29 de dezembro de 2006

Retrô 2006 - Baltar divertiu em grande estréia

Apareceu nova, e promissora, dama na música brasileira em 2006, com um repertório que enfatiza o samba que a dama, a carioquíssima Mariana Baltar, já vinha cantando em casas do Centro do Rio de Janeiro. De seu primeiro CD, Uma Dama Também Quer se Divertir - editado em setembro com tiragem inicial de mil cópias que logo se esgotaria apenas com a venda em shows - a impressão deixada foi excelente. O disco fluiu bem e revelou cantora segura.

Baltar impressionou logo na primeira faixa com primorosa leitura de Pressentimento (1968) - a obra-prima de Elton Medeiros com Hermínio Bello de Carvalho que já andava exaurida por conta de tantas gravações burocráticas. A de Baltar foi das melhores. E o fato é que a dama mostrou suingue - exibido num raro samba de Assis Valente (Deixa Comigo, do repertório de Carmen Miranda) e na divisão manemolente de Bala com Bala (1972), petardo típico da obra de João Bosco e Aldir Blanc nos anos 70. Só que a maior surpresa foi Zumbi, tema da lavra de Jorge Ben Jor, lançado em 1974 no disco A Tábua de Esmeraldas. É difícil cantar Jorge bem, com perdão do trocadilho óbvio, mas, sem procurar imitar o inimitável suingue do artista, Baltar - com sua rara experiência de ter sido vocalista da Banda do Zé Pretinho - deu um novo fôlego a Zumbi, em prova de personalidade artística. A faixa valoriza o CD.

À vontade na divisão baiana de Ralador (Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro), mas nem tanto no (es)forçado trio formado com Miltinho e Pedro Miranda para cantar um pot-pourri de clássicos como Obsessão e Me Deixa em Paz, Baltar se redimiu com samba inédito de Teresa Cristina (Vai com Deus, com intervenção vocal da autora) e com o tom seresteiro do choro-canção Insensatez, tributo ao autor Dino 7 Cordas, velho mestre do violão brasileiro.

O acerto se renovou quando Baltar pisou em terreno nordestino. Dona Biu foi inédito e delicioso coco de Adryana BB, compositora de Recife (PE). Já Seção 32 era bom baião de Vander Lee que soou até como novo, embora já tivesse sido gravado pelo autor e pela cantora Ana Cristina. No fim, em clima de gafieira, houve inédita de Billy Blanco (O Piston do Barriquinha, vã tentativa de reeditar o êxito de Piston de Gafieira) e Samba da Zona, tema de Joyce de cuja letra foi extraído o título do disco. Enfim, uma estréia muito promissora. Em parte por conta da produção arejada de Alfredo Galhões, autor de boa parte dos arranjos, a diversão do ouvinte com este primeiro CD de Mariana Baltar foi garantida. A dama merece escapar do circuito carioca para obter projeção nacional.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

tem muita cantora cantando parecido nessa mesma linha. vai embolar!

29 de dezembro de 2006 às 12:37  
Anonymous Anônimo said...

POIS É FELIPE MAS SÓ O TEMPO VAI DIZER SE MARIANA BALTAR E AYDAR , ROBERTA SÁ E CÉU SERÃO AS NOVAS MARISA MONTES OU BETH CARVALHOS DAS VIDA !

30 de dezembro de 2006 às 05:59  
Anonymous Anônimo said...

Mariana tem PERSONALIDADE E ORIGINALIDADE - não tenta parecer com ninguèm. Seu show remte a um Rio antigo, mas sem saudosismo, tudo muito bem costurado pela boa música que sua banda apresenta.

Que o MUNDO ouça Mariana!!!!!!11

1 de janeiro de 2007 às 14:19  

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