17 de novembro de 2006

Venturini voa nas asas do 14 Bis em bom disco

Resenha de CD
Título: Canção sem Fim

Artista: Flávio Venturini
Gravadora: Trilhos. Arte
Cotação: * * *


A bordo do conjunto 14 Bis, Flávio Venturini fez um dos primeiríssimos bem-sucedidos vôos no mercado pop nativo, ainda nos anos 70, década em que o rock nacional - Rita Lee e Raul Seixas à parte - foi cultuado essencialmente na cena underground em shows de grupos como o progressivo O Terço, integrado pelo próprio Venturini antes do 14 Bis. Nas asas desse honroso histórico, o compositor mineiro evoca seu passado pop em algumas faixas do CD Canção sem Fim, o primeiro de inéditas autorais desde Porque Não Tínhamos Bicicleta (2004). Já na primeira música, Amor pra Sempre, dá para identificar a pegada do 14 Bis, recorrente em Casa no Vento e nem tanto na faixa-título, cover do repertório do pioneiro grupo.

A rota de Canção sem Fim, no entanto, é mais ampla. Venturini pousa com segurança nas canções melodiosas que caracterizam seu repertório. Retiro da Pedra e Retratos, belas parcerias com o letrista Murilo Antunes, são destaques nessa seara. A primeira foi composta assim que o artista retornou a Belo Horizonte (MG) após longa estada no Rio de Janeiro. A segunda é balada arranjada com cordas e oboé, feita para o curta-metragem Retrato Pintado, criação do cineasta cearense Joe Pimentel. Com Murilo Antunes, Venturini apresenta ainda Belo Horizonte, de menor inspiração.

A escala mais imprevisível é Aqui no Rio, samba bissexto na obra de Venturini, letrado pelo ator mineiro Kimura, arranjado pelo bandolinista Hamilton de Holanda e gravado em dueto com Leila Pinheiro. Venturini não se mostra especialmente inventivo no gênero. Da mesma forma que não parece talhado para interpretar canção de acento soul como Melhores Dias de um Verão, parceria do carioca Júlio Borges com Cláudio Rabello. São dois rasantes...

Mais vistosa, Flores de Abril faz a rota Brasil-Argentina por conta do bandoneon tocado pelo hermano Walter Castro, integrante da banda de Fito Paez. Já Fênix - rara regravação em repertório de inéditas - é outro vôo rasante que fica na sombra do registro do parceiro de Venturini na música, Jorge Vercilo, de voz bem mais dotada para o canto (Fênix obteve sucesso em minissérie de TV).

O disco é bom, embora não mantenha na segunda metade o brilho da primeira, da qual faz parte Neblina, bonita canção de autoria de Torcuato Mariano e Aloysio Reis. No todo, Canção sem Fim ratifica o talento de Flávio Venturini, compositor sempre apto a vôos interessantes no céu - já acessível - da música pop brasileira.

1 Comments:

Anonymous Miguel said...

Mauro, o Flávio tá lançando disco novo, Não se Apague esta Noite, comente.

11 de maio de 2009 às 18:46  

Postar um comentário

<< Home