1 de novembro de 2006

Bob Dylan, eterno, paira acima da modernidade

Resenha de CD
Título: Modern Times
Artista: Bob Dylan
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * * *


Se os tempos são modernos, como prega o título do 44º disco de Bob Dylan, o genial compositor paira acima de modernidades e, aos 65 anos, ainda se impõe como (um grande) pensador da música americana. Talvez o maior. Lançado com (indesculpável) atraso no mercado brasileiro, Modern Times é disco magistral. E o que impressiona é que os últimos dois CDs de Dylan, Time Out of Mind (1997) e Love and Theft (2001), também foram divinos. Após período de entressafra criativa, Dylan parece ter recuperado definitivamente a forma dos anos 60 e reencarnado o gênio que influenciou nomes como os Beatles, ou seja, que deu o norte à sua inquieta geração.

Produzido pelo próprio Dylan sob o pseudônimo de Jack Frost, Modern Times é um CD embebido de blues, sobretudo em temas como The Leeve's Gonna Break. Mas transita também pelo mundo do rock e do country. E outro fator que impressiona é o equilíbrio entre música e letra. Há grandes e épicas letras no álbum - em que Dylan versa sobre temas como religião, mortalidade e mulheres - e há também grandes melodias para esses versos, em sintonia que inexiste, por exemplo, em , o CD de Caetano Veloso, cujo vigor jovial das letras e arranjos é atenuado pela rala fluência melódica.

Como Caetano, Dylan é um sexagenário que ainda tem muito o que dizer. E o diz - às vezes com amargura, como na linda balada When the Deals Go Down. Às vezes até com sarcasmo, como no rock Thunder on the Mountain, em que questiona cinicamente o valor da compositora de soul Alicia Keys. Ainda que se remetendo aos anos 60, Bob Dylan consegue ser mais atual do que dez entre dez bandas que se acham impregnadas de modernidade. Ele é o cara...

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Uma vez pensador, sempre pensador.

30 de julho de 2008 às 22:32  
Blogger ADEMAR AMANCIO said...

preciso aprender a gostar deste cara.

10 de abril de 2012 às 12:37  

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