
Anonymous Anônimo said...

É Maria, a menina compõe e faz arranjos, querida.

22 de janeiro de 2007 às 14:35  

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