2 de novembro de 2006

Uma fantástica volta ao mundo da música pop

Resenha de livro
Título: De A-Ha a U2
Autor: Zeca Camargo
Editora: Globo
Cotação: * * * 1/2

Para quem ainda associa Zeca Camargo somente aos shows da vida dominical, o segundo delicioso livro do apresentador do programa Fantástico pode ser uma agradável surpresa. De A-Ha a U2 - Os Bastidores das Entrevistas do Mundo da Música faz uma fantástica viagem pelo universo pop. Camargo já rodou a terra para entrevistar estrelas como Björk, Madonna e Elton John. O livro traça esse roteiro com a sabedoria de evitar os cartões-postais comuns. O barato é poder conhecer os bastidores da viagem, desnudando os esquemas da indústria fonográfica e, sobretudo, a face oculta de astros que, em frente das câmeras, quase sempre se apresentam amáveis e ternos com frases feitas de encomenda pelas suas equipes de marketing.

Com texto saboroso, Camargo tira o véu de 53 ícones da cena pop. Entre eles, Nirvana, R.E.M. e Coldplay, além de nativos como Rita Lee, Caetano Veloso, Cazuza e. Mas o jornalista também se revela por inteiro - e aí é que está a maior parte do charme do livro: nas informais impressões pessoais do escritor sobre cada artista ou entrevista. É quando sabemos que o entrevistado não conseguiu ocultar sua admiração por Beck e por Michael Stipe, por exemplo. Que esperou nove horas para falar com Courtney Love. Que saiu de sua conversa com Avril Lavigne com a forte impressão de que a rebeldia da jovem estrela fora arquitetada na sala de marketing da gravadora BMG. E que amargou (profunda) decepção com a má-vontade de Damon Albarn (Blur) ao recebê-lo para entrevista que acabou nem sendo exibida e também com o ralo material colhido em conversa marítima com os integrantes do grupo Red Hot Chili Peppers. Mas que vibrou ao driblar involuntariamente a proibição de falar com Elton John sobre a morte da amiga Diana, a princesa.

Camargo expõe preferências e impressões em um relato simples, direto e sedutor. De A-Ha a U2 não se leva muito a sério. Por isso é que até deve ser levado. Em vez de defender teses sobre a indústria fonográfica ou sobre os artistas, o autor vai mostrando como é o cotidiano de um jornalista musical - parcial como todo ser humano. E duas amenas seções que se repetem nos 53 relatos valorizam ainda mais o roteiro: Se Você Tiver que Ouvir Apenas uma Música desse Artista, Ouça.... (com dicas geralmente pouco óbvias) e Perdido na Música, em que Zeca Camargo rememora andanças por lojas de CDs à cata de tesouros que ele nem mesmo sabia que existia. Um belo achado que torna o livro altamente recomendável para todos que se interessam pelo mundo pop e que viajam ao ouvir uma música de seu artista ou grupo predileto.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

esse caraé mala!

10 de outubro de 2008 às 13:46  

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